SpamZine_________________
058
31 de março de 2002
são paulo  recife  joão pessoa  curitiba  rio de janeiro  londrina
 
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n e s t a   e d i ç ã o:
 
trocando de biquíni sem parar  piercing no umbigo  o cego disfarçado  destinos de pássaros  piores músicas  fellatio  botão de rosa  pensamento digital  máquina de café  madame jasmim  elucubrações do sol

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editorial
alexandre inagaki  http://inagaki.blogger.com.br
 
Em tempos dantes navegados, 31 de março era celebrado na escola como o Dia da Revolução (sic) de 1964, e éramos obrigados a pintar bandeirinhas do Brasil e a cantar o Hino Nacional no pátio do colégio. Com as mãos encostadas no peito, soltávamos nossas vozinhas agudas em uníssono, repetindo mecanicamente uma letra hermética, como se isso fosse capaz de despertar ufanismo em alguém. Oras, é como esperar que um moleque de 11 anos vá criar gosto pela leitura depois de ser obrigado pela escola a ler Iracema ou Eurico, o Presbítero. Mas, no meu caso, o Hino soava mais nonsense ainda. Porque, na maior das convicções pueris, eu cantava a seguinte pérola: "Elvira do Ipiranga às margens plácidas". Passei anos intrigado com o misterioso papel de Dona Elvira na proclamação da independência, especulando se não era um pseudônimo da Marquesa da Santos.
 
Anos mais tarde, descobri uma expressão criada por Paulo Francis, ainda na época do primeiro Pasquim, para definir essas ocasiões em que a cabeça da gente viaja longe e recria maionesicamente letras de música: "virundum". Inspirada, bobviamente, pelo fatídico verso inicial de nosso hino, que até hoje causa lapsos em patriotas incautos e jogadores da Seleção, ao cantarem coisas como "verás que um FILISTEU não foge à luta" ou "do que a terra MARGARIDA". Há uma expressão mais contemporânea - "dibikini". Originada daquele velho hit do grupo Brylho, Noite do Prazer: "na madrugada vitrola rolando um blues/ tocando B. B. King (ou: trocando de biquíni) sem parar".
 
Os americanos também possuem um termo para isso: "mondegreen". E pra que vocês vejam como a história é antiga, a expressão data de 1954, quando a jornalista musical Sylvia Wright confessou, em um artigo, que havia entendido "lady Mondegreen" no verso de uma canção que dizia "and laid him on the green". No site Kiss This Guy é possível encontrar mais de 2.500 exemplos de letras involuntariamente modificadas. Eye of the Tiger, a música-tema de Rocky, o lutador, tornou-se "Ivan the tiger". Love in an Elevator, do Aerosmith, virou "loving an alligator". E daí pra pior.
 
Aqui no Brasil, o "mondegreen" mais hilariante que conheço foi descrito pelo Mário Prata. Uma amiga dele confessou que, ao ouvir Ciranda Cirandinha, entendia que o verso "o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou" na verdade significava "o amor de Tumitinhas era pouco e se acabou". Para ela, Tumitinhas devia ser um menino japonês (Tumita, na verdade) que se decepcionava muito toda vez que se deparava com a volatividade de suas paixões. Quando ela descobriu que o Tumitinhas não existia, sofreu pra burro. Ela faz análise até hoje.
 
Outra especialista em "dibikinis" é a minha amiga Patricia Correia, a.k.a. Sra. Pedro Vitiello. Que, ao cantar o tema de abertura do Sítio do Pica-Pau Amarelo, em vez de "bananada de goiaba, goiabada de marmelo", cometia: "banana a dar de goiaba, goiaba a dar de marmelo". Ou que, ao escutar Como Nossos Pais, da Elis, em vez de "mas é você que ama o passado e não vê", bradava: "mas é você que é mal passado e não vê".
 
Vai, confessa aí: qual foi o pior "virundum" que você já cometeu?
 
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Antes de apresentar esta edição, gostaria de agradecer a Suzi Hong, Fernando Goulart, José Vicente, Nicole Lima e Cecilia Giannetti, que editaram, com sobras de talento, o Spam Zine nestas últimas semanas. A vocês cinco, meu forte amplexo de VALEU!
 
Nesta semana, o retorno de duas talentosas pernambucanas que andaram mais sumidas do que eu gostaria: Marcela Marques e Alyuska Lins. Um dia preciso viajar até Recife a fim de descobrir o que há nessa cidade capaz de reunir tantas mulheres talentosas, como as adoráveis supracitadas e mais a Cristiane Bezerra, convidada trocentas vezes a escrever para o Spam, essa danada esquiva. Outro que não dava as caras por aqui desde os tempos em que Papai Noel tinha barba preta é o curitibano Luiz Andrioli, que retorna com uma crônica singela sobre os direitos do consumidor. A estréia a ser saudada fica por conta de Hernani Dimantas, uma das melhores cabeças da Internet tupiniquim, responsável pelos blogs Marketing Hacker e Mercado Hype. De resto, considerem-se mais do que brindados com as presenças de Lau Siqueira, cumpadi Ricardo Sabbag (prometendo polêmicas para a próxima semana), a simpaticíssima Beatriz Singer (jornalista desempregada, expressão quase redundante nestes tempos), Sol Moras e Ricardo Gaspar, o homem mais enrolado que papel higiênico, big boss do sítio em obras http://www.gasparol.com, e autor de um conto em três partes (aguardem cenas dos próximos capítulos...).
 
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Em breve: edição especial DORGAS. Afinal, o que não mata engorda.
 
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mais uma de shopping
marcela marques  [email protected]
 
- Oi.
- Oi?
- Desculpa. É que vi você sentado sozinho, bem na frente dessa loja, assim como quem tá só esperando o tempo passar, aí achei um sinal.
- Sinal de quê?
- Eu tava querendo entrar nessa loja pra fazer um piercing, mas queria que alguém ficasse segurando a minha mão. Aí vi você sentado e achei que talvez você pudesse?
- Você quer fazer um piercing?
- É.
- Onde?
- Aqui no umbigo.
- Por quê?
- Por que como?
- Você não tem cara de quem quer fazer um piercing.
- E como é a cara de alguém que quer fazer um piercing?
- Sei lá. Mas não é assim de terninho de executiva e salto alto.
- Ah. Isso é só um disfarce. Eu de verdade não sou assim não.
- Ah.
- E aí? Você entra comigo e segura minha mão?
- Não sei não. Você ainda não me convenceu de que tá só disfarçada de executiva. Não quero lhe dar apoio moral pra fazer uma coisa de que você pode se arrepender depois.
- Eu vou sozinha então.
- Vai.
- Obrigada de qualquer forma.
- Por nada.
- ...
- Que foi?
- Não ri não. É que eu não consigo ir sozinha. Nas minhas três tatuagens tinha alguém segurando minha mão.
- Três tatuagens?
- É. Nas três a Lu segurou minha mão enquanto eu fazia.
- Quem é a Lu?
- Minha melhor amiga.
- E por que você não chamou a Lu pra vir segurar sua mão?
- Porque ela tá morando em Paris.
- Ah. Então mostra.
- O quê? As tatuagens?
- É.
- Não posso.
- Por quê?
- Por que o quê?
- Por que você não pode mostrar, cacete.
- Porque são em lugares difíceis.
- Aaaah, tá.
- O quê? Você acha que é mentira? Que eu não tenho tatuagem coisa nenhuma? Olha aqui, garoto, meu duende aqui no ombro, tá vendo, minha fadinha aqui nas costas em cima da minha bunda, e minha borboleta, aqui, perto da..., tá vendo?
- Cala a boca. Pára com isso. As pessoas estão olhando.
- Você que duvidou de mim.
- Eu também tenho uma tatuagem.
- Que mentira. Com essa carinha de advogado recém-formado.
- Recém-formado o caralho. Já faz seis anos que eu me formei. E eu tinha uma banda, tá?
- Ah ah ah. Aposto que era cover da Legião. Ou então do Engenheiros do Hawaii.
- Provavelmente você nunca ouviu falar das bandas de quem a gente tocava covers.
- Try me.
- Violent Femmes. Pixies. Sonic Youth.
- Como no café da manhã. Minha banda preferida. Tenho um autógrafo da Kim Gordon.
- Tem nada.
- Tenho sim.
- Então eu vou contigo fazer o piercing.
- E segurar minha mão.
- É. Mas depois a gente tem que combinar de você me mostrar o autógrafo da Kim Gordon.
- Tá bom.
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- Ficou legal. A pedrinha vermelha era a mais bonita que tinha.
- Também gostei.
- Sua barriga também é bonita.
- Obrigada.
- ...
- ...
- Então? Quando você vai me mostrar o autógrafo da Kim?
- Era mentira minha. Eu não tenho autógrafo dela não. Mas eu gosto mesmo do Sonic Youth, e do Pixies e do Violent Femmes.
- Tá bom. Você é engraçada.
- Mas eu tenho que te falar uma coisa.
- Fala.
- Era mentira que eu queria fazer um piercing. Não que eu não quisesse, eu queria sim, mas não precisava ser necessariamente naquela hora.
- O que foi então?
- O que eu queria mesmo te dizer naquela hora era que se o Tom Cruise fizesse uma plástica no nariz pra ficar perfeito talvez ele se parecesse com você.
- Ah, é?
- Não ri não.
- Tá bom. Então, olha, esse é o meu telefone. Liga pra mim. Talvez amanhã você queira fazer um piercing na sobrancelha, eu posso vir contigo já que a Lu está em Paris.
 
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s p a m   c i n e
Na definição de Abel Gance, "cinema é a música da luz". Tergiverse você também a respeito da sétima arte, e envie suas viagens para [email protected].
 
o amor é cego ("swallow hal")
alyuska lins  [email protected]
 
Situação 1: você está na fila do banco, é horário de almoço, e o banco inteiro é, na verdade, uma fila. Daquelas imensas, que serpenteiam, dão a volta por volta delas mesmas, ricocheteiam e se é realmente incapaz de ver que pessoa está no seu início. Esta pessoa, no entanto, é você, que já está atrasado, a sua aula já deve ter começado, mas não importa: você será o próximo a ser atendido. Por algum motivo alheio à razão, entretanto, você olha para a porta de entrada, enquanto espera a vez, e eis que vislumbra uma imagem familliar. Sim, é aquela menina mesmo que estuda com você, na mesma sala, aquela menina tímida que usa óculos, gordinha, feinha e chata, embora você não a conheça de fato. Bom, você não vai se oferecer para pagar o carnê de mensalidade que ela tem nas mãos, não vai quebrar o galho dela nem ser gentil - em lugar de virar o rosto imediatamente, desconfiado, meu Deus será que ela viu - só porque está atrasado. Claro. Afinal, sua aula já começou há algum tempo e embora a garota também devesse estar presente à mesma aula, você teve que enfrentar a fila como todo mundo. Convenhamos: é preciso ser justo.
 
Situação 2: você está atrasado, é dia de pagamento de funcionário público, e o banco está, como diria Caco Antibes, aquela visão do inferno. Você é o próximo e, sabendo a importância disto em uma fila de banco, olha para trás a divertir-se com as expressões de quase desespero dos últimos "fileiros". Mas eis que, ao olhar a porta de entrada, vê um anjo adentrando aquele limbo. Os cabelos ainda molhados, ao vento, o corpo escultural, o perfume, tão leve, que até já lhe chegou às ventas. Sim, é aquela sua colega de classe, aquela sua agradabilíssima colega de classe, eu diria. Você vira o rosto, então, desconfiado? Não. Você não a conhece, mas a chama. Acena a mão com a discrição dos movimentos que um náufrago teria, ao ver uma possível embarcação. Você está atrasado, mas dá sua vez. Você não foi justo, mas que se dane. O que é que é de fato justo nessa vida, não é mesmo?
 
Depois de "mamãe é muito bonita", a segunda frase que você certamente aprendeu a falar na escola foi "beleza interior é o que importa". E você fala isto, deste então, como se fosse a coisa natural do mundo, repete até para aquele menino feio e sem graça - que você inclusive prefereria mil vezes ser professor voluntário de História americana em uma escola para membros do Taliban a namorar com ele - repete a tal frase até como consolo no momento em que diz ao tal menino que o acha feio e sem graça. Na prática, entretanto, seus instintos são outros e imperam. Atrai-lhe o que lhe atrai a vista e pronto. Não há muita filosofia para usar com hormônios.
 
E tudo isto, de se privilegiar os sentidos em lugar da interpretação deles, talvez se dê por preguiça. Talvez haja em nós a crença de que o que vai por dentro do seres transborde deles, amoldando-lhe cinturas, dando-lhe contornos perfeitos à face e unhas a dedos inacreditáveis. Ou talvez seja por necessidade mesmo; precisamos ver no outro (ao menos no outro) o que nos agrade.
 
Em O Amor é Cego, filme em cartaz nos cinemas com Gwyneth Paltrow e o impagável Jack Black, de High Fidelity, pode-se assistir à crise hilária de um homem quando questionado sobre o que vem a ser realmente beleza. Hilária, em parte, pela atuação autêntica de Black, o moço de caras e bocas louváveis para dizer e ouvir tolices, e hilária também porque é isto que resta às grandes verdades, quando indagadas; a impressão que se tem quando acaba o filme é a de que Platão estava realmente certo, a prisão é o mundo da vista.
 
Ok. Não precisa chegar ao cúmulo de pensar em Platão depois de uma comédia, mas parece ser geral a sensação de que se sai do cinema, estranhamente, vendo-se mais, vendo-se melhor. Aliás, quando acenderem as luzes não se surpreenda se a pessoa do seu lado lhe olhar curiosa. Sim, ela também está sentindo o mesmo que você, que perdeu muito tempo mirando as margens, enquanto o verdadeiro fluxo corria um pouco mais adiante. Talvez você seja a mulher (homem) da vida dela e, embora ela não tenha percebido isso quando você passou na frente dela quando o filme já havia começado e pisou-lhe o pé, agora isto parece estar claro. O filme traz alguns exageros, é verdade, mas o enredo não seria tão humano sem eles. A cena do Maurício (Jason Alexander), melhor amigo de Hal (Jack Black), rejeitando uma mulher belíssima só porque ele teria um dos dedos do pé um pouco maior que os demais, ilustra bem a que ponto chega este bicho ao avesso, que é o homem.
 
E na vida real, a história se repete. O cara-legal, a moça-encantadora, acabam sempre perdendo muito em conceitos por uma simples camisa que se repete, uma inofensiva espinha no rosto que aparece, um dedo um pouco torto na mão que se nota. E olha que a moça-encantadora talvez até gostasse de futebol tanto quanto você, torcia para o mesmo time inclusive, e era capaz de citar tranqüilamente todos os integrantes que já tocaram no Deep Purple, lembrando as respectivas datas de entrada, saída e reincidência de cada um deles na banda. Você se sentia muito bem ao lado dela. Você adorava conversar com ela. Mas ela usava óculos, não era mesmo? E isso era imperdoável. Como já dizia o profético Machado, afinal por que coxa, se bonita; por que bonita, se coxa?
 
Enquanto dura o torpor pós-filme, pensa-se nessas coisas todas, todas ao mesmo tempo, de modo tão confuso e tão profundo, aliás, que o fará sentir-se mal. Uma vontade repentina de uma lágrima só descer discreta e pesarosamente por um canto do olho, um arrependimento contido e quase de coração preso à garganta já foram relatados. Algum tempo depois, entretanto, você voltará ao normal, não se preocupe. É sempre passageira a compreensão das coisas. Dez minutos de Praça de alimentação são suficientes para a miose ocular e mental. Fisiológicas ambas, por sinal.
 
Mas o que lhe resta agora, depois de ler esta crítica, crítica esta, aliás, que se já não o fez chorar de remorsos em algum trecho, ao menos lhe soa familiar? O que fazer? Beijar a(o) primeira(o) menina(o) com espinhas e de óculos que passar na sua frente? Não. Beijos devem ser dadivosos, não punitivos, como comumento o são. Em lugar do beijo, tente ver, senão com afeto, ao menos com compaixão os que lhe rodeiam. Vai parecer clichê e eu peço desculpa por falar uma coisa tão cafona assim, e peço desculpas também e de antemão por falar cafona, essa palavra de calça de listas e blusa xadrez em uma festa à meia-luz: pessoas são como presentes; é tolice exercitar seus dons de vidente, tentando adivinhar o que vai por baixo da embalagem. Ou pior: julgar o conteúdo do embrulho pelo tamanho dos laços e cor do papel que o envolve. O desapontamento, agindo-se assim, é a via de regra. Alguns embrulhos poderão corresponder ao presente, alguns presentes estarão amarrotados em um papel qualquer e serão melhores que nenhum outro. É apenas questão de encontro entre desbravador e sorte. A sorte está lançada, já diz o povo. E quanto a você, está desbravando? (Considere esta interrogação um cascudo).
 
E quanto ao amor, que foi quem deu origem a estas divagações, e quanto a um dos maiores questionamentos do homem acerca dos sentimentos: afinal ele é cego ou não? Manter sempre o rosto à meia luz contribui para a evolução do relacionamento? Ou o melhor método é mesmo o tratamento de choque: você descreve minunciosamente todas as suas manias, seguidas por suas bandas e seus filmes favoritos, mostra todas as suas verrugas, mostra qual dos olhos tem um desvio, diz que acha está ficando dentuça e que provavelmente tem uma lesão ao nível de cerebelo porque é incapaz de fazer um seqüência alternada com seus dedos por mais de trinta segundos? Fazendo uma coisa ou outra, você, é preciso que se diga, certamente errará. E errará muito, porque é humano. A isto serve o amor, aliás: para nos redimir. Pois que ele perdoa, pois que ele conforta, ele se alegra com as coisas mais simples e permanece assim, ele se zanga com as coisas mais graves, mas depois a mágoa passa. A resposta ao grande enigma é que o amor, na verdade, não é cego coisa alguma. Ver, ele até vê. Mas disfarça.
 
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moleques
lau siqueira  [email protected]

às vezes
pulávamos o muro
do "sêo" sabino
e roubávamos butiás
 
        éramos o instinto
        na boca escancarada
        da manhã
 
depois
subíamos nas árvores
como se estivéssemos apenas
cumprindo nossos destinos
                      de pássaros
 
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p e r g u n t a r   n ã o   o f e n d e
"Qual é a pior música de todos os tempos?"

carlos jazzmo  [email protected]
A pior música de todos os tempos é a minha música. Porque eu sei como foi feita. Sei todos os truques sujos que apliquei para que ficasse comercial, sei todos os clichês pessoais que foram utilizados, sei de onde veio cada referência, sei como estava vestido quando a compus, sei que estava fedendo, sei que deixei cair meio quilo de cinzas em cima da viola, sei quantas vezes desisti de ser poeta enquanto compunha a letra, sei o quanto precisei desistir de idéias porque sabia que não coseguiria executá-las. Qualquer composição, quando trocada em miúdos, é a prova final de que tudo já foi feito. Você é que ainda não pagou seu próprio mico no palco.
 
Carlos Jazzmo - escritor, jornalista e compositor medíocre do Glamourama.
 
bernardo carvalho  http://www.rtfm.kit.net
Fácil: "Winds of Change". Scorpions marcando a época da queda do Muro de Berlim e o fim da Cortina de Ferro. Essa música me persegue há uns 10 anos. Quando eu menos espero, lá vem: "Follow the Moskva / Down to Gorki Pa-ark...".
 
juliana biscardi  [email protected]
Aquela do Guilhermão (o Arantes) em que ele canta "tudo o que ela toca vira ouro". Porque, além de péssima por si e em si, a música ainda obteve a proeza de destruir - ao menos aqui, em minha cabeça - aquela do Police em que eles cantam "Every little thing she does is magic...". Triste, triste, triste. Muito triste! Analogia infeliz...
 
marcus amorim  http://zamorim.eti.br
As "borbulhas de amor" do Fagner, com certeza! "Quem me dera ser um peixe..."
 
edney soares de souza  http://www.interney.net
Viajei sozinho para Porto Rico ano passado, a trabalho. A empresa que estava contratando meus serviços me colocou em Guaynabo (interior de PR), num apartamento que apesar de bem mobiliado tinha uma TV que não funcionava (eu precisaria assinar um serviço de TV a cabo para ver algo além de chuviscos), e não tinha telefone. O único local próximo de onde eu estava onde eu poderia passar o tempo era um shopping center a cerca de 1 km do apartamento. Eu passava o tempo jogando fliperama, vendo filmes e mais à noite tinha um barzinho que tocava música ao vivo. As bandas eram em geral boas e tocavam rock & pop, quando tocaram It's My Life do Bon Jovi todo mundo no bar cantava junto, a música parecia fazer bastante sucesso por lá.
 
Realmente fazia, TODAS as bandas tocavam essa música! TODAS as rádios audíveis (classifico como audível as que tocavam algo além de salsa e merengue e que não eram gospel) tocavam essa música. Nos 25 dias que passei sozinho na ilha essa música tornou-se símbolo do meu sofrimento, eu ainda tenho vontade de matar alguém quando toca essa música... Grrrrr....
 
wellington almeida  [email protected]
Deu trabalho, mas pensei em uma que não fosse só ruim, mas que tocou tanto que estourou as bolas. É a pérola pop "Material girl" da Madonna. Tudo é ruim: o clip, a voz (?), as batidas e aquele coralzinho "ajudazinha no refrão" que auxilia gargantazinhas com batatas! E as mais chatas são (com cerrrrteza!) todas dos neo-moderrrnos-não-estamos-nem-aí Belle & Sebastian, que só de ouvir... ZZZ zzzzz...
 
pergunta da próxima semana:
"Todos têm um vício. Qual é o seu?".
Mr. Sabbag aguarda por suas confissões: [email protected].
 
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zegzoral
ricardo sabbag  [email protected]
 
Bastaram poucos minutos de amassos para que ela se debruçasse sobre ele e, com poucos gestos, abrisse o fecho de seu cinto. A rapidez do movimento até que o assustou, e nos primeiros instantes ele se constrangeu por estar num lugar público assim por dizer. Olhou para os lados em busca de olhos curiosos. Forçou a cabeça dela para baixo, sim, mas para que sumisse por detrás do painel do carro.

No fim, não tinha ninguém ali fora. Só a luz fria e fraca dos postes colocados estrategicamente uns longe dos outros e um barulho longínqüo que sinalizava que alguém pudesse estar fazendo a mesma coisa.

Não entendeu direito toda aquela rapidez. No meu tempo, pensou, a gente demorava tanto pra conseguir isso. E às vezes só tinha depois de muito tempo de roda. Definitivamente, aqueles não eram os seus tempos.

Os gestos repetidos e centrados nos pontos certos fizeram com que seus pensamentos se desviassem das mudanças temporais e se confundissem como que numa tempestade elétrica. Revirou os olhinhos para cima e abriu os braços quase arranhando o banco do passageiro e a lataria externa. Aquilo parecia bom, sim, era bom. Uma pressão exata centrada na extremidade superior. A mão apalpando com cuidado a bolsa inferior. Tudo para como que se quisesse extrair um sumo vindouro lá da sua alma. A seiva do corpo. Uma que viesse do coração, longe, que percorresse as veias fazendo capilares e nervos entrarem e festa. Tudo era alegria, tudo era.

Momo é gue é, nhão vai ermidar isso, nhão? Surgiu uma vozinha lá de baixo, quase incompreensível, como se estivesse com uma noz em cada bochecha.

Oi?

Ela largou o movimento tão perfeitamente ritmado. Olhou para cima, os lábios babados da própria saliva. Não vai terminar isso, não? Disse agora com a voz ríspida, impaciente da demora do troço.

Aquilo foi chato, mas tudo tão chato, que ele meio que se amoleceu todo de chatura. Olhaisso!, reclamou ela perplexa com a mudança de atitude do objeto. Passou a apertar com mais força, a puxar e repuxar com maior velocidade, e depois de um certo tempo aquilo já era incômodo para ele.

Pára, pára, pára!
O quê!?
Não sou acostumado a isso. No meu tempo era diferente.
Espera um pouco que ele já volta.
Volta nada. Já foi. E foi tarde, bem tarde. Me desculpa. Te deixo em casa.
 
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flores para uma rosa
beatriz singer  [email protected]

Foi ali, no Mutum, que quase atravessei a terceira margem do rio. Avistei um audaz navegante fazendo de estrume poesia. Ao meu lado não havia nada, mas no reflexo do espelho que me escancarava a ilusão, vi a menina de lá. Quis que tudo fosse verdade. Quando vi que não era, chorei o choro dos loucos. Depois deixei, deixei... E foi assim, olhando ao redor da Serra do Mim, que percebi que nenhum, nenhuma, apenas Guimarães Rosa tem os óculos capazes de curar a miopia de Miguilim. E esses óculos, botão de rosa, estão no túmulo da flor, enterrados para que jamais saibamos da Verdade. E a isso só temos que agradecer.
 
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apenas um pensamento digital
hernani dimantas  [email protected]
 
Ame enquanto puder amar. Este é o ponto de partida. No palco da vida morremos no final. Rico ou pobre. Famoso ou desconhecido. Tanto faz. Viramos pó. Alimento de insetos.
 
Mas enquanto vivemos temos tantas coisas mais interessantes para fazer. Para que pensar no fim. Melhor ver rios e lagos. Flores desabrochando na primavera. O sol de verão. A lua minguante. O brilho das estrelas no céu poluído por fumaça. Carros rodando pelas estradas. Fome, miséria e desapego.
 
Podemos interferir. Não deixar que as mazelas se repitam no tempo. A evolução exige justiça social. Sem excluir o ser humano da modernidade. Podemos ser altruístas, e pensar nos outros. Principalmente os que estão nascendo e crescendo. A nova geração.
 
Hegel afirma da exigência inequívoca do reconhecimento por parte da consciência. A partir de então, a filosofia ficou diferente, não pôde mais ignorar o estar-com-os-outros.
 
Retomando o pensamento original, o nosso mundo é uma sucessão contínua de vidas. Todas muito importantes. Todas vivas. Inclusive a nossa herança. Reproduzimos o DNA e deixamos o legado para a geração vindoura. Mas o que estamos fazendo?
 
Nossos filhos respiram mais monóxido de carbono. Vivem sob violência. Numa competição cada vez mais acirrada. Não vejo muita esperança. Sem amor não vejo solução. E amor não combina com uma série propósitos escusos. Como podemos ser felizes se temos que separar a emoção da razão?.
 
Imagine as mudanças. Uma composição de tons mais justos. Colorindo a vida das pessoas comuns. Desafiando o status quo dos poderosos e egoístas. Acredito na valorização do homem. Pois, mente sana significa tornar consciente o que é inconsciente. Assim, o homem tende a uma nova realidade. O tempo é a dádiva da eternidade.
 
A Web faz a revolução. Silenciosa e rápida. Pessoas da terra: "Uma poderosa conversação global começou. Através da Internet, pessoas estão descobrindo e inventando novas maneiras de compartilhar rapidamente conhecimento relevante. Como um resultado direto, mercados estão ficando mais espertos—e mais espertos que a maioria das empresas."
 
A promessa da Web vai além da reverberação da voz humana. Está na autenticação de mecanismos de transformação. O ser humano entende que a sociedade, tal como está, vem degenerando a cada momento. E passa a atuar como protagonista da mutação. Estrela da vida inteira Da vida que poderia Ter sido e não foi. Vamos fazer acontecer... A poesia na vida inteira...
 
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n a v e g a r   i m p r e c i s o
 
DamnZine
http://www.damnzine.cjb.net
Um zine simpático desprovido de coerência, feito para ser lido na maldita hora da noite em que tudo é engraçado (que vem logo após a hora em que nada faz sentido e antes daquela em que tudo faz sentido). Perfeito para embalar momentos de tédio e para embrulhar mortadela (não necessariamente nessa ordem). "Parece um cesto de amoras", diria Aristóteles. Servindo a comunidade desde janeiro de 2002.
 
As Mulatas de Jesus Cristo
http://www.mulatascristo.cjb.net
De Canoas, RS, para o mundo: um zine ornitorrinco (?!) com contos, crônicas, finais de piadas, traduções toscas e informações sobre shows, festas, manifestos, desaforos, testes de DNA e verborragias em geral.
 
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sobre o direito do consumidor da máquina de café
luiz andrioli  [email protected]
 
Eu tenho aula aos domingos de manhã. É, eu também acho meio complicado acordar cedo com este nevoeiro de Curitiba, com este friozinho desta cidade. Curso de Especialização em Cinema, semiótica a mil, dá-lhe Encouraçado Potenkim na cabeça. Uma das alegrias do que se aventuram aos estudos teóricos da sétima arte junto a este que vos escreve é o cafezinho da máquina do corredor. No intervalo, rola o câmbio negro de moedas, único pagamento aceito pela máquina. Quem tem notas de um real, é discriminado pelos demais.
 
- Troca uma nota por umas moedas?
 
Alguns fingem que não ouvem, quem não pode escapar do campo de alcance da pergunta, dá aquela franzida pra baixo com a boca, desculpando-se. Quem tem nota de dez então! Estes já se colocam no devido lugar, bem longe da máquina, contentes apenas com o bebedouro que espirra água mais no cabelo do que na boca.
 
Naquele domingo eu tinha 50 centavos. Saí pelo corredor triunfante em direção à máquina de café. Ah, para situar o leitor:
 
Café simples: 50 centavos
* o preferido da galera da minha turma
 
Capuccino: 1 real
* este não tem nada de muito cult. Nada a ver analisar semioticamente "A Última Tempestade", de Peter Greenway e depois tomar este café com gosto de chocolate Batom.
 
Chocolate quente: 1 real
Este nem se fala. Nescau na frente da galera?
 
Chá: 50 centavos
Viadagem pura... Sem condições.
 
Duas moedinhas de 25 centavos para dentro da máquina. Copinho no lugar certo. Eu já quase acendendo o inseparável Malrboro vermelho. Barulho. Água pra dentro do copinho. Fumacinha. Barulho. Nada do pó de café. Tempo. Olho para os lados. Tempo. Fim da operação. Retire seu café.
 
Máquina nojenta! Quer que eu tome água quente! Tá sem pó de café, disgramada!
 
Olhei para os lados. Se ninguém visse, seria menos mal. Mas não, tudo foi vigiado por um colega. O que piorou é que ele me aconselhou a tomar o "Nescau", mostrando que por sorte havia escolhido poucos minutos atrás.
 
- Nem... Deixa pra lá...
 
Muito gentil, ele me ofereceu duas moedas de 50. Aceitei.
 
- Coloca aí. A máquina tá sem pó de café, com certeza... Mas chocolate sei que tem.
 
Coloquei. Numa olhada raivosa e mais atento na máquina, descobri um número de telefone. "Problemas: 9194 8972". Liguei. Caiu na caixa postal. Desliguei antes de ser tarifado.
 
Horas depois, em casa, resolvi ligar para reclamar sobre o meu prejuízo. Consumidor consciente, fui logo ao assunto.
 
- O senhor que cuida da máquina de café lá da Universidade?
- Quem tá falando? – Ao fundo, Faustão homenageava o ator de não sei qual novela que tem três mulheres na história.
- A máquina me tomou cinqüenta centavos.
- Em qual bloco? – O cara da novela deve ser o pica-grossa mesmo. Faustão chutando pra cima o ego dele.
- Em frente ao xerox.
- Quando? – "O louco, meu!!! O cara é genial!", garganteava o apresentador.
- Hoje de manhã.- Você tem aula domingo de manhã?
- Não, fui lá só pra tomar café da máquina – Reparem na ironia - Minha mãe tá viajando, sabe como é... – Fim da ironia, certos assuntos pedem seriedade – Tenho. Acho que a máquina tava sem pó.
- Não saiu nada da máquina?
- Só água quente.
- É complicado mesmo... Abaixa a TV aí, pô!
- E aí?
- Mais gente tentou pegar café?
- Não, eu coloquei um bilhetinho na máquina.
- Passa amanhã lá e pega o teu dinheiro ali no balcão da telefonista.
- Ah, legal...
 
Quase desligando, lembrou de um detalhe.
 
- Qual teu nome mesmo?
- Luiz Andrioli.
 
Ser um consumidor consciente dá trabalho. Fiquei dois minutos numa ligação celular-celular com o técnico da máquina. Acho que vai dar uns 60 centavos na conta. Só precisaria voltar na Faculdade daqui a umas duas semanas, quando terei aula de volta. Moro a uns 8 quilômetros do Campus. Ida e volta, uns 2 reais de gasolina. Ou seja, contabilizando perdas e ganhos, vou sair num "prejú" de 2 reais e 10 centavos, caso opte por ir lá e pegar o que me é de direito. Caso deixe pra lá, o desfalque vai ser de 1 real e 10 centavos.
 
Eu nunca saí do Brasil, nem a passeio, nem a trabalho. Só fui pra Argentina comprar uma jaqueta de couro, mas isto não conta. Se alguém aí dentre os leitores for mais viajado do que eu, por favor, me ajudem: isto acontece em países mais desenvolvidos? Quando uma máquina de café te trapaceia, tem alguém por perto pra resolver o problema??? Ou estas máquinas de outros países têm um talk free???
 
Bom, quem se compadecer da minha situação e quiser mostrar solidariedade, favor ligar para (041) 9194 8972. É o telefone do cara da máquina que eu esqueci de perguntar o nome. Só não ligue na hora do Faustão!
 
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madame jasmim (1 de 3)
ricardo valeriano gaspar  [email protected]
 
Capítulo 1 - Azul Celeste
 
Os diálogos evasivos, os passos acelerados, os choques entre os distraídos, aquela aglomeração desorganizada de pessoas o fez notar que considerava-se superior à toda aquela gente. As pessoas em geral não sorvem os prazeres do viver tão intensamente como ele faz, todos vivem por algo, para ser alguém, e ele vive porque não tem nada melhor para fazer. Lembrou de tentativas de expor essa visão para outras pessoas como a mãe, os amigos, também lembrou das preocupações desses com sua possível crise depressiva. Uma centelha de regozijo percorreu suas veias. O que ocorria era exatamente o inverso: ele vivia de forma plena e era muito feliz, os outros viviam para uma busca insípida.
 
Todos atrás de coisas, cargos, sentimentos, pessoas, com o intuito de se completar. Nunca encontrarão, a vida não é para encontrar nada, é apenas para viver. Ele tem certeza que ninguém atingirá os objetivos de suas patéticas empreitadas porque eles não existem em lugar algum, ao menos não como procuram.
 
O riso discreto porém incontrolável que o acometia no momento devia-se ao que lia em uma placa de ferro, pintado com tinta látex comum de cor branca o trecho tornou-se chamativo exatamente por sua ridicularidade. Talvez uma estratégia de marketing, talvez mais um simplório:
 
Madame Jasmim
lêce cartas e afins,
desamarrace trabalhos.
Agarre seu amor.
Presso menor do que você
pensa, queridu(a).
 
Estático dentro de sua jaqueta grossa de algodão cru, testemunhando um atentado à língua que era ostentado como um troféu por um batente que mais parecia uma favela de cupins, não surpreendeu-se quando a porta estranhamente alta se abriu para a aparição de uma senhora. Os cabelos castanhos claros que cobriam-lhe os ombros e pareciam chegar à cintura adornavam o rosto sorridente. Com uma maquiagem em cores quentes e vibrantes, posicionou-se sob a sombra disforme projetada pela feiosa carranca presa à parede ao lado esquerdo da porta, trajava um vestido amarelo com rendas vermelhas.
 
- O rapaz deve estar procurando Madame Jasmim. - A senhora de uns 58 anos num tom de adivinhação. Era claro seu desejo de mostrar-se misteriosa.
 
Como ele odeia maquiagem excessiva.
 
A situação era no mínimo atípica. A garoa gelada na cabeça, o riso de si próprio, uma cigana que mora num muquifo onde ele não entendia como havia chegado.
 
Elas são assim, levam-no ao sabor da própria vontade, suas pernas são como seres independentes. E ele as incentivava para que isso não termine nunca, é assim que gosta delas. E é essa uma forma interessante de conhecer caminhos, lugares, pessoas, muquifos, ciganas.
 
- Não senhora, estava apenas rindo do ridículo português na plaquinha.
 
Gosta de causar impacto, certa vez ouviu alguém dizer que se "não se vem ao mundo para encomodar, vir para quê?", e adotou aquilo quase como uma filosofia de vida. É seu modo de mostrar aos outros que a vida era mais do que pensavam e menos do que esperavam.
 
- Eu estava a sua espera querido, há muito aguardo sua visita.
 
- Ah é né?
 
- Você não sabe o quanto é especial meu jovem.
 
Repentinamente a senhora passou a transparecer uma seriedade obscura, ela estava pensando em algo que realmente a preocupava.
 
- Como é o GORRRRRRda senhora? Vai me dizer que recebeu um e-mail do além dizendo quem eu sou, e que estava aí atrás da porta acendendo incenso para preparar o ambiente para a minha chegada que seria exatamente agora?
 
- O Speedy não funciona, o incenso de minutos atrás realmente preparou o ambiente, mas garanto que falo sério. O que irá lhe custar alguns minutos? É mais importante do que você imagina.
 
Chovendo, frio, ele mal sabia porque estava ali. O que iria custar alguns minutos?
 
- Já está na mente hem! É uma cor. Não me decepcione por favor dona Jasminzona, senão eu viro as costas, te xingo de algum palavrão escabroso e a terra será dominada por forças malignas pois a senhora não me conscientizará de minha grande missão! - o riso no canto da boca denunciava o escárnio incontrolável.
 
Madame Jasmim, aparentemente sem se alterar, num piscar de olhos um pouco mais demorado que o comum, aconchegou as mãos espalmadas ao peito. Com um gesto largo e irritantemente profundo proclamou:
 
- Azul celeste.
 
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f a l a   q u e   e u   t e   e s c u t o
Envie suas críticas, sugestões, elogios, petardos e comentários engraçadinhos para [email protected]. Empréstimos a juros perdidos e fotos desinibidas da Marina Person também são bem-vindos.
 
----- Original Message -----
From: Aguinaldo Gomes
To: [S p a m Z i n e]
Sent: Monday, March 25, 2002 6:24 PM
Subject: PUBLIQUEM MEU TEXTO Q EU DOU UM PÃO DOCE COM CALDO DE CANA A CADA UM DE VCS
 
(...) P.S.: oi pessoazinhas do spamzine.net estou mandando mais um texto, para quem sabe, ser publicado, por favor não sejam muito críticos tá, levem em cosideração que só tenho 21 anos... Se vcs publicarem eu pago um caldo de cana com pão doce a cada um de vcs. Pelo amor de suas mãezinhas, leiam meu textim, e, se não for pedir muito, publique-o.

inagaki responde: Caro Aguinaldo, o conselho editorial do Spam Zine possui uma política mui rigorosa quanto à oferta de subornos para a publicação de textos, e por isso somos obrigados a recusar sua proposta. :) Agora falando sério: não é porque não publicamos seus textos que você deve desistir de escrever, muito pelo contrário. O caso é que semanalmente nossa redação virtual é inundada de colaborações, e é simplesmente impossível aproveitarmos tudo que recebemos. Garanto a você, e a todos os leitores do Spam, que TUDO que recebemos é lido. Contudo, a seleção do que é publicado depende do gosto subjetivo de cada editor - passível, pois, de erros e injustiças. Peço a você para não esmorecer, e prosseguir aprimorando a sua escrita (a propósito, boa sorte com a Pê). De qualquer modo, deixo para os leitores interessados em ganhar um delicioso lanche por sua conta o endereço de sua página: www.sak.ihp.com.br. Forte amplexo, A.I.
 
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Nome do diretor do "Fusão", programa para "jovens" apresentado pelo skatista homônimo do Daniel Azulay na CNT: Gustavo Fracasso. NÃO SEI SE OS NUMERÓLOGOS APROVARIAM ISSO
 
Frases e palavras mais escutadas numa partida de futebol, todas com exclamação no final: "Toca", "Boa bola", "Valeu", "Vai", "Deixa", "Chuta", "Porra", "Eu tava livre", "É a mãe", "Tu não pediu, porra", "Caralho", "Filha da puta", Putaquiupariu", "Vai se fuder", "Tu é uma merda". TALVEZ OS PALAVRÕES NÃO SEJAM TÃO INDISPENSÁVEIS ASSIM PARA SE ALCANÇAR UMA BOA LITERATURA
 
A primeira santa brasileira é italiana. NÃO SEI SE ESSE COMENTÁRIO VAI ME FAZER UM CARA MAIS AMADO
 
A canonização pela mídia desse Sílvio Santos é algo que nem uma imensa relativização é capaz de justificar. TALVEZ O SOL NÃO TENHA SIDO CLARO, MAS ELE PRECISAVA DIZER ALGO A RESPEITO
 
Por que é azul o líquido dos comerciais dos absorventes femininos? TALVEZ OS PUBLICITÁRIOS VIVAM EM OUTRO PLANETA
 
Paracetamol. TALVEZ AS PALAVRAS SEJAM INSUFICIENTES PARA EXPRIMIR A MINHA GRATIDÃO
 
O que leva alguém a pensar: "Quer saber, vou votar no PFL, na Sarney 2"? TALVEZ ESSA PESSOA NÃO TENHA SE ALIMENTADO DIREITO NA PRIMEIRA INFÂNCIA
 
O Zeca Pagodinho tá igualzinho ao Seu Boneco da Escolinha do Professor Raimundo. TALVEZ ESSA TENHA SIDO A MINHA OBSERVAÇÃO MAIS CRETINA
 
mateus potumati - recado pra galera de Londrina: sábado, dia 20 de abril, tem espíritos zombeteiros e os ilustríssimos convidados pb (sp) e suite minimal (sp-ctba), na festa que marcou os corações de todos nós ano passado, agora em versão com anfetaminas e ferro. intercalados às bandas, teremos como convidados o dj fox (londrina) e clarah averbuck (sampa city), além dos já conhecidos da casa stayin alfred e jazz-carga. coisa linda de novo. o local: chácara catriz, às 23:00h - entrada de r$ 7,00, skol gelada e batida de maracujá a r$ 0,50. apareçam lá e escutem: www.mp3.com/espiritoszombeteiros e www.mp3.com/suiteminimal.
 
inagaki - uma frase para reflexão nesta Páscoa:
 
"Eu ensinei meus filhos a amarem o próximo. Nós temos esperança na vida".
(Muhammad Akhras, mestre-de-obras palestino e pai de Ayat, 18, terrorista suicida que atacou um supermercado em Jerusalém, matando a si mesma e a dois israelenses.)