60 anos de Snoopy e a turma do Charlie Brown
Por Alexandre Inagaki ≈ quarta-feira, 06 de outubro de 2010
A primeira tira protagonizada dos Peanuts foi publicada no dia 2 de outubro de 1950. Dois dias depois, um cachorrinho beagle fez a sua primeira aparição. E o universo dos quadrinhos não seria mais o mesmo, graças a Charlie Brown, Linus, Lucy, Schroeder, Woodstock, Patty Pimentinha e todos os personagens inesquecíveis criados por Charles M. Schulz.
Meu primeiro contato com a turma do Minduim foi por intermédio dos desenhos animados que o SBT exibiu, em meados dos anos 80, nas noites de domingo. E, desde então, as desventuras vividas por aqueles personagens tornaram-se referenciais para a minha vida.
Eu me identifiquei de bate-pronto, por exemplo, com a voz incompreensível dos adultos, como a professora do Charlie Brown, metaforizando o desentendimento entre gerações. E, claro, com o amor platônico que Charlie nutria pela garotinha ruiva, que espelhou muitas das paixonites que vivi na minha infância.
Os anos se passaram, mas minha identificação com as situações vividas por aquelas crianças permanece. Pudera: por meio de personagens infantis, Charles Schulz filosofa a respeito da condição humana, falando de valores, emoções e sentimentos universais. E, com isso, também influenciou diretamente o surgimento de outras grandes obras, como a tira Calvin e Haroldo, criada por Bill Watterson.
Não esqueço, por exemplo, do episódio em que Charlie Brown, após viver uma desilusão amorosa, faz o seguinte desabafo: “Sabe de uma coisa? Ontem eu estava quase feliz. Por um breve momento, pensei que estava no jogo da vida. Mas apareceu uma pedra no caminho. Por que será que é sempre assim? Quando pensamos que está tudo quase perfeito, a vida dá um golpe na gente”. Que puxa. :(
A última tira de Peanuts foi publicada no dia 12 de fevereiro de 2000. Horas depois, Charles Schulz faleceu, aos 77 anos de idade, deixando como legado histórias que, ainda hoje, são publicadas diariamente em mais de 2.600 jornais de 75 países. Sobre essa popularidade atemporal, Jeannie Schulz, viúva do criador de Snoopy, declarou: “Fazer os outros felizes era uma medida de sucesso para ele”. Estou para ver medida de sucesso mais bacana do que essa. :)
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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