Artigos doo ano de: 2008

Ayrton Senna do Brasil, Japão, 1988, há 20 anos

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ainda me lembro. O país havia sido contagiado por uma insônia voluntária coletiva. Era madrugada no Brasil, mas era visível a luz azulada em muitas das janelas de casas e apartamentos visíveis da minha sacada. E foi assim que, na madrugada do dia 30 de outubro de 1988, eu vi Ayrton Senna da Silva conquistar pela primeira vez o título mundial de Fórmula 1 no Grande Prêmio do Japão, disputado no circuito de Suzuka, no Japão.

Senna foi o rei das vitórias fantásticas e quase impossíveis. Como no GP de Interlagos em 1991, quando correu as últimas sete voltas usando apenas a sexta marcha do seu carro. Ou na fantástica corrida em Donington Park, no GP da Europa de 1993, da inesquecível melhor primeira volta de todos os tempos (veja aqui o vídeo no YouTube), quando, sob chuva, Ayrton fez quatro ultrapassagens e chegou à liderança. Continue Lendo

Pílulas

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 22 de outubro de 2008

Basta ver as reações em blogs, fóruns e mesas de boteco sobre a campanha eleitoral para entender porque o futebol é o esporte quase monopólico neste país. É triste constatar que um tema tão sério como a política vira bate-boca digno de Fla X Flu ou Corinthians x Palmeiras. Mesmo entre pessoas teoricamente mais “esclarecidas”, as discussões descambam para o maniqueísmo mais rasteiro. Se você é de esquerda, está do lado do bem; se você é de direita, que nojo; e assim por diante. E dá-lhe bombardeios de insultos de ambos os lados: petralhas, mensaleiros, tucanalhas, os chororôs e blá blá blás habituais. Nesta tal festa da democracia para a qual somos compulsoriamente chamados pela instituição do voto obrigatório, creio que falta incutir em seus convidados um mínimo de noções sobre respeito às opiniões alheias. Tomo emprestadas as palavras de meu camarada Marcos VP: “Quem vota conosco é nosso par. Quem vota contra, ou é ignorante ou está com más intenções, ou seja, é de mau caráter. Pobre mundo repleto de tantas certezas individuais, pequenos paradoxos que quanto mais espaço tentam ocupar, menores se mostram”.

Sobre a terrível semana passada, o melhor resumo foi feito por Tutty Vasques: “Teve gente que perdeu dinheiro, torcedor que perdeu a paciência, marqueteiro que perdeu as medidas, seqüestrador que perdeu o juízo, policiais que perderam o controle, enfim, muito se perdeu desde o último domingo para chegar neste sábado e ainda ter que perder uma hora de sono assim, num estalar de dedos. Nada contra o horário de verão, muito até pelo contrário, mas porque adiantar o relógio justo no fim de uma semana como esta?”.

Queria entender porque as cerimônias de premiação da MTV brasileira são tão chochas e apresentam shows tão pífios. Enquanto no mais recente VMB tivemos “shows” (sic) de Nove Mil Anjos (a banda com nome constrangedor do irmão da Sandy) e Bloc Party fazendo playback (in)digno de Cassino de Chacrinha, quem assistiu ao Premios MTV da América Latina conferiu ao vivo de Julieta Venegas, Zoé (melhor banda mexicana da atualidade ao lado de Café Tacuba), Metallica e uma impagável performance de Katy Perry cantando “I Kissed a Girl” com direito a um tombo muito melhor do que o protagonizado por Kele Okereke no Brasil.

Katy Perry, diga-se de passagem, tem um Tumblr no qual registrou o dia em que ouviu pela primeira vez sua música numa rádio.

No dia 7 de outubro o major Roberto Cavalcante Vianna tornou-se o primeiro brasileiro a ser preso pelo “crime” de ter deixado um comentário em um blog. Alexandre de Sousa e Gustavo de Almeida escreveram sobre o assunto em seus respectivos blogs, e este foi um dos temas que abordei em minha coluna mais recente para o Yahoo! Posts.

Fala-se muito dos blogs como meios de democratização da produção de conteúdo na Web, mas recordo que, no cenário brasileiro, esse papel tem sido mais exercido pelo tão enxovalhado Orkut. O aspecto involuntariamente cômico de certas fotos e perfis é devidamente ressaltado em blogs humorísticos como Pérolas do Orkut e Grandes Tolices do Orkut, mas o fato é que a internet simplesmente reflete o mundo off line, repleto de analfabetos funcionais, palpiteiros de ocasião e pessoas que vivem em um país cuja qualidade educacional é pífia.

E o caso é que graças ao Orkut vivemos tempos em que quase todo internauta brasileiro possui uma página pessoal: seu perfil na rede social do Google. Basta entrar em uma lan house ou ver os terminais de computador num McDonald’s da vida para constatar que há sempre um ou mais computadores cujos monitores exibem a tela do Orkut. Trata-se da verdadeira democratização da rede, para o bem e para o mal. Não à toa, a cada novo fato que chama a atenção da imprensa, o Orkut é utilizado como fonte para que fotos e informações sobre anônimos repentinamente catapultados para as manchetes dos jornais, como no caso do seqüestro em Santo André, sejam posteriormente utilizados mídia afora.

Dia 29 de outubro estarei em Salvador, participando da Primeira Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNEB, a convite do grupo Blogs BA, ministrando uma palestra sobre o tema “Mídias Tradicionais e Independentes em Tempos de Web 2.0″. Caso você esteja em Salvador nesse dia, inscreva-se aqui para participar. Em tempo: pela 4ª vez consecutiva Pensar Enlouquece aparece nas pesquisas da Revista Bula sobre os blogs mais populares dentre os universitários. Valeu!

Diálogo de “Nostalgia”, peça encenada pela Sutil Companhia de Teatro em 2001: “Eu não quero saber de novidades. Eu odeio as novidades! E essas pessoas que a gente pensa que iam mudar o mundo na verdade são como todos nós, e não fazem nada. Nada!“.

Eleições bizarras - a apuração dos coadjuvantes

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 10 de outubro de 2008

Quase uma semana após as eleições municipais, você já deve ter lido muitas análises a respeito dos resultados das urnas. Na própria blogosfera, você encontrará preciosas fontes de informação e opinião, abrangendo as mais diversas visões ideológicas, nos blogs de Pedro Doria, Idelber Avelar, Jayme Serva, Ricardo Noblat, Pedro Alexandre Sanches e Soninha Francine. Cada qual expondo livremente o seu ponto de vista particular, permitindo ao freqüentador de blogs encontrar a pluralidade necessária para que, a partir dessas leituras, forme a sua própria opinião acerca dos fatos.

Já eu preferi dirigir meus olhos aos coadjuvantes destas eleições: os candidatos mais peculiares destas eleições 2008, que chamaram a atenção pela comicidade (nem sempre voluntária) de seus slogans e propostas. Em suma, os (ir)responsáveis por terem tornado o horário eleitoral gratuito um dos melhores programas humorísticos da TV brasileira. Ou não.

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Por onde tenho andado

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 23 de setembro de 2008

Enquanto olhava distraído as bolas de feno rolando ao fundo deste blog, fiquei matutando acerca de algumas reflexões ao melhor (ou não) estilo papo cabeça. Do tipo: a relação de um blogueiro com o espaço que ele criou espontaneamente, desvencilhado de quaisquer deadlines, pautas pré-definidas ou obrigações com quem quer que fosse, torna-se paradoxal a partir do momento em que ele assume, mesmo que de maneira tácita, um compromisso com os seus leitores.

Se o blog é o meu espaço próprio, o cafofo virtual onde teoricamente eu poderia ficar sentado no sofá, usando cuecas samba-canção e com pés em cima da mesa, por que eu deveria me sentir compelido a pedir desculpas por sumir sem dar maiores satisfações? Como bem escreveu meu camarada Gustavo Jreige: “Não faz sentido algum ter que postar por obrigação. Também não faz sentido se sentir intimidado quando escreve, perder a naturalidade, o gosto da coisa”. Eu, que nunca quis publicar testes online, copiar letras de música ou escrever groselhas quaisquer apenas para bater ponto, preferi deixar este blog em estado de criogenia, feito o tal LHC, o acelerador de partículas que mal foi posto pra funcionar e já vai ficar parado por dois meses.

Mas o fato é que, oras, blogs só ganham sentido se estabelecem conversações com seus leitores e, como bem explica o Bê-a-Blog da Nospheratt, interagem com outras pessoas. Se eu não quisesse dialogar com quem me lê, escreveria notas em um de meus cadernos já amarelados, na caligrafia sofrível, quase hieroglífica, de quem se acostumou até demais a teclar frases em vez de redigi-las de próprio punho.

A quem estiver interessado, pois, em saber por onde tenho andado enquanto este blog anda mais por baixo que a cotação do Lehman Brothers, seguem abaixo alguns links de lugares onde tenho escrito com mais assiduidade.

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Mantenho uma coluna semanal no Yahoo! Posts, publicada toda segunda-feira. Tem sido uma experiência ótima: eu, que sempre fui indisciplinado com a escrita, agora sou obrigado a manter um mínimo de regularidade em algum espaço. Pena que ainda não implementaram espaço de comentários por lá; eles fazem uma falta danada.

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O Blip.fm é uma espécie de microblogging no qual você compartilha músicas que podem ser ouvidas em streaming. Para um cara que não vive sem trilha sonora feito eu, tornou-se vício imediato. Dentre todas as redes sociais que andam proliferando-se por aí feito coelhinhos priápicos, o Blip.fm é uma das melhores sacadas dos últimos tempos; afinal de contas, músicas boas têm mais que serem compartilhadas por aí. Creio que a experiência de se ouvir música com walkmans, iPods e outros aparelhos que, egoisticamente, restringem sons a fones destinados a um único par de ouvidos, não se compara ao prazer de se poder sociabilizar suas faixas prediletas mundo afora.

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A revista Pix é um espaço pra lá de bacana. Escrever uma coluna mensal para ela é um prazer, mas ao mesmo tempo um desafio, já que eu preciso respeitar um limite de 2.000 caracteres ao redigir meus textos. Gosto disso: como bem ensinaram os membros do grupo literário Oulipo, a criatividade é instigada quando é desafiada a transcender regras que lhe são auto-impostas. Bobviamente não chego nem ao dedo mindinho dos pés do apuro de oulipianos como Georges Perec, que chegou a escrever um romance de 290 páginas, La Disparition, sem utilizar por nenhuma vez a letra “e”; preciso pensar muito ainda até chegar a esse nível de sandice.

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Como tenho bem claro em minha mente que este blog deve ser destinado a textos mais longos e pensados, tenho restringido ao meu Twitter a dúbia missão de alojar os links curiosos, pensamentos esparsos e as abobrinhas telegráficas que me vem à cabeça.

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Ah sim: vocês também encontrarão textos meus no Virunduns e nos blogs Colectivo, de Kuat, e XpressMusic, da Nokia. Afinal de contas, servimos bem para servir sempre! ;)

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P.S. 1: Espero que vocês já tenham feito sua encomenda de Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite, livro de Fal Azevedo, descrita da seguinte maneira no site da Editora Rocco: “Fal é paulista, escritora, tradutora, professora, blogueira e se acha dona de um cachorro e seis gatos. Na Internet, ela organiza cursos, contribui regularmente para diversas publicações eletrônicas e responde a todos os comentários do Livro de Visitantes do Drops da Fal, onde também é uma requisitada intérprete online de novelas e CPIs, além de oferecer conselhos práticos com a mesma generosidade com que os recebe”.

P.S. 2: Pirão Sem Dono, Eu Acho Eh Poco, Blog do Isaías e 15 Minutos já estão devidamente instalados no InterNey Blogs. E vêm mais novidades por aí…

Barbixas dão ingressos de graça para blogueiros

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 19 de agosto de 2008

Você já conhece a Cia. Barbixas de Humor? Em caso de resposta negativa, não se apoquente: ainda há tempo de se corrigir essa grave lacuna cultural. Pois o Barbixas é um power trio que, (ins)pirado por grupos como Monty Python e Gato Fedorento, produz esquetes humorísticas que buscam trazer entretenimento saudavelmente burlesco a toda a família brasileira, em especial para aquelas suas priminhas ninfetas.

O Barbixas é composto por três atores: Daniel Nascimento (“Com apenas 25 anos, foi procurado pela polícia rodoviária de todo país por dirigir sem carro. Após cumprir 43 anos de pena em prisão domiciliar, teve sua pesquisa sobre viagem no tempo interrompida. Estava grávido de Luis Carlos Prestes”), Anderson Bizzocchi (“Tem uma ONG voltada para homens que gostam de usar peruca de mulher, é pai de três filhos que não conhece e acredita em inseminação artificial”) e Elidio Sanna (“Com vasta experiência no mundo teatral, foi servente do Teatro Ruth Escobar e zelador do Teatro Escola Pereira Aguiar. Atualmente é urologista, mas não acha graça nenhuma nisso”). Caracterizados pela extrema pontualidade, estão em cartaz no Teatro Jaraguá, em São Paulo, com a peça “Em Breves”, encenada todos os sábados às 23:58. Continue Lendo

César Cielo, um ouro solitário para este país de chorões

Por Alexandre Inagakisábado, 16 de agosto de 2008

Eu me lembro dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, quando o corredor braziliense Joaquim Cruz ganhou a medalha de ouro na prova dos 800 metros rasos. O país todo celebrou a conquista inédita, esquecendo do fato de que Joaquim, tal qual diversos outros atletas brasileiros, havia se tornado medalhista olímpico por sua própria conta e risco. A vitória de Cruz foi um triunfo pessoal, construído à base de muitos sacrifícios e treinamentos em Utah, EUA, custeados graças a uma bolsa oferecida por uma universidade local. Não me esqueço de que, um dia após a vitória de Joaquim Cruz, a Globo quis lhe presentear com uma casa própria, devidamente recusada pelo atleta, que prontamente questionou: “Por que não me deram uma casa no começo da minha carreira, quando eu realmente precisava de uma?”.

Os anos se passaram, mas há certas coisas que não mudam neste país. Quando um brasileiro vence, torna-se orgulho nacional e a conquista é compartilhada por toda uma nação. Porém, quando esse mesmo atleta sai de mãos abanando da disputa de um pódio, é tachado de “amarelão” e vira motivo de comentários genericamente depreciativos, bem ao estilo das piadas que há anos são feitas com Rubens Barrichello, duas vezes vice-campeão de Fórmula 1. Quando um brasileiro torna-se campeão, pouco importa que sua carreira tenha sido construída no exterior, como nos casos de Joaquim Cruz e César Cielo Filho, vencedor da prova dos 50 metros rasos nas piscinas de Pequim 2008 e que treina há anos na Universidade de Auburn, no Alabama. Afinal de contas, estes medalhistas representam “todo o nosso país”, certo?

Errado. O Brasil é um país de torcedores chorões que adoram reclamar do desempenho de nossos atletas, quando deveriam focar suas críticas em dirigentes incompetentes, ausência de políticas de planejamento a longo prazo e políticos que só aparecem quando surge um medalhista olímpico na tela da TV. Esse bando de reclamões consegue me deixar quase tão irritado quanto certas transmissões televisivas que botam câmeras nas casas de parentes de atletas e só conseguem flagrar declarações pífias de tias e avós lacrimejantes, um recurso tacanho que virou clichê insuportável.

Sim, eu fico emocionado quando revejo no YouTube o vídeo com o Hino Nacional Brasileiro sendo executado durante a cerimônia de premiação, embora eu não consiga me acostumar com a versão que é tocada atualmente, apenas com a primeira estrofe e os últimos versos, cortando-se todo o restante. E fiquei mais do que feliz com a conquista admirável de César Cielo, a primeira medalha de ouro de toda a história da natação brasileira. Mas que fique bem claro: como bem ressaltou Flávio Gomes, esse ouro “caiu do Cielo”. Não foi mérito do COB, da CBDA ou do Ministério dos Esportes, muito pelo contrário. Como bem destacou o pai do nadador na entrevista que concedeu à ESPN Brasil, essa vitória é um mérito muito maior da família de um atleta abnegado, que aos 21 anos abdicou de baladas e namoros a fim de se concentrar em treinamentos espartanos nos Estados Unidos, longe do país que hoje celebra uma vitória essencialmente pessoal.

Vale a pena lembrar que a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, que certamente custeou a ida de muitos dirigentes para Pequim, não pagou os ingressos para que a família de César Cielo Filho pudesse assistir à sua vitória. E que, como informa o blog de Mauro Cezar Pereira, o campeão dos 50 metros rasos perdeu o patrocínio dos Correios porque optou por treinar fora do Brasil. Agora que Cielo Filho é campeão olímpico, certamente choverão ofertas generosas de patrocínios. Contudo, é preciso recordar o tapa que Joaquim Cruz deu na cara de todos os pachecos patriotas em 1984: na hora em que os atletas mais precisam de apoio, dinheiro e condições para treinar, quem aparece para ajudá-los a pagar as contas?

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P.S. 1: Lágrimas olímpicas foram o tema da primeira coluna que escrevi para o Yahoo Posts, intitulada “Pedras Preciosas da Ilusão”. Toda segunda-feira assinarei um texto inédito por .

P.S. 2: Já está no ar uma das melhores iniciativas surgidas na blogosfera brasileira nos últimos tempos: Lablogatórios, primeiro condomínio de blogs de ciência do país. Boa sorte a todos os envolvidos, em especial aos meus camaradas Carlos Hotta e Atila Iamarino!

P.S. 3: Fiz uma espécie de “crítica às críticas”, mas quando elas são engraçadas, tudo zen: bom humor é um álibi definitivo. Vide o blog Bronze Brasil 2008, que em seu post comentando o ouro de Cielo, escreveu: “O ouro não é propriamente uma vergonha, como a prata. É apenas uma forma de fechar os olhos para as dificuldades e falta de apoio ao esporte no nosso país. Prefiro pensar que Cielo nao foi bom o suficiente para mesclar a força e a lentidão necessárias para ficar com o bronze”.

Aqui é o meu lugar, eu vim

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 06 de agosto de 2008

O ano era 1993. Após ter passado quatro anos sem gravar um álbum de canções inéditas, Chico Buarque pensou que havia perdido a mão para compor. O fato de ter dedicado boa parte desse hiato musical escrevendo seu primeiro romance, Estorvo (publicado em 1991), fez com que ele tivesse perdido o hábito de pegar o violão e compor novas letras e melodias com a naturalidade de outros tempos. E, se antes os acordes vinham quase que de bate-pronto, dessa vez a busca pela inspiração musical foi acirrada; versos e sons surgiam meio que arredios, como um gato de estimação que não lhe vê há tempos e arranha suas mãos na primeira tentativa de carinho.

Porém, ninguém se torna um Chico Buarque à toa. Após algumas semanas de labuta, eis que o Mestre compôs uma nova fornada de canções registradas no álbum Paratodos, metaforizando todo o tempo que passou distante da música em “De Volta ao Samba”, na qual diz: “Pensou que eu não vinha mais, pensou/ Cansou de esperar por mim/ Acenda o refletor/ Apure o tamborim/ Aqui é o meu lugar/ Eu vim”. Continue Lendo

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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