Ziriguidum, telecoteco, esquindô lelê?
Alguém acessa blogs durante o Carnaval? Levante a mão quem estiver por aí! o/
Bem, como quem trabalha em casa não tem mais feriado, ficarei em Sampa City atarefado com mil e uma coisas que aparecem aqui e acolá. É possível que, em meio a uma e outra necessária pausa para sair de frente do computador, eu me depare com cenas na TV exibindo os mais de mil palhaços no salão, os peitos da Garota Globeleza da vez, os indefectíveis trocadilhos envolvendo a entrada da Mangueira na Sapucaí ou repórteres extraviados em Salvador ou Olinda que, diante das cenas dos foliões pipocando nas ruas, dirão pela enésima vez a frase “e a festa não tem hora para acabar!”.
Mas olhem, devo confessar que sempre gostei de assistir aos desfiles de escolas de samba. Aliás, lembro-me perfeitamente da primeira vez em que assisti a um desfile carnavalesco: eu tinha oito anos de idade, e atravessei a madrugada em frente à TV junto com minha mãe, admiradora entusiasmada das fantasias e carros alegóricos apresentadas pelas escolas de samba. Fora as noites de Natal e Ano Novo, foi a primeira vez em que pude ficar acordado a noite inteira sem precisar ligar a TV escondido ou temer uma bronca de meus pais. Não preciso dizer que adorei a experiência. Esse desfile, de 1982, também ficou marcado por causa da apresentação do Império Serrano, uma das escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro, que naquele ano apresentou um samba-errado com o peculiar título “Bumbum Praticumbum Prugurundum”. Passei o desfile inteiro tentando cantar tal refrão sem errar; até hoje guardo essa expressão na cabeça.
Perdi o costume de varar a madrugada vendo todas as apresentações das agremiações cariocas, até porque chega uma hora em que as pálpebras finalmente sucumbem aos desígnios de Morfeu. Ainda assim, de vez em quando vejo os compactos que a Globo costuma exibir à tarde. E admiro, com os olhos boquiabertos, a imaginação de carnavalescos como Paulo Barros, Max Lopes e Rosa Magalhães, que ano após ano se esmeram na criação de enredos, alegorias, fantasias e carros alegóricos repletos de soluções da mais alta criatividade. É bóbvio que outro forte motivo para eu acompanhar as escolas de samba são as musas de todo carnaval, que desde pequeno fomentam a atividade de meus hormônios. Vanusa Spindler, Magda Cotrofe, Luma de Oliveira, Cláudia Raia, Isadora Ribeiro, Josi Campos, Monique Evans, Vanessa de Oliveira e inúmeras musas anônimas, que eram flagradas pelas câmeras das TV Manchete e Bandeirantes em suas coberturas dos bailes do Scala, Ilha Porchat Clube, Baile do Vermelho e Preto e outros mais zoneados.
Até hoje só vi um desfile ao vivo; foi em 2002, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Mas, por mais que o carnaval paulista tenha evoluído, não dá para negar que as escolas de samba do Rio estão a anos-luz das paulistanas. Aliás, Marina W. Beth, do blog Espelho Meu, cunhou uma frase sensacional sobre o assunto: “ver carnaval de Sampa é como transar de camisinha”. Sim, ainda verei in loco os desfiles da Marques de Sapucaí e levarei minha mãe a tiracolo. Só não me peçam pra sambar, porque nesse quesito meu jeito desajeitado de dançar honra minhas origens nipônicas…
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Pense Nisso!
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.