Artigos da categoria: Política
Se eleições são a “festa da democracia”, devo dizer que me senti como um daqueles caras que acabaram de levar um fora da namorada e passam o baile inteiro se embebedando na esperança de anestesiar o nó na garganta da alma.
Não que eu não tenha gostado dos resultados. Até porque esta foi a primeira vez, desde 1989 (quando fui de Covas no primeiro turno e Lula no segundo), que votei em um candidato que venceu as eleições presidenciais. Mas foi uma vitória com um certo (dis)sabor de decepção, pela constatação de que esta foi uma campanha medíocre, que serviu para disseminar acusações passionalmente injustas de ambos os lados. Consegui a façanha, aliás, de bater boca tanto com amigos tucanos quanto petistas. Enquanto os peessedebistas quase chegaram ao ponto de dizer que eu havia me tornado cúmplice dos mensaleiros ao declarar voto em Lula devido aos inegáveis avanços nos campos da educação e distribuição de renda, citando ainda o Prouni, Luz para Todos e o programa da Bioenergia como excelentes projetos tocados por este governo, tive amigos petistas que quase tiveram uma síncope só porque elogiei o governo FHC pela criação da Lei de Responsabilidade Fiscal e pela implantação de um plano econômico que finalmente acabou com a inflação.
Triste do país cujos debates políticos são tomados por uma visão maniqueísta. Por conta disso, torna-se quase utópica a esperança de ver os melhores quadros públicos, independentemente de filiações partidárias, unidos em prol do desenvolvimento deste país, à semelhança de iniciativas como a “Concertación Política” no Chile (citada recentemente pelo Ministro Tarso Genro) ou o histórico Pacto de Moncloa, que congregou em uma mesma mesa presidentes de todos os partidos da Espanha após o fim da ditadura de Franco, e que permitiu à nação européia fomentar seu crescimento e desenvolvimento deixando divergências ideológicas de lado.
Um exemplo sintomático de como os marqueteiros difundiram estereótipos imbecilizantes são as respostas recebidas por Rodrigo Alvares, do blog coletivo A Nova Corja, a uma mesma pergunta feita a militantes do PT e do PSDB.
Para o petista: “Hã, oi. Tu sabe que não pode agitar bandeira tão perto da zona eleitoral, né?”
Petista: “Que o quê. Some da minha frente, ô privatista”.
Atravesso a rua.
Para a tucana: “Hã, oi. Tu sabe que não pode agitar bandeira tão perto da zona eleitoral, né?”
Tucana: “Por que tu não vai reclamar para o Lula, seu mensaleiro de merda?”
Neste cenário, em que proliferaram adesivos com dizeres estúpidos como “o bem sempre vence o mal”, não é de se admirar que eu tenha encontrado gente lamentando a reeleição com termos como “o Brasil não vai agüentar mais quatro anos de Lula” ou, pior, “bem feito, esse povo agora vai tomar na cabeça” (frases verídicas que tive de aturar na última segunda-feira). Por que ainda me espanto com essa torcida do contra, neste clima futebolístico que incitou rivalidades gratuitas e fez com que pessoas usassem termos pejorativos como “petralhas” e “tucanalhas”?
Eu, que já fui chamado de “massa de manobra da direita” e “petista factóide” em diferentes momentos destas eleições, lamento por crer que o Brasil só deixará de ser este eterno país do futuro que nunca chega no dia em que as melhores cabeças desta nação, sejam elas tucanas, petistas, pefelistas, psolistas ou anarquistas, firmarem um pacto em torno do desenvolvimento nacional. Mas é mais provável que este sonho deva ter surgido no meio do sono após o porre que tomei durante a festa dos intolerantes.
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Mudando ligeiramente de assunto, gostaria de fazer um agradecimento público a alguns blogueiros que, não satisfeitos em votarem em Pensar Enlouquece na categoria Melhor Weblog em Português no The BOBs, ainda conclamaram seus leitores a fazerem o mesmo. Meu muito obrigado, pois, a Edney Souza (InterNey), Luciana Naomi (Pensamentos de uma Batata Transgênica), André Julião (Um baiano em Campinas), Susan (De Cara pra Lua), Marcos Donizetti (Me, Myself and I), Idelber Avelar (O Biscoito Fino e a Massa) e Bia Kunze (Garota Sem Fio).
A tira acima, desenhada pelo genial Luiz Gê, foi publicada originalmente na edição 17 da revista Chiclete com Banana, em fevereiro de 1989. Naquela época, José Sarney estava no final de seu mandato como Presidente. Recordar é viver, e não custa nada lembrar que nesse período inúmeros veículos denunciaram o aliciamento de parlamentares por parte do governo (através da ampla concessão de emissoras de rádios e TVs e aprovação de emendas no Orçamento), a fim de que votassem a favor de um quinto ano de mandato presidencial para Sarney (a emenda acabou sendo aprovada). Tirando-se esta contextualização, a charge poderia ter sido desenhada hoje. Infelizmente.
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P.S. 1: Alex Castro acaba de lançar um livro de contos, Onde Perdemos Tudo, com venda em formato PDF através da livraria virtual Amazon. Segundo Alex, ele está fazendo essa experiência por causa da falta de feedback das editoras tradicionais. Eu, que sou leitor há tempos do seu instigantemente polêmico blog, torço para que seja uma iniciativa bem-sucedida.
P.S. 2: No dia 6 de outubro, a escritora Bruna Beber estará lançando seu livro de poesias A Fila Sem Fim dos Demônios Descontentes em São Paulo. Para ser mais exato: a partir das 20 horas, na Mercearia São Pedro. Estarei lá.
P.S. 3: É tempo de campanha, e eu peço licença para fazer a minha também. Este blog foi indicado ao The BOBs, concurso internacional de blogs promovido pela Deutsche Welle. Se você quiser dar uma forcinha a este blogueiro, clique aqui para deixar seu comentário. Prometo que serei intransigente na defesa das minorias, como os muçulmanos albinos, os fanhos de Sapopemba e os fãs de pudim de jiló!
P.S. 4: Dois motivos de orgulho pessoal. O primeiro foi descobrir que quem digita “xô Sarney” e depois “estou com sorte” no Google vem parar aqui. O segundo, constatar que este blog não recebeu uma visita sequer gerada pelo vídeo na praia de certa apresentadora da MTV. A propósito: continuo recomendando visitas diárias ao blog de Alcinéa Cavalcante.
P.S. 5: Bom voto a todos neste domingo!
Ah, quer dizer que você acha que todo político é ladrão e que se você votar nulo e deixar de participar do “corrompido processo eleitoral” estará ajudando o Brasil a se tornar um país melhor? Com o devido respeito, não posso deixar de expressar minha opinião: você é uma besta.
Ok, se você me disser que faz trabalhos voluntários ou participa de alguma ONG tem todo o direito de me contestar, porque prova que ao menos faz algo para mudar esse estado de coisas. Porém, se você é daquelas pessoas que limitam-se a reencaminhar e-mails “indignados”, falam mal do governo enquanto furam a fila do cinema, vociferam contra a corrupção enquanto seus cachorrinhos cagam no meio da calçada pública e usam a Internet para baixar o vídeo daquela modelo na praia ou fuçar a vida do ex-namorado no Facebook em vez de buscar informações sobre os candidatos destas eleições, tenho a sólida impressão de que você não hesitaria em aceitar mensalões e propinas caso tivesse as mesmas, hmm, oportunidades.
Em tempos nos quais diversos sites apartidários como Transparência Brasil, Voto Consciente, Contas Abertas, Congresso em Foco e Políticos do Brasil disponibilizam todo um manancial de informações preciosas para os eleitores, não posso deixar de pensar que só joga seu voto fora quem é excluído digital, tem preguiça de dispender alguns momentos de seu tempo ocioso para escolher com consciência seus candidatos ou é um analfabeto político que se encaixa à perfeição na descrição feita pelo poema de Brecht:
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
Em resumo: “é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política”.
Depois, quando o Congresso Nacional reunir-se para discutir a reforma tributária, qual é a moral que o eleitor nulo terá para reclamar dos impostos que paga? Quando os deputados e senadores decidirem o que será feito a respeito da legislação sobre crimes hediondos, questões ambientais e eco-sociais, cassação de parlamentares envolvidos em processos judiciais, reformas políticas e previdenciárias e outros assuntos que afetam nosso dia-a-dia, quem será o representante do eleitor nulo? Porém, mais grave ainda é a omissão dos eleitores que possuem condições de buscar informações que vão além da alienação causada por estratégias marketeiras e vinhetas televisivas, porque estes não possuem desculpas aceitáveis para ajudar na formação de um Congresso, uma Assembleia Legislativa, uma Câmara de Vereadores melhor.
É claro que é muito mais fácil e mais cômodo cruzar os braços e sequer pesquisar informações antes de votar. Menos mal que quem se dispõe a exercer seu direito democrático com a devida responsabilidade se surpreenderá positivamente, desmentindo a generalização estúpida de que só existem políticos corruptos. Os meios estão aí, à disposição de quem se dispor a rastrear informações, cruzar dados e investigar a vida pregressa daqueles que pedem pelo seu voto. Além dos sites citados no terceiro parágrafo deste post, uma breve busca pelo Google informa a URL das páginas daqueles que efetivamente possuem currículo e propostas que justifiquem a razão de ser de suas candidaturas. Outras matérias do site Congresso em Foco informam a lista dos parlamentares que respondem a processos judiciais, os deputados que se ausentaram das votações de processos de cassação na Câmara e os parlamentares que foram destaque em temas como inovação tecnológica, saúde, segurança jurídica e defesa da democracia.
Aos que ainda insistem em crer na falácia de que votar nulo anulará as eleições ou impedirá os candidatos atuais de participarem novamente, recomendo fortemente a leitura desta entrevista concedida por Marco Aurélio Mello a Fernando Rodrigues da Folha de S. Paulo, e destes artigos de Antônio Augusto de Queiroz, Rosangela T. Giembinsky e Fernando Gouveia.
Mas, se depois de todo esse papo você ainda não se convenceu da importância do seu voto e da inutilidade do ato de anulá-lo, eis o meu último e mais persuasivo apelo: o recado de meus camaradas Calvin e Haroldo. E, por favor, faça algo mais útil do que simplesmente colocar um nariz de palhaço.
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P.S. 1: Sim, política precisa ser levada a sério. Mas não dá para ignorar a fauna de candidatos pitorescos que, auxiliados pela popularidade do YouTube, tornaram-se conhecidos no Brasil inteiro graças a seus, hmm, singelos vídeos de campanha. Confira algumas destas figuras através do blog Candidatos Bizarros e dos links da matéria É pra rir ou pra chorar?, escrita por Edson Sardinha para o site Congresso em Foco.
P.S. 2: Este blog permanece engajado na campanha “Xô Sarney” e recomenda a leitura diária dos posts de Alcinéa Cavalcante.
P.S. 3: Algumas leituras para ampliar o leque de discussões: Valoriza o teu voto (Frei Betto), Eu não voto desde 1998 (Alexandre Rodrigues) e Que país é esse? (Cristiano Dias).
Anomia é um conceito sociológico utilizado para descrever um estado de coisas no qual o comportamento dos membros de uma sociedade deixa de ser pautado pelas normas sociais. Ou seja: as pessoas deixam de ligar para as possíveis punições decorrentes da infração das leis simplesmente porque já não crêem, ou já nem ligam, para o fato de estarem quebrando as regras do contrato social.
Que outra palavra, pois, pode ser utilizada para descrever com maior propriedade fatos como o recente incidente envolvendo Guilherme Portonova? Vejam só: o PCC ordenou o seqüestro de um jornalista da Globo com o intuito de defender seus interesses. A emissora, por sua vez, viu-se na situação de atender às exigências de um grupo criminoso a fim de tentar salvar a vida de seu funcionário. E as autoridades, onde estavam nessa história toda? Enquanto PCC e Rede Globo negociaram diretamente a exibição de um manifesto na TV produzido por um grupo composto por assaltantes, homicidas e traficantes, onde estava o Governo para garantir a lei e a punição aos responsáveis por essa ação? Caso a Globo não tivesse cedido espaço em sua programação para dar voz aos bandidos, que garantia as autoridades poderiam dar sobre a vida de Guilherme Portonova?
“Ema, ema, ema, cada um com seus pobrema“. Metroviários entram em greve, grupos de sem-terra invadem o Congresso Nacional, criminosos ganham espaço na maior emissora nacional porque as autoridades legitimamente constituídas são incapazes de prover segurança à sociedade que os elegeu. Enquanto o governo federal e o governo estadual discutem para saber a quem pertence a maior parcela de culpa pelos acontecimentos recentes, vivemos dias nos quais jornalistas serão obrigados a esconder suas identidades, sob pena de correrem os mesmos riscos que policiais e agentes penitenciários amargaram durante os primeiros ataques generalizados do PCC. Até porque o perigosíssimo precedente já foi criado: quem impedirá o seqüestro de um repórter caso alguma organização criminosa deseje divulgar algum vídeo em rede nacional? Medellín é aqui.
É terrível constatar que, a grosso modo, a recente ação do PCC nada mais foi do que um ato visando a defesa dos seus, hmm, direitos. Porque o fato é que o PCC acabou por se tornar uma espécie de sindicato congregando membros marginalizados da sociedade que, unidos, ganharam mais forças para cobrar o que eles acham que merecem receber. Diante da inapetência e da debilidade do Estado, como impedir que esta união de criminosos recorra a qualquer ato que julgar eficaz para lutar por suas causas (seja ele o assassinato de inocentes, o ataque a ônibus ou bancos, o seqüestro de jornalistas ou qualquer ação que tenha impacto midiático)?
Estes são tempos de barafunda generalizada, nos quais cada segmento da sociedade briga por seus próprios interesses corporativos, deixando de ligar para as conseqüências causadas pelo restante da população. Mas enfim, o que uma sociedade repleta de cidadãos que querem levar vantagem em tudo, jogam lixo nas ruas, sonegam impostos e preferem anular seus votos e omitirem-se da tarefa de pesquisar cuidadosamente seus candidatos e elegerem candidatos decentes (escorados na generalização imbecilizante de que “nenhum político presta”) pode exigir?
Estes são tempos de “ema, ema, ema”. Não é de se admirar, pois, o fato de que estamos todos cada vez mais idos, idos, idos.
O medo nasce da ignorância, da falta de informações a respeito de algo que permanece desconhecido. Um grão de mistério transforma-se em um abismo de obscuridade. É a partir dessas bolas de neve que lendas urbanas são fomentadas, boatos proliferam-se e são amplificados, a histeria bate asas e o bom senso vai para as cucuias.
Pois eis que, depois de passar boa parte de meu expediente de trabalho ouvindo de terceiros histórias envolvendo estações do metrô destruídas por bombas caseiras, famílias inteiras de policiais assassinadas ou toque de recolher decretado pelo governo, chego ao meu lar, dulcíssimo lar, e constato que ao menos 90% das histórias contadas eram variantes anabolizadas do que efetivamente estava acontecendo nas ruas de São Paulo.
Não que os fatos em si tenham se tornado menos impactantes diante das lorotas ao fim desmentidas, muito pelo contrário. Mas o caso é que este foi um dia empesteado por informações alarmistas e desencontradas, que serviram para multiplicar a desconfortável sensação de temor, como se a realidade já não fosse péssima o suficiente para disseminar o pânico. Continue Lendo
Marcos César Pontes, 46 anos, tornou-se o primeiro brasileiro a viajar literalmente para o espaço. Ao participar da tripulação que lançou a nave russa Soyuz TMA-8 ao espaço, fez do Brasil o 35º país a colocar um astronauta em órbita. Para que essa viagem ocorresse, o governo brasileiro pagou cerca de US$ 10 milhões aos russos, que gentilmente cederam um assento a Marcos na Soyuz por um precinho camarada (a título de comparação: o milionário Dennis Tito desembolsou US$ 20 milhões por sua viagem espacial, realizada em 2001), movidos por interesses comerciais que incluem a venda, ao Brasil, da tecnologia utilizada em motores de foguetes capazes de lançar satélites.
Não discuto a necessidade dessa aquisição tecnológica, uma vez que o programa espacial brasileiro é, literalmente, um desastre (vide o acidente na Base de Alcântara no Maranhão que causou 21 mortes em 2003). Defeito colateral, no mais, gestado por anos de descaso com pesquisas científicas e tecnológicas, que fizeram com que nações que começaram seus programas espaciais na mesma época que o Brasil, como a Índia e a China, sejam atualmente capazes de produzir e lançar seus próprios foguetes e satélites (e de enviar homens ao espaço por conta própria, no caso dos chineses), enquanto ainda somos obrigados a recorrer a tecnologias de terceiros e alugar um assento numa nave espacial russa a fim de disfarçar o fracasso acachapante de um delírio intitulado “programa espacial tripulado brasileiro”.
Em meio a toda essa barafunda, é até compreensível ver tanta gente ridicularizando Marcos Pontes por realizar no espaço experimentos como plantar sementes de feijão em algodão (atire o primeiro meteoro quem nunca fez isso na escola primária). No entanto, vale a pena lembrar que ele é um dos mais experientes pilotos da FAB e passou por treinamentos na NASA desde agosto de 1998. E se ficou tanto tempo assim em treinamento, impute-se a culpa ao governo brasileiro que, na condição de parceiro de realização da primeira Estação Espacial Internacional, assumiu (sem cumprir) o compromisso de construir diversas peças, sendo que em troca Pontes seria enviado ao espaço sem nenhum custo adicional. Como até agora o Brasil não desenvolveu o incremento tecnológico necessário para a construção dessas peças, Pontes ficou a ver as estrelas de periscópio até que nosso governo decidisse custear uma carona com os russos.
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, observa: “a associação do envio do astronauta brasileiro com o vôo do 14 Bis vai colocar em evidência que o Brasil, em cem anos, sofreu um grande atraso. Naquela época, fomos os primeiros a controlar a dirigibilidade dos balões e a levantar vôo com um veículo mais pesado que o ar, graças à iniciativa de Santos Dumont. No presente, o governo gasta US$ 10 milhões para colocarmos um astronauta no espaço – sendo que mais de 30 países já o fizeram –, usando lançadores de outros países“.
Perguntar não ofende, respostas sim: vou me ufanar do quê?
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P.S. 1: Peguei emprestado o título deste post de Nei Lisboa, um dos prediletos da casa.
P.S. 2: Nova firula. Agora você pode espiar, no frame direito desta página (logo abaixo dos “blogs da semana”), as músicas que ouço enquanto navego Web afora. Cortesia da Last.fm.
P.S. 3: Em minha coluna de cinema na Antena 1, escrevi sobre “O Plano Perfeito”, “A Máquina” e “Clube da Lua”. Assunto de meu próximo texto: “V de Vingança”.
P.S. 4: Mandaram-me um link sobre procrastinação. Semana que vem visitarei a página.
As únicas leis que funcionam neste país, uma vez que independem da fiscalização de nosso pantagruélico Estado, são as leis de Murphy e Gérson. Não vejo grande utilidade, pois, na convocação de um referendo que custará cerca de R$ 210 milhões aos cofres públicos, é baseado na falácia de que a proibição da venda de armas bastará para diminuir a criminalidade (como se a desigualdade social de nossa Belíndia, a corrupção na polícia e a falta de investimentos em educação não fossem os motivos principais da violência que grassa por aí) e desvia as atenções da população de assuntos mais relevantes como os processos de cassação dos deputados envolvidos no escândalo do mensalão.
Você reclamava do baixo nível da programação da TV? Ah, isso é porque você não havia sido obrigado a assistir às propagandas imbecilizantes oriundas desse referendo. De um lado, artistas bradando argumentos repletos de lugares comuns, do tipo “eu sou a favor da paz” (ué, existe algum idiota que declare ser pró-guerra?), esvaziando a discussão de um assunto sério com seus rostinhos bonitos e acéfalos. De outro, atores personificando jovens “descolados” que usam o argumento patético de que é preciso votar “não” porque a juventude é intrinsecamente contra qualquer tipo de proibição. Em comum a ambos os lados, o farto uso de números e pesquisas que supostamente corroboram seus respectivos pontos de vista. Não posso deixar de fazer a piada inevitável: 98,75% das estatísticas são totalmente manipuláveis.
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P.S. 1: O único referendo ou plebiscito que este país necessita diz respeito ao fim da obrigatoriedade do voto.
P.S. 2: Perdoe-me se soarei grosseiro, mas não estou minimamente interessado em saber se você votará “sim” ou “não”.
P.S. 3: Indeciso e à procura de mais informações? Não permita que a mediocridade das propagandas televisivas ou a parcialidade de determinadas revistas semanais joguem fora a oportunidade de se fazer um debate minimamente aprofundado. Clique aqui, visite os links do grupo Nós na Rede e conheça opiniões de ambos os lados.
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