Welcome to the Twilight Zone
Spam Zine é um fanzine literário enviado por e-mail (quase) todos os domingos. Cada edição contém generosas doses de literatura falsária, jornalismo de mentirinha, justaposições inesperadas e papos nonsense ao redor de uma mesa de bar virtual.
S
pam Zine é o recheio dominando o pastel, o beijo dos antípodas com tudo o que há no meio, amor livre e gostosinho para todos.
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Nossos 15 mnutos de fama.

"Em tempos dantes navegados, 31 de março era celebrado na escola como o dia da Revolução (sic) de 1964 (...) soltávamos nossas vozes em uníssono, repetindo mecanicamente uma letra hermética, como se isso fosse capaz de despertar ufanismo em alguém. (...) Mas, no meu caso, o Hino era mais nonsense. Porque, na maior das convicções pueris, eu cantava a seguinte pérola: 'Elvira do Ipiranga às margens plácidas'. Passei anos intrigado com o misterioso papel de Dona Elvira na proclamação da independência (...)".
Alexandre Inagaki - edição 058

"(...) Aos poucos, fui esquecendo das nossas longas conversas, do quanto a gente se entendia, do quanto eu era importante para ti e vice-versa. Em lugar disso, passei a espreitar o teu corpo, a estremecer com o teu toque, a inventar subterfúgios para te convencer de que dois amigos ficam, sim. E que isso é normal, apesar do teu puritanismo tão simpático. (...) Daí o dia em que nós bebemos muito vinho e você deitou sobre o meu colo em frente à lareira - que eu já havia acendido de caso pensado -, arrisco dizer que a gente quis confortar um a carência do outro. Até que nos beijamos".
Ricardo Sabbag - edição 019 - especial Dia dos Namorados

"(...) O amor nem sempre pára na rua pra nos cumprimentar.
Às vezes chegamos esbaforidos num lugar, e ele acabou de sair.
O lugar onde se sentou ainda está quente, a marca de sua bunda, em forma de coração,
ainda é visível,
mas estamos atrasados".
Orlando Tosetto Junior - edição 021
"(...) - Se você estivesse andando no meio da rua e desse de cara com um homem com uma orelha no meio da testa, o que você faria?
- Orelha direita ou esquerda?
- Tanto faz.
- Tá. Orelha direita, então. Eu parava bem na frente dele.
- E daí?
- Daí eu perguntaria se eu podia pegar na orelha dele. A da testa".
Indigo Girl - edição 043
"(...) Pobres aqueles que não sabem apreciar um Cabernet Sauvignon chileno da safra de 1998, abençoada com sol e chuva na medida certa. Pobres também os que não conseguem ver graça nas coisas mais tolas, sentado numa mesa de bar, rodeados por pessoas que certamente tornam-se mais interessantes e altivas depois da terceira garrafa de cerveja e uma porção de carne-seca para beliscar (...).
Suzi Hong
- edição 053 - especial Mesa de Bar
"(...) 99% dos textos tratavam dos seguintes temas:
1 - amores perdidos e frustrações;
2 - amores perdidos e frustrações;
3 - amores perdidos e frustrações.
Nas entrelinhas, notavam-se sentimentos como: autocomiseração, tristeza, tédio, baixa auto-estima etc. (...) Será que montamos fanzines, estudamos e gastamos pilhas de dinheiro para, no fim, nos tornarmos frustrados (e frustrantes), obsessivos, chorões e doentes?".
Eduardo Fernandes - edição 029 - especial Auto-Ajuda
"Os seres humanos só ouvimos o que nos interessa. É o fenômeno do Ouvido Seletivo. (...) As coisas que o auto-engano faz por nós,nem a nossa vovó faria. (...) GAROTA - discurso real: 'Eu não te amo mais, você tem cada babaquice, é um porco chauvinista com um coração insensível. Esse seu ego enorme, é, esse ego acabou com tudo. Mas não me conta com quem você andou saindo, não. Não fode. Vai embora. Agora! (...) GAROTA - ouvido seletivo: 'Eu (bléblblé) te amo mais. (blé blé) Você tem (bléblé) um coração enorme. Mas me fode. Agora!'"
José Vicente - edição 038 - especial Muletas Emocionais
"(...) Você vê o primeiro jogo, contra um time de camisa vermelha. (...) A vitória vem aos 43 do segundo tempo, e você começa a viver o sonho, dias que nunca mais sairão de sua memória. Seus pais são felizes, os amigos deles idem, o mundo tem uma harmonia verde e amarela. O seu maior ídolo está jogando pelo Brasil e todos têm que respeitar. (...) Gols de "encoberta", de meia-bicicleta, de falta, de arte. Até que você descobre que é possível chorar de outro tipo de dor, uma dor que desvirgina sua alma (...) Agora você chora porque descobriu algo dentro de você que vai te acompanhar pelo resto da vida: a sensação de perda (...)"
Gustavo de Almeida - edição 065 - especial Futiba

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