A homenagem de Daniel Day-Lewis a Heath Ledger

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Enquanto acabo de organizar os resultados da promoção Coração de Pedra, aproveito para compartilhar o momento mais emocionante da cerimônia de premiação do SAG Awards, o Sindicato de Atores dos EUA, ocorrida ontem. Trata-se do belo discurso de Daniel Day-Lewis, talvez a maior barbada do Oscar 2008, que ganhou o prêmio de Melhor Ator graças à sua atuação em Sangue Negro de Paul Thomas Anderson. Nele, Day-Lewis faz uma homenagem a Heath Ledger, ator que, como bem definiu o crítico do NY Times A.O.Scott, infelizmente não teve tempo para tornar-se “o ator surpreendente, estranho e definidor de uma era que sempre teve o potencial de ser”.

Eis a tradução do site Cinema em Cena para o discurso do grande ator de filmes como A Insustentável Leveza do Ser e Em Nome do Pai:

Estou muito, muito orgulhoso desse prêmio. Muito obrigado por darem-no a mim. E estou muito orgulhoso por estar incluído no grupo composto pelos atores maravilhosos deste ano. Sabem, desde que me entendo por gente, a coisa que sempre me despertou um senso de deslumbramento, de renovação, que me levava a perguntar como tal coisa era possível, e que me desafiava a entrar na arena mais uma vez, com expectativa e auto-questionamento, tentando me equilibrar, sempre foi o trabalho de outros atores. E há muitos atores hoje aqui, incluindo meus colegas indicados, que me despertaram este sentimento de rejuvenescimento e… (pausa). Heath Ledger me despertou isso.

Em A Última Ceia, aquele personagem que ele criou, que parecia um ser deformado, escondendo-se de si mesmo, de seu pai, de sua vida, escondendo-se até mesmo de nós… e mesmo assim queríamos segui-lo, mas tínhamos medo de fazê-lo. Foi ímpar. E, claro, O Segredo de Brokeback Mountain, no qual ele estava inigualável, perfeito. Aquela cena no trailer no final do filme é tão comovente quanto qualquer outra coisa que eu consiga me recordar. E quero dedicar [este prêmio] a Heath Ledger. Muito obrigado.

* * * * *

P.S.: Seja bem-vindo ao nosso condomínio, Gravatai Merengue. E parabéns antecipados pelos cinco anos de blog, Chico Fireman! B)

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • Luana

    5 anos e 2 meses, e a saudade ainda continua o aperto no peito por saber que você se foi.. não me esqueço de você nem um dia nem por um segundo .. Não tive a chance de te conhecer mas o amor de fã sempre será o mesmo. Enquanto eu viver estarei de luto , sempre lembrarei de você , você daí de cima sabe melhor do que ninguém que nos momentos de tristeza eu ”converso” com você , só de olhar pro céu me sinto mais calma pois sei que você pertence a ele e essa é a minha vida te observar pra sempre…

  • Juliana Simões

    Tantas coisas me vem a cabeça. Heath Ledger despontando para a vida e para a arte da interpretação. Alçando voos mais altos. Tantas promessas, desejos, sonhos. Disse que gostaria de poder conhecê-lo, mas acho que se tivesse que passar pelo luto de um homem como esse, não sei como ficaria. Acho que vivo um pouco um fio de luto, que não me derruba, mas me trazem tristes reflxões. Heath, eu prometo…

  • Juliana Simões

    Li os comentários de algumas pessoas sobre como se sentiram com a morte do Heath e… “que bom” que não estou sozinha! A morte dele me desperou uma coisa que não conseguia entender. Depois de quase três anos de sua morte, essa sensação e as reflexões que faço a mim mesma em relação a isso ainda são muito fortes. E sempre, inevitavelmente me vem uma vontade imensa de ter conhecido ele…
    Choro com Brokeback Mountain todas as vezes e, realmente, Day Lewis está coberto de razão: não me lembro de nada tão comovente quanto a cena final deste filme.

  • Ainda sim não acredito que ele morreu, isso tudo não passa de um pesadelo e que logo quero acordar, acreditem, eu gostava desse ator desde sua atuação e “O Devorador de Pecados”, ele era brilhante e não merecia ter um fim deste eu desejaria que essa morte dele nunca tivesse acontecido, se eu pudesse, voltaria no tempo e evitaria que ele morresse, pena que tal milagre não possa acontecer e assim teriamos ele com nosco, ele ainda tinha muito o que amostra e muitas coisas para nos revelar ele foi uma estrela que se apagou de uma forma inesmerada.
    Heath Ledger, descansse em paz meu amigo e que você seja mais um anjo para nos proteger e couidar de nós. Obrigado..!!!!!!!!!!!!!!!

  • AUREA GONTIJO

    Todo o esforço de Ledger valeu a pena.A sua performance do Joker foi perfeita, impecável,arrisco à dizer, sem receio,que ele superou o coringa de Jack Nicholson.Para os fãs de Heath foi a glória total ver o ator brilhar, os fãs nunca duvidaram que ele desse conta ,mas,Ledger superou as expectativas dos fãs.Heath surpreendeu à todos.Parabéns ao Heath Ledger!

  • AUREA GONTIJO

    Quando Heath Ledger foi anunciado em 2006, pelo diretor Chris Nolam como o próximo “joker” muita gente “torceu o nariz”,houve quem se indignasse da pretensão de Ledger em fazer o mesmo papél que um dia foi de jack Nicholson.Heath Ledger era talentoso e humilde,calou-se,estudou o personagem,fez um trabalho de laboratório e pesquisa,trancou-se por um mes em um hotel em Londres para traçar o perfil psicológico do coringa.

  • RicardoNerd

    ledger imortalizou o coringa, prefiro vê-lo como o joker…

  • AUREA

    Vi todos os filmes de Heath Ledger,o ator esbanjava talento, seja em filmes de qualidade duvidosa , seja em obras-primas como “brokeback mountain”.Heath se entregava aos papéis , era esforçado,promissor,foi uma grande perda para a sétima arte.Fico à pensar :quantas surpresas este australiano jovem ainda nos proporcionaria?

  • Daniel Day Lewis é o maior ator de todos os tempos, inigualável, ninguem consegue interpretar como ele. É só assitir Em Nome do Pai e Meu Pé Esquerdo. Levar este Oscar foi barbada, a mesma coisa de colocar Fischer no tabuleiro contra um iniciante. O discurso mostrou que o mesmo é antes de tudo humano e salvou a hipocrisia do Oscar.

  • Eu vi um trecho do George Clooney da e! que fala isso: eu não aguento o Daniel DAy Lewis. Eu até aguentava, mas depois dessa…

  • dri

    Isso foi uma coisa bonita além da conta. Day Lewis é foda e sou sua fã, mas conseguiu ser ainda mais foda com esse discurso.

  • Que bela homenagem!
    Preciso ver A Última Ceia!

  • Lucas

    Gostaria de falar de uma homenagem, mas uma homenagem que parece que foi esquecida em muitos lugares hoje. Hoje, 29 de janeiro, é dia do jornalista. E parece que não é costume dos jornalistas homenagearem a si mesmos. Será que em suas cabeças isso é o cúmulo do narcisismo?

    Então, venho aqui dar um enternecido parabéns a ti, Inagaki, que, diriamente (ou quase isso), ilumina nossas mentes pensantes e prova que jornalismo é mais que lead e sub-lead. Parabéns pelo teu dia e continue com o excelente trabalho!

    Abraços!

    Puxa, valeu pela lembrança, Lucas! Hoje foi um dia pra lá de corrido, estive inclusive na redação de um jornal, e nem me lembrei de cumprimentar meus colegas pelo data. :D Um abraço e brigadão pelo comentário!

  • Te

    Uma bobagem ou exercício de imaginação que me passou pela cabeça: fico pensando se, quando ele foi candidato ao Oscar por Brokeback Mountain e quem recebeu o prêmio foi o Philip Seymour Hoffman por Capote, quem votou no Hoffman fazendo uma escolha difícil o fez pensando “Heath Ledger está ótimo, mas ele tem 26 anos, vai ter outras oportunidades pra ganhar o Oscar.” Oportunidades que ele não teve…

    Te, creio que foi exatamente isso que passou pela cabeça de muitos eleitores do Oscar: Ledger ainda teria muitas e muitas chances de levar sua estatueta. Pena que nem sempre as coisas são como planejamos.

  • Deh

    Incrível como que mesmo em situações de total sodoma grandes figuras como o Daniel Day Lewis conseguem trazer a beleza…

  • aninha

    Lá em casa, quando sabemos de alguém que morre assim tão cedo, costumamos dizer que “morreu na véspera” - na véspera da vida, sabe? Antes de tudo que ainda tinha pra acontecer. O Ledger foi assim. Morreu na pré-estréia.

    Aninha, acabei de ler no blog da Ana Maria Bahiana uma declaração feita pelo grande Terry Gilliam que corrobora sua observação. No post “O Heath Que Poderia Ter Sido”, Ana Maria transcreve a seguinte afirmação de Gilliam sobre Ledger: “Ele é incrível, inteligentíssimo. Vai ser um diretor, com certeza. Ele observa tudo, pergunta. Sabe o que está vendo e fazendo. Ele será um diretor muito melhor do que eu jamais fui”.

  • Inagaki, como vai? Você recebeu o questionário da pesquisa que estou desenvolvendo? Como estou com o prazo esgotadíssimo, gostaria muito de contar com sua colaboração, tendo em vista que és co-fundador do Interney. Obrigado!

    Olá Alex, acabei de mandar um e-mail a você. B)

  • De fato, belo discurso. Também concordo que Ledger ainda tinha muito pra mostrar… Ele só estava crescendo a cada papel e a julgar pelo trailer de Dark Knight, ele estava se superando como Joker…
    Engraçado como a morte dele mexeu tanto com a gente…me sinto mesmo muito estranha em relação a isso. Pena…

  • Anônimo

    Valeeeeeeeeeeeeeeeeeeu, velhote! Forte abraço!

  • Desde que soube da notícia da morte (e senti uma dor inesperadamente grande) me pergunto o que ela simboliza para mim… além da perda de um ator jovem, promissor e talentoso.
    Será por que ele personificou tão bem o personagem de Broke Back Mountain? Um homem cujo amor incondicional era tão profundo e comovente que passou a existir, de fato, na minha memória afetiva?
    Quem dera entender…

    Bela homenagem, by the way! Parece haver uma sinceridade genuína no discurso.

  • De fato, deveras emocionante.

    Pena que o Josh Brolin tinha que encerrar a cerimônia tirando meleca ensandecidamente na entrega do prêmio de Melhor Atuação de Elenco em Filme.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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