A vida não tem rascunho (publieditorial)
Por Alexandre Inagaki ≈ terça-feira, 12 de junho de 2012
Tudo na vida é uma questão de timing. Se você não estiver devidamente preparado para aproveitar as oportunidades que aparecem na sua frente, seu grande momento estará prestes a passar, está passando, já passou, foi embora, um abraço - ou nem isso - e até nunca mais.
Aquela garotinha ruiva que arrebatou seu coração ao sorrir da janela de um ônibus que acabou de partir da rodoviária, desapareceu de sua vista sem que você tenha sequer acenado para ela a fim de pegar seu telefone. A ideia mirabolante de um site inovador de comércio eletrônico, que você estava arquitetando em seus pensamentos meses a fio, acabou de ser implementada por alguns estudantes de Recife e já recebeu centenas de milhares de dólares de um investidor anjo da Califórnia. Seu projeto na teoria ainda parece ser melhor, mas ideias que não saem do papel são natimortas, e você desperdiçou aquela que poderia ser a chance da sua vida. Um headhunter entra em contato contigo e lhe oferece um emprego incrível e desafiador, a recompensa merecida após anos aturando aulas chatas na faculdade e estágios modorrentos. Porém, é uma vaga que exige inglês fluente, e você ainda está no the book is on the table…
O fato é que a vida não tem rascunho. E nem sempre há margem de manobra para uma segunda chance.
Em uma declaração que dei para a Veja sobre o mercado de trabalho, comentei que aqueles currículos tradicionais, feitos em arquivos Word ou PDFs, são para mim coisas do século XX. Por que receber um curriculum vitae quadradão, se o LinkedIn (que já tem mais de 7 milhões de usuários no Brasil) me dá as mesmas informações, sendo que ainda tenho a vantagem de ver quantos contatos profissionais uma pessoa possui em comum comigo, as recomendações deixadas em seu perfil, links de referência como um blog pessoal e seus perfis em outras redes sociais, e os grupos e discussões das quais ela participa?
Nestes dias nos quais tempo vale muito mais do que dinheiro (equação simples: horas perdidas nunca mais se recuperam, vil metal ao menos a gente ainda pode batalhar pra ter), uma plataforma como o Headhunter CI é uma bela pedida pra quem busca novas oportunidades profissionais. Primeiro, porque é um grupo criado no LinkedIn que reúne pessoas interessadas em trocar ideias e experiências sobre intercâmbio, cursos de idiomas no exterior, oportunidades de empregos lá fora, etc. E que, além de ter se tornado um espaço com conteúdos ligados ao universo de interesses de todos os participantes, ajudando a formar um networking bacana, ainda pode render um trabalho, já que o headhunter da CI está sempre acompanhando o grupo, atento a profissionais engajados, capazes de discutirem e conduzirem bons debates sobre determinados assuntos. E qual será a recompensa para o profissional do grupo que for considerado o mais participativo, tendo ainda um perfil no LinkedIn com boas conexões, experiências e indicações? Um belo Business Course para aprender inglês voltado para negócios em Boston.
Ainda sobre o assunto, creio que vale a pena compartilhar algumas coisas que levo em consideração na hora de contratar alguém. É claro que as dicas se aplicam melhor a profissionais da área na qual atuo, mas creio que elas também têm valia para recrutadores de outros ramos:
a) Nos tempos atuais, creio que pró-atividade é pré-requisito essencial para um bom profissional. Uma pessoa que está genuinamente interessada em uma vaga específica precisa fazer a lição de casa básica: pesquisar o histórico da empresa, os produtos e serviços que ela oferece, preparar-se devidamente para a entrevista.
No meu caso pessoal, de empreendedor individual, quando anuncio no Twitter ou LinkedIn que preciso contratar alguém para trabalhar comigo eu sequer informo meu endereço de e-mail. Afinal, quem buscar pelo meu nome achará meus contatos e meu histórico profissional sem maiores problemas.
b) Sobre currículos tradicionais, eu já dispenso CVs em PDF ou Word. Prefiro que me passem a URL do seu perfil pessoal no LinkedIn, rede social que pode (e deve) ser atualizada constantemente com as últimas atividades profissionais, e que permite que eu veja quais são os contatos em comum que tenho com determinado candidato. Além de LinkedIn, costumo pedir a URL de algum agregador de todos os seus perfis em redes sociais como Twitter, Facebook e Tumblr (que pode ser o MeAdiciona, o Flavors.me ou o Google +), para que eu possa analisar a presença online do candidato.
c) A partir das URLs de referência, analiso tudo que essa pessoa costuma postar em seus perfis, a fim de avaliar seu background cultural, sua capacidade de produzir conteúdos originais de qualidade e de adaptar sua linguagem de acordo com as características peculiares de cada mídia social. Também verificarei qual é a rede de contatos que ela possui. Mais do que quantidade, que pode ser manipulada facilmente por meio de scripts e aquisição de bases de followers, verei quais são os contatos que ela tem em comum comigo, as recomendações deixadas em seu LinkedIn ou links para o seu blog pessoal (citando três exemplos de informações que eu usualmente checo). Afinal, nos tempos atuais os seis graus de separação não passam de três. O mundo atual é um ovo de codorna zipado, e é fácil consultar várias pessoas que trabalharam anteriormente com alguém, a fim de obter referências positivas ou negativas sobre determinado profissional.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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