8 clipes do rock brasileiro dos anos 80
Por Alexandre Inagaki ≈ terça-feira, 13 de maio de 2008
Metrô - “Beat Acelerado” - A letra deste que foi o primeiro grande sucesso do grupo Metrô é de uma ingenuidade quase comovente: “Minha mãe me falou que eu preciso casar/ Pois eu já fiquei mocinha/ Procurei um alguém e lhe disse:/ - Meu bem, você quer entrar na minha?”. A banda, que antes de ser contratada pela gravadora CBS (atual Sony) chamava-se A Gota Suspensa, lançou “Beat Acelerado” como um single cujo lado B continha outro hit, “Sândalo de Dândi”, em 1984. Graças ao sucesso dessas duas músicas nas FMs, o Metrô teve moral dentro da gravadora para lançar Olhar, seu primeiro LP, naquele mesmo ano. Curiosidade: nesse álbum, “Beat Acelerado” ganhou uma nova versão diferente daquela que estourou nas rádios, em arranjo a la Bossa Nova e um verso em francês, idioma natal da vocalista Virginie Boutaud. Porém, a boa fase não duraria muito. Virginie saiu da banda e o Metrô descarrilhou. Até chegou a lançar um segundo álbum, A Mão de Mao, em 1987, com o português Pedro Parq assumindo os vocais. O disco não agradou nem público nem crítica, e o Metrô acabou por encerrar suas atividades. Em 2002, a banda se reuniu novamente para gravar o álbum Déjà Vu, e desde então está na estrada, fazendo shows aqui e acolá.
Ultraje a Rigor - “Eu Gosto de Mulher” - Depois do estrondoso sucesso de seu álbum de estréia Nós Vamos Invadir a Sua Praia (1985), que emplacou 9 de suas 11 músicas nas rádios e foi considerado o melhor álbum do rock brasileiro segundo pesquisa feita pela finada revista Zero em 2003 junto a 177 músicos e jornalistas, o Ultraje sentiu a pressão nas gravações de seu segundo disco. A resposta foi dada em 1987 com Sexo!!, álbum que chegou às lojas enquanto seu carro-chefe “Eu Gosto é de Mulher” tocava em todas as FMs. O videoclipe foi gravado durante um show realizado em cima do prédio do Top Center, shopping localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Lembro que, no dia em que o Ultraje fez essa apresentação, passei em frente do local de ônibus, quando estava indo para o colégio. Naquela hora, eles estavam tocando “Dênis, o Que Você Quer Ser Quando Crescer?”. Pena que o show, à semelhança da famosa performance dos Beatles no telhado nos estúdios de Abbey Road, (inspiração direta para o Ultraje), não chegou ao final; por ordens de Jânio Quadros, prefeito de São Paulo naquela época, Roger e sua trupe foram obrigados a interromper a apresentação antes do fim programado.
Capital Inicial - “Música Urbana” - O ano era 1986. A Censura Federal havia censurado “Veraneio Vascaína”, faixa inicialmente escolhida para ser o carro-chefe do álbum de estréia do Capital, por causa da letra que descrevia policiais como “assassinos armados e uniformizados”. Em seu lugar, a gravadora Polygram decidiu trabalhar em cima de outra música que o Capital Inicial herdou do repertório do Aborto Elétrico, a primeira banda de Renato Russo: “Música Urbana”. O clipe foi dirigido por Malu de Martino, uma das mais requisitadas daqueles tempos (Malu também foi a diretora de “Envelheço na Cidade”, do grupo Ira!).
Léo Jaime - “Sônia” - A música originalmente chama-se “Sunny” e foi gravada por Bobby Hebb. Porém, na versão gravada no disco Phodas C (1984), ela virou “Sônia”, recebendo uma letra pornográfica a cargo da dupla Léo Jaime & Leandro. A versão cantada no clipe, porém, é outra, feita para a “família brasileira”. Enquanto na letra do vídeo Léo canta “agora eu topo todas e libero geral”, a versão original brada: “eu transo cunnilingus e sexo anal”. Do mesmo modo, o verso “é por você que eu me masturbo” foi trocado para “é por você que eu me perturbo”. Tudo para que a música pudesse tocar nas rádios sem que a Censura Federal desse pitis.
Plebe Rude - “Até Quando Esperar” - Canção de protesto contra a desigualdade social brasileira (“Com tanta riqueza por aí/ Onde é que está/ Cadê sua fração?”), este foi o cartão de visitas do grupo brasiliense Plebe Rude. E, embora a música escolhida pela gravadora EMI-Odeon para ser o carro-chefe do EP O Concreto Já Rachou (1985) tivesse sido “A Minha Renda”, foi com “Até Quando Esperar” que a banda invadiu as rádios de todo o Brasil. O vídeo foi filmado na mesma casa que aparece na foto da capa do EP, e foi dirigido por José Emilio Rondeau; um sujeito multimídia que também foi o responsável pela produção do álbum de estréia da Legião Urbana.
Camisa de Vênus - “Eu Não Matei Joana D’Arc” - Faixa inicial do álbum Batalhões de Estranhos (1984), o primeiro da banda após a tumultuada saída da gravadora Som Livre, braço fonográfico das Organizações Globo. O Camisa de Vênus foi demitido da gravadora por um motivo singelo: Marcelo Nova e seus colegas de banda recusaram-se a acatar as ordens da Som Livre, que pressionava para que o grupo mudasse de nome, uma vez que naqueles tempos de desinformações generalizadas sobre a Aids falar de camisa de vênus ainda era um tabu. Como resposta, Marceleza sugeriu um nome alternativo para o grupo: “Capa de Pica”. O Camisa de Vênus acabou sendo demitido pela Som Livre, e seu primeiro disco, retirado do catálogo da gravadora apenas três meses após seu lançamento. Executivos definitivamente não têm senso de humor.
Neusinha Brizola - “Álbum de Retratos” - O grande ano da carreira musical da filha do ex-governador do RJ Leonel Brizola foi 1983. Neusinha estourou nas FMs de todo o país com a música “Mintchura”. Caso clássico de one-hit wonder, a canção gerou pelo menos dois subprodutos. Um deles, gravado pela própria Neusinha, foi “Diretchas”, composta por ocasião dos comícios pela campanha das eleições diretas para presidente em 1984, com versos como “Eu só menti/ Me corrompi/ Eu me vendi/ Pro FMI”. O outro foi uma sátira composta pelo humorista e locutor de FM Serginho Leite, que criou a personagem Creuzinha Montoro (aproveitando o sobrenome do governador de SP na época, Franco Montoro) para interpretar “Verdchura”, cuja letra contava a história de uma socialite apaixonada por um vendedor de hortifrutigranjeiros do Ceasa. 1983 também foi o ano em que uma irrequieta Neusinha posou nua para a Playboy, deixando seu pai Leonel tão indignado a ponto dele entrar na Justiça, com o intuito de impedir que a revista publicasse fotos de sua filha desnuda. O vídeo é um retrato cuspido e escarrado do “padrão Fantástico” da época: efeitos toscos em chromakey e um clipe contando uma historinha, obrigando músicos a tornarem-se dublês canastrões de atores.
Biquíni Cavadão - “Timidez” - As 14 canções de Cidades em Torrente (1986) são um verdadeiro compêndio das desventuras da adolescência, que vão do protesto contra o serviço militar gratuito (em “Reco”) até o indefectível “Tédio” que dá título ao maior sucesso da banda, passando por “No Mundo da Lua”, sutil ode ao onanismo (“Não quero mais ouvir/ A minha mãe reclamar/ Quando eu entrar no banheiro/ Ligar o chuveiro, mas não me molhar”) e as inevitáveis composições sobre agruras e experiências amorosas. Dentre elas, destaca-se “Timidez”, música que descrevia meu jeito desajeitado à perfeição, com sua letra irretocável: “Sei que tento me vencer e acabar com a mudez/ Quando eu chego perto, tudo esqueço e não tenho vez/ Me consolo, foi errado o momento talvez/ Mas na verdade nada esconde essa minha timidez”. Versos catárticos, que cantei muitas vezes em altos brados…
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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