Artigos doo ano de: 2009

Mais amor, por favor

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Neste final de ano resolvi fazer algo diferente. Ao invés de publicar uma retrospectiva pessoal, como faço desde 2002, decidi publicar as fotos acima, que retratam uma frase cunhada pelo grafiteiro Ygor Marotta e pichada em vários lugares de São Paulo, como um desejo de que em 2010 a gente tente seguir esse conselho à risca.

Mais amor, mais civilidade, mais compreensão, mais disposição em ouvir as pessoas, mais serenidade, mais espaços para que toda essa gente fina, elegante e sincera que eu sei que povoa este planeta sofrido possa continuar fazendo deste mundo em que vivemos um lugar um pouco melhor: é este o meu desejo para todos nós neste novo ano que já está batendo à porta.

Xô, 2009. Que venha 2010! Feliz Ano Todo. ;)

Memória é uma maneira de guardar as coisas que não queremos perder nunca

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Quando o assunto é Natal, dois clichês justapõem-se e aparecem de forma onipresente nas conversas: de um lado, pessoas que genuinamente acreditam no espírito natalino e aproveitam a época de ruas e árvores iluminadas para resgatarem suas esperanças no gênero humano; de outro, rabugices sobre “consumismo, comilança e sentimentalismo” (como bem resumiu Gabriel Priolli).

De minha parte, posso dizer que, apesar de me exasperar com panes de máquinas de cartões de crédito sobrecarregadas nestas semanas de incentivo extra ao espírito capitalista, rádios tocando certas músicas natalinas ad nauseam, mensagens padronizadas e arquivos em Power Point com frases tão edificantes quanto solos de saxofone do Kenny G., eu gosto desta época do ano. E creio que toda ocasião que serve como pretexto para que a gente reencontre os amigos, os parentes e as pessoas que nos são importantes tem mais é que ser celebrada e valorizada.

Se tudo mais der errado, que haja sempre ocasião para um sorriso. Nesta véspera do nascimento de Jesus, tomei emprestadas tiras de Laerte Coutinho, Ryot e Bill Watterson para desejar a você que me lê um dia livre de indigestão por causa de overdoses de chester com rabanada. E, claro, um Feliz Natal! ;)

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Privadas

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Conheci pessoalmente Fábio Montanari durante o lançamento do Fiz.TV, um canal de televisão, lançado em agosto de 2007, que buscava abrir espaço para produções independentes, conciliando televisão e internet. Infelizmente o canal foi descontinuado em junho deste ano, embora ainda ocupe um espaço na grade de programação da MTV. É bom saber, porém, que o Fábio permanece firme e forte à frente de iniciativas como a websérie Privadas.tv, sucesso na internet que, durante esta semana, está sendo exibida também no Programa Novo, exibido pela TV Cultura.

Fábio Montanari é o criador, roteirista e co-diretor (ao lado de Rafael Barioni) deste projeto, que é protagonizado pelos pés de Fábio Lucindo e Victor Coelho (a.k.a. Mionzinho). Torço para que o Montanari, que passou por dias difíceis neste estranho ano de 2009, continue à frente de produções bacanas como o Privadas. Afinal de contas, precisamos de mais gente fina, elegante e sincera como o Sr. Noir.

Inverno é o mundo na geladeira esfriando o mar para a festa do verão

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Fim do ano. Época de matutar sobre as realizações obtidas e os projetos inacabados, tentar driblar os shoppings abarrotados de gente comprando presentes de Natal, reciclar e remixar a lista de resoluções do ano novo feita em dezembro passado, e, enfim, de pensar no futuro, essa misteriosa pauta em branco. Enfim, uma época que combinou maravilhosamente bem com o convite que recebi do pessoal da LiveAD, que me chamou para participar de um projeto, intitulado Inverse My Fridge, que amalgamou intervenções artísticas, festa com amigos, recriação de um móvel antigo e o recebimento um presente de Natal antecipado que ganhei para a minha casa: uma geladeira nova, a Brastemp Inverse.

A Inverse tem esse nome porque, ao contrário dos modelos usuais, ela tem o freezer embaixo e o refrigerador em cima, deixando as coisas que a gente mais usa frequentemente bem ao alcance das mãos, permitindo ainda que a área do freezer seja maior do que a das geladeiras habituais. Essa inversão da ordem entre geladeira e freezer é a típica idéia que faz a gente pensar depois: mas como é que não fizeram isso antes? História clássica: quem disse que é fácil enxergar as coisas mais simples, quando temos a mania besta de complicar ainda mais a vida?

Além da nova Brastemp, o projeto Inverse My Fridge incluiu ainda a visita de um artista à minha casa, com o objetivo de saber mais sobre meu estilo de vida a fim de transformar a geladeira anterior em uma obra de arte. A galera da Möve foi a responsável pela curadoria dos artistas, chamando dez nomes (Billy Argel, Estúdio Deveras, Luísa Ritter, Emerson Pingarilho, Geraldo Tavares, Yan Sorgi, Ana Helena Tokutake, Wagner Pinto, Fernando Chamarelli e Fernanda Guedes) para customizarem e transformarem as geladeiras velhas dos dez blogueiros convidados para a ação: Anita Cavagnoli, Chris Campos, Cláudia Midori, Gabriela Bianco, Leonor Macedo, Marcelo Costa, Marco Gomes & Gabriel Pires, Ricardo Cobra e Samantha Shiraishi.

Fim de ciclo, início de outro, renovação e transformação. Gostei das simbologias do projeto, em especial porque ele também prevê a realização de duas festas: uma por causa da vinda da Brastemp Inverse, e outra tendo como pretexto a chegada da nova velha geladeira remixada e remasterizada por Geraldo Tavares, o artista incumbido de fazer o trabalho sujo por mim. E assim foi feito: a primeira festa foi realizada sábado passado, a fim de coincidir com o aniversário da minha namorada. E, oras, mais do que a nova geladeira, minha participação no Inverse My Fridge já teria valido a pena por ver o seu sorriso durante a festinha que fizemos.

Ficamos incumbidos de fazer o registro da festa. Mas, putz, como todos devem saber, em um evento desses a gente cuida mesmo é de comer, beber, prosear, falar muitas bobagens, rir como se não houvesse amanhã e aproveitar estes momentos especiais junto com pessoas queridas. Fico devendo esta, pois: tiramos só algumas fotos do making of da festinha. ;)

Quero só ver como ficou o novo móvel para a minha casa, preparado pelo Geraldo. Fotos em breve por aqui. ;) Enquanto isso, um comentário final: outra coisa bem bacana da ação foram os ímãs que ganhamos. O título deste post foi uma daquelas típicas frases de pára-choques de caminhão ou mensagem de Twitter, que acabou por se tornar filosofia de porta de geladeira. :P

Sobre certas certezas, discussões na rede e o livro de Yoani Sánchez

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Lamento ver certas discussões, seja na internet ou na vida off-line, que acabam por dicotomizar simpatizantes de ideologias opostas. De repente, tudo no mundo torna-se branco ou preto, sem que haja espaço para o cinza; você é 8 ou 80, esclarecido ou alienado, “petralha” ou “tucanalha”. Cada lado defende suas posições com agressividade típica de torcidas organizadas de futebol, e o resultado torna-se tão deprimente quanto o estrago cometido pelos falsos torcedores do Coritiba no estádio Couto Pereira. Sem espaço para discussões ponderadas e críticas construtivas, vejo muita gente que só quer saber de ler textos que reiteram suas opiniões, tapando olhos e mentes para visões conflitantes com suas convicções arraigadas. Triste esse paulatino processo de amesquinhamento intelectual, que faz com que debates tornem-se meras rinhas de neurônios murchos lutando na lama.

Querem um exemplo prático do que falo? As discussões em torno da Revolução Cubana, que celebrou 50 anos em 2009. Creio que o melhor texto já escrito sobre o assunto foi escrito por Idelber Avelar em fevereiro de 2008. Sua simpatia pelas causas esquerdistas não o impediu de fazer um balanço lúcido e sereno sobre o legado deixado por Fidel Castro. Transcrevo aqui suas palavras:

“Cuba se transformou numa espécie de espelho distorcido onde cada um projeta uma visão que já traz de antemão. Amigos de esquerda viajam à ilha e voltam com relatos acerca de um povo muito orgulhoso do que fez. Mas também não dá para negar uma outra realidade: a da quase prostituição das relações pessoais com estrangeiros e a dura vida dos presos políticos. Aí eu não posso deixar de lamentar que as pessoas dedicadas a defender a Revolução Cubana — causa mui legítima — simplesmente não mencionem o fato. Vira uma ladainha: os defensores mencionam educação e saúde; os detratores mencionam a falta de imprensa livre e os presos políticos. Ambos têm razão. Ambos vão perdendo a razão na medida em que se recusam a olhar a coisa de uma maneira mais trimensional.”

Fiz todo este preâmbulo para falar da mais notória blogueira cubana: Yoani Sánchez, filóloga de 34 anos que desde abril de 2007 relata em seu blog Generación Y seu cotidiano e seus imbróglios com o regime ditatorial na ilha. Volta e meia vejo simpatizantes da revolução cubana acusando Yoani de ser uma agente internacional da CIA patrocinada pelo governo americano, embora não apresentem provas disso. Recentemente, foi noticiado que Sánchez foi detida e espancada por autoridades cubanas no dia 6 de novembro, mas relatos compilados por um artigo do Global Voices Online mostram que há muita gente que contesta a veracidade desse incidente, assunto de uma matéria da CNN. Um deles foi Frei Betto, que publicou um artigo intitulado “A blogueira Yoani e suas contradições” (aliás, sobre esse texto, recomendo a leitura do post “Frei Betto, Yoani Sanchéz e o Copyright”, de Leandro Beguoci).
Ou seja: ao mesmo tempo que Yoani Sánchez ganhou prestígio no exterior, a ponto de ter sido considerada pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, e de ter recebido prêmios como o Ortega y Gasset de jornalismo (concedido pelo jornal espanhol El País) e o The BOBs de melhor blog de 2008, há várias pessoas contestando as ações e motivações desta blogueira, movidas essencialmente por razões ideológicas. Creio, pois, que não há nada mais apropriado do que ouvir Yoani Sánchez em pessoa: seja por meio do vídeo a seguir, produzido pela trupe do Garapa.org, seja pela entrevista realizada por André Deak.

Por fim, recomendo fortemente a leitura do livro “De Cuba Com Carinho”, publicado pela Editora Contexto. Em seus textos, Yoani, que foi impedida de vir ao Brasil para o lançamento da edição por estas bandas (motivando inclusive um pronunciamento no Congresso do senador Eduardo Suplicy), mostra ser uma observadora atenta da realidade que a cerca. E não me refiro apenas ao que Sánchez chama de “utopia imposta”; cito, por exemplo, um breve texto no qual ela fala, com viés otimista, da juventude de seu país.

“Esses jovens que vejo hoje, ensimesmados nos seus MP3 e com a calça abaixo da cintura, anseiam - como nós já ansiamos - pelo momento de estar ‘no comando da casa’ e trocar os móveis, renovar a pintura e convidar os amigos. Eles têm a mesma aversão ao que é herdado e o mesmo deleite com o proibido que todos que já passamos por essa idade também tivemos. Gosto da maneira como fazem de conta que nada lhes interessa, quando na realidade aguardam o momento de tomar o microfone, brandir a caneta, levantar o indicador. O hedonismo os salva da entrega incondicional e certo toque de frivolidade os protege contra a sobriedade das ideologias.”

Antes de criticarem ou elogiarem o blog e as atitudes de Yoani Sánchez, gostaria muito que as pessoas ao menos se dispusessem a ler seus textos antes de emitir julgamentos apressados e conspurcados por certezas inexpugnáveis.

* * * * *

P.S.: E começaram as retrospectivas da década. O Scream & Yell perguntou a mim e a mais 67 músicos, críticos e jornalistas quais foram os melhores discos da década. Confira os resultados da votação. E as minhas escolhas. ;)

Mulheres, hífens e Twitter

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 02 de dezembro de 2009

A coluna que escrevi para a edição 32 da revista Pix é um bom pretexto para espanar as teias de aranha que cobrem este blog há quase um mês, não?

Minha coluna na edição 32 da revista Pix Continue Lendo

Desafio Sala Cheia Cinemark

Por Alexandre Inagakisábado, 07 de novembro de 2009

“Ménage à trois” é uma singela expressão que, tomada ao pé da letra, significa “mistura a três”. E que, basicamente, significa juntar em uma mesma cama (ou qualquer outro local à escolha do trio) três pessoas adultas para um relacionamento sexual. Sonho de consumo de muitos homens e mulheres dispostos a adicionar um pouco mais de pimenta em suas vidas, o ménage à trois já foi tema de diversos filmes, dentre eles Henry & June, Três Formas de Amar (cujo título original, “Threesome”, eu teria traduzido como “Trelelê”) e, mais recentemente, o brasileiro Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas, com Fernanda Torres e Luis Fernando Guimarães, produção devidamente resenhada por Marcelo Forlani no Omelete. Continue Lendo

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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