Ingrid Betancourt finalmente está livre. A crise econômica mundial não foi mera marolinha. Caso Nardoni, o pior surreality show dos últimos anos. A infame invasão das mulheres-frutas. Compraram tapiocas com os cartões corporativos. Maurren Maggi ganhou por 1 centímetro. Felipe Massa perdeu na última curva. Carla Bruni, uma bela primeira-dama. Ufa, escapamos da Sarah Palin. Protógenes Queiroz foi afastado das investigações. Você diria a um paciente: “meu, sifu”? Sandra Corveloni, melhor atriz em Cannes. E o padre Adelir de Carli trouxe o Darwin Awards para o Brasil. Rafael Correa ameaçou dar calote no BNDES. Você já foi rickrolleado? Andreia Schwartz ajudou a derrubar o governador de Nova Iorque e posou pelada. Ronalducho encarou um traveco e acabou no Corinthians. A Mallu do MySpace anda pegando o ex-Hermano. O marido da Sandy blogou durante a lua-de-mel. Heath Ledger morreu. A Amy ainda não. E nem o Fidel. Missão dada, missão cumprida para Tropa de Elite no Festival de Berlim. A praga da Ana Maria Braga pegou no ex da Susana. Bush Júnior escapou da sapatada. Sumiram com a vara da Fabiana Murer. A morte de Dercy acabou com nossas ilusões de imortalidade. LHC, a máquina do fim do mundo, parou para manutenção. Maldito pirulito eletrônico da Ferrari. Beija-Flor ganhou o carnaval do Rio e o bicheiro Anísio desfilou em carro de bombeiros. Os irmãos Coen levaram o Troféu Imprensa do cinema mundial. A Espanha ganhou a Eurocopa. Felipão foi parar no Chelsea. Rafinha venceu o Big Brother. CQC, o programa do ano. Adeus, Zélia Gattai. Kassab é casado, tem filhos? O que há nos computadores de Daniel Dantas? Roubaram os laptops da Petrobras. Flora, a vilã do ano. Sarah Silverman is fucking Matt Damon. Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo. Guga Kuerten pendurou as raquetes. Bill Gates despediu-se da Microsoft. Aposentaram a Glória Maria do Fantástico. Cid Gomes viajou com a sogra para a Europa. Valeu, Dorival Caymmi. Finalmente foi lançado “Chinese Democracy”. Madonna, Michael e Prince fizeram 50 anos. Paul Newman saiu de cena. Indiana Jones voltou. Que pena, Gabeira. Nayara testemunhou o tiro de Lindemberg em Eloá. Dado e Luana brigaram e quem pagou o pato foi a camareira. Você foi parado por uma blitz da lei seca? Diego Hypólito caiu de bunda. Ado, a-ado, é a Dança do Quadrado. Proibiram o Counter Strike e o EverQuest. Berlusconi acha que Obama é bonito, jovem e bronzeado. A bossa nova comemorou 50 anos. Prenderam o Roberto Cabrini. Gilmar Mendes, o rei dos habeas corpus. Mônica e Cebolinha beijaram-se na boca. Valentino Rossi e Michael Phelps, dois octacampeões. O caso Satiagraha vai longe… Terremoto na China matou 70 mil. As águas inundaram Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Chávez disse: “Vayanse al carajo, yankees de mierda!”. Primeiros ouros olímpicos para a natação brasileira e o vôlei feminino. Dilma Roussef será a nossa Hillary Clinton? Blogueiros e jornalistas polemizaram na Campus Party. Bloc Party pagou mico no VMB da MTV. Tom Zé e Caetano brigaram por meio de seus blogs. Colombianos e equatorianos se desentenderam. Georgianos e russos também. O primeiro terremoto em São Paulo a gente não esquece. Marina Silva e Gilberto Gil deixaram seus ministérios. Marina Lima perdeu a virgindade com a Gal. Já a Caroline Miranda… Tiraram do ar o Twitter Brasil. Quase bloquearam o WordPress. E o Azeredo, hein? Josef Fritzl prendeu a filha no porão de casa por 24 anos. O vazamento da Servatis matou milhares de animais no Rio. Foi decretada a morte da trema. O Lehman Brothers quebrou. Itaunibanco, nem parece que foi feito pra você. Ziraldo e Jaguar lucraram com seus ideais. O filme de Fernando Meirelles emocionou José Saramago. Pra ouvir créu tem que ter disposição. Yes, we can!
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Em 1951 Francisco Alves e David Nasser compuseram uma canção, “Fim de Ano”, cujo refrão você certamente já cantarolou alguma vez: “Adeus ano velho, feliz ano novo/ Que tudo se realize/ No ano que vai nascer/ Muito dinheiro no bolso/ Saúde pra dar e vender”. A segunda parte desta composição é bem mais desconhecida e apresenta versos mais utópicos, em especial no trecho que alude à ausência de brigas entre casais: “Para os solteiros/ Sorte no amor/ Nenhuma esperança perdida/ Para os casados/ Nenhuma briga/ Paz e sossego na vida”. Mas enfim, trata-se de uma canção de que fala de um assunto fundamental: esperança. Após um ano repleto de acontecimentos como este singelo 2008 que chega ao seu final ganhando um segundo a mais de duração, aguardo por mais e melhores momentos, sorrisos, pecados e realizações em 2009.
Basta ver as reações em blogs, fóruns e mesas de boteco sobre a campanha eleitoral para entender porque o futebol é o esporte quase monopólico neste país. É triste constatar que um tema tão sério como a política vira bate-boca digno de Fla X Flu ou Corinthians x Palmeiras. Mesmo entre pessoas teoricamente mais “esclarecidas”, as discussões descambam para o maniqueísmo mais rasteiro. Se você é de esquerda, está do lado do bem; se você é de direita, que nojo; e assim por diante. E dá-lhe bombardeios de insultos de ambos os lados: petralhas, mensaleiros, tucanalhas, os chororôs e blá blá blás habituais. Nesta tal festa da democracia para a qual somos compulsoriamente chamados pela instituição do voto obrigatório, creio que falta incutir em seus convidados um mínimo de noções sobre respeito às opiniões alheias. Tomo emprestadas as palavras de meu camarada Marcos VP: “Quem vota conosco é nosso par. Quem vota contra, ou é ignorante ou está com más intenções, ou seja, é de mau caráter. Pobre mundo repleto de tantas certezas individuais, pequenos paradoxos que quanto mais espaço tentam ocupar, menores se mostram”.
Sobre a terrível semana passada, o melhor resumo foi feito por Tutty Vasques: “Teve gente que perdeu dinheiro, torcedor que perdeu a paciência, marqueteiro que perdeu as medidas, seqüestrador que perdeu o juízo, policiais que perderam o controle, enfim, muito se perdeu desde o último domingo para chegar neste sábado e ainda ter que perder uma hora de sono assim, num estalar de dedos. Nada contra o horário de verão, muito até pelo contrário, mas porque adiantar o relógio justo no fim de uma semana como esta?”.
Queria entender porque as cerimônias de premiação da MTV brasileira são tão chochas e apresentam shows tão pífios. Enquanto no mais recente VMB tivemos “shows” (sic) de Nove Mil Anjos (a banda com nome constrangedor do irmão da Sandy) e Bloc Party fazendo playback (in)digno de Cassino de Chacrinha, quem assistiu ao Premios MTV da América Latina conferiu ao vivo de Julieta Venegas, Zoé (melhor banda mexicana da atualidade ao lado de Café Tacuba), Metallica e uma impagável performance de Katy Perry cantando “I Kissed a Girl” com direito a um tombo muito melhor do que o protagonizado por Kele Okereke no Brasil.
No dia 7 de outubro o major Roberto Cavalcante Vianna tornou-se o primeiro brasileiro a ser preso pelo “crime” de ter deixado um comentário em um blog. Alexandre de Sousa e Gustavo de Almeida escreveram sobre o assunto em seus respectivos blogs, e este foi um dos temas que abordei em minha coluna mais recente para o Yahoo! Posts.
Fala-se muito dos blogs como meios de democratização da produção de conteúdo na Web, mas recordo que, no cenário brasileiro, esse papel tem sido mais exercido pelo tão enxovalhado Orkut. O aspecto involuntariamente cômico de certas fotos e perfis é devidamente ressaltado em blogs humorísticos como Pérolas do Orkut e Grandes Tolices do Orkut, mas o fato é que a internet simplesmente reflete o mundo off line, repleto de analfabetos funcionais, palpiteiros de ocasião e pessoas que vivem em um país cuja qualidade educacional é pífia.
E o caso é que graças ao Orkut vivemos tempos em que quase todo internauta brasileiro possui uma página pessoal: seu perfil na rede social do Google. Basta entrar em uma lan house ou ver os terminais de computador num McDonald’s da vida para constatar que há sempre um ou mais computadores cujos monitores exibem a tela do Orkut. Trata-se da verdadeira democratização da rede, para o bem e para o mal. Não à toa, a cada novo fato que chama a atenção da imprensa, o Orkut é utilizado como fonte para que fotos e informações sobre anônimos repentinamente catapultados para as manchetes dos jornais, como no caso do seqüestro em Santo André, sejam posteriormente utilizados mídia afora.
Dia 29 de outubro estarei em Salvador, participando da Primeira Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNEB, a convite do grupo Blogs BA, ministrando uma palestra sobre o tema “Mídias Tradicionais e Independentes em Tempos de Web 2.0″. Caso você esteja em Salvador nesse dia, inscreva-se aqui para participar. Em tempo: pela 4ª vez consecutiva Pensar Enlouquece aparece nas pesquisas da Revista Bula sobre os blogs mais populares dentre os universitários. Valeu!
Diálogo de “Nostalgia”, peça encenada pela Sutil Companhia de Teatro em 2001: “Eu não quero saber de novidades. Eu odeio as novidades! E essas pessoas que a gente pensa que iam mudar o mundo na verdade são como todos nós, e não fazem nada. Nada!“.
Há coisas nesta vida que a gente só descobre por intermédio da internet. Graças a ela, aprendi por exemplo que em 20 de julho é celebrado o Dia do Amigo. Soube dessa curiosidade através de um camarada que jamais vi, li ou ouvi na vida, mas que por possuir meu e-mail em sua lista, ao lado de mais uns 70 incautos destinatários que receberam a mesmíssima mensagem padronizada, enviou-nos um desedificante anexo de Power Point com mais de 1.000 KB, contendo fotos bucólicas de crianças brincando com um pôr-do-sol ao fundo, ilustradas por versos da indefectível canção do Milton Nascimento que diz que “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”.
Uma rápida pesquisa esclareceu que o Dia do Amigo surgiu graças à iniciativa de Enrique Ernesto Febbraro, um professor argentino que viu o homem chegando à Lua no dia 20 de julho de 1969, por intermédio da missão tripulada Apollo XI, constatando que, naquele singelo momento histórico, toda a humanidade quedou-se em frente às televisões que exibiram aquele instante ao vivo, como se todas as fronteiras e diferenças ideológicas tivessem sido momentaneamente dissipadas.
De boas intenções, todos nós estamos cansados de saber que o inferno faz jus ao slogan que aquela marca de desodorante costumava propagar: “sempre cabe mais um com Rexona”. Mas o fato é que, apesar da aparente ingenuidade de se propagar mais uma efeméride feito essa, que soa a invencionice para incrementar vendas de comércio e lotar nossas caixas postais com cartões virtuais piegas, fiquei pensando no conceito por vezes abstrato da Amizade.
Amigo, para mim, é aquela pessoa que tem a liberdade de pensar em voz alta na sua frente, dispensando floreios e dizendo o que realmente acha de suas atitudes. Porém, levando em consideração as sábias palavras de Leonardo da Vinci: “Repreende o amigo em segredo e elogia-o em público”. ;) É aquela pessoa a quem você empresta dinheiro, mas que faz questão de pagar a dívida antes mesmo que você pense em cobrá-la. Ou, viceversamente falando, é o cara com quem você pode contar nos dias em que é necessário vender o almoço para pagar o jantar.
É o ombro no qual você chora suas pitangas, nem que seja às duas da madrugada (por exemplo, quando você é surpreendido com desculpas infames como “não quero estragar a nossa amizade”), e que não pestaneja em lhe dar aqueles esporros necessários ou os afagos que seu ego combalido por vezes requer.
É bóbvio dizer que um verdadeiro amigo é muito mais do que um e-mail na lista de contatos do Gmail ou figurinha em seu álbum do Orkut, mas por vezes as maiores obviedades precisam ser reiteradas.
Quanto a mim, posso dizer que tenho a sorte de ter amigos de rara estirpe vida afora, daqueles que se reúnem em torno de uma mesa de bar e passam horas conversando, esquecidos dos ponteiros do relógio e das vicissitudes do dia-a-dia, inclusive tendo a sorte e o privilégio de ter me tornado colega de trabalho de vários deles.
Amigos compartilham nossos sonhos, neuras, paixões, decepções, alegrias. Riem das abobrinhas que a gente fala, têm à mão um lenço de papel nas horas que a gente necessita. E, principalmente no meu caso particular, compreendem quando eu demoro semanas para responder a um e-mail ou dar um telefonema; meus amigos necessitam ter paciência oriental.
Amigo é aquela pessoa que você não vê há meses, mas quando encontra faz aquela algazarra juvenil:
- Fala veado, cadê a sua mãe?
- Tá lá na zona, aprendendo tudo com a sua!
Amigos falam palavrões com o mais inesperado dos carinhos. Respondem aos nossos rasgos de pieguice com um abraço. São o nosso amparo ao desconcerto com que este mundo é regido. E acreditam de olhos fechados na nossa versão da história.
Enfim, para resumir a história, desejo que todos os meus amigos encontrem a felicidade que eu sei que eles fazem por merecer. E ponto final!
Eram nove e pouco da noite. Estava eu sentado em frente do computador, enredado com um monte de trabalhos acumulados para fazer, quando senti um leve tremor na cadeira. A idéia de que pudesse ser um abalo sísmico até me passou pela cabeça, mas soou um tanto quanto inverossímil. “Terremoto em Sampa? Mais fácil nevar por aqui”. No entanto, alguns minutos depois, uma nova sensação de tremor me obrigou a olhar para meus livros e objetos na estante a fim de ver se algum deles balançava; necas de pitibiriba. Prossegui com os meus frilas atrasados, havia coisa melhor pra se fazer.
Alguns minutos depois, como costumo fazer regularmente, entrei no Twitter a fim de dar uma espairada. Catzo! Pois e não é que realmente havia ocorrido um terremoto por estas bandas? Dezenas de twitteiros começaram a relatar suas experiências, criando a tag#terremotoSP para falar sobre o grande acontecimento da noite. E como no Brasil tudo vira motivo de piada, não tardaram para aparecer as primeiras brincadeiras com o assunto. Além das camisetas criadas por Ian Black e Fábio Rex, fui obrigado a destacar aqui as melhores pérolas instantâneas criadas pela twittada. Continue Lendo
Para mim, a constatação definitiva de que todo o circo midiático armado em torno do caso Isabella Nardoni extrapolou os limites do bom senso foi quando assisti a uma matéria do jornal Hoje mostrando a história de uma mulher chamada Ana Paula. Ela, que é mãe de um filho, pegou dois ônibus, um metrô e faltou ao trabalho. Tudo isso só para ficar em frente à casa da família Nardoni e ver com os próprios olhos o cenário que tantas vezes viu nos noticiários. Como explicar a atitude de Ana Paula, essa mulher que gazeteou o próprio emprego e, em vez de ficar com o filho, preferiu fazer companhia à urbe que reuniu-se para jogar pedras na casa dos Nardonis e cantar coros como “Pega lá, pega lá, pega lá/ O casal pra nóis linchá”?
Ao ler a reportagem que Laura Capriglione e Ricardo Westin escreveram para a Folha de S. Paulo, relatando a algazarra da multidão de jornalistas e populares em frente à delegacia onde o pai e a madrasta de Isabella deram seus depoimentos à polícia, entretida por vendedores que trouxeram seus carrinhos de sorvete, refrigerante, pipoca e algodão-doce, lembrei da foto acima, que encontrei na coluna do Morph no Judão. Para mim, é a melhor ilustração desta multidão tão sedenta por vingança que esquece de cuidar dos próprios filhos, enquanto ignora outros crimes, escândalos e assassinatos que ocorrem diariamente no Brasil.
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A Terra Brasilis é realmente um país sui generis. No dia 9 de março um babaca postou em seu blog hospedado no WordPress.com um vídeo de sexo explícito. Como se não bastasse a violação de privacidade, o imbecil ainda informou, na URL do site, o nome da garota que foi filmada nua. Por causa dessa imprudência, a vítima entrou com um processo judicial solicitando o bloqueio do acesso à página criminosa.
No dia 19 de março, a Justiça enviou à Abranet (Associação Brasileira dos Provedores de Acesso de Internet) uma ordem judicial (vide a imagem escaneada à direita, disponibilizada por um leitor do Meio Bit) ordenando que o tal blog tivesse o seu acesso bloqueado. A Abranet choramingou, dizendo que seria obrigada a bloquear todos os sites hospedados no domínio wordpress.com, em um caso muito parecido com o episódio no qual o YouTube foi tirado do ar no Brasil por causa do vídeo estrelado por uma conhecida apresentadora de TV. No entanto, conforme esclareceu Matt Mullenweg, fundador do WordPress, em entrevista concedida a Lygia de Luca do site IDG Now, é possível efetuar o bloqueio apenas do blog referido sem prejudicar as demais páginas hospedadas no domínio wordpress.com.
A história, por enquanto, acabou em pizza. Não houve ainda bloqueio do acesso ao WordPress no Brasil, e até mesmo o blog criminoso (cuja URL delata o nome da vítima, de iniciais P.F.) permanece no ar, embora o vídeo que causou toda essa queremela já tenha sido apagado do YouTube. Este, certamente, não será o último episódio de confusões judiciais na internet brasileira. Vide, por exemplo, a ameaça de processo feita por Patrícia Aguille contra a Revista Bacante por conta de suas indicações nas categorias “Melhor Pagação de Peitinho” e “Melhor Ator de Plástico” do I Prêmio Bacante de Teatro. Aguardemos, pois, as cenas dos próximos capítulos…
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Oscar Maroni Filho há tempos é conhecido na cidade de São Paulo como o “empresário do sexo”, graças a criações de sua lavra como o Bahamas Club, famosa casa de prostituição de luxo. Mas seu nome ganhou mesmo notoriedade ao ter sido preso pouco depois da tragédia do vôo 3054 da TAM, em julho de 2007, após ter zombado do prefeito Gilberto Kassab, que havia mandado fechar as obras de um hotel que estava construindo próximo do Aeroporto de Congonhas, e admitido publicamente em entrevista na TV que havia prostituição em sua boate. O episódio tornou-se símbolo da hipocrisia brasileira: um avião caiu e acabaram prendendo só o dono do puteiro?
Por conta da recente prisão do jornalista Roberto Cabrini, flagrado com dez papelotes de cocaína, a equipe do blog NoTeu decidiu entrevistar Oscar Maroni, que entrou na Justiça processando Cabrini e a Rede Bandeirantes por conta de uma série de matérias veiculadas no canal sobre as atividades ilícitas do Bahamas. Maroni não apenas vestiu a camiseta da campanha Free Cabrini como ainda prestou solidariedade ao repórter, atualmente na Rede Record, declarando: “Eu tenho dó do que ele está passando. Eu sei o quanto é frio aquele 13° Distrito Policial da Casa Verde, aonde ficam as pessoas com grau universitário. E eu sei o quanto machuca, na alma, o desespero das noites de solidão, as reflexões sobre a injustiça”.
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Para encerrar este breve compêndio de surrealismos tupiniquins, deixo vocês com a grande novidade da música popular brasileira: Mulher Melancia grava funk “Velocidade 6″. Eis um trecho daquela que promete ser a próxima música a sodomizar ouvidos alheios sem piedade: “Cinturinha fina e um popozão gigante/ Sou a Mulher Melancia e rebolo a todo instante”.
A mentira tem pernas curtas, mas irresistivelmente bem torneadas. E corre que é uma beleza.
Primeiro de abril é o Dia da Mentira, mas também é o Dia das Piadas Fracas. O Yogurt que o diga.
A realidade é uma ilusão de ótica.
Ser sociável é aplicar o conceito de trompe l’oeil às relações humanas.
Imaginação é uma mentira que fecha os olhos e mergulha no espaço como se pulasse de um bungee jump. Mas sem a corda.
Todo dia tem um pouco de primeiro de abril. Jornalistas, publicitários e blogueiros que o digam.
Falsidade é uma goiaba cujo sorriso verde esconde a tristeza que sangra vermelha por dentro.
A verdade é o álibi definitivo.
Internet tem dessas coisas. De quando em quando surge uma “febre” que incute nos desavisados navegantes a quase irresistível vontade de passar alguma inutilidade adiante. Foi assim com o Numa Numa do Gary Brolsma, o “sertanerd” do Ewerton Assunção, o vídeo do choque do Lasier Martins e a foto da menina-fantasma do corredor na Indonésia, só para citar alguns exemplos recentes.
Desde meados de maio de 2007, um meme que contagiou rapidamente os internautas na Gringoland consiste em repassar aos camaradas links que disfarçadamente levam para o videoclipe de “Never Gonna Give You Up”, hit que o cantor inglês Rick Astley emplacou em 1987. São links difundidos em blogs, fóruns de discussão e redes sociais, ao melhor estilo “pegadinha do Mallandro”, que prometem coisas deste naipe: Continue Lendo
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.