Quando soube que um grupo de argentinos criou o Dia Internacional do Comentarista (DIC), a ser celebrado no dia 15 de junho, corri atrás dessa história a fim de saber por que cargas d’água escolheram essa data. Encontrei no site do jornal El Clarín uma explicação um tanto quanto singela.
Reza a lenda que Orlando Ferrero, 22 anos, e Julián Sequeira, 45, eram dois comentaristas do blog “La Culpa Del Tomate” (escrito por Alicia Páez, que assinava seus posts com o nickname Walquiria) que começaram a se desentender depois de inúmeras discussões no espaço de comentários do blog de Alicia. Julián, que seria evangélico, ficou especialmente irritado com uma observação depreciativa acerca de sua religião feita por Orlando. Após encontrar no Google dados pessoais sobre a vida de seu desafeto, Julián resolveu partir para as vias de fato. No dia 15 de junho de 2004, o descontrolado comentarista invadiu a casa de Orlando, que morava na cidade de Resistencia, e o assassinou com um golpe dado por um cano de ferro. Depois disso, dirigiu-se até uma igreja e confessou seu crime em voz alta. Chocados com o acontecimento, os comentaristas do La Culpa Del Tomate divulgaram a notícia na blogosfera argentina e decidiram declarar o dia 15 de junho “Dia Internacional Del Comentarista”, com o intuito de recordar o pitoresco episódio e homenagear o colega assassinado.
Apesar dessa história ter repercutido em lugares como o El Clarín e um blog da Folha de S. Paulo, ela não tem aquela típica cara de lenda urbana? Pois é. A bitácora La Gran Mentira desvenda todo o chiste, assumidamente uma brincadeira criada com o intuito de dar mais visibilidade para a data. Mas o fato é que, invencionices à parte, os comentaristas fazem por merecer o seu dia. Muito antes de escribas sonharem em ganhar dinheiro com seus blogs, o grande motivo para que blogueiros compartilhassem suas palavras, descobertas, sonhos, frustrações e viagens maionésicas na internet sempre foi o prazer de poder trocar idéias com outras pessoas dispostas a acrescentar pontos de vista, corrigir informações, dividir experiências, fazer, enfim, novas amizades. Pois, como afirma precisamente o blog oficial do DIC, “um comentário diz mais a respeito de uma pessoa do que um mero link em um blogroll”.
Aproveito a ocasião, pois, para agradecer a todos aqueles que contribuem com o conteúdo deste blog com seus comentários. ;)
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P.S.: Este agradecimento, logicamente, não se aplica aos que aparecem aqui unicamente para escrever: “seu blog eh mto loko, topa trocar links e fzr 1 parceria?”.
Neste Dia dos Namorados, dedico a todas as leitoras e leitores deste blog seis pérolas do cancioneiro amoroso brasileiro. Afinal de contas, como já afirmei em meu surrado texto Teu Amor é Como um Alien Dentro de Mim, “sei que devo estar sendo até piegas, mas todos que amam são meio bregas”. E o amor, afinal de contas, é cego e hemburresce, mas ainda não é surdo. :P
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Roupa Nova - “Linda Demais”. 1985 foi o ano do Roupa Nova, que ganhou disco duplo de platina com um álbum repleto de músicas que Edson “Bolinha” Cury qualificaria como “sucessos que o pooooooovo gosta”, dentre os quais destacam-se “Dona” (tema da Viúva Porcina na novela Roque Santeiro), “Seguindo no Trem Azul”, “Show de Rock’n Roll” e a apoteótica “Linda Demais”, balada catártica que, não à toa, é hit de qualquer karaokê que se preze. Pudera: quem nunca teve a necessidade de soltar o sentimento encalacrado no peito por meio de versos motelicamente românticos como “te desejo muito além do prazer”, “vem fazer diferente o que mais ninguém faz” ou “mil beijos de amor em muitos lençóis”? Amar não é pra amadores, mermón! E tá pensando que é fraco um grupo cujo blog oficial só tem um único post, mas que recebeu nada menos que 962 comentários?
Só Pra Contrariar - “Depois do Prazer”. Uma obra-prima da cara-de-pau. Abra o teu coração e confesse pra mim, mulher: qual seria a tua reação se eu chegasse na porta da tua casa e admitisse, com os olhos umedecidos de arrependimento e o peito aberto, que “tô fazendo amor com outra pessoa, mas meu coração vai ser pra sempre teu”? Será que realmente “o que o corpo faz a alma perdoa”? Sei não. Para mim, esta canção gravada pelo grupo Só Pra Contrariar em 1997 é um crássico da desfaçatez daqueles que se bronzeiam diariamente com óleo de peroba. Mas admito que seus versos romanticozinhos dizem ao menos uma verdade incontestável, principalmente para os homens que pensam com a cabeça de baixo e só recuperam o equilíbrio racional depois de terem alcançado o ápice orgasmático: “Dá pra ver nessa hora/ Que o amor só se mede/ Depois do prazer”.
Markinhos Moura - “Meu Mel”. Nascido no Ceará, este cantor e compositor mudou-se para São Paulo em meados dos anos 80. Sonhava em ser bailarino, mas acabou se encontrando na carreira musical. Em 1986, invadiu as AMs e FMs, merecendo da locutora do Vídeo Show a seguinte descrição: “Markinhos não era nenhum abelhudo, mas vivia lambuzando de mel as paradas musicais”. Bem, o que mais dizer de uma música que leva ao pé da letra o fato de ser tão melada a ponto de não ser recomendada a corações diabéticos? Markinhos Moura, após ter superado rompantes de síndrome do pânico nos anos 90, segue adiante com sua carreira bem-sucedida, disponibilizando em seu site oficial fotos, vídeos e suas gravações mais recentes.
Agepê - “Deixa Eu Te Amar”. “Quero te pegar no colo/ Te deitar no solo/ E te fazer mulher”: trata-se, indubitavelmente, de um refrão digno de qualquer antologia. Graças a esta música, o sambista carioca Antônio Gilson Porfírio, que juntou suas iniciais para criar seu nome artístico, vendeu expressionante 1 milhão e meio de cópias do álbum Mistura Brasileira, de 1984. É uma pena que Agepê, ícone do samba romântico, morreu cedo, em agosto de 1995, aos 53 anos de idade. Sua música, porém, permanece embalando noites tórridas de paixão pelo Brasil afora.
Wando - “Moça”. Convenhamos: não é qualquer um que promete se virar do avesso só para dar um abraço. E, embora o mineiro Wanderley Alves dos Alves seja mais conhecido por sucessos como “Fogo e Paixão” e “Chora Coração”, sua obra-prima, que foi trilha sonora da novela Pecado Capital em 1975, é definitivamente esta canção na qual este singelo colecionador de calcinhas canta, com toda a sensibilidade que só um macho possui: “Moça/ Sei que já não és pura/ Teu passado é tão forte/ Pode até machucar”. Já que o que importa é o presente, e o futuro é um papel em branco a ser escrito a quatro mãos, o que nosso bardo ui-Wando de paixão poderia dizer? “Eu quero me enrolar nos teus cabelos/ Abraçar teu corpo inteiro/ Morrer de amor/ De amor me perder”.
Zezé di Camargo & Luciano - “Você Vai Ver”. Mirosmar José e Welson David de Camargo anualmente gravam novos discos repletos de músicas que cravam diretamente o peito daqueles que amam e, embevecidos de paixão, mal conseguem balbuciar palavras capazes de descrever seus sentimentos. Um bom exemplo? Esta canção, gravada em 1994, que representa uma espécie de “Detalhes” na obra de Zezé di Camargo, com versos nos quais a dupla sertaneja entoa a ilusão de que aquele amor, por mais parceiros que vá encontrar ao longo de sua vida, jamais se esquecerá de você, seu gostosão convencido (“Você pode provar milhões de beijos/ Mas sei que você vai lembrar de mim/ Pois sempre que um outro te tocar/ Na hora você pode se entregar/ Mas não vai me esquecer nem mesmo assim”).
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Feliz Dia dos Namorados! E para os solteiros, feliz Dia das Possibilidades! :roll:
A fase atual do cinema brasileiro é muito boa em diversos aspectos. Tropa de Elite ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, repetindo o feito de Central do Brasil em 1998. Tivemos dois representantes da nossa cinematografia integrando a seleção oficial do Festival de Cannes (algo que não acontecia desde 1964, ano de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos), sendo que Sandra Corveloni ganhou o prêmio de melhor atriz por Linha de Passe. Meu Nome Não é Johnny, primeiro filme brasileiro a entrar em cartaz em 2008, ultrapassou a marca de 2 milhões de espectadores nos cinemas. De quebra, pesquisa do Datafolha mostra que dobrou a aprovação do público ao cinema brasileiro em comparação com levantamento semelhante realizado em 1995.
É em meio a este cenário que estreará, no dia 25 de julho, Era Uma Vez. Trata-se do segundo longa-metragem de Breno Silveira, diretor da quinta maior bilheteria do cinema nacional de todos os tempos: 2 Filhos de Francisco, visto por mais de 5 milhões de espectadores em 2005. A expectativa em torno do novo trabalho de Breno é grande e não poderia ser diferente, já que seu filme de estréia foi o mais bem-sucedido do cinema nacional nos últimos 20 anos. Em sua nova investida, Breno resolveu apostar novamente na emoção, ao narrar uma história de amor entre um jovem morador do Morro do Cantagalo que trabalha vendendo cachorros-quentes em um quiosque na praia de Ipanema e uma menina que mora na Vieira Souto, na região mais privilegiada do Rio de Janeiro. Continue Lendo
Sim, eu também detesto posts que começam com explicações nada convincentes de blogueiros que somem sem dar qualquer satisfação. :P
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Nos anos 80, o poeta Paulo Leminski escreveu: “o novo/ não me choca mais/ nada de novo/ sob o sol/ apenas o mesmo/ ovo de sempre/ choca o mesmo novo”. Hoje o cartunista Adão Iturrusgarai publicou uma tira que dialoga com esses mesmos versos.
Vergílio Ferreira, autor de Aparição, um dos romances mais impressionantes que li na juventude, afirmou: “A grande originalidade não é dizer coisas novas, mas ser novo diante das coisas velhas”.
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É muito mais fácil blogar em até 140 caracteres. Não é de se admirar, pois, que durante todo o hiato temporal no qual deixei este blog abandonado, recorri a serviços de microblogs como o Twitter enquanto a preguiça me impedia de redigir novos posts aqui. É uma pena, porém, que o Twitter esteja passando por sérios problemas, com constantes quedas de serviço dignas das indigestões causadas pelos donuts do Orkut.
Enquanto vários usuários do Twitter ensaiam um movimento de migração para concorrentes como o Plurk, o Pownce e o Jaiku, recomendo (especialmente por causa das piadas) um outro site com nome proctológico: o Adocu, que leva o conceito de microblogging às últimas conseqüências, permitindo que sejam publicados posts de apenas uma palavra.
Qual será a próxima tendência? Microblogs compostos exclusivamente por siglas ou emoticons? XX(
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Abstrairei quaisquer críticas que forem feitas a Ensaio Sobre a Cegueira, o filme de Fernando Meirelles que foi mal recebido no Festival de Cannes. Ainda pretendo assisti-lo na primeira oportunidade que puder, devido à curiosidade que foi fomentada desde os (ótimos) posts que Meirelles publicou em seu Diário de Blindness, relatando com desconcertante sinceridade os bastidores do processo de criação de seu novo filme. Além disso, como não respeitar um cara que tece reflexões como as copyandpasteadas a seguir, extraídas da entrevista que ele concedeu a Silvana Arantes da Folha de S. Paulo?
“Há uma frase do livro que diz: ‘Não acho que ficamos cegos, acho que somos cegos. Cegos que podem ver, mas não vêem’. Diariamente os limites do que chamamos de ‘civilização’ são rompidos, mas parece que não enxergamos isso. A barbárie está instalada e não vemos. Talvez por estar fazendo este filme, cada vez mais vejo gente meio cega ao meu redor; desde o padre Adelir, que se lançou no ar preso a mil balões por não conseguir enxergar as reais condições que tinha ao redor, até as multidões de pessoas com fortes convicções ideológicas que se orgulham de nunca mudarem sua visão do mundo”.
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Em 1984 o sambista Agepê emplacou o grande sucesso de sua carreira, “Deixa Eu Te Amar”, dos antológicos versos “Vou te amar com sede/ Na relva, na rede, onde você quiser/ Quero te pegar no colo/ Te deitar no solo e te fazer mulher”. Renato Gaúcho, atual técnico do Fluminense, certamente deve identificar-se com essa música, a julgar pelas declarações que ele deu para o programa Documento Especial em 1992, sobre suas desventuras sexuais. Renato, que nunca teve firulas para falar de sua vida pessoal, afirma: “No carro, na rua, na lixeira, no elevador, na escada; onde a pessoa menos espera, tô lá fazendo sexo. O que menos faço é sexo na cama”. Figuraça!
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Todo dia recebo pelo menos um e-mail de algum incauto propondo “parceria”, palavra que dentro da blogosfera ganhou uma nova conotação: escambo de links. A estes, costumo indicar dois posts que resumem tudo o que penso sobre o assunto: Parcerias de Verdade, de Edney Souza, e Link Não é Esmola, de Carlos Cardoso. Porém, descobri uma série impagável de selos criados por Valença, do blog Saco de Filó, que merecem citação obrigatória de hoje em diante.
Eis o que Valença escreveu, por exemplo, a respeito do “Eu Topo Com Qualquer Um”: “Selos para blogs que saem pela blogosfera pelo amor de Deus por uma parceria, uma troca de links… qualquer coisa serve, que Deus lhe dê em dobro. Normalmente, o cara tem um blog de esporte ou piadas e sai pedindo parcerias para blogs jurídicos, de medicina, blogs GLS, blogs de política… afinidade é o que menos conta… se é que conta”.
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Após sair da sessão de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, a comparação que me veio à cabeça foi do filme com os revivals de bandas dos anos 80 que têm reaparecido com cada vez mais freqüência. Ok, é muito bacana resgatar bons momentos da adolescência, mas será que só isso é o bastante? Sim, o novo filme concebido pela dupla Spielberg & Lucas é divertido. Mas o seu final digno de novela das seis, o excesso de efeitos CGI e o fraquíssimo McGuffin (conceito clássico de roteiro cinematográfico cunhado por Hitchcock, citado em uma resenha que escrevi sobre A Vila) da trama, baseado em aparições alienígenas, fizeram com que eu saísse do cinema com a sensação de que o novo filme de Indy é como um desses álbuns que os Rolling Stones gravaram recentemente: agradável, mas nada além de uma sombra diante de tudo que já foi produzido no passado.
Se aventura tem um nome, só pode ser Indiana Jones. Ao protagonizar três filmes - Caçadores da Arca Perdida (1981), Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984) e Indiana Jones e a Última Cruzada (1989) - que juntos arrecadaram mais de 1 bilhão de dólares nas bilheterias do mundo inteiro, o arqueólogo criado pela dupla Steven Spielberg e George Lucas entrou para a história do cinema como o maior aventureiro de todos os tempos.
Se você se lembra do terceiro filme da saga, sabe que Indiana na verdade chama-se Henry Jones Jr., e que o herói interpretado por Harrison Ford, por detestar ser chamado de Júnior, assumiu a alcunha de Indiana Jones pegando emprestado o nome do seu cachorro. Do mesmo modo, deve ter acompanhado as peripécias vividas por Indy em lugares tão exóticos e distantes quanto os desertos do Egito, as selvas da Índia, catacumbas subterrâneas em Veneza, vilarejos no Tibete, a floresta amazônica e a Terra Santa, e está ansioso para assistir a Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, que estréia no dia 22 de maio, certo? Porém, se você pensa que as aventuras de Indy se resumem apenas ao que foi exibido nos cinemas, saiba que elas foram apenas o começo. Porque nosso herói prosseguiu com sua saga nos livros, histórias em quadrinhos, videogames e o seriado O Jovem Indiana Jones (1992), todos produzidos pela Lucas Licensing (empresa de George Lucas).
Graças às informações adicionais trazidas por todos os spinoffs da saga cinematográfica, é possível fazer uma biografia quase completa deste personagem que foi interpretado por cinco diferentes atores durante as várias fases de sua vida. Além de Harrison Ford (que filmou Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal do alto de seus 65 anos de idade) e River Phoenix (intérprete do jovem Indy na seqüência inicial de Indiana Jones e a Última Cruzada), o arqueólogo ganhou na série de TV os rostos de Corey Carrier (aos 8 anos de idade), Sean Patrick Flanery (dos 17 aos 21 anos) e George Hall (o Indy ancião). O seriado, aliás, começa com a exibição de um velhinho Indiana Jones de tapa-olho, aos 93 anos de idade, contando a dois jovens a primeira aventura que viveu ao lado do pai: uma viagem ao Egito na qual conheceu duas figuras históricas, Lawrence da Arábia e Howard Carter, o arqueológo que descobriu a tumba de Tutancâmon.
Indiana Jones aos 8 e aos 93 anos de idade, em imagens extraídas da série de televisão.
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Henry Jones Jr. nasceu na Escócia, no dia 1 de julho de 1899. Filho de Anna e Henry Jones, desde pequeno acompanhou o pai, arqueólogo formado na Universidade de Oxford, em suas viagens ao redor do mundo. Em 1908, conhece seu primeiro amor: a Princesa Sofia, filha do arquiduque Franz Ferdinand. Porém, por se tratar de um plebeu, Júnior é proibido de vê-la novamente - seria o primeiro de tantos desencontros amorosos em sua vida. Ainda criança, decide adotar o nome de Indiana, nome de seu cachorro, por abominar ser chamado de “Júnior”. É o primeiro ato de rebeldia contra o pai.
Em maio de 1912, sua mãe Anna contrai febre escarlate e morre, aos 34 anos de idade. Abalado pela tragédia, Indy viaja, junto com sua tutora, para a América. Mais especificamente, para a cidade de Boston, onde seu pai dá aulas em uma universidade. No verão daquele mesmo ano Indy adquire seu famoso chapéu, seu chicote, a cicatriz no queixo e a fobia por cobras, em uma aventura retratada no prólogo de Indiana Jones e a Última Cruzada. Em 1913 encontra pela primeira vez Marcus Brody (personagem interpretado por Denholm Elliott, ator falecido em 1992, nos três primeiros filmes), com quem viaja em uma expedição para o Egito. Depois, decide contrariar os desejos do pai, que queria que Indy prosseguisse seus estudos na Universidade de Princeton, partindo em viagens mundo afora em busca de aventuras que o levarão a encontrar personagens históricos como Pancho Villa, Ernest Hemingway e Mata Hari, e a lutar na Primeira Guerra Mundial.
Fotos de um álbum de família: Henry e Anna Jones, os pais de Indiana.
Com o fim da guerra Indy retoma aos Estados Unidos, a fim de estudar Arqueologia na Universidade de Chicago. Lá, torna-se aluno do professor Abner Ravenwood e apaixona-se por sua filha, Marion (apresentada em Caçadores da Arca Perdida na pele da atriz Karen Allen). Distancia-se dela, no entanto, ao mudar-se para a França a fim de fazer graduação em Lingüística em Sorbonne. O ano é 1922, e Indiana já domina nada menos que 27 idiomas. Em 1925, surge seu primeiro emprego: professor na Universidade de Londres. Porém, como parece ter formigas na bunda, Indy não pára quieto, transitando entre empregos na Inglaterra e Estados Unidos. Em 1930, envolve-se até mesmo com discos voadores (em história narrada pelo livro Indiana Jones and the Sky Pirates). Os romances que trazem Indy como personagem principal também relatam suas caças pela pedra filosofal, ovos de dinossauros e múmias roubadas. Em 1935, o videogame Indiana Jones and the Emperor’s Tomb mostra como ele acaba se envolvendo na busca pelo Coração do Dragão, uma poderosa pérola negra que dá ao seu dono a capacidade de controlar mentes alheias. No mesmo ano Indy se envolve em uma aventura que envolve as Pedras de Sankara: é o enredo do filme Indiana Jones e o Templo da Perdição.
Em 1936, Indy viaja até as selvas do Peru em busca de um ídolo dourado. Para sua desgraça, o amuleto acaba nas mãos de seu rival Belloq. Alguns meses depois, reencontra seu inimigo e uma paixão de juventude, Marion Ravenwood, em meio ao deserto da África, durante a busca por uma certa Arca da Aliança. Em 1937 consegue um emprego no Barnett College, em Nova York. No ano seguinte recebe a visita de um colecionador de antiguidades, Walter Donovan, que informa que seu pai, Henry (personagem impagavelmente interpretado por Sean Connery), desapareceu enquanto buscava pelo Cálice Sagrado. Viaja até a Itália, conhece uma certa doutora Elsa Schneider e envolve-se mais uma vez com nazistas. Ao final de mais uma jornada reconcilia-se com o pai, de quem estava afastado há anos.
Novas aventuras envolvendo os diários de Marco Pólo, o continente perdido de Atlântida, a espada de Genghis Khan, os tesouros de Eldorado e as ruínas da Torre de Babel entreteriam nosso herói até meados de 1947, último ano em que suas aventuras são abordadas pelos livros e videogames. O que acontece com a vida de nosso arqueólogo predileto em 1957 é retratado no filme Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Já a série de TV dá um salto no tempo, resgatando as histórias de Indy no ano de 1992, quando, flagrado aos 93 aninhos de vida (porém, com corpinho de 83), Indiana é mostrado morando em Nova York junto com sua filha e netos. Será que, após o quarto filme para o cinema, conheceremos mais histórias do maior aventureiro de todos os tempos? Aguardemos pelas cenas dos próximos capítulos…
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P.S.: Diego Maia foi um dos sortudos que assistiram ao novo filme de Indiana Jones antes de sua estréia oficial nos cinemas, e neste texto ele explica porque o grande desafio de Indy será conquistar crianças e adolescentes 19 anos após o lançamento de Indiana Jones e a Última Cruzada. E de Detroit, Lola Aronovich também compartilha suas experiências sobre Indy IV.
Participei ontem do programa Roda Viva, da TV Cultura, convidado pela produção para fazer uma espécie de cobertura online, via Twitter, dos bastidores da entrevista realizada com o coreógrafo e educador Ivaldo Bertazzo. Assistir in loco a um programa que já legou entrevistas históricas com personalidades como Ayrton Senna, Leonel Brizola, Oliviero Toscani e Orestes Quércia foi uma experiência ímpar. Durante o programa, procurei relatar o clima no estúdio (enquanto Ivaldo falava, todos ficavam em silêncio compenetrado e respeitoso - quase não me mexia na cadeira, a fim de evitar os rangidos) e garimpar os melhores insights da entrevista, em paralelo às twittadas das minhas colegas de bancada Helena Nacinovic e Ana Carmen.
Como bem observou Pedro Markun ao comentar essa experiência pioneira da TV Cultura, há diversos layers paralelos de informação, tanto para o espectador que acompanha o Roda Viva pela TV e pela internet, quanto para o twitteiro encarregado de fazer a cobertura paralela da entrevista. Naquela hora, eu mantinha um olho no Ivaldo, o centro das atenções, mas também observava os entrevistadores, meus colegas de bancada e os posts que o pessoal do Twitter escrevia naquele momento. Coisas da nossa geração Alt + Tab.
Enfim, a oportunidade de participar do Roda Viva foi bastante enriquecedora. Só lamento pelo fato de os twitteiros não terem a oportunidade, ainda, de interagirem diretamente com o convidado do programa ou com os entrevistadores. Fica aqui a sugestão, pois, para que nos próximos programas, os posts escritos pelos twitteiros de plantão apareçam na forma de legendas na tela da Cultura. Também julgo interessante o uso de uma aplicação que, nos mesmos moldes do Twemes.com, permita aos internautas que assistem ao Roda Viva no site do programa acompanhar toda a repercussão do programa no Twitter.
Em tempo: você tem conta no Twitter e também deseja ter a oportunidade de participar de uma cobertura online do Roda Viva? Então envie um e-mail para [email protected], dizendo quais são suas áreas de interesse, ou acompanhe o Twitter da TV Cultura. B)
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Durante o programa de ontem, twitteiros como @renatotarga, @neitor_now, @uatafoc e @bodas comentaram os meus bicos e caretas quando a câmera da Cultura focou o meu rosto. Meus caros, não posso fazer nada: é mais forte do que eu. Não é do meu feitio aparecer na TV ou em fotografias.
Imaginem, pois, minha situação quando fui convidado para dar um depoimento para o Blogumentário, documentário sobre blogs produzido pela Live AD, Zeppelin Filmes e Gafanhoto. Aceitei participar do Blogumentário, é lógico, mas até agora não tive a pachorra de assistir ao vídeo abaixo.
Gravado durante a Campus Party Brasil, o Blogumentário em breve estará disponibilizado na íntegra. Enquanto isso, acompanhem o blog oficial do documentário.
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P.S. 1: Iniciativas como o projeto Formigas com Megafone, precisam ser divulgadas. O blog, idealizado por Miguel Abuhab, fundador da Datasul, é um espaço colaborativo criado para a discussão de iniciativas que visam melhorar este país e fomentar o espírito de cidadania na internet.
Recomendo em especial a entrevista realizada com a consultora tributária, Maria José Paulin, na qual ela fala dos impostos no Brasil.
P.S. 2: E por falar em iniciativas bacanas envolvendo cidadania, você já visitou o site Ação Global 2008, do Sesi? Confiram mais informações sobre este projeto no blog do Edney.
Li uma notícia no jornal O Globo que chama a atenção tanto pela comicidade involuntária quanto pela pateticidade de nossos parlamentares. Eis a manchete: Troca de palito por fio dental em restaurantes é rejeitada. O texto comenta um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual João Pedro, que propunha que os restaurantes cariocas trocassem a oferta de palitos por fio dental. Esta importantíssima proposição por pouco não foi aprovada por aclamação; o pedetista Paulo Ramos puxou o freio de mão ao afirmar, num arroubo de bom senso, que a Assembléia seria ridicularizada caso o projeto fosse aprovado.
Tão bizarra quanto a lei foi a justificativa dada pela deputada Beatriz Santos para votar contra a proposta: “Não tenho certeza se é fio dental pra ir à praia ou fio dental para os dentes. Por isso, voto não”. |-|
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Outro projeto de lei que anda dando o que falar foi apresentado pelo deputado federal Jorge Bittar, que trata do mercado de TV por assinatura. O trecho mais polêmico diz respeito à implantação de cotas destinadas a “incentivar o conteúdo audiovisual brasileiro”. O projeto criaria duas cotas: uma sobre os pacotes fechados vendidos aos assinantes, propondo que 25% dos canais obrigatoriamente sejam programados por empresas brasileiras, com veiculação expressiva de conteúdo nacional; a outra incidiria sobre todos os canais, estipulando que estes deverão exibir três horas e meia semanais de conteúdo brasileiro, sendo metade desse período obrigatoriamente preenchido por programas feitos por produtoras independentes. Tais cotas deverão ser implementadas ao longo de 4 anos.
Não me agrada nem um pouco esse tipo de proposta que impõe regras a fórceps. Mas devo dizer que fiquei mais irritado ainda com as falácias propagadas pela campanha Liberdade na TV, fartamente divulgada em intervalos comerciais. Segundo o site oficial do “movimento”, nós, clientes de TV por assinatura, devemos nos engajar contra esse projeto de lei por vários motivos simplesmente risíveis. Vide este argumento patético: “AMEAÇA DE UM FUTURO CHEIO DE REPRISES”. Pelamordedeus. Há anos filmes e episódios de séries são reprisados ad nauseam, que o digam telespectadores de canais como TNT, Sony, Fox e Warner. Porém, pior ainda é ter de agüentar aquelas chamadas infames da Sony falando de “mentes perigosas” e “machos de respeito”, que são marteladas a cada bloco comercial.
A tal campanha, patrocinada pela “Associação Brasileira de Televisão por Assinatura”, também fala que estão “ameaçando nossa liberdade de escolha”. É mesmo, cara pálida? Hmm, que tal se a ABTA der um bom exemplo e permitir que nós, assinantes, possamos escolher quais canais queremos adquirir, em vez de sermos obrigados a comprar pacotes fechados repletos de documentários tediosos, desenhos desanimados, programas de telecompras e outros entulhos que nos são empurrados goela abaixo? Não seria interessante também ver novos assinantes livres de imposição de firmar contratos de no mínimo 1 ano, sendo obrigados a pagar multa rescisória caso desejem exercer seu direito legítimo de reprovar os serviços oferecidos por uma operadora e cancelar suas assinaturas antes desse prazo?
É incrível constatar como certos grupos banalizam a palavra “liberdade” e ainda tentam usar pessoas como massa de manobra de seus interesses. Não à toa, o site Liberdade na TV não possui qualquer fórum de discussões ou espaço livre para que internautas possam discutir o assunto. Também é significativo o uso constante de verbos no modo imperativo: “ASSISTA. MOBILIZE-SE. PROTESTE!”. O que mais faltou ordenar ao seu rebanho de ovelhas apascentadas? FAÇA BIQUINHO? DÊ A BUNDA? NÃO CORRA, NÃO MATE, NÃO MORRA? TOQUE RAUL?
Mais decente foi a atitude de Jorge Bittar, relator do polêmico projeto, que criou um blog com diversas informações para todos que quiserem compreender melhor suas propostas e debater o assunto. Por mais que eu discorde de vários posicionamentos do deputado Bittar, ao menos encontrei lá um espaço aberto para críticas. Enquanto isso, aguardo desesperançoso pelo dia em que esse pessoal da ABTA decidir criar um espaço efetivo para discussões, implementar serviços decentes de atendimento por telefone e, enfim, oferecer a opção de assinarmos apenas os canais que nós desejamos assistir.
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É difícil não tornar-se cético e cínico diante de certas notícias. Por exemplo, quando soube que Ziraldo (chamado por Ivan Lessa de “o subversivo da caneta Pilot”) e Jaguar ganharam o direito de receber indenizações milionárias, às custas dos cofres públicos, sob a justificativa de “reparação e indenização pelos traumas que sofreram como vítimas da ditadura militar”, não pude deixar de concordar com a observação que Millôr Fernandes fez: “Eu pensava que eles estavam defendendo uma ideologia, mas estavam fazendo um investimento”.
Nestes tempos nos quais a imagem de Che Guevara virou ícone banalizado de camiseta, percebo que é difícil criticar essa juventude despolitizada que, ao contrário do que apregoava a letra de Cazuza, não está nem aí para a busca de ideologias. Parafraseando Drummond, constato que as utopias de 1968 tornaram-se apenas um retrato na parede (ou, pior ainda, uma mera foto num álbum de Orkut). E isso dói.
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.