Como diria Ritchie, e a vida continua. Domingo, ao assistir o excelente show que Leoni fez no Shopping Metrô Tatuapé, me flagrei cometendo um virundum que, só muitos anos depois, descobri que se tratava de um. Em Como Eu Quero, música que Leoni compôs com Paula Toller, eu cantava: “Diz pra eu ficar muda/ Faz cara de mistério/ Tira essa bermuda/ Que eu quero você sério/ Dramas do sucesso/ NU particular“. Pois e não é que o correto é “MUNDO particular“? Ainda assim, creio que a minha versão faz mais sentido, já que tem tudo a ver com a parte do strip da bermuda. Se bem que pior (ou melhor, vai saber) fazia o meu colega Ian Black, que cantava: “tira essa bermuda que eu quero VER SEU SEXO”.
O blog dos Virunduns rendeu muitas pérolas. Destacarei algumas das melhores aqui, com mais um brinde extra: o vídeo de uma canção descrita por Dirceu Rabelo, locutor do Fantástico nos seus tempos áureos, como “uma música que, dizem por aí, dá vontade de namorar“. Trata-se de Noite do Prazer, primeiro (e único) sucesso do grupo Brylho, composto por Cláudio Zoli e gravado em 1983. Quem nunca trocou o verso “tocando B.B. King sem parar” por variantes como “trocando de biquíni sem parar”, “tocando Gipsy Kings sem parar”, “tocando Jimmy Cliff sem parar” ou “rodando o peniquinho sem parar”, que atire a primeira vitrola…
Soube da “morte” de Maria Elisa Guimarães no dia 14 de janeiro, ao receber um e-mail enviado por Milton Ribeiro, que também publicou um post intitulado A Pior das Notícias. Milton tomou conhecimento da notícia por intermédio de seu colega Paulo José Miranda, escritor português residindo atualmente em São Paulo, que na ocasião apresentou-se como o namorado de Meg. Paulo relataria as circunstâncias da suposta morte no post Minha Mulher Morreu, afirmando, por exemplo, que enviou-lhe mais de 4.000 e-mails, e que estiveram juntos apenas uma vez fisicamente, em julho de 2006 (Meg teria viajado de Belém, aonde residia, para encontrar-se com ele em São Paulo). Ainda segundo o relato, pouco tempo após esse encontro Maria Elisa foi até o Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque, fazer um tratamento de câncer, tendo a companhia da amiga Tereza Quetzal (que teria interrompido um pós-doutorado em Oregon a fim de acompanhar a internação). Os dois teriam conversado pela última vez cinco minutos antes do falecimento de Meg, notificado a Paulo por intermédio de Tereza.
Não se pode dizer que a notícia tenha surpreendido os amigos de Meg. Desde que comecei a trocar e-mails com ela, em idos de 2001, ouvia relatos acerca de sua saúde frágil. Na entrevista concedida a Elis Monteiro para o jornal O Globo em maio de 2002, Meg declarou: “O que me levou a blogar, sempre escrevo isso, foi a dor causada por duas doenças graves: câncer e severíssima depressão“. Elis, em seu blog pessoal, escreveu a respeito das circunstâncias dessa entrevista: “Fiquei alguns anos tentando conhecê-la pessoalmente. Meg vivia dodói e era de uma timidez impressionante“. Mais adiante, revela: “Nunca mais consegui encontrá-la. Além das viagens constantes à sua terra natal, Meg sofria com uma doença que a deixava cada vez mais isolada“. Ao contrário da Elis, nunca conheci Maria Elisa pessoalmente: mantive, ao longo desses anos, uma correspondência bissexta (em e-mails nos quais Meg constantemente intermediava por amigos, divulgando blogs pouco conhecidos que mereciam maior atenção), além de ter recebido dois ou três telefonemas dela.
Abatido pela notícia, e após encontrar diversasrepercussões na Web (no total, cerca de 50 blogs dedicaram posts a Maria Elisa Guimarães, inclusive em Portugal), escrevi um post em sua homenagem. Diversas manifestações de pesar foram deixadas nos comentários, inclusive um relato de Marcus Pessoa, que revelou ter sido aluno, há cerca de 20 anos, das aulas de filosofia ministradas por Meg na Universidade Federal do Pará. Marcus escreveu: “Ela tinha problemas de depressão e às vezes faltava várias aulas seguidas, mas as demais que dava durante os períodos de boa saúde compensavam, e muito, as ausências. A turma toda gostava dela“.
No dia 21, recebi e-mail de uma amiga da Meg que manifestava dúvidas sobre sua morte. Meu primeiro pensamento, naturalmente, foi de ceticismo e perplexidade quanto à veracidade da mensagem. Porém, dois dias depois, Sergio Fonseca me procurou manifestando estranheza pelo fato de um recado, assinado por Meg no perfil que ela mantinha no Orkut (perfil que acabou sendo apagado no sábado), ter sido deixado no scrapbook de um certo Flávio S. no dia 19 de janeiro. Ou seja, cinco dias após ela supostamente ter falecido. A partir daí, iniciou-se uma troca de e-mails entre diversos amigos de Meg, compartilhando indícios cada vez mais crescentes de que, parafraseando a famosa frase de Mark Twain, as notícias acerca da morte de Maria Elisa haviam sido exageradas.
Tereza Quetzal, a amiga que teria acompanhado Meg no hospital em Nova Iorque, deixou comentários em diversos blogs que lamentaram os acontecimentos. Não foi difícil constatar, rastreando seu IP, que ela acessava a rede não dos Estados Unidos, onde teoricamente deveria estar, e sim de algum lugar cujo provedor de Internet é a Telemar Norte (Belém do Pará, por exemplo). E basta um olhar atento à “última foto“, publicada no blog de Paulo José Miranda, para constatar que a imagem foi grosseiramente manipulada. Além disso, a foto exibe um rosto que não corresponde, de modo algum, às feições atuais de uma mulher cujo primeiro emprego na Universidade Federal do Pará foi de bibliotecária na Biblioteca Central da UFPA, cargo para o qual foi admitida por intermédio de um concurso realizado em 1973. No qual, diga-se de passagem, foi aprovada em primeiro lugar.
Maria Elisa Guimarães não ficou muito tempo na função de bibliotecária. Após finalizar um curso de Letras e um mestrado em Filosofia, tornou-se uma das mais qualificadas professoras da UFPA. No entanto, foi aposentada da universidade alguns anos depois, após sofrer um processo administrativo no qual foi considerada incapacitada para trabalhar, devido a constantes ausências provocadas por crises desencadeadas pelo transtorno bipolar afetivo, doença na qual uma pessoa oscila entre euforia e depressão com raríssimas escalas no meio-termo, vivendo uma montanha-russa emocional extremamente desgastante e periculosa. Livros como o excelente Uma Mente Inquieta, de Kay Redfield Jamison, ou a entrevista que Drauzio Varella realizou com Valentim Gentil Filho, professor de Psiquiatria na USP, dão uma noção deste mal que, se não é diagnosticado e tratado com precisão, destrói a vida não apenas do paciente, como também das pessoas de convívio mais próximo (eu, que namorei por 4 anos uma mulher que sofre de transtorno bipolar, senti na alma a gravidade dessa doença).
Após conversar por telefone com alguns amigos que conhecem Meg pessoalmente, além de acionar colegas que moram em Belém a fim de apurar fatos e montar esse quebra-cabeça, posso afirmar: Maria Elisa Guimarães não se divertiu (como algumas pessoas insinuaram maldosamente por aí), nem um pouco, com a morte que acabou por forjar. Meg, que após os desastrosos acontecimentos dos últimos dias deletou seu blog Sub Rosa, mora atualmente em um dos apartamentos do prédio da foto ao lado, na companhia de sua fiel amiga, a professora de Matemática Selma S. (chamada por Meg de “irmã”). Sobre os motivos que levaram Maria Elisa Guimarães a criar esse drama burlesco, tomo emprestadas as palavras de Luiz Antônio Gravatá, talvez a voz mais serena a se pronunciar sobre o caso, ao comentar determinadas reações virulentas a uma morte forjada que, se não pode de maneira alguma ser justificada, foi criada por uma pessoa que indubitavelmente sofre de “um supremíssimo cansaço“:
“O que mais me impressiona é a falta de sensibilidade do ser humano. Quanta coisa se escreve de maneira fútil, quando não se conhece a verdade? Cora acertou na mosca. Onde estão as ‘maldades’ de Meg? Da Magali, com muita razão, todos sentimos pena. Mas, e se Meg tivesse entrado em contato com a Magali, uma senhora sofrida, e dela recebesse compreensão? Na segunda ‘maldade’ há que se explicar mais: seria, talvez, garantia de empréstimos, favores prestados? E se Meg tivesse querido se afastar de Paulo, como aventou Cora, e não tenha imaginado tal repercussão? Meg é inteligente, culta, tem a doença, foi uma pessoa bonita e pode estar em situação que nem eu, nem ninguém gostaria de estar: sem recursos, presa a uma cama, carente, com amigos virtuais somente. Nós somos felizes e não sabemos“.
Quem souber ler nas entrelinhas não necessita de mais esclarecimentos sobre o caso. Eu, que não conheço a Meg pessoalmente, e que dela só recebi amizade, carinho e compreensão durante os anos em que trocamos e-mails, fiquei em um primeiro momento extremamente aborrecido quando constatei a farsa de sua morte. Mas foi uma raiva egoísta, movida unicamente pelo sentimento de ter sido ludibriado. Reitero: não justifico o que ela fez, principalmente as lágrimas alheias que provocou em muitas pessoas. No entanto, não há ninguém que tenha sido mais prejudicada do que Maria Elisa Guimarães. Eu tenho, nós temos a grande sorte de não estarmos no lugar dela. Somos humanos: erramos, julgamos, condenamos outras pessoas. Mas quantos de nós fazem o esforço sobre-humano de se imaginar na pele do outro a fim de tentar, genuinamente, compreendê-lo?
Toda essa história me fez lembrar de uma composição do genial Noel Rosa, “Fita Amarela“, na qual o Poeta da Vila imagina como seria o seu funeral. A estrofe final diz: “Meus inimigos/ Que hoje falam mal de mim/ Vão dizer que nunca viram/ Uma pessoa tão boa assim“. De fato. Mas ninguém expressou melhor toda essa situação do que César Miranda, outro escriba que me obriga a assinar embaixo, em cima e do lado de suas palavras:
“Eu já desconfiava que o povo tem essa tese, de que defunto bom é defunto morto. É só saber que o defunto não morreu, que o povo desce o cacete no coitado. Antes, quando estava morto, era a melhor pessoa do mundo, agora que renasceu, não vale nada. Parece que o grande defeito da Meg teria sido não ter morrido. Se eu fosse a Meg, agora é que eu não morria mesmo, só de pirraça. (…) Mesmo se for uma farsa, continuarei amando a Meg e reafirmando que o fato de ela ter morrido, não a impede que desmorra, pois é direito de todo defunto deixar de sê-lo. Defunto bom é defunto ressuscitado. Oi, Meg!“
Graças à Fox Filmes e, em especial, à senhorita Renata Pimentel, tive a oportunidade de fazer algumas perguntas a Stefen Fangmeier, diretor de Eragon, filme que descrevi na resenha que fiz para a Rolling Stone como um mashup razoavelmente bem remixado e remasterizado de diversas histórias conhecidas (em particular, de O Senhor dos Anéis), fazendo jus ao preceito lavoisieriano de Hollywood: nada se cria, tudo se refilma. A entrevista deixa claro que Fangmeier é um cineasta de estúdio. Quando perguntei se não estava em seus planos dirigir filmes que prescindam de efeitos especiais, ele afirmou: “primeiro terei que me estabelecer como um diretor de sucesso“. Ou seja, nem lhe passou pela cabeça a hipótese de desenvolver um projeto independente, fora do abrigo (e das exigências comerciais) de um grande estúdio.
Independentemente de seus eventuais méritos artísticos, é interessante saber o que se passa na cabeça de um cineasta que, anteriormente indicado três vezes ao Oscar por ter integrado as equipes de efeitos especiais dos filmes Twister (1996), Mar em Fúria (2000) e Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo (2004), aventurou-se pela primeira vez na direção em um filme que já faturou mais de US$ 226 milhões nas bilheterias do mundo inteiro. Enjoy it!
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Logo em sua estréia como diretor, você assumiu um filme com orçamento de US$ 100 milhões, que está sendo encarado pelo estúdio como possível prelúdio de uma nova franquia. Como foi lidar com tamanha pressão?
Evidentemente, havia muita pressão para que eu entregasse um filme extremamente excitante, que fosse capaz de atingir um público muito grande e que se tornasse um sucesso comercial. Isso também exigiu um alto grau de envolvimento de todas as pessoas envolvidas na produção. Não pude, pois, tomar decisões realmente significativas sozinho. Algo que eu até já esperava, mas não no nível em que aconteceu. Tentei ser muito colaborativo com essas pessoas do estúdio e sempre procurei ver o lado positivo do seu envolvimento. Ver que, na verdade, eles estavam dividindo comigo a responsabilidade de produzir um filme tão grandioso logo na minha estréia. Afinal das contas, eu sou o diretor e a maior parte do público pensa que sou responsável por todos os detalhes do que eles assistem. Embora esta seja a percepção geral do processo de fazer um filme, certamente não é a realidade em grandes produções na indústria de Hollywood. A não ser, é claro, que você seja Steven Spielberg ou George Lucas.
Você foi diretor de segunda unidade de Heróis Fora de Órbita, filme que satirizava o universo dos fanáticos por Star Trek. Agora que você foi o responsável pela adaptação de um best-seller que arrebatou uma legião de fãs radicais, como foi a experiência? Foi complicado lidar com as reclamações daqueles que se queixaram das mudanças do livro para o filme?
Logo que comecei a trabalhar no roteiro de Eragon com uma equipe de escritores, eu já imaginava que alguns fãs do livro não iriam ficar satisfeitos com as mudanças que estávamos fazendo. Mas não há como agradar a todos. Adaptar um livro tão denso para o cinema significa, necessariamente, ter que deixar de fora alguns elementos que não nos pareciam ser tão essenciais, reestruturando partes da trama. Como nesse caso também houve muita participação do estúdio, não sinto que esta seria a minha adaptação própria. Mesmo que os fãs queiram culpar o diretor pelo que não ficou tão bom, em seus julgamentos.
O uso dos efeitos especiais no cinema contemporâneo não está sendo supervalorizado? Na sua condição de expert em efeitos visuais, com várias indicações ao Oscar no currículo, você não pensa em um dia dirigir um filme que prescinda de efeitos do tipo?
Efeitos especiais são apenas uma ferramenta para o cineasta – algo que certamente pode criar uma série de elementos muito interessantes para se utilizar quando contamos uma história. No entanto, creio que alguns filmes apelam demais para os efeitos especiais e deixam a história num plano secundário em relação ao espetáculo e à ação.
Sim, eu tenho muito interesse de dirigir um filme que não precise de efeitos especiais, embora creia que seja difícil convencer um estúdio a me escolher para dirigir um roteiro assim neste estágio da minha carreira. Por isso, primeiro terei que me estabelecer como um diretor de sucesso (e, para isso, é preciso mais que apenas um filme), para depois poder me envolver em projetos diferentes dos filmes pelos quais sou conhecido agora.
Quais são seus cineastas prediletos?
Sou muito eclético com relação a cinema, arte e música. Mas sempre identifico imediatamente quando gosto ou não de alguma coisa. Por isso, acho mais fácil listar os meus filmes prediletos, como Blade Runner, Chinatown, Lawrence da Arábia, O Samurai, Beleza Americana e Gallipoli. Mas há muitos outros, até de outros estilos, como comédia. A maior parte dos cineastas faz filmes muito diferentes ao longo da sua carreira. Às vezes gosto de vários trabalhos de um diretor na seqüência, às vezes não. Então, prefiro fazer uma lista de filmes favoritos do que de diretores.
Quem cresceu tendo a televisão como babá eletrônica possui como principais referenciais de memória afetiva lembranças audiovisuais. Não é de se admirar, pois, que o YouTube tenha se tornado, em tão pouco tempo, um site tão imprescindível a ponto de ter causado comoção nacional quando foi bloqueado devido a certa ação na Justiça. Imagens que pensávamos que jamais teríamos a oportunidade de rever foram parar na rede graças ao ovo de Colombo que é o YouTube, primeiro site a efetivamente democratizar tanto a publicação quanto a visualização de vídeos raros como o momento em que Roberto Carlos apresentou a canção “Amigo” pela primeira vez para um emocionado Erasmo Carlos, a cena de um filme mostrando João Gilberto, Tom Jobim (sem camisa) e Luiz Bonfá cantando em uma praia para três embevecidas fãs, ou a abertura do programa Globo Cor Especial, cujo tema era a sensacional “Cinto de Inutilidades“, composta por Nelson Motta, Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle (sim, o YouTube ainda renderá muitos posts aqui).
Ao se referir ao YouTube, não é possível deixar de citar o poder que o site possui de ser um veículo de denúncia de arbitrariedades que ocorrem mundo afora, sejam elas um ato de brutalidade policial em Oaxaca, México, ou um ataque aéreo em meio aos embates envolvendo Israel e o Hizballah (recomendo, aliás, a leitura de “The Beast With a Billion Eyes“, excelente artigo de James Poniewozik para a revista Time). Mas é incontestável afirmar que um dos maiores apelos do YouTube é o fato de o site representar uma fonte inesgotável de puro entretenimento. Continue Lendo
Bruno Alves encontrou em alguns blogs no exterior a seguinte brincadeira: escrever um post expondo 5 metas pessoais para este ano de 2007, e depois convidar outros 5 blogueiros para passarem adiante a corrente. O Bruno trouxe a brincadeira para o Brasil no dia 26 de dezembro do ano passado, e a partir daí ela se multiplicou feito Gremlins molhados pela blogosfera tupiniquim, como mostra este post de Alexandre Fugita intitulado “A árvore genealógica de um meme”.
Eu, como procrastinador contumaz que sou (já fui convocado para mais duas brincadeiras do tipo desde então), ingresso nesta corrente com um certo atraso, após ter sido convidado pelo Fabio Seixas, pelo Nick Ellis e pelo Ibrahim Cesar. Mas enfim, eu fardo mas não talho. Eis 5 dos meus objetivos para 2007:
1. Finalmente ver no ar um projeto que pretende dar condições para que alguns dos mais talentosos blogueiros brasileiros possam pensar em pagar suas contas fazendo exclusivamente o que sabem fazer melhor: escrever.
2. Desmentir certa afirmação, já citada anteriormente neste blog, segundo a qual as mulheres mais interessantes ou moram distantes de mim, ou estão comprometidas.
3. Fazer mais viagens ainda. Tanto as maionésicas quanto, principalmente, as de cunho turístico.
4. Ler no mínimo três livros por mês. E iniciar esta resolução devorando os cinco livros da série O Guia do Mochileiro das Galáxias, presentaço que ganhei do meu amigo Marmota.
5. Assistir mais filmes, até porque serei em breve o responsável pelos textos sobre cinema de um site que logo mais entrará no ar.
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P.S. 1: Em vez de convocar 5 blogueiros para participarem desta corrente, imitarei o Edney: os 5 primeiros que desejarem entrar na brincadeira e deixarem nos comentários sua lista de objetivos para 2007 ganharão links neste post. Eis os 5 blogs que desejam entrar na corrente: Ignorância é Fogo, Contos Bregas, Casa da Tuka, Fábio Resende e Caminhos do Ser.
P.S. 2: Em termos de realizações pessoais, posso dizer que este ano começou muito bem. Escrevi duas resenhas para a mais recente edição da Rolling Stone Brasil (com Rodrigo Santoro na capa), Pensar Enlouquece foi considerado um dos melhores blogs do ano segundo o Top Seven Scream & Yell (a propósito, estes foram os meus votos), participei da eleição dos melhores do ano da crítica do Prêmio Bizz 2007 e do júri do Festival Brainstorm #9 de Publicidade Fantasma, e ainda recebi uma citação bacana no recém-lançado projeto 1001 Blogs. 2007 definitivamente promete.
P.S. 3: O item 1 da lista deveria ser “responder pontualmente aos e-mails que recebo”, mas decidi incluir apenas metas que eu sei que posso cumprir…
P.S. 4: Perdi meu celular em algum brinquedo no Playcenter, onde estive neste último domingo comexcelentescompanhias. Bem, o fato é que a gente não deve se apegar aos bens materiais, certo? Já tratei de comprar um novo aparelho e consegui manter o mesmo número de telefone. Entretanto, toda a minha agenda de contatos foi para o espaço. Portanto, peço um favor aos meus amigos: e-mailem-me informando os seus respectivos telefones!
Há quase cinco anos dediquei os versos acima, publicados pelo poeta bissexto José Saramago no livro Os Poemas Possíveis (1966), para a minha amiga Maria Elisa Guimarães. Nascida em Belém do Pará, Meg foi professora de Filosofia, crítica literária e uma das blogueiras mais importantes do Brasil. Sempre generosa, sempre incentivando os inúmeros amigos que fez graças ao seu blog, o Sub Rosa, minha querida amiga Meg deixou este mundo na noite do dia 14 de janeiro.
Em uma preciosa entrevista concedida à jornalista Elis Monteiro em maio de 2002, Meg afirmou: “Escrever um blog é uma tarefa que não se faz sozinho. Vira um trabalho coletivo. Quer no fato de que as pessoas que nos lêem seguem indicações e chegam a outros destinos, vão em frente, como também suas críticas, seus questionamentos, os que apontam erros nossos, contribuem expressivamente para se saber a quantas se anda. (…) Acho que blog é uma experiência conjunta de se viver melhor. Da prática da partilha, a negação da propriedade absoluta. Exercício de esforços do afeto“.
Meg, você foi a mais generosa das amigas que fiz neste vasto (às vezes decepcionante, quase sempre gratificante) mundo que é a Web. Obrigado por seu afeto e pelo incentivo constante que você deu a todas as minhas iniciativas na rede, desde os tempos em que eu escrevia no Logopéia e no Spam Zine. Obrigado pela paciência que você sempre teve com meus e-mails atrasados (você, sim, foi um presente que ganhei na Internet e na minha vida pessoal). Obrigado, enfim, pelas preciosas lições de vida, de escrita e de amizade que tanto me iluminaram e me enriqueceram. Meg, você estará sempre aqui, em um lugar especial no meu coração. E você me perdoe, por favor, pela voz embargada e desafinada, mas é que gostaria de lhe dedicar este verso: “adeus não, me diga até logo“. Um beijo deste seu amigo relapso.
O ano mal começou, mas uma constatação já pode ser feita: a blogosfera brasileira está fazendo barulho e ganhando crescente visibilidade em todas as esferas, seja na considerada “mídia tradicional” ou, como mostra esta matéria do site Comunique-se, nas grandes empresas. A seguir, alguns exemplos do que digo.
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O São Paulo Fashion Week, maior evento de moda da América Latina, acaba de reconhecer a crescente importância dos blogueiros como produtores de conteúdo com credibilidade e qualidade, emitindo credenciais de imprensa para o Oficina de Estilo, capitaneado pela dupla Fernanda Resende & Cristina Zanetti, e mais 11 blogs brasileiros, incluindo Apocalipse Motorizado, vencedor da mais recente edição do prêmio The BOBs na categoria Melhor Weblog em Português. A Motorola, um dos principais anunciantes da SPFW, bancará ainda a vinda de alguns dos principais blogueiros de moda do exterior (dentre eles, Face Hunter e Coolhunting), que, ao lado dos blogs brasileiros (veja aqui a relação completa dos participantes) serão responsáveis pelo conteúdo de um “superblog” que fará a cobertura de todo o evento.
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Daniella Cicarelli, em entrevista ao Jornal da Globo concedida ontem ao repórter Alan Severiano, afirmou com todas as letras, sobre a desastrosa ação que culminou no bloqueio do YouTube, que a decisão de entrar com o processo na Justiça foi de responsabilidade exclusiva do seu namorado, Renato Malzoni. Disse a modelo: “Eu não tenho nada a ver nem com esse pedido, nem com a decisão da Justiça. Ele (Renato) está fazendo o que acha certo, eu não vou me intrometer na decisão dele. Afirmou ainda que, por não estar envolvida com a ação, sequer terá direito a participação em possíveis indenizações por danos morais à sua imagem. Para arrematar, afirmou a respeito de sua participação em todo o imbróglio jurídico: “Eu não posso pedir desculpas por algo que não tenho culpa“.
A emissora em que a protagonista do vídeo trabalha, a MTV, recorreu ao te para divulgar um comunicado oficial sobre o caso que fez com mais de 80 mil e-mails de protesto fossem enviados ao canal. Nele, afirma:
O problema dessa história é que tanto as afirmações de Daniella Cicarelli quanto da MTV são desmentidas pelo cabeçalho do agravo Nº 472.738-4, que mostra quem foram os autores do pedido judicial que acabou por censurar o YouTube no Brasil:
Os créditos dessa descoberta vão para o atento blogueiro Carlos Cardoso. É de se perguntar: não seria muito melhor para a imagem pública da senhorita Daniella Cicarelli Lemos se ela admitisse sua parcela de culpa neste episódio?
UPDATE:Edney Souza levantou a seguinte lebre: o primeiro agravo, em nome do casal Renato e Daniella, concedeu a proibição da veiculação do vídeo na Internet. Teria sido o segundo agravo, portanto, de Nº 488.184-4/3 (no qual o único agravante é Renato Malzoni), o responsável pela concessão do bloqueio do site YouTube. Teoricamente, portanto, Daniella não teria realmente responsabilidade pela censura na Internet, ao menos sob o ponto de vista jurídico. É o que afirma também Cynthia Semíramis, mestre em Direito.
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A edição desta semana da revista Isto É apresenta como matéria de capa uma reportagem com os “100 brasileiros mais influentes de 2007″. Pois não é que, dentre personalidades como Lula, José Serra, Bernardinho, Rodrigo Santoro e Juliana Paes, aparece lá o nome de Antonio Pedro Tabet, melhor conhecido pela alcunha de Kibe Loco? Pudera: Mr. Tabet criou um blog que, surgido em abril de 2002, possui atualmente média diária de 100 mil visitantes. Mas ele não é o único blogueiro elencado entre os 100 mais: Bruna Surfistinha, que é leitora (ainda que por vias tortas) dos meus textos, também está na lista. Estranhei, no entanto, a afirmação feita pela matéria: “Para 2007, ela é uma das pessoas na qual críticos e editores apostam as suas fichas“. Ahn… críticos?
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E pensar que todo esse burburinho já está ocorrendo sendo que ainda não entraram no ar três projetos coletivos, que estão em pleno andamento, reunindo alguns dos mais conhecidos blogs brasileiros…
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.