A cena mais emocionante de Wall-e
Por Alexandre Inagaki ≈ sábado, 24 de julho de 2010
Por Alexandre Inagaki ≈ sábado, 24 de julho de 2010
Por Alexandre Inagaki ≈ sábado, 24 de abril de 2010
A recepção de um filme depende bastante das expectativas que você nutre a respeito da obra. Para mim, foi natural alimentar grandes expectativas a partir do momento em que soube que Alice no País das Maravilhas, clássico da literatura nonsense infantil escrito por Lewis Carroll, ganharia uma versão cinematográfica capitaneada por Tim Burton. Um cineasta que, embora não seja um dos meus prediletos, é inequivocadamente criativo e original; quem já assistiu a filmes como Edward Mãos-de-Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet já tem uma boa ideia de como é o universo bizarro e fantástico que perpassa toda a obra de Burton.
Por Alexandre Inagaki ≈ sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Bloqueio criativo. Eu, que por tantas vezes me vi diante de um papel em branco ou de um documento no Word, lutando para encontrar palavras represadamente encalacradas em algum lugar do meu cérebro, sou bem mais familiarizado do que gostaria com os sentimentos de angústia e frustração de alguém martirizado pelo writer’s block. E o problema nem é de falta de idéias; elas surgem aos borbotões. O grande drama, ao menos para mim, está em me organizar a fim de alinhar todos os impulsos criativos em fila indiana e explorar as possibilidades de cada idéia até o final, ao invés de abandoná-las após rascunhar um ou dois parágrafos e tweets e largá-las, como um amante que ejacula precocemente e não liga no dia seguinte. Mas enfim, tergiverso, tergiverso.
Nine, o novo filme de Rob Marshall, diretor de Chicago, é uma releitura de Oito e Meio, clássico de Federico Fellini cujo tema é metalinguístico até a medula: um cineasta em crise criativa e existencial que não sabe como começar seu próximo filme, mergulhado no impasse de um bloqueio criativo. Continue Lendo
Por Alexandre Inagaki ≈ sábado, 07 de novembro de 2009
“Ménage à trois” é uma singela expressão que, tomada ao pé da letra, significa “mistura a três”. E que, basicamente, significa juntar em uma mesma cama (ou qualquer outro local à escolha do trio) três pessoas adultas para um relacionamento sexual. Sonho de consumo de muitos homens e mulheres dispostos a adicionar um pouco mais de pimenta em suas vidas, o ménage à trois já foi tema de diversos filmes, dentre eles Henry & June, Três Formas de Amar (cujo título original, “Threesome”, eu teria traduzido como “Trelelê”) e, mais recentemente, o brasileiro Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas, com Fernanda Torres e Luis Fernando Guimarães, produção devidamente resenhada por Marcelo Forlani no Omelete. Continue Lendo
Por Alexandre Inagaki ≈ quinta-feira, 05 de novembro de 2009
Escrever não é tarefa das mais fáceis. Colocar em palavras todos os pensamentos, emoções e sentimentos que nos vêm à mente requer disciplina, dedicação, uma certa dose de talento e da tal da inspiração, essa musa arredia que volta e meia nos foge do alcance, acenando de longe para o nosso desconsolo enquanto páginas permanecem em branco.
Em outras ocasiões, me deparo com textos que parecem ter psicografado pensamentos que eu sequer sabia que tinham passado pela minha mente, tamanha é a capacidade de nos descreverem. Acontece com capítulos de livros, letras de música, diálogos cinematográficos. E eu, que já citei anteriormente o monólogo de Woody Allen em Hannah e Suas Irmãs, em que ele fala a respeito de como resolveu uma crise existencial revendo um filme dos Irmãos Marx, desta vez tomo a liberdade de pegar emprestadas as palavras que o mestre François Truffaut colocou na boca de seu personagem Bertrand Morane em O Homem que Amava as Mulheres.
Para mim não existe nada mais bonito de se ver do que uma mulher andando, desde que com um vestido ou saia que mexa no ritmo de seus passos. Algumas mulheres andam como se tivessem um objetivo; um encontro talvez. Outras apenas passeiam com ar despreocupado. Algumas são tão belas vistas por trás que hesito em ultrapassá-las, temendo ficar decepcionado. Porém, nunca me desaponto. Quando elas não me agradam de frente, me sinto aliviado de certa maneira; pois, infelizmente, não posso ter todas elas.
Milhares delas andam pelas ruas diariamente. Mas quem são todas essas mulheres? Para onde vão? Dirigem-se a algum encontro? Se o coração delas está livre, então seus corpos devem ser pegos, e creio que não tenho o direito de deixar passar essa chance. A verdade é que elas desejam a mesma coisa que eu: elas querem amor. Todo mundo quer amor. Todos os tipos de amor: amor físico, amor sentimental ou simplesmente a ternura desinteressada de alguém que escolheu outro alguém para a vida toda, e não tem olhos para mais ninguém. Não me encontro nessa situação; olho para todas.
Como alguns animais, as mulheres praticam a hibernação. Durante quatro meses elas desaparecem. Não são vistas. E então, no primeiro raio de sol do mês de março, como se tivessem combinado ou recebido uma ordem de mobilização, elas aparecem às dezenas nas ruas, com roupas leves e saltos altos. E a vida recomeça.
Uma bela perna é maravilhosa, mas não sou inimigo dos tornozelos grossos. Posso até dizer que me atraem: são a promessa de um alargamento mais harmonioso subindo ao longo da perna. As pernas das mulheres são compassos que percorrem o globo terrestre em todos os sentidos, dando-lhes equilíbrio e harmonia.Recentemente percebi que no inverno sou atraído por seios grandes. Entretanto, no verão, gosto dos pequenos. Duas pequenas maçãs andando de braços dados. Mas o que têm todas essas mulheres? O que têm a mais do que todas as outras que conheço? Bem, justamente, o que têm a mais é isso: elas ainda me são desconhecidas.
P.S. 1: Antes que alguém leve a ferro e fogo as palavras de Bertrand Morane e possa pensar que sou um incorrigível mulherengo, vale a pena ressaltar: sou, felizmente, um cara muito bem comprometido. B) Nada, porém, que me impeça de admirar o texto de Truffaut, assim como a sequência do filme embedada neste post, que encontrei no canal de nataligarciavideos no YouTube.
P.S. 2: Para quem, feito eu, gosta de colecionar citações cinematográficas, recomendo fortemente uma visita a este site: Colin’s Movie Monologue Page.
P.S. 3: Já visitou a página de Pensar Enlouquece no Facebook?
Por Alexandre Inagaki ≈ segunda-feira, 02 de novembro de 2009
Não é fácil a transição da infância para o mundo adulto. Que o diga Oskar, um pré-adolescente solitário e tímido de 12 anos, vítima de bullying na escola e filho de pais separados. Imerso em seu mundo particular, alimenta fantasias de vingar-se um dia dos valentões do colégio ensaiando ataques com sua faca, enquanto cola em um caderno recortes de jornais com notícias sobre crimes cometidos na região em que mora, o subúrbio de uma cidade sueca coberta pela neve.
Oskar achará, enfim, companhia na figura de sua nova vizinha: Eli, uma menina pálida que aparenta ter a sua idade e, como ele, não tem amigos. Encontram-se casualmente no pátio do condomínio em que moram, quando Oskar empresta à garota seu cubo mágico, brinquedo que ela não conhecia e que a intriga. A partir disso, surge uma cumplicidade natural entre duas pessoas solitárias, que paulatinamente passam a compartilhar segredos e experiências. Eli mora junto com Håkan, um enigmático senhor de idade que cuida dela como se fosse seu pai. Mas nós, espectadores, logo descobriremos que essa figura paterna é um assassino que mata pessoas para levar sangue para aquela menina, na verdade uma vampira que aparenta ter 12 anos de idade há muito, muito tempo.
A partir desse plot, o diretor Tomas Alfredson faz de Deixa Ela Entrar um delicado filme sobre solidão e amizade. Possivelmente, quando for lançado em DVD, a maior parte das locadoras o catalogará como um filme de terror. Porém, apesar de certas sequências sanguinolentas (em especial o clímax numa piscina), creio que seria mais adequado classificar Deixa Ela Entrar como um drama focado nos temas universais: amor e morte, desejo e destruição. Trata-se de uma obra delicada, que pode até ser interpretada como uma fábula romântica pré-adolescente. Porém, quem atentar para o destino do personagem de Håkan, o senhor envelhecido que logo se mostra incapaz de sustentar os hábitos alimentares de Eli, poderá analisar o filme como uma parábola sobre a fugacidade dos homens diante da passagem inexorável do tempo.
Deixa Ela Entrar é um filme sutil sobre o ritual de preparação de um adolescente; também para o amor, mas especialmente para as regras de conduta de um mundo no qual é preciso destruir para sobreviver, pois o afeto conviverá lado a lado com as pulsões de morte. A partir do momento em que o personagem de Oskar compreende e aceita as particularidades da situação, está selado o seu destino e o seu crescimento definitivo: um menino que deixa suas vinganças imaginárias e sentimentos de autocomiseração de lado, em nome da entrega definitiva à solidão, agora compartilhada, de outra pessoa. Em outras palavras: um ato definitivo de amor, com tudo que ele possa implicar de mais generoso e destrutivo.
P.S. 1: Foi um hiato de mais de um mês neste blog. Durante este período, andei trabalhando mais do que minha sanidade recomendaria. Mas foram dias bastante produtivos, relatados em meu Twitter ou na página que recém-criei no Facebook. Quem me acompanha por aqui já sabe, pois, onde me encontrar enquanto o blog junta poeira…
P.S. 2: Como tantos outros filmes europeus, o sueco Låt den Rätte Komma In ganhará um remake hollywoodiano, a ser dirigido por Matt Reeves, de Cloverfield.
P.S. 3: A página do IMDB de Deixa Ela Entrar, que cita várias informações extraídas do livro de John Ajvide Lindqvist, que deu origem ao filme, ajuda a compreender diversas situações e detalhes mostrados en passant no cinema.
P.S. 4: Um texto meu neste estranho dia de Finados em que não choveu em São Paulo: “Morte e vida digital”.
Por Alexandre Inagaki ≈ sexta-feira, 07 de agosto de 2009
Todos aqueles que cresceram tendo a TV como babá eletrônica e assistiram a filmes como Curtindo a Vida Adoidado, Mulher Nota 1000, Clube dos Cinco e A Garota de Rosa Shocking acordaram um pouco mais tristes e envelhecidos na manhã de hoje, depois de assimilar o baque da morte inesperada de John Hughes, diretor e roterista de clássicos da Tela Quente e da Sessão da Tarde. Creio que Kevin Smith, cineasta e nerd de carteirinha, falou por todos nós ao escrever, em seu perfil no Twitter: “John Hughes, o homem que falou para geeks de uma maneira que ninguém havia feito antes.” Continue Lendo