O número 1 do Almanaque Casseta Popular

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 25 de junho de 2013

Guardei, ao longo dos anos, muitas revistas que comprei nos anos 80 e 90, cujas páginas estão naturalmente amareladas e empoeiradas. São exemplares da Bizz, Set, General, Revista da MTV (que fechou muito antes do recente desmanche do canal de TV), Circo, Piratas do Tietê, Chiclete com Banana, Animal e outras revistas que acabaram saindo de cena. Pois bem: vasculhando minha hemeroteca pessoal, eis que achei a edição número 1 do Almanaque Casseta Popular, publicada em 1986 (no auge da empolgação econômica trazida pelo Plano Cruzado), reeditada em 1988 e vendida por Cz$ 160,00.

A Casseta Popular começou a circular em 1978, na escola de engenharia da UFRJ. Naquela época, era rodada em mimeógrafo (e lamento que não exista ainda tecnologia capaz de fazer a internet transmitir aquele cheirinho do álcool nos papéis). Saiu em off-set, tablóide e circulando de mão em mão. Quando a Casseta virou revista, impressa em papel-jornal, era escrita por seis redatores: Beto Silva, Bussunda, Cláudio Manuel, Hélio de la Peña, Marcelo Madureira e Roni Bala (pseudônimo de Ronaldo Balassiano, o único desse grupo que não virou depois redator na Rede Globo). Embora sua fusão com o tablóide de humor Planeta Diário (dos amigos Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva) ainda não tivesse sido sacramentada, as colaborações entre as duas publicações eram bem frequentes.

Fora as piadas bem mais corrosivas do que aquelas que foram veiculadas anos a fio em programas como Doris Para Maiores e Casseta & Planeta Urgente, me chamou a atenção um anúncio impresso da TV Pirata, o segundo projeto para a TV criado pelos humoristas das trupes do Casseta Popular e Planeta Diário (lembrando que o primeiro foi Vandergleison Show, um especial de fim de ano exibido na Bandeirantes, com Luiz Fernando Guimarães e Pedro Cardoso, que até hoje não tem imagens disponíveis sequer no YouTube).

Dessa edição histórica do Almanaque Casseta Popular, destaquei também duas páginas que ilustram um fluxograma de processo bastante objetivo, mostrando como se dar bem num sábado à noite.


* * *

P.S.: Leituras relacionadas: TV Pirata, Bussunda (1962-2006) e Millôr, Bussunda e os limites do humor.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • Paulo
  • ̽Valdeir Vieira
  • Enio Luiz Vedovello

    Saudades destes bons tempos. Eu não perdia um exemplar do Planeta Diário.

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Pois é, Enio. Seria bom se lançassem um livro com alguns fac-símiles daquelas edições do Planeta também.

  • ratapulgo embolorado

    Tenho essa edição nº1 da Casseta tb. E várias do Planeta Diário, que era bem melhor.

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Grande Ratapulgo, espero que o senhor um dia escaneie esses exemplares do Planeta Diário. Os meus já se foram há tempos, deveria tê-los colocado em sacos plásticos. :P

      • Enio Luiz Vedovello

        O papel usado era ruim, mesmo em plástico, talvez não durasse tanto tempo…

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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