Viva a cervejinha
Por Alexandre Inagaki ≈ segunda-feira, 30 de julho de 2007
Os Jogos Pan-Americanos acabaram, deixando muitas histórias pra contar. A maior delas, sem dúvida nenhuma, é saber como é que o Pan 2007, que estava orçado inicialmente em R$ 800 milhões, acabou por consumir nada menos que R$ 3,8 bilhões. Será que um dia a verdade sobre este singelo aumento no orçamento inicial virá à tona? Aguardemos sentados, porque de pé cansaremos mais.
Sim, o Brasil bateu recorde de medalhas conquistadas em um Pan. Contemporizemos o fato de que algumas foram amealhadas por falta de competidores, como no caso do Concurso Completo de Equitação, no qual a equipe brasileira ganhou o bronze em uma disputa que acabou sendo limitada a… três países.
E deixemos de lado a constatação de que nosso maior medalhista, Thiago Pereira, apesar de ter faturado 8 medalhas no Pan não teria conseguido um bronze sequer no último Mundial de Natação se levarmos em consideração os tempos que marcou nas provas no Rio. Louvemos, pois, o feito de o Brasil-il-il ter ganho medalhas em 41 das 47 modalidades disputadas, apesar da falta crônica de apoio a nossos atletas, exemplificada pelos meros R$ 600 mensais que a Confederação de Taekwondo destina ao medalhista de ouro Diogo Silva (e ainda assim, pagos com 3 meses de atraso).
Aos trancos e barrancos o Brasil fez bonito no Pan, apesar de incidentes como o corte aos 44 minutos do segundo tempo de Ricardinho da seleção brasileira de vôlei, motivado por uma discussão com Bernardinho sobre divisão de premiações. No final das contas, o Pan 2007 serviu para a revelação de novos ídolos, como Jade Barbosa, e a consolidação de outros, como Marta. E, apesar de vexames causados pela (falta de) organização, como os incidentes nas instalações de beisebol e softbol, o Brasil parece ter passado no teste de sediar um grande evento esportivo, ao menos em quesitos como trânsito, pontualidade dos eventos e segurança.
Ficam as muitas histórias pra contar. Destaco em especial a cobertura feita por dois jornalistas, Carolina Canossa e Felipe Held, que fizeram em seus blogs relatos deliciosos de algumas das maiores presepadas ocorridas no Pan. Recomendo o relato que Carol fez do único gol feito pela seleção brasileira de hóquei sobre a grama: “O ‘heróico’ autor do gol verde-amarelo tem o nome de Willian Alba, apelido ‘Picles’, faz 19 anos daqui a cinco dias e conheceu o esporte no início do ano, depois de ter disputado torneios mirins de futsal“. Detalhe: o Brasil marcou só um gol e tomou 57.
Menção honrosa também para a descrição que Felipe fez da entrevista que Pedro Lima (também conhecido como “Peu” para os íntimos), medalhista de ouro no boxe, concedeu à ESPN Brasil: “Depois das perguntas de praxe, o repórter Dudu Monsanto fez uma surpresa para o grande campeão: ‘A sua namorada Jacigleide (!) está na linha. Peu, o que você tem a falar para ela?’. Começou. Peu e a gloriosa Dinha (ah, se não fossem os apelidos!) trocaram juras de amor. O auge foi quando o medalhista disse ‘Meu amor, nada vai mudar entre a gente depois dessa medalha. Você sabe onde eu tenho aquela tatuagem pra você, naquele lugar que eu não posso mostrar na tevê’. Ai, Jesus!”
No Pan em que a música-tema “Viva Essa Energia” foi devidamente virundizada e transformou-se em “viva a cervejinha” (conforme relatou minha amiga Cris Carriconde), concedo o Troféu Galvão Bueno de narração de modalidades usualmente ignoradas a Sérgio Guimarães, da Rádio Gaúcha FM. Sérgio descreveu por cerca de 4 minutos a performance de Marcel Sturmer, bicampeão pan-americano de patinação artística, com uma destreza digna do pai do Cacá Bueno, como podemos conferir neste vídeo.
Patinação por videos_vdl no Videolog.tv.
Neste Pan em que o Brasil perdeu medalhas por ocorrências como o caso de Aline Campeiro (atleta que vibrou antes da hora, pulou no colo do seu técnico pra comemorar um recorde brasileiro que bateu, e acabou por sofrer um entorse no joelho sendo obrigada a abandonar a competição), pode-se dizer que aconteceu de tudo, com destaque especial para as vaias destinadas ao Presidente ou a competidores de outros países. Mas foi inegavelmente divertido enquanto durou. E que venha Guadalajara 2011!
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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