Ingmar Bergman (1918 - 2007)
Por Alexandre Inagaki ≈ segunda-feira, 30 de julho de 2007
No artigo publicado no New York Times sobre a morte de Bergman, Mervyn Rothstein transcreve a seguinte declaração do cineasta: “Quando eu era jovem, tinha um medo extremo de morrer. Mas agora penso que ela faz parte de um arranjo muito, muito sábio. É como uma luz que se extingue. Nada que justifique uma agitação“. Uma declaração que não surpreende, vinda de um mestre que elevou a sétima arte a patamares inéditos de densidade artística e filosófica.
Das muitas obras-primas do cineasta sueco, meu filme predileto é O Sétimo Selo, de 1957. Dele, transcrevo alguns diálogos que provam que Ingmar Bergman foi um mestre entre mestres, tanto na direção quanto no roteiro de suas obras.
- É um inferno com as mulheres, e pior sem elas. A melhor coisa é matá-las enquanto se pode.
- Mulheres são inoportunas e insensíveis.
- Bebês e fraldas sujas.
- Unhas e palavras afiadas.
- Tapas, socos e uma sogra.
- E quando você quer dormir…
- Outra melodia.
- Lágrimas e gemidos que acordariam um morto.
- “Por que você não me dá um beijo de boa noite?”
- “Por que você não canta?”
- “Você não me ama mais como antes”. “Você não notou a minha mudança”. “Você apenas virou-se e cantou”. Diabos! Agora ela se foi, seja grato.
(…)
- Talvez eu a ame.
- Talvez você a ame. Vou dizer-lhe uma coisa idiota, amor é uma palavra para luxúria, mais luxúria, trapaça, falsidade e comportamentos idiotas.
- Bem, mas isso machuca de qualquer maneira.
- O amor é a mais negra das pestes, mas ninguém morre de amor, e quase sempre passa.
- O meu não passa.
- É claro que passa. Raramente um par de idiotas morre de amor. Se tudo é imperfeito nesse mundo imperfeito então o amor é perfeito nessa perfeita imperfeição.
- Que animador. Toda essa conversa e você acredita nas suas tolices.
- Quem disse que eu acredito? Sou um sábio. Peça meu conselho e terá em dobro.
Para encerrar esta breve homenagem, um trecho de outra de suas obras-primas: Morangos Silvestres, também de 1957.
Obrigado, Bergman.
P.S. 1: Ontem à noite foi a vez de mais um mestre, Michelangelo Antonioni, nos deixar. Mais uma perda lamentada por todos os cinéfilos.
P.S. 2: Confiram a homenagem coletiva organizada por Chico F.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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