Artigos doo ano de: 2008

Cinco grandes músicas nacionais que ouvi nos últimos tempos

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Tom Bloch - “O Amor (Zero Sobrevivente)”. Quarta faixa do álbum de estréia desta banda gaúcha que lançou seu segundo disco pelo selo Som Livre Apresenta, “O Amor (Zero Sobrevivente)” é uma canção não recomendada a pessoas que terminaram um relacionamento e não conseguiram cicatrizar suas feridas ainda. Pedro Veríssimo, filho de Luís Fernando e compositor desta música ao lado de Juliano Goyo, não à toa afirma que é sobre um período horrível de sua vida. Que, no entanto, inspirou alguns dos versos mais inspirados de todo o rock nacional: “Eu desviei do amor/ Mas foi como bater de frente/ O amor foi como um acidente/ Foi cruel e inconseqüente/ O amor foi como um acidente/ E ninguém se salvou/ Do amor”.

Los Porongas - “Enquanto Uns Dormem”. Uma das mais marcantes músicas dos últimos tempos, de uma das mais gratas revelações do cenário roqueiro tupinambá. Los Porongas é uma banda do Acre, que recentemente migrou para Sampa City e lançou, no começo de 2007, seu primeiro álbum (que, diga-se de passagem, está à venda por módicos R$ 15). Mesmo assim, é possível baixar todas as faixas no site da banda. Atitude coerente com as palavras de Diogo Soares, letrista e vocalista do grupo, que afirma: “O CD é um suporte caro, supervalorizado pelas grandes gravadoras e que cumprirá, com o tempo, apenas a função do que posso chamar de ‘suporte físico sentimental’”. Com seus versos justapostos e repletos de aliterações e jogos verbais, “Enquanto Uns Dormem” é para mim um clássico instantâneo desta geração. Não à toa, outra das bandas mais interessantes da atualidade, o Vanguart, fez sua própria versão desta música.

Violins - “Ok Ok”. Houve época em que eu ouvia esta canção, faixa que encerra o álbum “Grandes Infiéis” de 2005, em loop. É música para ser cantada em altos brados, a fim de botar pra fora todos os sentimentos doloridamente represados. Os versos de Beto Cupertino, poucos e certeiros, são emoldurados por violões e um arranjo de cordas: “Sobrou pra mim/ A felicidade sempre ofende/ Mas tristeza demais cansa/ Bem, que se fodam os ofendidos/ Então respira mais/ Que eu respiro mais/ Ok, ok”. Uma canção talhada para fazer parte da trilha sonora da vida de todos que se identificaram algum dia com a sua letra.

Pato Fu - “Agridoce”. Nesta semana mesmo conversei com minha namorada a respeito de muitas das mais belas músicas serem tão tristes. Melancolia combina com beleza? Bem, o fato é que há canções que parecem pegar a gente pelo colarinho, sacudindo a gente enquanto as emoções caem pelas algibeiras da alma. Na letra inspiradíssima de “Agridoce”, John emula as melhores composições de Roberto & Erasmo Carlos em sua fase áurea, em versos de rasgar pulsos: “Saio em segredo/ Você nem vai notar/ E assim, sem despedida/ Saio de sua vida/ Tão espetacular”. Que ganham ainda mais força em contraste com a doce voz de Fernanda Takai.

Mônica Salmaso - “Beatriz”. No ano passado a cantora paulistana Mônica Salmaso gravou, junto com o grupo instrumental Pau Brasil, um magistral álbum-tributo a Chico Buarque intitulado “Noites de Gala, Samba na Rua”. Se você nunca a ouviu cantando, caramba! Mas enfim, que bom que você enfim entenderá porque Edu Lobo, co-autor de “Beatriz” ao lado de mestre Chico, afirmou tratar-se da melhor voz que ouviu nos últimos anos. Uma interpretação de fazer escapar lágrimas no canto do olho.

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P.S.: Já recebi mais de 70 e-mails relativos à promoção Coração de Pedra, na qual presentearei dois de meus leitores com um exemplar do livro infanto-juvenil de Charlie Fletcher e alguns brindes relativos ao meu blog. Participe: escreva para [email protected] até o dia 25 de janeiro, dizendo qual o livro que mais marcou sua infância e justificando sua escolha. Pretendo publicar as duas melhores respostas aqui na segunda, dia 28.

Você é fã de Frango Robô e talvez nem saiba disso

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 09 de janeiro de 2008

Você provavelmente já assistiu a alguma das esquetes de Robot Chicken e talvez nem saiba a sua origem. Animações como a de Haroldo fazendo a cabeça de Calvin para que ele mate seus pais com uma serra elétrica, a turma do Charlie Brown sendo trucidada pela Grande Abóbora trazida ao mundo após um ritual satânico feito pelo Linus, uma girafa afundando aos poucos em uma areia movediça e maldizendo sua sorte, os integrantes do N’Sync sendo assassinados pela Yakuza ou uma sátira na qual Mario e Luigi vão parar no universo de Grand Theft Auto são apenas algumas das várias animações de Frango Robô que bombaram no YouTube e foram repassadas de mouse em mouse até serem retiradas do site por violação de copyright.
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Animação criada pela dupla Seth Green (também conhecido como o filho de Dr. Evil em Austin Powers) e Matthew Senreich e uma das principais atrações do Adult Swim, bloco de desenhos de temática adulta do Cartoon Network, cada episódio de Frango Robô é composto por uma justaposição de esquetes brevíssimas em stop motion que satirizam aos borbotões filmes, desenhos animados, séries de TV, celebridades e tudo o mais que faz parte da cultura pop que consumimos. Mas são sátiras levadas até os últimos extremos, o que quer dizer que você verá em seus episódios sexo, violência, a turma do Scubidu em cenas dignas de filmes de Buttman, Optimus Prime dos Transformers agonizando com câncer de próstata e tudo o mais que roteiristas genialmente doentios poderiam conceber com os principais ícones da cultura de massas.
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No canal oficial do Adult Swim britânico no Dailymotion, há várias animações de Frango Robô disponibilizadas legalmente. Das esquetes disponíveis no site, reservei a melhor delas para o final: uma das seqüências do episódio especial dedicado à hexalogia Star Wars, produzido em homenagem aos 30 anos de Guerra nas Estrelas (o primeiro filme, lançado em 1977), que conta com ninguém menos que George Lucas dublando a si mesmo. Além de emprestar sua voz, Lucas ainda permitiu que a produção de Frango Robô utilizasse os áudios originais de personagens como Chewbacca e R2-D2 no episódio. Em tempo: na cena abaixo, quem faz a voz do Senador Palpatine é Seth MacFarlane, o criador de outra animação sensacional, Family Guy (no Brasil, em uma tradução típica de distribuidoras brasileiras, conhecido como Uma Família da Pesada).
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P.S. 1: Outros vídeos estão disponíveis no site oficial do Adult Swim, incluindo o Star Robot Chicken Wars. Mas recomendo que você espere sentado até que os vídeos carreguem em seu computador, porque de pé vai cansar mais…
P.S. 2: Ontem surgiu um bug no gerador de feeds do InterNey Blogs, devido a manutenções em nosso servidor, que fez com que que o RSS do Pensar Enlouquece tenha entrado em outra órbita. Creio que agora tudo está normalizado. De qualquer modo, peço desculpas a todos os assinantes pela confusão de ontem!
P.S. 3: Você conhece o blog do George Foreman Grill? Não? Então dê um pulo lá, inclusive porque ele é atualizado por dois veteranos de batalhas da blogosfera: Ian Black e Carla do Brasil. Assim como o Cardoso, recebi um desses aparelhos em casa, e amanhã relatarei algumas de minhas experiências culinárias. :P
P.S. 4: O Buffalo Tom voltou. Pena que pouca gente soube de uma das melhores notícias de 2007.

Coração de Pedra

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 08 de janeiro de 2008

Recebi semana passada da Ediouro alguns exemplares de Coração de Pedra, livro infanto-juvenil de Charlie Fletcher que recorda em pelo menos um aspecto os best-sellers de J. K. Rowling. Pois, assim como Harry Potter no primeiro livro da série, George Chapman, o o protagonista de Coração de Pedra, é um jovem inglês de 12 anos que tem problemas de relacionamentos com a família e colegas da mesma idade. Do mesmo modo, o protagonista de Fletcher imergirá em um mundo paralelo ao nosso, no qual criaturas como estátuas e gárgulas ganham vida e caminham pelas mesmas ruas que humanos, sem que estes “trouxas” saibam de suas desventuras.
Há mais semelhanças, e no aspecto positivo. Por exemplo: assim como fiz com os volumes de Harry Potter, li Coração de Pedra de uma talagada só, devorando suas 464 páginas em uma única tarde. Charlie Fletcher é um autor que possui o dom de enredar seus leitores com uma narrativa ágil, fluida. Eis algo que o diferencia de Rowling, provavelmente por causa de suas experiências anteriores como roterista de filmes e de seriados da BBC: ele é mais objetivo. Seus parágrafos são curtos, seus diálogos têm o timing típico das produções audiovisuais. Ainda assim, Fletcher consegue descrever com estilo o que se passa na cabeça de seus personagens. Vide, por exemplo, este trecho do capítulo 3, em que o protagonista do livro é perseguido por um monstro nas ruas de Londres: “Fugir de pesadelos é como eles começam. Nossos corpos têm lembranças antigas dos quais nossas mentes não têm conhecimento nenhum. E essas lembranças fizeram George correr ainda mais rápido”.
Não vou dizer que Coração de Pedra é uma obra-prima da literatura mundial, até porque o objetivo da obra não é esse. Mas trata-se de uma boa leitura para jovens e fãs de fantasias. Não à toa, foi indicado para premiações como o Branford Boase Award e o The Guardian Children’s Fiction Prize. E também é facilmente explicável o porquê de os direitos para o cinema terem sido adquiridos por dois dos mais bem-sucedidos produtores de Hollywood, Scott Rudin (de A Família Adams, As Horas e Escola de Rock) e Lorenzo Di Bonaventura (de Constantine, 1408 e Stardust). A história iniciada por Coração de Pedra, e que integra uma trilogia prosseguida por Iron Hand (inédito no Brasil) e por um último volume que deverá publicado no exterior ainda em 2008, tem grande potencial para se tornar uma nova franquia cinematográfica de sucesso.
No site do livro é possível baixar gratuitamente seu primeiro capítulo. Há também uma promoção que distribui prêmios como mochilas, camisas e squeezes. Mas, já que a Ediouro me encaminhou exemplares a mais do romance de Fletcher, aproveitarei a ocasião para fazer uma promoção exclusiva para os leitores deste blog. B) Se você quiser participar, mande um e-mail para [email protected] até o dia 25 de janeiro, dizendo qual o livro que mais marcou sua infância e justificando sua escolha. As duas respostas mais bacanas receberão pelo correio um exemplar de Coração de Pedra e mais alguns brindes relacionados ao meu blog. ;) Divulgarei os resultados na segunda, dia 28.

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P.S. 1: Confira um vídeo no qual Charlie Fletcher fala de Coração de Pedra. Ele faz parte de um projeto interessantíssimo, Meet The Author, no qual escritores gravam depoimentos sobre suas obras mais recentes.
P.S. 2: Já que o assunto é livros, meu camarada Dauro Veras pede para avisar: se você tem livros ou revistas para passar adiante, que tal fazer uma doação à Biblioteca Leia o Mundo, um projeto social sediado no interior de Rondônia? Clique aqui para conhecer mais detalhes deste belo projeto.
P.S. 3: Esta é apenas a primeira de muitas promoções que pretendo fazer em meu blog em 2008. Nada de muito extraordinário, uma vez que o proletário aqui nem tem tanta verba para fazer altos investimentos. Mas, uma vez que o Pensar Enlouquece tem me proporcionado tantas coisas bacanas, nada mais justo do que buscar recompensar meus leitores de alguma maneira, não? ;)

Sobre a redação da Fuvest e a blogueira francesa que trabalhava em um supermercado

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 07 de janeiro de 2008

Ontem os vestibulandos que fizeram a segunda fase da Fuvest foram desafiados a desenvolver uma dissertação sobre mundo digital. Um dos textos apresentados, escrito por Stephen Kanitz, fala de vigilância epistêmica: a desconfiança saudável que todo mundo necessita ter ao ler, ver ou ouvir alguma informação sendo difundida por aí. Em seu artigo, Kanitz refere-se especificamente à internet, denominando de “Era da Desinformação” estes tempos nos quais opiniões e palpites são publicados indiscriminadamente na rede.

A princípio, concordo com as palavras de Kanitz. De fato, tudo é muito dito e repetido, mas pouca coisa é efetivamente refletida pelos leitores. Porém, creio que esse tipo de problema não é exclusivo da internet. Em tempos nos quais jornais e revistas utilizam fartamente os serviços de agências como um modo de economizar com a produção de notícias (manter correspondentes nacionais e internacionais representa aumento de custos), os casos de pasteurização das mesmas notas em diferentes veículos fazem com que a qualidade (tanto do texto em si quanto da apuração que deveria ser feita antes de sua publicação) despenque de forma alarmante.

Um exemplo de notícia que encontrei reproduzida ontem em diversos portais: a agência EFE distribuiu ontem uma nota falando de uma caixa de supermercado da cidade de Rennes, na França, que ficou famosa graças ao seu blog. Segundo essa notícia, que encontrei em diversos lugares como o Yahoo, o Portugal Diário, o Jornal do Brasil, o Jornal de Notícias (outro site de Portugal), o El Universal (jornal do México) e o portal Terra, o nome dessa blogueira é Anna Sam, ela é formada em Lingüística e já foi convidada a publicar um livro relatando suas experiências. A notícia me deixou curioso e com vontade de visitar o tal blog, mas… cadê o link para ele? Em nenhum dos sites e portais que elenquei os redatores tiveram a preocupação de informar sua URL, talvez porque não constasse na nota original da agência de notícias.

Pois bem: recorri ao Google para descobrir o endereço do blog. Mas logo descobri que as buscas por “Anna Sam” caíam ou nas diversas reproduções da nota da agência EFE, ou em outros blogs e sites que nada tinham a ver com o assunto. Também não encontrei referências na fonte original citada pela nota, o Journal Du Dimanche, mas isso talvez seja explicado pela minha ignorância sobre o idioma do Asterix e da Sophie Marceau.

Foi só ao pesquisar por “Anna supermarché (‘supermercado’ em francês) blog” que encontrei, enfim, a URL da moça. Entendi o porquê do insucesso de minha primeira pesquisa: em nenhum dos posts que li em seu blog a caixa de supermercado atende por Anna Sam, e sim pela alcunha de “Miss Pas Touche”. Só na manhã de hoje encontrei um vídeo que, enfim, a trata por esse nome. O mais curioso (ou lamentável), ao assistir a reportagem abaixo, foi constatar que alguns sites (como o do jornal La Estrella, do Panamá) ilustraram a nota da agência EFE com uma foto que nada tem a ver com a blogueira francesa. Porém, justiça seja feita: a nota de hoje da Folha Online foi a única em que encontrei link (embora esteja quebrado até o presente momento) para o blog da caixa de Rennes.


France 3 ouest - reportage por misspastouche

A moral da história? Graças ao livre acesso de informações propiciado pela internet, pude apurar dados que, em outros tempos, desconheceria completamente, sendo obrigado a me satisfazer com as notas reproduzidas pela mídia tradicional (caso eu não tivesse nenhum amigo morando na França, é claro). A tal “Era da Desinformação” aplica-se somente a pessoas que deixam de contestar o que lêem, vêem, ouvem. O bom leitor é aquele que tem os três pés atrás de tudo que lhe é informado, e descobre que aquela crônica que lhe foi repassada por e-mail não foi escrita pelo Luis Fernando Veríssimo. Ou que sabe que o tal vídeo engraçado descrito por um jornal como verídico não passa de uma esquete humorística. Estes são tempos em que nenhum consumidor de notícias tem por que ser passivo. E não é obrigado a acreditar em tudo que lê. Nem no que você acabou de ler neste post, diga-se de passagem. ;) Basta ter senso crítico e a iniciativa de correr atrás das devidas apurações.

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P.S.: Por falar em blog, um dos melhores projetos coletivos da blogosfera, o Faça a Sua Parte, sobre conscientização ambiental, acaba de estrear em novo endereço no condomínio Verbeat. Leitura recomendadíssima a todos que se preocupam com aquecimento global, meio ambiente e o futuro deste surrado planeta. Faça a sua parte você também. :D

A Lenda do Tesouro Perdido - Livro dos Segredos

Por Alexandre Inagakidomingo, 06 de janeiro de 2008

Após o término da cabine de A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos, entendi perfeitamente os motivos pelos quais este blockbuster tem liderado as bilheterias americanas desde a sua estréia nos cinemas, tendo arrecadado impressionantes US$ 234 milhões em apenas 15 dias. O filme é uma produção que amalgama com habilidade fórmulas que geraram alguns dos maiores sucessos comerciais dos últimos tempos.

Tal qual o Código da Vinci, este filme dirigido por Jon Turteltaub e produzido por Jerry Bruckheimer usa e abusa de fatos e monumentos históricos a fim de criar uma mirabolante trama ficcional. Seu protagonista, o caçador de tesouros Ben Gates (Nicolas Cage), é um aventureiro que remonta a personagens como Indiana Jones e James Bond (este, explicitamente citado em uma cena na qual Gates usa uma roupa de mergulho e, pouco após sair da água, aparece impecavelmente trajado de terno e gravata, tal como na cena clássica protagonizada pelo 007 vivido por Sean Connery).

A história, repleta de pistas e charadas que levam os personagens a cidades como Paris, Londres e Washington, remete a games de sucesso como Tomb Raider, em que o jogador constantemente necessita coletar objetos e resolver enigmas a fim de seguir em frente. Mas o aspecto mais bacana, ao menos para mim, foi reencontrar em A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos todo o clima que perpassava as mirabolantes histórias do mestre Carl Barks, autor de inesquecíveis aventuras nas quais Tio Patinhas viajava o mundo, na companhia de Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho, em busca de tesouros perdidos. O filme, diga-se de passagem, tem cenas nitidamente inspiradas em “As Cidades do Ouro”, HQ de 1954 na qual Barks fala da lenda de Cíbola, mítica cidade que teria sido encontrada por exploradores espanhóis na América. O carlbarksmaníaco aqui simplesmente delirou ao vislumbrar a dívida que esta produção da Disney possui justamente com um dos maiores gênios que a companhia já teve em seus quadros.

Embora seja continuação de uma produção de 2004, A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos dispensa aos espectadores a necessidade de assistirmos ao primeiro filme para acompanhar sua trama frenética. Na verdade, mais importante é o prévio conhecimento de alguns dos fatos históricos dos Estados Unidos. O prólogo, por exemplo, soará confuso aos que desconhecem que Abraham Lincoln foi o presidente dos Estados Unidos na época em que ocorreu a Guerra da Secessão, tendo tido papel fundamental na união de seu país apesar dos combates entre nortistas e confederados. Pouco depois do fim da guerra civil, Lincoln assistia a uma peça de teatro quando foi assassinado por um sulista, John Wilkes Booth, com um tiro na cabeça. Do mesmo modo, quem desconhece as histórias relacionadas às réplicas da Estátua da Liberdade ou a construção do Monte Rushmore poderá ficar meio perdido em determinados momentos da trama.

De qualquer modo, o saldo é altamente positivo. E confesso que, além das várias cenas de ação, me diverti às pampas com as inúmeras citações do filme (atente, por exemplo, para a seqüência que mostra easter eggs - embora a citação seja no sentido pascoalino, é impossível não deixar de pensar que é mais uma brincadeira dos roteiristas com as inúmeras charadas do roteiro). Além do mais, ver em ação diversos atores oscarizados ou já indicados ao prêmio da Academia, como Nicolas Cage, Jon Voight, Helen Mirren, Harvey Keitel e Ed Harris, é garantia certa de presenças carismáticas na tela. Só não vá ao cinema esperando verossimilhança (algo que, diga-se de passagem, sempre inexistiu nas produções de Jerry Bruckheimer), pois A Lenda do Tesouro Perdido: Livro dos Segredos é um filme para ser assistido na companhia de pipoca e refrigerante. Desarme seu espírito crítico, pois, e divirta-se com este descompromissado entretenimento, que estará em cartaz nos cinemas brasileiros a partir do dia 25 de janeiro.

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P.S. 1: Aos que chegaram por aqui por intermédio da entrevista que concedi para a rádio CBN, recomendo a leitura de “Blogo, Logo Existo”, um artigo no qual discorro a respeito da natureza dos blogs.

P.S. 2: O site do filme possui, na seção de jogos, um emulador de fliperama que é desgraçadamente viciante. Após 45 minutos jogando pinball, cheguei ao recorde de 763.250 pontos. XX(

P.S. 3: Meu camarada Zé Carlos Cipriano está realizando um sensacional trabalho de resgate de raridades da história da MPB. Após ter disponibilizado em seu Sovaco de Cobra composições raras de Ernesto Nazareth e canções de Garoto, desta vez é o Bando de Tangarás que está sendo resgatado para a era digital por meio de artigos assinados pelo pesquisador e produtor Heron Coelho. Até blockbusters como o filme resenhado neste post reconhecem a importância do passado para a construção do futuro. Fica aqui, pois, a recomendação para que os amantes de MPB conheçam o blog Sovaco de Cobra.

P.S. 4: A partir desta semana começarei a distribuir aos meus leitores alguns brindes, como livros, os Coolnex Cards do Pensar Enlouquece que me restaram e outros itens diversos que tenho por aqui. Aguardem as cenas dos próximos capítulos. B)

Balanço dos meus objetivos de 2007

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 03 de janeiro de 2008

Em janeiro de 2007 participei de um “meme” que convidava blogueiros a traçarem cinco metas pessoais para o ano que se foi. Agora que ingressamos em um novo ano, chegou a hora de resgatar meus objetivos para 2007:

1. Finalmente ver no ar um projeto que pretende dar condições para que alguns dos mais talentosos blogueiros brasileiros possam pensar em pagar suas contas fazendo exclusivamente o que sabem fazer melhor: escrever.

Felizmente esse objetivo foi concretizado. Após mais de um ano participando de reuniões, conversando com possíveis participantes, acertando detalhes de layouts e programação, o InterNey Blogs entrou no ar em 22 de fevereiro de 2007. De lá pra cá fomos tema de matérias em dezenas de veículos no Brasil inteiro, fechamos parceria com o iG e emplacamos três entre os 10 indicados a Melhor Weblog em Português do prêmio internacional The BOBs. Desde então, outros projetos profissionais coletivos envolvendo blogueiros, como o Nossa Via e o Blogamos entraram no ar, e as perspectivas são de que mais e melhores iniciativas surjam em 2008. Eu só espero que a parte do vil metal comece a se consolidar também. ;)

2. Desmentir certa afirmação, já citada anteriormente neste blog, segundo a qual as mulheres mais interessantes ou moram distantes de mim, ou estão comprometidas.

Ah, dá gosto de dizer que este foi outro objetivo cumprido com louvor em 2007! :D

3. Fazer mais viagens ainda. Tanto as maionésicas quanto, principalmente, as de cunho turístico.

Ôpa, mais uma meta realizada!

4. Ler no mínimo três livros por mês. E iniciar esta resolução devorando os cinco livros da série O Guia do Mochileiro das Galáxias, presentaço que ganhei do meu amigo Marmota.

É, não dava pra cravar todas. XX( Preciso ficar mais tempo offline e sem todos os atrativos que a internet me proporciona, a fim de poder me dedicar mais às leituras em celulose. Em média, só consegui ler um livro e meio por mês em 2007, e boa parte dessas leituras foi realizada por motivos profissionais: matérias e resenhas encomendadas por outros veículos. Por essas e outras, só terminei até agora o segundo volume do Guia do Mochileiro das Galáxias, por exemplo.

5. Assistir mais filmes, até porque serei em breve o responsável pelos textos sobre cinema de um site que logo mais entrará no ar.

Objetivo cumprido parcialmente. Sim, aumentei as minhas idas ao cinema, mas não no volume que gostaria. Quanto ao tal site, ele acabou não entrando no ar, mas o caso é que atualmente ando envolvido em tantos projetos online que a motivação ainda é válida: ver mais filmes será bastante útil para prover de conteúdo alguns deles. B)

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Uma vez que acabei por cumprir quase 80% dos meus objetivos traçados para o ano passado, deixarei lavrado em blog minhas principais metas para 2008. Afinal de contas, minhas brincadeiras prediletas são aquelas que acabam se concretizando. ;)

1. Praticar exercícios físicos diariamente. Como diriam meus amigos daquele consagrado blog, posso dizer que sou um contumaz cidadão sedentário e hiperativo. Preciso canalizar uma significativa parcela dessa hiperatividade profissional para o corpinho combalido deste balzaquiano que vos escreve. Bem, ao menos já tratei de comprar as roupas necessárias pra começar a caminhar diariamente pelo Parque do Ibirapuera.

2. Mais organização pessoal. Agora que estou escrevendo em vários sites e blogs e trabalhando full time em casa constatei a extrema necessidade que possuo de aprimorar minha autodisciplina a fim de dar conta de todos os projetos em que estou envolvido simultaneamente. Preciso, por exemplo, equalizar nessa equação uma maneira de deixar os meus e-mails sempre em dia.

3. Viagens, viagens, viagens. Repito o meu terceiro objetivo de 2007 aqui, porque viajar é como uma tecla pause que apertamos a fim de podermos avançar léguas em termos de descobertas dentro da gente. Preciso e desejo conhecer mais lugares e pessoas.

4. Ler ao menos uns vinte e cinco livros em 2008. Desta vez, estipulo uma meta modesta, mas que posso cumprir e extrapolar neste ano. Eu nem ouso tentar devorar os 167 livros que meu camarada Alex Castro encarou ano passado.

5. Prosseguir com os planos de conquistar o mundo por intermédio do InterNey Blogs e demais projetos. Afinal de contas, um leonino que se preze precisa injetar um pouco de megalomania nesta lista. ;)

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Como este post não pretende ser um “meme”, não repassarei a obrigação de publicar uma lista de objetivos para 2008 a ninguém. Mas recomendo a você, incauto blogueiro que me lê, que elabore algo do tipo. De vez em quando precisamos nos auto-imputar metas para que tiremos nossas bundas da cadeira. Aliás, cobrem-me sobre os objetivos elencados aqui em janeiro de 2009!

2007

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 01 de janeiro de 2008

Natália Guimarães perdeu para a japonesa. O leite tinha água oxigenada. Viva essa energia! Thiago Pereira ganhou oito medalhas. Rebeca Gusmão também faturou umas, mas já as perdeu. Aquecimento global, uma verdade inconveniente. Sandy se separou do Júnior. Ricardinho se separou de Bernardinho. Dóris Giesse caiu do oitavo andar. E a gravata, Sobel? Cristina Kirchner foi eleita na Argentina. Cris Nicolotti mandou todo mundo ir tomar no cu. Atirador matou 32 na Virgínia e botou vídeo no YouTube. Um esquilo surgiu em cinco dramáticos segundos. Romário diz que fez mil gols, mas não escapou do antidoping. A dança do siri apareceu no Jornal Nacional. Viva os BlogCamps! Ingmar Bergman perdeu a partida de xadrez. Michelangelo Antonioni também. E o livro do Paulo César de Araújo, Roberto? Vôo 3054 da TAM, dia 17 de julho. O avião caiu e prenderam o dono do puteiro. Arqueólogos encontraram um casal de esqueletos abraçado. Boris Yeltsin, keep walking! Harry Potter chegou ao fim. Estudantes desocupados ocuparam a USP. Cicarelli bloqueou o YouTube e saiu da MTV. Alemão ganhou o Big Brother. O movimento “Cansei” foi um fiasco. A Cisco também. Luciano Pavarotti não cantará mais. A jovem de 15 anos ficou 24 dias presa em uma cela com mais de 20 homens. Gilmar seqüestrou e matou sua ex-noiva na Praia Grande. O PAC do Lula ainda está empacado. O metrô de Sampa foi engolido pela cratera. Deslizamentos fecharam o Túnel Rebouças. Kassab chamou o manifestante de vagabundo. Under my umbrella-ella-ella-ê-ê. O presidente da Philips desprezou o Piauí. O Estadão chamou os blogueiros de macacos. Free Burma! Tony Blair foi embora. O Led Zeppelin voltou. O urso Knut virou estrela em Berlim. Ahmadinejad diz que não há gays no Irã. ¿Por qué no te callas? Renan Calheiros foi absolvido. Bota na conta do Papa. Mônica Veloso tirou fotos pelada. Vanessa Hudgens também. Pedro de Lara se foi. Brasil-il-il sediará a Copa de 2014. Britney deu vexame e não só na MTV. Que papelão, James Watson. Caetano não fez a música para a Luana. Fanfarrões piratearam a Tropa de Elite. Prenderam o Juan Abadia. Lewis Hamilton amarelou. A seleção feminina de vôlei também. O time do Botafogo, idem. Todos querem um iPhone. Quem quer TV digital com a programação de sempre? Tiago Camilo, melhor judoca do mundo. Diego Hypólito, primeiro ginasta brasileiro bicampeão mundial. Seleção de futebol vice-campeã, mas com uma Marta soberana. Kaká ganhou tudo, mas não com a seleção. Madeleine sumiu e ninguém mais a viu. Levaram um Picasso e um Portinari. Terremoto no Peru e no interior de Minas. O Bonde do Rolê descarrilhou. A BRA não sobe mais. Marta relaxa e goza. Quem matou a Taís foi o Capitão Nascimento. Meu nome era Enéas. ACM também bateu as botas. Camila Pitanga, uma mulher de catiguria. E o rap dos Racionais, Suplicy? Flávia Alessandra fez a pole dance. Paulo Autran deixou o palco. Os Mutantes voltaram e já foram embora. O Hamas tomou a Faixa de Gaza. Benazir Bhutto foi assassinada. O dólar caiu. Acharam petróleo em Tupi. Novo álbum do Radiohead, quer pagar quanto? Haja fidelidade, malocagem e sofrimento para os corintianos. Bento XVI visitou o Brasil. The Police lotou o Maracanã. Al Gore ganhou o Nobel da Paz e o Oscar. E Scorcese finalmente ganhou sua estatueta. Cristo Redentor, maravilha do mundo. João Hélio, não esqueceremos de você.

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2007, como todos os anos, teve seus prós e contras. Pessoalmente e profissionalmente, não posso me queixar: o ano passado foi um dos melhores da minha vida. Infelizmente, sofri perdas familiares. Mas enfim, é parte inexorável de nossa existência: viver é a arte de assimilar golpes e manter os olhos voltados para as estrelas.

Neste primeiro dia enfim livres da CPMF após uma década amargando uma tungada a mais em nossos combalidos bolsos, espero que 2008 faça jus aos seus esforços em busca da tal da felicidade. Muita saúde e sorte para todos nós.

Feliz Ano Todo!

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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