Era Uma Vez, o filme de Breno Silveira
Por Alexandre Inagaki ≈ terça-feira, 10 de junho de 2008
A fase atual do cinema brasileiro é muito boa em diversos aspectos. Tropa de Elite ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim, repetindo o feito de Central do Brasil em 1998. Tivemos dois representantes da nossa cinematografia integrando a seleção oficial do Festival de Cannes (algo que não acontecia desde 1964, ano de Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, e Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos), sendo que Sandra Corveloni ganhou o prêmio de melhor atriz por Linha de Passe. Meu Nome Não é Johnny, primeiro filme brasileiro a entrar em cartaz em 2008, ultrapassou a marca de 2 milhões de espectadores nos cinemas. De quebra, pesquisa do Datafolha mostra que dobrou a aprovação do público ao cinema brasileiro em comparação com levantamento semelhante realizado em 1995.
É em meio a este cenário que estreará, no dia 25 de julho, Era Uma Vez. Trata-se do segundo longa-metragem de Breno Silveira, diretor da quinta maior bilheteria do cinema nacional de todos os tempos: 2 Filhos de Francisco, visto por mais de 5 milhões de espectadores em 2005. A expectativa em torno do novo trabalho de Breno é grande e não poderia ser diferente, já que seu filme de estréia foi o mais bem-sucedido do cinema nacional nos últimos 20 anos. Em sua nova investida, Breno resolveu apostar novamente na emoção, ao narrar uma história de amor entre um jovem morador do Morro do Cantagalo que trabalha vendendo cachorros-quentes em um quiosque na praia de Ipanema e uma menina que mora na Vieira Souto, na região mais privilegiada do Rio de Janeiro.
Assisti a Era Uma Vez em uma cabine de pré-estréia, e posso dizer que uma marca que Breno Silveira deixou em seu primeiro filme, e que permanece presente neste segundo trabalho, é a sua capacidade de desenvolver uma trama com a perícia daqueles exímios contadores de histórias que hipnotizavam pessoas ao redor de fogueiras noite afora. Também fiquei satisfeito em constatar que diversas seqüências de Era Uma Vez possuem o mesmo poder de cativar espectadores mostrado em 2 Filhos de Francisco.
Este é um filme que não tem pudor em buscar emocionar sua platéia. E, assim como na cinebiografia de Zezé di Camargo & Luciano, na qual seqüências como a dos irmãos cantando em uma rodoviária a fim de arrecadar trocados para a família que passava fome ou a descoberta do destino final de Camarguinho fizeram com que platéias derramassem lágrimas catárticas de emoção, a história de amor entre um rapaz pobre da favela (interpretado por Thiago Martins, ator revelado pelo grupo Nós do Morro, que já atuou em novelas globais como Belíssima) e uma menina rica da Zona Sul (personificada por Vitória Frate, ex-blogueira, selecionada após testes com dezenas de outras atrizes) envolve o espectador de tal modo que me flagrei na poltrona da sala de projeção, por diversas vezes, torcendo por um destino mais generoso para o casal.
Há muitos fatores que fazem com que um filme atraia multidões aos cinemas, e seria injusto cobrar de Era Uma Vez bilheterias semelhantes a 2 Filhos de Francisco. Porém, posso dizer que a história desse amor que desafia desigualdades sociais possui qualidades suficientes para ajudar na consolidação de um projeto de cinema popular brasileiro, mostrando na tela todas as delícias, agruras e contradições de nossa sociedade ao mesmo tempo que atrai a atenção do espectador com uma história bem narrada.
P.S.: Dé e Nina, os personagens interpretados por Thiago Martins e Vitória Frate, citam durante o filme uma obra fundamental para a melhor compreensão da crise institucional provocada pelas desigualdades sociais da cidade do Rio de Janeiro: Cidade Partida, de Zuenir Ventura, livro-reportagem no qual o autor retrata uma geração socialmente excluída. Aqueles que leram a obra de Zuenir certamente compreenderão melhor o final de Era Uma Vez.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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