Será que um drama sobre dois cowboys homossexuais que sofrem ao viver o amor que não ousa dizer seu nome ganhará o Oscar de melhor filme na conservadora América de Bush Júnior? A julgar pelo seu histórico de premiações, sem dúvida nenhuma. Afinal de contas, “O Segredo de Brokeback Mountain” já recebeu o Globo de Ouro de melhor drama, o Leão de Ouro de Veneza e os principais prêmios dos sindicatos de diretores e produtores de Hollywood. Além disso, é a produção com maior número de indicações (oito) ao Oscar 2006: melhor filme, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, trilha sonora, diretor (Ang Lee), roteiro adaptado (Larry McMurtry & Diana Ossana) e fotografia (Rodrigo Prieto).
Na disputa com “O Segredo de Brokeback Mountain”, estão no páreo “Boa Noite e Boa Sorte” (6 indicações), dirigido por George Clooney, “Crash - No Limite” (6 indicações), de Paul Haggis, “Capote” (5 indicações), de Bennett Miller, e “Munique” (5 indicações), de Steven Spielberg. As cinco produções que competem ao Oscar 2006 de melhor filme também foram indicadas para a estatueta de melhor direção, fato que não se repetia desde 1982, quando “Carruagens de Fogo”, “Reds”, “Atlantic City”, “Caçadores da Arca Perdida” e “Num Lago Dourado” foram os finalistas de ambas as categorias. Spielberg, nome em comum nas indicações de 1982 e 2006, disputa pela sexta vez o Oscar de melhor diretor, sendo que já levou a estatueta duas vezes, por “A Lista de Schindler” (1993) e “O Resgate do Soldado Ryan” (1998). Não creio, porém, que ele seja capaz de tirar a premiação das mãos do taiwanês Ang Lee, indicado anteriormente por “O Tigre e o Dragão” (2000). Continue Lendo
Volta e meia a Internet cria celebridades instantâneas, que desfrutam de seus 15 bytes de fama e depois somem na memória volátil da rede. Gizele Silveira (a “Madonna capixaba”), Fabíula Rodrigues (a “Darlene de Brasília”), Neisa Pantera e Ruth Lemos são alguns dos exemplos mais conhecidos de figuras que se tornaram notabilizadas por citações em blogs, sites e e-mails, para serem esquecidas pouco depois. Pois bem, a nova personalidade mais famosa de todos os tempos da última semana na Web brasileira é o cantor paranaense Everton Adroal, 24, melhor conhecido através de seu nome artístico, Ewerton Assunção.
Com a rapidez com que informações são disseminadas no ciberespaço, em menos de duas semanas os internautas brasileiros ouviram, divertiram-se e reencaminharam para os amigos o arquivo mp3 de uma singela balada intitulada “Vou te Excluir do Meu Orkut“, possível marco de um novo gênero musical, o “sertanerd”. Os créditos de seu efusivo sucesso virtual vão para a letra, que transpõe para o universo das canções de dor-de-cotovelo (vulgo “músicas de corno”) termos informáticos, vide o seu refrão:
“Eu vou te deletar, te excluir do meu orkut
Eu vou te bloquear no MSN
Não me mande mais scraps nem e-mail Power Point
Me exclua também e adicione ele”
Contudo, Ewerton pretende ser mais do que uma celebridade instantânea e logo esquecida. Para escapar da alcunha de “one-hit wonder“, possui um repertório próprio com possíveis hits potenciais como www.com.muitoamor e Coração de Silicone. Será que o intrépido curitibano conseguirá repetir no Brasil os feitos de grupos como Arctic Monkeys e Clap Your Hands Say Yeah, que usaram a Internet como meio de divulgação de suas músicas e lançaram seus álbuns de estréia com grande sucesso? Em entrevista exclusiva para este blog, Mr. Assunção conta como surgiu a inspiração para a letra de “Vou te Excluir do Meu Orkut”, revela que já foi procurado por uma grande gravadora e fala de sua breve participação em “Ídolos“, versão brasileira do programa “American Idol” que será exibida a partir de março no SBT.
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Há quanto tempo foi feita a gravação de “Vou te Excluir do Meu Orkut”? Você tem idéia de como a sua canção foi parar na rede e tornou-se tão conhecida nas últimas semanas?
Criei a letra da música em outubro de 2005. Gravei-a logo em seguida, pra ver como ficaria e também pra não esquecer da letra. Depois, mostrei o resultado para os meus amigos. Um deles enviou para alguém, que enviou para outro alguém e assim por diante, até que um deles criou uma comunidade, que tem nome um pouco diferente do título da música (nota: a comunidade “Eu Vou te Deletar do Meu Orkut“, criada em 28 de dezembro de 2005, passou de 750 para mais de 2.500 membros em apenas 3 dias).
De onde veio a inspiração para a música?
A história aconteceu quando eu ainda trabalhava de atendente de telemarketing. Dois colegas de trabalho, o Thiago e a Fran, começaram a ter algumas briguinhas. Como sempre nos comunicávamos por instant messenger, o Thiago acabou bloqueando a Fran. Logo em seguida ela o excluiu do Orkut, e assim por diante. Os dois fizeram até uma aposta para ver quem é que desbloquearia primeiro o outro do MSN. A parte da música que fala de Power Point surgiu porque eu sempre recebia um monte de e-mails assim deles mas nunca os abria. Já o trecho que fala do ex-namorado é pura ficção…
Até pouco tempo atrás, antes do seu estouro na Internet, você recebia pedidos por intermédio do seu site e enviava seus CDs gratuitamente a quem os solicitasse. Agora que o número de pedidos aumentou, você pretende pôr seu álbum à venda? Já foi procurado por alguma gravadora?
Quando eu oferecia meu CD independente na Web, estava pensando em achar um patrocínio. Mas recebi nesta semana um e-mail da gravadora EMI, e quem sabe pode dar certo de eu gravar meu álbum com eles?
Você já teve que excluir alguém do Orkut ou bloqueá-lo no MSN?
Não, eu não excluí ninguém ainda (risos)! Mas bloquear às vezes tem que bloquear, quando o cara é muito chato ou quando quer cobrar alguma dívida (risos)!
Você deve estar consciente de que boa parte desse hype virtual surgiu porque muitos acham a sua música engraçada. Incomoda o fato de sua canção ter estourado por causa desse lado involuntariamente cômico?
Isso eu quero esclarecer. Eu não fiquei chateado, adorei saber que todos acharam minha música engraçada. Minha intenção inicial é de que fosse uma música romântica, mas beleza, a vida é assim mesmo.
O filão do “sertanerd” voltará a ser explorado com canções do tipo “Não Comente Mais em Meu Blog” ou “Downloads da Paixão”?
Boa dica, “Downloads da Paixão” pode virar hit (risos)! Na verdade, se surgir a inspiração de uma nova letra, com certeza eu vou fazer sim.
Você participou recentemente do processo de seleção de “Ídolos” mas foi “deletado” pelos jurados, apesar de ter feito sucesso na fila de candidatos com sua canção do Orkut. Qual foi a justificativa dada?
Não me apresentaram justificativa, apenas falaram: “não foi desta vez, ano que vem você tenta de novo”.
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P.S. 1: Confira aqui e aqui dois vídeos caseiros com a música de Ewerton como trilha sonora.
P.S. 2: Rodney Dy, cantor que fez relativo sucesso com o “Funk da Pamonha“, também buscou inspiração na rede virtual de relacionamentos para suas composições. Confira, pois, “Música do Orkut“, dos singelos versos “Eu hoje vou fazer uma prece/ Eu espero que você me escute/ Eu quero ser convidado pra entrar no seu Orkut“.
P.S. 3: Posts relacionados: All your memes are belong to us e Ruth Lemos, Gary Brolsma e Adolar Gangorra.
Há cerca de dois meses, circulou pela Internet uma campanha publicitária da gravadora Virgin, intitulada “Exercise Your Music Muscles“, em que cada elemento da propaganda remetia a algum cantor ou grupo musical. Não foram poucos os incautas (eu incluído) que gastaram horas tentando descobrir todas as bandas escondidas na fotomontagem. Diante da tremenda repercussão entre os internautas, não tardou para que surgissem as versões brasileiras dessa brincadeira. A primeira, publicada na coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, pode ser visualizada neste post do Brainstorm#9 (que é, diga-se de passagem, um dos finalistas do concurso internacional Battle of the Ad Blogs).
Pois bem, a revista Flashback também entrou na brincadeira, e em grande estilo. A edição 10, que está nas bancas, traz uma sensacional ilustração de Tato Araújo repleta de Wallys musicais prontos para serem decifrados; para ser mais exato, são 49 grupos e cantores brasileiros. Clique aqui para visualizar a ilustração em tamanho maior, e participe da promoção da Flashback: o primeiro leitor a encontrar todas as bandas e mandar a resposta para [email protected] ganhará uma coleção com quatro DVDs da publicação (a solução será publicada no site da revista no dia 5 de março). E prepare-se para gastar algumas horas de sua vida entretido com mais esta brincadeira…
A despeito das politicagens e das balas perdidas, dos juros altos e do despertador nas manhãs de segunda, das manchetes de jornais e das porradas que o mundo continuamente nos dá no estômago da alma, a cada novo ano que surge reencontro sorrisos e pequenos milagres ao meu redor que me fazem constatar, com convicção teimosamente firme, que a vida é doce e cheia de possibilidades.
Eu sei que fazer um balanço de 2005 quase no final do primeiro mês de 2006 é algo que soa tão anacrônico como se a pauta do próximo Globo Repórter fosse uma reportagem sobre ioiôs e bambolês, mas o fato é que meu timing é péssimo, a ponto de eu costumeiramente cumprimentar meus amigos por seus aniversários muito depois de as formigas terem levado a última migalha do bolo. Nos estertores de 2005, uma das resoluções bestas de fim de ano que fiz foi esta: independer do Orkut para lembrar dos aniversários de meus camaradas. Não posso me levar a sério: outra de minhas resoluções é passar a atualizar o blog com maior constância, ho ho ho! Mas enfim, que se foda a descontextualização temporal, até porque uma das melhores coisas de se manter um blog é a liberdade de escrever desvencilhado de pautas.
Neste primeiro post de 2006, não posso deixar de olhar para o retrovisor e saudar 2005, esse ano do caralho em que conheci novos lugares e pessoas, amei, desamei, levei muita porrada, também dei as minhas, fiz novos amigos de infância e não perdi nenhum, fiquei mais próximo de minha família, escrevi para diversas publicações bacanas, mantive minha conta bancária longe do vermelho, ganhei a maior parte das batalhas que travei e, enfim, vivi uma porção de momentos absolutamente sensacionais, que carregarei no bojo de minhas lembranças até o dia em que não estarei mais por aqui.
Cada dia é um novo parágrafo ansioso por ser escrito, cada nova manhã que testemunho me dá vontade de dizer para o sol: agora que você nasceu, não tem mais como se esconder. E que bom, que bom que seja assim.
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Embora tenha abandonado o blog, a ponto de ter sido citado por meu colega Alex Castro em um post sobre a morte da “Velha Guarda” blogosférica (estou tão velho assim?), passei as últimas semanas fazendo pequenas participações em lugares bacanas com os seguintes textos:
- “A Eterna Arapuca” no pra lá de cool Cracatoa Simplesmente Sumiu;
- “Top 5 Filmes de 2005” em minha coluna de cinema no site da Antena 1.
- “O Primeiro Texto a Gente Nunca Esquece” no Alma em Punho da minha amiga Roberta de Felippe;
- “Pombos Urbanos” na edição 2 da revista Cortante, capitaneada por meu colega de Gardenal Flávio.
Ah, também estou nas bancas de jornais, assinando uma matéria sobre Neil Gaiman na edição 10 da revista Flashback, e participo como um dos 92 votantes da lista de melhores do ano organizada pelo Scream & Yell (minha relação de prediletas de 2005 está aqui).
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2006 será o melhor ano de nossas vidas.