Carrinhos e bonecas são brinquedos, cachorros não

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 18 de dezembro de 2012

Cachorros me fazem chorar. Muito. Filmes como Hachiko - Sempre ao Seu Lado e Marley & Eu são garantias certas de que ninjas invisíveis cortando cebolas surgirão repentinamente nas proximidades. Quando eu li a carta que Fiona Apple escreveu, cancelando sua turnê no Brasil por causa de sua cachorra, que está prestes a morrer, também fiquei emocionado. Os quadrinhos de Fábio Coala, como este que ilustra o post, também são garantia certa de olhos suando. Não posso deixar de destacar também o episódio de Futurama mais emocionante de todos os tempos, protagonizado por Seymour, o animal de estimação de Fry. E eu desafio qualquer um a assistir a cena final de “Meu Cachorro Skip”, filme baseado em fatos reais, sem que um cisco maroto caia em seus olhos.

Pois bem: quando eu li esta informação dada pela ARCA Brasil, Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal, fiquei estarrecido. Nesta época de final de ano, quando boa parte da população sai de férias e viaja para curtir as festas, milhares de cães e gatos sofrem com o abandono e a negligência de seus donos.

Segundo o Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo, que desde 1984 promove a adoção de animais abrigados em suas dependências, a quantidade de abandonos e de devoluções de cães e gatos adotados sempre aumenta nos últimos meses do ano, por causa de tutores irresponsáveis que, dentre outros motivos, desejam viajar de férias e não têm onde deixá-los.

ONGs cujo foco é o amparo de animais também sofrem as maiores dificuldades nesta época. Tanto por causa do aumento de pedidos de ajuda, quanto pela diminuição de doações e colaborações, por causa dos gastos a mais com presentes de Natal, viagens e os gastos adicionais que incidem em janeiro, como IPVA, IPTU e matrículas escolares.

Nada, absolutamente nada justifica o abandono de um animal. Um ato que, diga-se de passagem, é crime previsto em lei. A fim de dar um alento a esses bichinhos, recomendo pois que os interessados em ajudar participem da campanha Max em Ação. É simples: acesse http://www.maxemacao.com.br, escolha a ONG que você quer ajudar e faça a sua doação. Para cada quilo de ração doada, a Max irá dobrar essa quantidade, doando um quilo a mais.

Para encerrar este post, transcrevo um trecho do best-seller de John Grogan, que descreve bem esse amor incondicional que os cachorros possuem por quem lhes oferece um abrigo e um pouco de comida e de afeição. Pense nisso. ;)

Seria possível que um cachorro pudesse mostrar aos seres humanos o que realmente importa na vida? Creio que sim. Lealdade. Coragem. Simplicidade. Alegria. E também as coisas que não tinham importância. Para um cão, você não precisa de carrões, de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significam nada para ele. Um graveto já está ótimo. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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  • Pingback: Dê seu coração a um cachorro, e ele lhe dará o dele - Pensar Enlouquece, Pense Nisso

  • http://www.facebook.com/people/Walker-Barros-Dantas/726136469 Walker Barros Dantas

    “ninjas invisíveis cortando cebolas surgirão repentinamente nas proximidades” 0/

  • http://www.facebook.com/bela.figueiredo Bela Tellini Figueiredo

    chorando, emocionada.

  • Elson

    “Frankenweenie”, do Tim Burton é outra ótima produção sobre o tema, como em nenhum momento mostrar a cena do acidente com o cãozinho, uma animação linda e muito delicada, vale muito ver.

  • Aline

    Pra quem ama cachorro, essa tirinha também faz chorar:

    http://www.vivonarede.com.br/2012/11/que-tirinha-sensacional.html

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Valeu pelo link, Aline! As tiras do Oatmeal são realmente boas. :)

  • Marília Zannon de Andrade Figu

    Ina, excelente post!

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Valeu, Marília!

  • Allan Robert

    Ina,
    Por aqui não é diferente, só muda a época: agosto. Com o verão do hemisfério norte, a Itália - e parte da Europa - sofre com o abandono de animais. A grande maioria é de cães, geralmente presentados no Natal e devidamente abandonados em julho/agosto para poder sair de férias tranquilamente. Mas também gatos e outros animais. Algumas cidades colocaram câmeras vigiando fontes, chafarizes e lagos artificiais, pois o volume de peixinhos e répteis abandonados era maior que a capacidade de salvá-los (no inverno as fontes, chafarizes e lagos congelam)..

    Apaixonado por cães, não entendo como alguém pode abandonar o próprio animal, ou mesmo tratá-lo mal. A autoridade pública, também não. Tanto que há muito os animais recolhidos nos diversos abrigos devem introduzir um micro chip de identificação no cão ou gato. Quem abandona um bichinho chipado responde a processo criminal.

    Para evitar o micho chip, muita gente compra cães em lojas especializadas que, em teoria, deveria chipar todos. Mas é só teoria mesmo. As lojas se abastecem em verdadeiras fábricas de cães, enquanto as ongs gritam para não comprar cão em loja. “Ah, mas quando eu via aquela carinha… O que eu deveria fazer? deixar ele lá?” Eu respondo: sim, deixar ele lá para frear a fabricação de cães. E às vezes funciona.

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Allan, muito obrigado por você ter compartilhado o cenário do abandono de animais na Europa. E também pela sua observação valiosa sobre a “fabricação de cães” de lojas especializadas.

  • Pingback: Cachorro é coisa pra se guardar, do lado esquerdo do peito - Aonde você faz o conteúdo

  • jarmane

    Ultimamente os gatos estão gozando de uma grande popularidade, talvez até pela postura blasé que eles demonstram, mas essa dedicação total dos cães aos donos sempre vai me emocionar. Perdi o meu esse ano por velhice, mas nunca vou esquecê-lo, ele esteve sempre ali, na alegria e na tristeza.

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Gatos também têm o meu respeito, Jarmane, São mais independentes, mas não deixam de demonstrar sua afeição, embora às vezes façam isso na base de arranhões. :)

  • http://www.facebook.com/profile.php?id=655946500 Cíntia Citton

    Bem, esses ninjas são mesmo danados (por favor, sério mesmo, alguém assiste esse vídeo sem chorar?)… Acredito sim que os cachorros podem nos ensinar a sermos melhores como humanos. Não sei se o problema é presentear uma criança com um bichinho. Acho que se uma criança quer muito um cachorro, primeiro os pais deveriam conversar e explicar, talvez levá-la para ver um local onde se adotam esses bichinhos. Cabe aos pais ensinar a não abandonar, a não desistir de um amigo desses. Eu acredito que crianças que vêem o que acontece com um animal abandonado, que são ensinadas a respeitar, não maltratam, e aprendem a cuidar. Crianças muitas vezes têm mais bom senso que adultos nessas coisas, só precisam ser lembradas do que vai acontecer ao bicho se for abandonado. Claro que vão precisar do apoio dos pais. São crianças e precisam de orientação e suporte, mas se ninguém mostrar, se não tiverem o exemplo, jamais aprenderão. E somos melhores seres mesmo quando temos esses companheiros para nos humanizar… Beijabraços de olhos marejados para você…

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Verdades verdadeiras, Cíntia. A vida é constante aprendizado, e se tivermos alguém para nos dar orientação e suporte, melhor ainda. Um beijabraço!

  • http://twitter.com/claudiorubio Cláudio Rúbio

    apóio, Alexandre.

    e vou um pouco além: bicho não é mercadoria, não deve ser comprado, mas sim adotado.

    quem realmente quer um cão ou gato, em vez de comprar, por vaidade ou exercício de futilidade de quem escolhe uma raça como se escolhesse uma marca, deveria adotar um dos muitos que perambulam pelas ruas, ou procurar algum em um abrigo, em um grupo de protetores.

    comprar animal de estimação é injustificável.

    não se compra a estimação - ou se compra ou se estima.

    gente que compra cachorro e pergunta se tem garantia é gente com defeito na alma.

    gente que leva um cão, um gato pra casa, e depois quer devolver, trocar, descartar porque “veio com doença”, “tem um defeito”, ou “quebrou”, não deveria nem ser classificado como gente, mas como um espírito ainda distante da humanidade na escala da evolução.

    quem compra bicho de estimação não compreende o que está fazendo. é como quem não pode gerar um filho e resolve adotar mas insiste em que seja um bebê branquinho, sem vício na família e sem doença: é gente que até pode estar coberta de boa vontade, mas não amadureceu o amor. gente que procura mais satisfazer uma necessidade sua, um desejo seu, que assumir amorosa e incondicionalmente uma responsabilidade.

    numa boa: bicho é uma vida inteira dependente de quem o “tem”, o adota, o tutela.

    essa gente que é “dona” de bicho e que faz com ele o que bem quiser (bate, judia, castiga, mata, joga fora, trata ou destrata como bem quer), tem defeito na alma.

    não dá pra se sentir “o dono” de bicho sem ter um defeito grande ainda no coração.

    quem ama bicho sabe que não é dono, mas amigo, companheiro, protetor, responsável.

    quem sabe o que é cuidar de uma vida, sabe que vida não tem garantia, não dá pra devolver na loja, pra reclamar no fabricante ou comerciante. que não tem fabricante, nem deveria haver comerciante.

    bicho é vida, e segue um ciclo, submete-se a todos os eventos comuns a esse ciclo: variações de humor, dificuldades comportamentais e de aprendizagem, doenças físicas e mentais etc. enfim: bicho é uma vida pra cuidar - até o fim, que nem sempre é fácil de aceitar e nem sempre é rápido ou indolor.

    bom… falei demais.

    ótimo recado, companheiro. espero que muita gente de bom senso leia, compreenda e passe adiante, que dar bicho de presente é sinal de burrice, de baixo desenvolvimento intelectual e moral. se é pra ser burro, que dê um celular de presente, nunca um bicho.

    grande abraço!

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Grande Cláudio, aqui no Pensar Enlouquece você tem salvo-conduto pra comentar quando e quanto você quiser, porque suas observações argutas são sempre excelentes complementos dos meus posts (e seus comentários sobre bichos não serem mercadorias são irretocáveis). Um abração!

    • http://www.facebook.com/mayaliebert Maya Liebert

      Cláudio, queria muito publicar seu comentário em forma de postagem no meu blog, com os devidos créditos e tudo mais, será que você me autoriza? Se quiser dar uma olhada no blog pra sentir a “vibe”, o endereço é http://apenasoutrocaminho.blogspot.com o forte não é proteção animal, mas mais entretenimento, mas vez ou outra toco no assunto. Obrigada!

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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