Desencontros do amor no Grand Canyon

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 12 de novembro de 2007


O que mata na vida são relacionamentos mal resolvidos. Aquela menina que sorriu pra você na festa da formatura da 8a. série, e que você não abordou porque era um tremendo dum bunda-mole. A colega de trabalho com quem você teve um flerte que não foi adiante porque tanto ela quanto você estavam enrolados com outras pessoas, e que permanece encalacrada em seus pensamentos feito uma bala Soft entalada na garganta. A vida que poderia ter sido mas não foi, como escreveu o Bandeira.

Quando penso em affairs enrolados, lembro sempre dos desenhos do Papa-Léguas. Nada me tira a convicção de que aquele coiote pagava o maior pau pelo Bip-Bip. E todas aquelas bigornas que caíam em sua cabeça, as quedas nos abismos do Grand Canyon que terminavam em nuvens de pó e as explosões dos artefatos constantemente defeituosos da Acme não passavam de metáforas do desentendimento amoroso. Como um apaixonado desavisado, que ouve da amada uma frase como “não quero estragar nossa amizade”, e sente o chão escapar dos seus pés.

Uma vez, por uma só vez eu gostaria de ver o Bip-Bip se entregando à imensa fome de amar do desajeitado coiote. Assim como gostaria de ver os moleques escapando da Caverna do Dragão, ou o Pato Donald dando uma coça nos folgados do Tico e Teco. Mas crianças, como todos devem saber, são sádicas, e gostam de ver personagens se estrepando, e riem gostosamente de tantas desgraças, e sofrimentos, e explosões.

* * * * *
P.S. 1: A dupla de personagens criada por Chuck Jones permite uma série de interpretações sobre a eterna caça sem êxito de Wile E. Coyote em busca do Papa-Léguas. Talvez a mais marcante delas seja uma história de Grant Morrison intitulada “O Evangelho do Coiote”. Uma HQ de 24 páginas, com desenhos de Chas Truog e Doug Hazzlewood, publicada originalmente na edição 5 da revista Animal-Man, em 1998, e no Brasil pela edição 7 da revista DC2000, em 1990. A história de Morrison, considerada por unanimidade pelos fãs de quadrinhos uma das melhores de todos os tempos, narra a saga de um coiote condenado pelo seu criador a sofrer de mortes excruciantes e ressuscitar vez após vez, em um martírio interminável, a fim de assegurar a paz para as criaturas do seu mundo.

Esta história, há anos fora de catálogo, está disponível na internet graças a uma boa alma que escaneou todas as páginas do “Evangelho do Coiote”. Aproveite esta bênção e confira a obra-prima de Grant Morrison, uma reflexão aguda sobre a Criação e a natureza humana. Você nunca mais assistirá aos desenhos do Papa-Léguas da mesma maneira.

P.S. 2: Escrevi este texto originalmente em março de 2001. Mas personagens de quadrinhos e desenhos animados são uma constante fonte de (ins)piração, vide os posts “A tira mais triste de todos os tempos” e “Charlie Brown, a garotinha ruiva e o tal do amor”. Tenho uma dívida, diga-se de passagem, com Mestre Carl Barks. O homem que me despertou o gosto por leituras, e que representou para mim o mesmo que Monteiro Lobato, Júlio Verne, Charles Dickens ou J.K. Rowling fizeram por outras crianças. Ainda preciso escrever um texto sobre o seu legado.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

Comentários do Facebook

Comentários do Blog

  • Pingback: O Dia do Amigo | Pensar Enlouquece, Pense Nisso

  • http://tiroteioverbal.blogspot.com/ O Cão que Atenta

    Inagaki, essa comparação do desenho do Papa-Léguas com desencontros amorosos foi genial, e, acima de tudo, coerente. Duvido que não exista uma única pessoa que não tenha passado por isso ao menos uma vez na vida. “O Evangelho do Coiote” do coiote é excelente, mas concordo com o André (O leitor, esse idiota). O Peanuts se adequa melhor a seu texto.

  • http://www.ead.feuc.br EAD

    Parabéns pelo blog é muito bom só assuntos interessantes.Gostei mto
    Continue assim

  • Rafael Sartori

    Ola Alexandre! Na terca coloquei um comentario sobre esse post e mencionei o seriado Scrubs! Realmente, o blog do Zach Braff esta totalmente abandonado!!
    Porem, se vc curte como eu, sabe que umas das excelentes propriedades do seriado eh a sua trilha sonora. Acho q eles conseguem encaixar muito bem as musicas com as situacoes, onde vc consegue facilmente relacionar musicas como do Audioslave (Be yourself) para situacoes de mudanca ou do Cary Brothers (Waiting for your letter) quando a situacao desmorona e vc fica naquela fossa!!! Atualmente estou morando nos EUA e estou acompanhando a setima e ultima (infelizmente) temporada da serie. No Brasil o canal Sony deve comecar a passar a 6, porem se vc quiser ou alguem quiser acompanhar a 7, eh so acessar nbc.com e ver na integra!! Vc ja pensou em colocar alguma sessao de musica? Tipo lista? Valeu

    Rafael, atualmente escrevo em dois blogs ligados a música: Virunduns e Imagine Mp3 Atitude Player. Sobre a trilha sonora de Scrubs, ela é tão boa quanto os soundtracks dos filmes em que o Zach atua. Recomendo, por exemplo, a trilha sonora de “Hora de Voltar” (“Garden State”). Um abraço!

  • Avelino Ignacio Budu Garcia

    Bão. Muito bão. É bão mermo.
    Este comentário, muito original, é de um comercial da Danone, quando ela faz uma crítica aos altos cachês que era obrigada a pagar por artistas renomados. Então ela contrata 3 caipiras para fazer o comercial do seu iogurte…e obtém sucesso!
    Isto posto, eu também estava (?) acostumado a consumir sem se preocupar com comerciais, pois eles sempre emitem uma opinião que possam induzi-lo a consumir aquilo que se está anunciando.
    Então, estou tranqüilo, consumindo meu Kibe Loko, quando há lá uma opinião e um pedido para se votar neste tal, por que não era campeonato de juleba.
    Vim, vi, gostei. Agora fica sob sua responsabilidade explicar ao Tabet por que passarei a ler, preferencialmente, seu blog e não o dele.
    Sucesso!
    Budu

  • http://macaxeirageral.net Bruno Alves

    Olá, Inagaki.
    Mais um belo texto…Parabéns! É uma visão inusitada {e poética} de um dos meus desenhos animados preferidos…mas até que faz um certo sentido, se você tiver a capacidade para {re}ver o já visto e revisto com outros olhos…
    A fase de Grant Morrison no Homem-Animal é uma das melhores coisas que ele já escreveu e foi a hq que me fez seguir o seu trabalho - onde tem o nome dele, eu compro e geralmente não me arrependo.
    Pena que a prometida edição encadernada da saga ainda não deu o ar de sua graça nas bancas/livrarias.
    Legal ver o seu depoimento sobre o Carl Barks, também cresci lendo as aventuras dos patos criadas por ele - aliás, meu pai me ensinou a ler usando Disney e Maurício de Souza, em casa, antes que eu fosse à escola.
    Grande abraço.

    Somos dois, Bruno. Na realidade, meu primeiro contato com o Grant Morrison foi quando li a graphic novel “Asilo Arkhum”, com desenhos de Dave McKean. Depois corri atrás de tudo que o Morrison havia produzido. Quando encontrei em um sebo na Avenida São João as edições antigas da DC 2000 e me deparei com “O Evangelho do Coiote”, constatei em definitivo que havia descoberto um roteirista no patamar de Alan Moore e Frank Miller. Um abraço!

  • http://metamorfosepensante.wordpress.com _Maga

    adorei o post!
    Bah, muito bom!!! Nunca nem sonhei em fazer uma interpretação destas para o Coyote…
    Ficou muito bacana! Parabéns.
    bjos

  • Cris

    Oi, Ina. Pô, ler isso deu um nó na garganta, entalou igual essa bala soft que vc falou.E essa história do “se”, “se”, é pra f**** com a vida de qq um. Esses amores mal-resolvidos tiram a energia das coisas reais. Adorei o texto. E o Pápa-Léguas e Coiote devem ter um caso, sim, a gente que não sabe.bjos

  • http://eugostodeumacoisaerrada.wordpress.com Rachel

    Inagaki, vc não acha o Amendoim o personagem MAIS TRISTE já inventado para tiras de quadrinhos?

    E refletir sobre a idéia de transformá-lo em desenho animado para crianças, como foi feito, faz refletir no quanto a infância pode ser triste, cinza e solitária. Em alguns momentos, ao menos.

    Beejo.

    Rachel, você se refere ao Minduim, o nome que deram ao Charlie Brown no Brasil? Olha, não sei se seria o personagem mais triste. Mas é certamente um dos mais melancólicos, até porque reflete muito a personalidade do seu autor, Charles Schultz. Esta matéria do Omelete, sobre a biografia recentemente publicada de Schultz, escrita por David Michaelis, afirma que o cartunista realmente usava Charlie Brown como seu alterego, e comentando que a relação conturbada entre Schroeder e Lucy também era um reflexo da vida pessoal do autor, cujo primeiro casamento acabou em divórcio.

  • http://diariodelaoxitocina.blogspot.com Cíntia

    Bah, eu nao torcia pelo Dick Vigarista, mas pelo cachorro dele (eu torcia pra ele ficar com o carro e ganhar a corrida sozinho).Os gangsters eu nao sei se chegaram a ganhar, mas eu também torcia pra eles de vez em quando… e depois a gente se preocupa com o que as crianças vêem hoje, sendo que a gente se criou na verdade torcendo por viloes e vendo o show de calouros do Chacrinha. rsrsrs

    Eu gostava da risada do Muttley. Era um desafio imitá-la, tão grande quanto o de tentar fazer a risada do Pica-Pau. ;)

  • http://www.luxian.com.br Alexandro

    Eu sou um feliz proprietário desta revista, já a li várias vezes, é muito interessante a abordagem, excelente post !

  • http://mejoana.blogspot.com/ Vivien

    Eu ficava angustiada com esse desenho, tinha vontade de socar o coyote. A insistência frustrada dele me deixava p..da vida.
    beijos.

  • http://www.lsdgazetamundocao.blogspot.com Ane Brasil

    Nossa, nunca tinha pensando a coisa por esse ângulo… e não é que faz sentido?
    Sorte e saúde pra todos!
    PS: você foi linkado na Gazeta Mundo Cão

    Obrigado pela citação, Ane. Um abraço!

  • http://www.escriba.org jorge cordeiro

    Engraçado, não vejo meus filhos rindo sadicamente do Pica-Pau, Popeye, Pernalonga ou Tom & Jerry, mas sim se esbaldando com o lado cômico da vida, uma coisa meio circense, do palhaço que leva um tapa e tropeça num balde. É o imprevisto tirando nossa máscara de seriedade e nos deixando ridiculos, engraçados. Quem já não riu de alguém que tropeça ou escorrega? Aquela coisa meio três patetas ou o gordo e o magro. Sem sadismo algum, apenas rindo do imprevisto da vida.

    Não leve os textos que escrevo a ferro e fogo, Jorge. Confira, por exemplo, meu post Criança tem cada uma…

  • http://fester.zip.net Fester

    Amigo, aceita parceria com meu blog?! Aguardo retorno. Abraço!

    Fester, se você fosse leitor regular do meu blog saberia que não faço “escambo de links”. De qualquer modo, desejo boa sorte. E recomendo a leitura do artigo “10 maneiras de conseguir links para um blog novo”, de Bruno Alves, que traz excelentes dicas sobre como você poderá divulgar seu blog sem necessitar pedir links para todos os blogs que você encontrar em suas navegações. A mais importante de todas elas, e que fará com que você receba links espontaneamente, é a dica 4: “Escreva conteúdo de qualidade”. Um abraço.

  • http://piratadarima.blogspot.com/ J.

    Acordado até a última palavra. Achava que fosse o único louco, dos únicos então, talvez que visse esse desenho assim. Se não ao relacionamento amoroso,ao menos via
    o relacionamente humano retratado. Bravo!
    Aliás, pouco antes de acessar, fiz um post sobre as mulheres. Coincidência, não!?
    Fiquei sabendo pelo http://pinel.blogspot.com/ e já tá entre os meus favoritos.
    Um abraço

    Obrigado pelo comentário, J. Se você me descobriu pelo blog da Thaís, já sei que você veio de uma ótima fonte. Um abraço!

  • silas

    tenho varios amore mal resolvidos.Garotas que passaram pela minha vida e nunca ficaram…
    g

  • http://anny-linhaozzy.blogspot.com/ Anna

    Sabe que fico pensando em duas coisas quando vejo desenho animado e leio HQ, por que ciança gosta desses “mal feitos” como dizia meu pai e a importância que elas tveram em minha vida. Não consegui ler Monteiro Lobato depois de adulta. Senti a maior culpa. Pode ser que outras leituras fizeram o mesmo papel.
    Às vezes, quando lembro da pilha de revista que lia, nem acredito…
    Quanto aos relcionamentos mal resolvidos, sempre temos algum por debaixo do pano.Hehehe!
    Abraço.

  • http://attu.typepad.com/universo_anarquico/ tina oiticica harris

    Nunca pensei no aspecto sádico infantil. Sempre aprendendo aqui. O coyote é símbolo de esperteza para os mexicanos e o bip-bip mereceu uma canção do Jonathan Richman, Roadrunner. Ou seja, os dois têm seus fãs, seu folclore. Acho que o coyote é apaixonado pela caça, em estereótipo masculino e o bip-bip é um objeto de caça mais veloz, que te dá uma rasteira, a bigorna, o gelo das loiras geladas do RPM. Mas me alongo. Excelente post, Alexandre Inagaki. Curti as analogias de montes.

  • mayke

    Cara, este post mudou minha vida!!!!!

  • http://www.eucapricho.com Luiza Gomes

    UAHUAHU Inagaki!!!
    como eu era inocente!!!
    nunca tinha pensado que o coiote poderia ser apaixonado pelo Bip-bip…. mas sabe q hj lendo seu texto vi q faz sentido..ahuauaha

    Mtooo engraçadooo….adorei!!!

    Grande beijo!!!
    ah! to apoiando o Kibeee…vc vai ganharrrrr eeeeeeeeeeeee
    Lú Gomes

    Luiza, importante mesmo é a premiação do júri, mas valeu pela força. ;) Mas creio que o pessoal resolveu votar em mim por causa da foto lindona que ele publicou de mim, ha ha! Mr. Tabet é fueda. :P

  • http://www.caixinhasecreta.zip.net Camilinha

    É por isso que eu votei no teu blog no Bob’s!!
    Adorei esse texto… e sou fanzona do blog..

    Thanks, Camila! ;)

  • http://rancorizando.wordpress.com camila

    Agora ficou mto claro pra mim pq eu SEMPRE torcia pro Coyote e tenho um rancor eterno por esse maldito bip bip e a maldita bigorna!
    :D

  • Rafael Sartori

    Nao conhecia seu blog ate ver o site no kibeloco. Achei muito bom seu post sobre desencontros do amor. Existe uma serie de TV q passa na Sony, chamada SCRUBS. Nao sei se vc assiste ou assistiu, mas eh exatamente essa situacao de relacionamentos mal resolvidos. No fundo eu acho q o ser humano gosta de sofrer por alguem. Acho q esta no subconsciente, sempre tentar conseguir algo que nao se pode. O impossivel eh sempre mais fascinante do que o normal. Ficar imaginando como poderia ser. A vida que poderia ter sido mas nao foi! O eterno bunda-mole.
    Otimo post!

    Rafael, uma dica pra você que é fã de Scrubs como eu: o ator principal do seriado, Zach Braff, possui um blog pessoal. Anda meio abandonado, mas ainda vale a referência.

  • amaro

    clap clap clap!!! texto maravilhoso! realmente digno do titulo deste blog, nos fazendo pensar sobre a vida!

  • http://fiquelouco.blogspot.com Guilherme Grünewald

    Grant Morrison é um dos melhores roteiristas de HQ, perde para poucos como Neil Gaiman, e Alan Moore.
    Não conhecia a História, mas realmente é fabulosa, me lembrou um pouco o mito de prometeu.
    Fortuna!

  • Ana Paula

    Sim… quadrinhos inspiram…
    O que me diz sobre Will Eisner?
    Particularmente, sou muito fã…

    Ana, o primeiro trabalho de Will Eisner que eu li foi “O Edifício”, graphic novel lançado no Brasil pela Abril. Desde então, virei fã: comprei todas as edições de “The Spirit” que foram lançadas pela General e pela Abril, além dos livros que a Brasiliense publicou por aqui, como “Um Contrato Com Deus”. Em tempo: Ana, ADOREI o seu e-mail anacozeca. Pra Zé Carioca nenhum botar defeito! :D

  • http://diarioxitocina.blogspot.com Cíntia

    Nossa, sabe que eu andava pensando nessas coisas mal resolvidas e nao tinha associado: mas eu também queria que o coiote parasse de se dar mal algum dia. Aliás, talvez eu assistisse aquele desenho mesmo só pela esperança de que o improvável acontecesse. E a droga é que deve ter funcionado como treinamento pra essa minha atraçao pelo improvável. Eita.

    Cíntia, você me fez lembrar que eu sempre assistia à Corrida Maluca aguardando pelo dia em que enfim o Dick Vigarista fosse vencer no final de algum episódio. :D

  • http://www.oficinadeestilo.com.br/blog Fernanda

    o link do manuel bandeira valeu a minha segunda. =)

  • http://oleitoresseidiota.wordpress.com André

    Talvez o desenho do Papa-léguas nem seja o mais adequado a tal comparação, mas o dos Peanuts. Quantos aqui não disseram “e eu, uma pedra”? Em todo caso, realmente é de fazer cair no chão e a nuvenzinha subir quando se ouve besteiras como essas de “não quero estragar nossa amizade”.
    Talvez o lance seja de fazer o mesmo que se faz quando se corrige algumas coisas que fazemos por instinto ao volante, como fechar os olhos em frenagens mais bruscas: fazer justamente o oposto, mantendo a calma, que permite raciocinar melhor.

    Nunca tive a oportunidade de responder “e conseguiu estragar totalmente”, mas já tive a oportunidade de ser sarcástico com alguns discursinhos decorados comuns no plantel feminino. Ano passado, dia 23 de dezembro, eis que estou no Canto da Ema, no último forró do ano, e convido uma srta para bailar. Ouço um “sabe o que é? É que estou cansada”. A resposta: “eu te convidei para dançar, não correr uma maratona”. E daí, foi só dar uma conferida na cara de símbolo químico do cobre com a qual a fulana ficou. Talvez essa pense umas duas vezes antes de soltar a mesma vitrolinha…
    É o que começo a pensar um pouco. Afinal, uma coisa são os desenhos slapstick, os episódios do Chaves e outros que você sabe que na próxima cena estarão lá, inteirinhos e prontos para se ferrar novemente. Outra coisa somos nós virarmos isso…

    Pois é, André. Sobre Charlie Brown e suas desventuras amorosas, escrevi o seguinte: “Questiona Charlie em uma das tiras dos Peanuts: ‘mas o amor não existe para fazer a gente feliz?’ Nem sempre, Minduim, nem sempre. Que o digam as angústias caladas, os sentimentos represados, as inseguranças que atormentam uma pessoa enredada pelo vórtice da paixão”.

  • http://pensitivo.wordpress.com Santaum

    Texto muito interessante.

    Como os desenhos de hoje mudaram né cara? Bem lembrados estes da nossa época. Caverna do Dragão é um clássico! Acho interessante como os desenhos da nossa época eram lineares. Sempre seguindo uma mesma trajetória, como mostrou saudosamente no seu texto. E a criançada da nossa geração delirava. Eu mesmo era um deles. Quem já não conhecia o final do Pica-Pau, do Tom & Jerry? Hoje não, com estes jogos-filme de PS3, estes desenhos modernos que têm um avião voando na água e um protagonista parecido com uma esponja, a não linearidade tá comendo solta. Novos tempos.

    Grande abraço!

    Boa análise comparativa, Santaum. Ah, sobre “Caverna do Dragão” recomendo a leitura deste post de meu cumpadi André Marmota: “O mistério da misteriosa caverna do dragão!”.

  • http://f4lh4critic4.wordpress.com/ Rodrigo “Yin Yang”

    engraçado, eu penso diferente no caso deste desenho: eu imagino algo mais como uma justiça poetica sobre trapaceiros. algo assim, o bip bip tem talento “de nascença” para conseguir ir mais rápido e o coiote tem inveja dessa vantagem e tenta de todo modo tentar chegar no mesmo nivel que ele, porém utilizando de trapaças, e tudo no final faz com que ele sempre caia mais ainda do que já estava. por isso ele nunca vai alcançar o bip bip, pq ele é um trapaceiro e não consegeu as coisas que seus “proprios pés”. de todo modo achei bem interessante sua análise e entendo esse tipo de sentimento.
    ah, como só vejo agora seu blog para mim o texto é novo, hehehehe

    Rodrigo, obrigado por validar as reciclagens de textos que eu faço de vez em quando por aqui, he he!

  • http://somagui.zip.net

    Pois é.Deve ser por isso que eu não gosto deste desenho.

  • http://bitpop.wordpress.com mari

    apenas duas palavras: excelente post !

  • Cairo Gomes

    Fascinante!É impressionante a forma como ele retrata as dimensões.A rebeldia de coyote(Astuto) contra Deus, a passagem do mundo abstrato dos desenhos animados para a realidade sufocante e cheia de dor e tudo isso fazendo uma analogia com a Bíblia.È visto como um satã ‘bonzinho’ durante boa parte da história, mas com uma bala de prata como um lobisomem, morre como um cristo.Ótimo post.

  • http://terparpratrepar.wordpress.com Ericka

    Como eu só comento aqui em momentos nerds (música ou qualquer coisa desse g}ênero). Vou até comentar nesse post sobre o amor, uma vez um grande amor da vida disse que eu era o charlie brown. Acho que foi praga de vida. ;)

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

Parceiros

Mantra

A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.