“Atirei o pau no gato, mas o gato não morreu. Dona Chica admirou-se do berro que o gato deu.” Todo mundo já ouviu essa historinha alguma vez na vida. Porém, há quem ache que os versos desta cantiga clássica poderiam estimular crianças abiloladas a cometerem violências contra animais. E assim, surgiu a versão edificante (ou não) cantada por Aline Barros, cujos versos dizem:
Não atire o pau no gato
Porque isso não se faz
Jesus Cristo nos ensina
A amar, a amar os animais
Amém!”
Outras versões edulcoradas de cantigas infantis andam sendo disseminadas em escolas que pregam a cartilha do politicamente correto, na qual ninguém mais bate em ninguém e todas as histórias têm um final feliz. Vide o que andaram aprontando com “O Cravo e a Rosa”, cujos versos originais dizem: Continue Lendo
Foram anunciados os indicados ao Oscar 2014. Os vencedores da 86ª edição do Troféu Imprensa do cinema mundial serão anunciados no dia 2 de março, em Los Angeles.
É uma pena que meus candidatos favoritos à categoria de Melhor Canção Original, que constavam da pré-lista anunciada pela Academia em 16 de dezembro do ano passado, não foram indicados: “Last Mile Home”, gravada pelo Kings of Lion para a trilha sonora de Álbum de Família, e “Together”, do The xx, que integra a trilha de O Grande Gatsby. Continue Lendo
Os dois se conheceram há uns 40 anos, ainda no tempo do Facebook.
Ele morava em Sidney, na Austrália.
Ela morava em Uruguaiana, no Brasil.
Ele apareceu para ela como sugestão de amizade.
Ela deu um trago no cigarro e clicou em sua foto, só de farra.
O perfil dele era aberto.
Escrevia em inglês.
Só depois de uma hora, ela decidiu clicar na solicitação de amizade.
Ela nunca tinha feito isso.
Pedir a amizade de um desconhecido.
Mas a rotina daquele dia tinha sido especialmente cansativa.
Foi a maior loucura que fez no dia.
Ela era tímida.
Sofria para se relacionar ao vivo.
A solicitação foi na velocidade da luz até os servidores do Facebook nos Estados Unidos e de lá, pulando diversos nós de rede, bateu na tela dele, que respondeu instantaneamente.
Ele não fumava.
Era extrovertido, adorava conhecer gente.
Raramente checava o Facebook antes de sair para o escritório.
Mas naquele dia teria tantas reuniões que resolveu checar ainda de casa.
Aceitou a amizade de uma brasileira desconhecida.
E foi assim que começou. Continue Lendo
Algumas das lembranças mais marcantes de minha infância são as viagens que minha família fazia à cidade onde meus avós maternos moravam. Inúbia Paulista é uma cidade pequeníssima do interior de São Paulo, localizada a 578 km da capital. Tem pouco mais de três mil habitantes, ou seja, quase a mesma população do Edifício Copan, no centro de São Paulo. Ou, para usar uma comparação menos paulistana, pode-se dizer que seriam necessárias quase vinte e cinco Inúbias para lotar um Maracanã.
A cidade é uma verdadeira válvula de escape da neurose urbana. Mas nunca foi uma Pasárgada para mim: uma semana em Inúbia era o suficiente para morrer de tédio com a falta de opções de lazer. Em compensação, até hoje é possível colocar uma cadeira no meio da rua, sentar nela e se deliciar, no meio da noite, com o frescor das brisas desbloqueadas de edifícios, e com a beleza que é poder vislumbrar um céu limpo e cheio de estrelas.
Um de meus passatempos prediletos era o “lançamento de chinelos”. Sentados na varanda da casa de meus tios Michiko e Tsutomu, eu e meus irmãos balançávamos as pernas a fim de impulsionar nossas havaianas em direção à calçada do outro lado da rua, quase sempre deserta. Descalços, corríamos depois para recolher nossos chinelos, desviando das bostas dos cavalos das carroças que eventualmente passavam.
Também ia muito à casa de meu avô, Shigueo, que criava porcos no quintal, geralmente destinados aos banquetes de Ano Novo. Gostava de arrancar folhas das bananeiras para alimentá-los, e depois ouvi-los mastigando a comida, quando eles oincavam de satisfação.
Mas meu passatempo predileto era assustar pombos. Continue Lendo