Ajude a financiar o álbum do Petisco no Catarse

Por Rob Gordonquinta-feira, 13 de setembro de 2012

Histórias em quadrinhos?

Definitivamente, é mais fácil ler do que fazer. Especialmente no Brasil.

Eu descobri isso há pouco mais de um ano atrás, quando recebi um convite do Mario Cau, desenhista que já acumula vários projetos, para produzirmos juntos uma HQ. Ele desenharia, e eu escreveria, em parceria com a Marina Kurcis, o argumento e o roteiro, da história seria publicada semanalmente na internet.

Nascia, assim, a HQ Terapia que, como o próprio nome indica, acompanha as conversas entre um jovem e seu psicólogo.

Desta forma, vamos construindo, a cada semana, a cada página, a personalidade deste garoto: as angústias que ele sente sobre sua vida e seu futuro; a sensação de estar vivendo em função do que os outros esperam dele; suas indecisões e dúvidas sobre o amor… E sua paixão por blues clássico – mais que seu gênero musical preferido, um verdadeiro estilo de vida para ele.

A aventura era arriscada. Afinal, o tema da HQ é bastante espinhoso. É rico, mas espinhoso. Tratamos, muitas vezes, de assuntos como solidão, desconforto, falta de perspectiva, mas sempre de forma atraente – o que não quer dizer usar soluções fáceis – para que o leitor tenha a vontade de voltar na semana seguinte. É preciso considerar as teorias da Psicologia, o cotidiano do consultório e mesclar tudo numa história interessante. Isso, claro, sem falar em pinçar referências de músicas de blues das décadas de 20 e 30 para temperar os sentimentos do personagem central.

Mas, aparentemente, conseguimos.

A série começou a crescer bastante graças ao boca a boca dos leitores. Logo, começamos a receber elogios de pessoas que não conhecíamos – o que deixou claro que não eram mais apenas os amigos que estavam lendo. Com o tempo, começamos a receber resenhas positivas em sites especializados e elogios de grandes profissionais da área. E, mais recentemente, a grande surpresa: recebemos o HQMix de Melhor Web Quadrinhos, o maior prêmio da indústria de HQs do Brasil.

De repente, Terapia estava maior que imaginávamos. Muito maior.

E aí voltamos ao que eu disse no começo: é muito difícil fazer quadrinhos no Brasil.

Por mais que a cena brasileira esteja bastante movimentada, com talentos surgindo e editoras investindo cada vez mais neste segmento, ainda é bastante difícil cavar espaço. A grande mídia praticamente ignora as publicações independentes – virtuais ou físicas. Assim, existe muito material de qualidade que não chega ao leitor por mera falta de oportunidade. É o mesmo que acontece em música, literatura ou qualquer outra arte.

No caso de Terapia, temos a sorte de sermos publicados pelo site Petisco.

Com sua proposta de apresentar diversas séries de quadrinhos atualizadas semanalmente – no mesmo formato das HQs publicadas nos jornais durante a primeira metade do século 20 – nós e os demais autores recebemos todo o apoio possível. E isso vale para tudo, especialmente a divulgação que, claro, ainda depende muito do boca a boca (algo pelo qual somos muito gratos a todos os leitores, os principais divulgadores do projeto).

Claro que com tudo isso veio o sonho de ver Terapia chegar ao papel. E o sonho não era apenas nosso, mas também dos leitores. Aliás, não me lembro do que aconteceu primeiro: os leitores começarem a nos cobrar uma versão impressa, ou nós começarmos a pensar no assunto. Mas o que importa é que a vontade dos leitores em ter uma versão impressa de Terapia na estante de casa nos mostrou que estávamos no caminho certo.

E este sonho continua. Mas, como aconteceu desde a primeira página, queremos dar um passo de cada vez. Planos, existem muitos, e apesar da vontade de levar Terapia para o papel, veio antes a chance de colocar o Petisco inteiro. Nasceu, assim, a ideia de um álbum reunindo uma história curta – inédita e exclusiva – de cada uma das séries publicadas no site.

Assim, além de Terapia, temos Nova Hélade (Cadu Simões e Ângelo Ron), Nanquim Descartável (Daniel Esteves e vários desenhistas), Demetrius Dante (Will), Macacada Urbana (Vencys Lao) e Beladona (Ana Recalde e Denis Mello). Seis histórias inéditas e completas, que podem ser lidas mesmo por quem não acompanha as séries. Afinal, o objetivo do álbum é muito maior que ver os quadrinhos ganharem o mundo do papel: é promover e divulgar o trabalho de cada um destes profissionais, angariando cada vez mais leitores para cada uma das séries.

Agora, se é difícil conseguir espaço para uma série, que dirá para várias?

Assim, o melhor caminho para um projeto com este formato era o crowdfunding. Afinal, o financiamento colaborativo pode não ser o caminho mais fácil, mas tem muitas recompensas. A primeira delas é estreitar ainda mais o contato com os fãs, o que é extremamente importante. E a segunda é que ele garante que os roteiristas e desenhistas envolvidos no álbum possam manter controle criativo total seu trabalho – algo que julgamos essencial.

Desta forma, hospedamos o projeto no Catarse - http://catarse.me/pt/projects/881 -, site especializado neste tipo de ação. O valor total, R$ 15 mil, parece alto à primeira vista – mas, se levarmos em conta que o total arrecadado já ultrapassou a metade disso, com quase 150 participantes, fica claro que não estamos falando de nenhum valor fora da realidade. Além, claro, dos diversos prêmios de “recompensa” que o colaborador leva junto com o álbum. Tem até páginas originais dos autores!

E o melhor de tudo, para quem participa, é a segurança: afinal, se o projeto não atingir o valor necessário no prazo estipulado, todos os doadores recebem a quantia de volta. Ou seja, mais que doações, o que pedimos dos leitores é que eles apostem no projeto junto conosco.

Se não der certo, ninguém perde.

Agora, se der certo, todos ganham – especialmente os leitores, que receberão uma série de brindes que variam de acordo com a quantia doada, além do nome nos agradecimentos do álbum. Isso, claro, sem falar no álbum em si.

O grande problema é que é uma corrida contra o relógio. Com poucos dias faltando, o caminho ainda é longo. E, por mais que os leitores tenham apoiado a ideia, não apenas financeiramente, mas também divulgando o projeto aos amigos, toda ajuda nesta reta final é bem vinda.

Assim, eu quero encerrar fazendo um convite a você: conheça nosso trabalho.

Acho que as páginas de Terapia - http://petisco.org/terapia/2011/05/terapia-pag-01 - e das outras séries do Petisco - http://petisco.org/ - podem falar mais e melhor do que eu sobre esse assunto. Esqueça que você está no computador e folheie à vontade. Leia tudo, se quiser.

Nós vamos ficar honrados.

Porque o objetivo nunca foi fazer você comprar uma história em quadrinhos.

O objetivo é que você apoie uma ideia.

Pense Nisso!
Rob Gordon

Rob Gordon é publicitário por formação, jornalista por vocação e escritor por teimosia. Autor dos blogs Championship Vinyl - http://www.champ-vinyl.blogspot.com - e Championship Chronicles - http://www.champ-chronicles.blogspot.com -, lançou dois livros de crônicas e colabora com diversos sites. De uns tempos para cá, descobriu que adora escrever quadrinhos.

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Comentários do Blog

  • Júnior

    Vocês pensam se o projeto der certo em lançar novas coletâneas? E parabéns pela excelente arte.
    http://hqnews.org/

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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