Millôr, Bussunda e os limites do humor (publieditorial)

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Nos últimos tempos, passei muitas horas dos meus dias naquela situação desconfortável de ficar esperando. Seja na sala de espera de um hospital, na fila do caixa de uma loja de construção ou na sala de embarque de um aeroporto, o fato é que ninguém gosta de se ver envolvido naquele hiato de tempo no qual você é obrigado a aguardar o desfecho de uma situação, e durante essa vigília fica impedido de se locomover livremente por aí. Sem um amigo do lado, a coisa fica pior ainda: os pensamentos começam a jogar squash cada vez mais irritados na quadra do cérebro, e as minhocas da cabeça entoam em coro uníssono versos falando de stress, raiva e insatisfação. Nesses momentos, nada mais recomendado do que ter a companhia de algo que faça o tempo escoar de forma mais útil e divertida. Pode ser um game portátil, uma revista de palavras-cruzadas ou um bom livro. Ou algo ainda melhor: que tal vários bons livros reunidos num dispositivo só?

Na condição de embaixador do Submarino Digital Club, reuni a fome com a vontade de comer. Vasculhei o catálogo de e-books disponíveis, encontrei vários títulos que me chamaram a atenção e adquiri alguns livros que me fizeram valiosa companhia nas últimas semanas. Comprei, por exemplo, um livro de poemas do Millôr Fernandes, já sabendo de antemão que seus versos são leituras breves (ótimas para serem digeridas em esperas mais curtas), mas daquelas que ficam reverberando na sua cabeça, semeando boas interrogações e reflexões. Ou seja: foi aquisição que já nasceu vitoriosa, porque eu sabia que seria uma obra muito bem desfrutada, desde o parágrafo inicial até o derradeiro ponto final.

Eu já não tinha tanta certeza quanto a outra compra que fiz: “Bussunda - A Vida do Casseta”, biografia escrita por Guilherme Fiuza. O fato de eu ser fã do ex-Casseta, sobre quem escrevi um post assim que soube de sua morte, não era garantia de que iria gostar do livro. Mas, movido pelo interesse no personagem, resolvi arriscar. E não me arrependi: Fiuza faz um relato saboroso das peripécias vividas por Cláudio Besserman Vianna em seus tempos de aluno da UFRJ, redator da TV Pirata e astro de televisão com o Casseta & Planeta, ao mesmo tempo que discute questões atuais, como os limites do humor.

Um dos aspectos que mais curti, nestas minhas primeiras experiências com e-books, foi o recurso de poder destacar trechos e fazer anotações que depois são acessíveis em uma única página. É uma feature que torna o ato da leitura mais sociável (uma vez que outros usuários da plataforma podem acessar minhas observações e interagir com elas), ao mesmo tempo que organiza num só lugar tudo que eu mais apreciei em uma obra.

Não posso dizer que já estou pronto para abrir mão dos bons e velhos livros de papel, mas esta minha experiência explorando os recursos do Submarino Digital Club certamente serviu para que eu revesse alguns pré-conceitos sobre e-books. É como diria aquele tema global clássico de fim de ano: o futuro já começou.

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