Artigos doo ano de: 2009

Michael Jackson (1958-2009)

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 26 de junho de 2009

Meu camarada Pablo Miyazawa comentou, a respeito da notícia que parou a internet ontem: foi o “11 de setembro do pop”.

Em outro texto sobre Michael Jackson, escrevi o seguinte: “Sua morte monopolizou as discussões no Twitter e ofuscou os outros fatos do dia. Não é difícil de entender. Em um mundo cada vez mais multifacetado, sem consensos ideológicos ou utopias capazes de engajar multidões, restaram poucas unanimidades de interesses. Uma delas é a cultura pop: tudo que lemos, ouvimos, assistimos, consumimos. Michael Jackson foi um fenômeno cultural que atraiu interesses dos mais díspares cantos do mundo com suas músicas e coreografias. Nestes tempos de long tail, será muito, muito difícil surgir um outro artista capaz de vender tantos discos, fazer tamanho sucesso, atrair tanta atenção. Michael destacou-se em uma época na qual walkmans, fitas cassete, vinis, máquinas de escrever, aparelhos de fax e fichas telefônicas ainda não faziam parte do tal ‘museu de grandes novidades’ cantado por Cazuza”. Continue Lendo

Quadrinhos e a arte sequencial de Kioskerman

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 22 de junho de 2009


É quase inacreditável constatar que ainda há gente que acha que quadrinhos são leituras para crianças. A polêmica em torno da aquisição de exemplares da coletânea de HQs nacionais Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol para bibliotecas do governo do estado de São Paulo foi uma prova recente disso. Gian Danton em um artigo para o site Digestivo Cultural, descreveu bem a celeuma causada pela obra na mídia: “Datena sugeriu que ‘Dez na Área…’ era uma espécie de cartilha de libertinagem. Ratinho soltou palavrões. Até mesmo a Rede Globo (em reportagem do SPTV) saiu-se com essa inusitada chamada: ‘as histórias são em quadrinhos, mas o conteúdo não tem nada de infantil’, como se o fato de ser quadrinhos obrigasse o material a ser infantil”. Continue Lendo

Sobre camisetas e blogs

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 12 de junho de 2009

Quem diria que, antigamente, as camisetas eram usadas apenas como peças de baixo, feito cuecas e calcinhas, para proteger o corpo das marcas de transpiração e mudanças de temperatura? Paulatinamente, a camiseta, feito um daqueles coadjuvantes que roubam a cena dos protagonistas em um filme, foi ganhando mais e mais destaque no vestuário cotidiano, com o auxílio de formadores de opinião como Coco Chanel, pioneira em fazer da camiseta marinière uma peça unissex, ou Marlon Brando, cuja imagem no filme Um Bonde Chamado Desejo tornou-se um ícone do sex appeal no cinema.

As camisetas deixaram de ficar escondidas sob qualquer outra peça de roupa. Tornaram-se sinônimos de conforto e liberdade e passaram a estampar sonhos e ideais, por meio de frases e símbolos estampados em modelos customizados. Cada um cria seu próprio modo de usar, expressando um pouco da personalidade de quem veste sua t-shirt. Contudo, é bóbvio que, ao transformarem-se em meios de comunicação, elas também começariam a ser apropriadas pelo establishment. Que atire o primeiro cabide aquele que nunca ganhou uma camiseta com a estampa de um produto, marca ou candidato a algum cargo político (nem que você tenha a transformado imediatamente em pano de chão). Continue Lendo

O mar e eu

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 09 de junho de 2009

A primeira lembrança que tenho do mar é de uma manhã numa praia em Salvador, cidade em que minha irmã, legítima japaraguaia baiana, nasceu. Meu pai trabalhava no polo petroquímico de Camaçari, e eu tinha uns quatro anos de idade quando nossa família passou uma manhã numa das praias do litoral baiano. Mas a minha primeira recordação é muito vaga. As ondas levaram o baldinho azul que eu usava para brincar; elas nunca o devolveram para mim.

Naquele já distante ano de 1977, meu pai mudou de emprego e nossa família se mudou para São Paulo, esta cidade caótica onde moro até hoje. Nos dias de trânsito, rotina básica de qualquer paulistano, sinto que estou ilhado no meio de um mar de carros sem horizonte. Meu convívio com o mar, pois, é bissexto e atém-se às viagens que faço de vez em quando a lugares geograficamente mais privilegiados, nos quais é possível vislumbrar uma paisagem em que a gente pode sentir a brisa sem passar pela barreira de prédios e outras construções que bloqueiam os nossos sentidos.

Apesar de a minha primeira experiência direta com o mar ter sido um pouco traumática, não tenho qualquer motivo para me queixar. Muito pelo contrário; lugares como Porto de Galinhas, a praia de Copacabana e a Ilha do Mel ou recordações como as do cruzeiro em alto mar que fiz no final do ano passado pagariam com juros e correção monetária qualquer balde que as ondas porventura levassem de mim. Pois é nas oportunidades em que descanso meus olhos no horizonte sem fim do mar, enquanto caminho por areias macias muito mais convidativas aos pés do que a dureza de asfaltos e calçadas rachadas, que repouso ouvindo o barulho das ondas indo e vindo e percebo o quanto o mar é fundamental para nossas vidas. Intuitivamente, quase sem recordar que três quartos deste planeta são cobertos por oceanos cada vez mais poluídos e vilipendiados, com peixes e outras espécies marinhas ameaçadas de extinção.

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P.S. 1: 8 de junho é o Dia Mundial dos Oceanos. Foi o mote para que minha amiga Lucia Malla convidasse blogueiros para relatarem histórias pessoais nas quais o mar fosse cenário ou personagem. Citando suas palavras: “O nosso intuito: trazer para a esfera pessoal, da nossa vida diária, os oceanos. Mostrar o quanto eles estão próximos da gente. A sobrevivência saudável dos mares do mundo depende do quanto a gente se importa com eles hoje - e para se importar, precisamos estar conectados de alguma forma.” Confira outras histórias sobre o mar no blog Faça a Sua Parte.

P.S. 2: O vídeo que ilustra este post integra o documentário HOME - O Mundo é a Nossa Casa, resenhado por Alex Primo em seu blog.

“Eu não sei nada. Eu não sei nada! Eu não sei nada!!!”

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 02 de junho de 2009

Semana passada compartilhei, no Twitter, o seguinte pensamento: “Há certos dias em que me sinto como o Chainsaw do Curso de Verão, aquele filme clássico da Sessão da Tarde”. Em seguida, transcrevi o diálogo antológico no qual Chainsaw, um dos protagonistas desta comédia de 1987 dirigida por Carl Reiner (que fez outros filmes bacanas como Um Espírito Baixou em Mim e Cliente Morto Não Paga), descrevia um blecaute ocorrido em seu cérebro:
- Você quer ovos fritos ou mexidos?
- Ovos? O que são ovos?
- Como se soletra “gato”?
- Eu não sei. Eu não sei NADA. EU NÃO SEI NADA!


Pois e não é que, por coincidência ou sincronicidade, alguns dias depois uma boa alma disponibilizou esta cena, que descreve perfeitamente o terror vivenciado por vestibulandos e concursandos, no YouTube? E, melhor ainda, em versão dublada!

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O mercado editorial anda periclitante no mundo todo. E aqui no Brasil, notícias como o final melancólico do jornal Gazeta Mercantil, depois de 89 anos de existência, só reforçam essa constatação. Foi um alento, pois, saber que a revista SET, cujo cancelamento havia sido anunciado em abril, não acabou. A publicação volta sob nova direção, capitaneada por Mario Marques, Carlos Helí de Almeida, Marco Antonio Barbosa, Nelson Gobbi e Robert Halfoun. Eu, como cinéfilo cuja formação passou pelas leituras das colunas que nomes como Dulce Damasceno de Brito assinavam na SET (surgida em 1987 como um spinoff da saudosa revista Bizz), torço para que a revista encontre seu público. É uma missão difícil. Em tempos nos quais temos inúmeros blogs de cinema e sites de qualidade como Omelete, Contracampo, Cinética e Cinema em Cena, uma publicação precisa apresentar um diferencial muito grande para motivar leitores a buscarem suas edições em bancas de jornais. Ficarei na torcida para que a SET encontre o seu caminho.

* * *

A capa da nova SET destaca O Exterminador do Futuro - A Salvação, que estreia no Brasil dia 5 de junho. Assisti ao filme na cabine de imprensa e, como adiantei no Twitter, é um blockbuster que dividiu opiniões. O Borbs do Judão, por exemplo, é um que aprovou T4. Diego Maia, por outro lado, reprovou o resultado e chamou o diretor McG de “picotador-freak”. Nessas horas, o velho clichê faz todo o sentido: cada cabeça, uma sentença. Eu me diverti pacas com T4. E, ao contrário do Diego, achei sensacional o plano-sequência do helicóptero, logo no começo do filme.
Quem assistiu aos três filmes anteriores curtirá as referências à mitologia Terminator, como a reprodução da fita original que Sarah Connor gravou para o filho e o uso de frases-bordão da saga como “I’ll be back” e “come with me if you wanna live”. Não tenho como não destacar ainda a trilha sonora do filme, com “Rooster”, talvez a melhor música do Alice in Chains, e a inevitável “You Could Be Mine”, além da atuação de Sam Worthington no papel de Marcus Wright, um condenado à morte que acaba por se tornar o verdadeiro protagonista da produção. Faço ressalvas quanto ao final do filme (a conclusão original, que foi modificada depois que o roteiro de T4 vazou na Web, era melhor); de qualquer modo, o novo Exterminador é uma sessão pipoca de primeira.

Em tempo: a atuação de Christian Bale no papel de John Connor me fez concordar com a tirada de Gilvan Neco - um filme no qual “Batman combate os Transformers”. Mas a melhor de todas as resenhas, até agora, foi escrita por Denis Pacheco do blog Goma de Mascar, que cunhou um texto impecável resgatando os três primeiros filmes da série e relacionando-os com a nova produção. Porém, por estar repleta de spoilers, recomendo que vocês só leiam a crítica depois de terem assistido a T4.

* * *

Graças a uma iniciativa encampada pelo pessoal da Central Globo de Comunicação, estive, ao lado de outros blogueiros como Samantha Shiraishi, Liliane Ferrari e Kako Ferreira, acompanhando uma das gravações do programa Altas Horas, apresentado por Serginho Groisman. Foi uma experiência bacana testemunhar, in loco, o trabalho do Serginho, um cara que acompanho desde os tempos do Matéria Prima e do Programa Livre, em um programa que sempre abriu espaço para a participação dos telespectadores, seja por meio das perguntas feitas pela plateia, seja por meio dos vídeos enviados para a produção.
A edição que acompanhei contou com as participações das simpáticas Alessandra Maestrini, Mariana Gomes e Daiane dos Santos, além de uma banda composta por músicos torcedores do Santos. Mas o grande destaque foi uma entrevista sensacional que Serginho Groisman fez com Ita Rocha, que possui uma singela profissão: carpideira. Em outras palavras: uma choradeira profissional, contratada com a função básica de derramar lágrimas em velórios. Só mesmo vendo pra crer…

Há 3 anos

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 15 de maio de 2009

Três anos é o prazo após o qual cadáveres que estão em sepulturas individuais vão para covas coletivas, conforme procedimento padrão adotado nos cemitérios públicos de São Paulo. Arual Martins, promotor criminal que trabalha na zona Sul da capital, região que concentrou o maior número de casos no já distante mês de maio de 2006, declarou: “Qualquer apuração criminal, o tempo vai apagando e deixando tudo muito longe. À medida em que o tempo vai passando, tudo vai sumindo. A memória se perde.”

Há 3 anos, São Paulo sofreu a maior onda de ataques contra o Estado em toda a sua história. Tudo começou na noite da sexta-feira, dia 12 de maio de 2006. Cerca de 12 mil detidos foram liberados das cadeias, graças ao indulto concedido por causa do Dia das Mães. Muitos desses homens saíram com uma missão a cumprir: iniciar uma série de atentados, catalisados pela transferência de oito dos principais líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), dentre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para a sede do DEIC (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) em São Paulo, e depois para a penitenciária de segurança máxima em Presidente Bernardes.

Presos rebelaram-se nas cadeias, ônibus foram queimados, bancos e postos policiais foram metralhados. Mas o auge do pânico que assolou a incauta população paulista ocorreu na segunda-feira, dia 15 de maio, quando uma onda de boatos espalhou-se por São Paulo, amplificada pelos noticiários sensacionalistas na TV. Resultado: a maior cidade da América do Sul simplesmente parou. Escolas cancelaram aulas, o comércio fechou as portas, e-mails espalharam o boato de que haveria um “ataque de violência às 18 horas” e São Paulo foi tomada por um inusitado megacongestionamento no meio da tarde, com pessoas aflitas por chegar às suas casas. À noite, William Bonner apresentou o Jornal Nacional fora do estúdio, tendo a marginal do Rio Pinheiros ao fundo, entrevistando ao vivo Cláudio Lembo, governador de São Paulo na época. É um momento significativo: Bonner nitidamente mostra irritação com as respostas de Lembo, interrompendo e contestando as falas do governador em diversos momentos da entrevista.

No dia seguinte, ignorando as declarações apaziguadoras de Lembo, a cidade parou, conforme relatou Bob Fernandes na matéria “Eles venceram”. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo no mesmo dia, o dramaturgo Mário Bortolotto desabafou ironicamente a respeito do toque de recolher autoinfligido pelos paulistanos: “Sacaram? Vocês que agora estão escondidos em suas casas, com medo de saírem às ruas pra tomar uma inocente cerveja ou pra ir a um cinema depois de um dia cansativo de trampo e pavor? Vocês sacaram que isso que vocês estão passando nesse momento é rotina nas favelas cariocas? O toque de recolher, o abaixar as portas, o rezar baixinho pra que ninguém ouça. Às vezes tão baixinho que nem Deus ouve. E a gente faz de conta que tá acontecendo longe daqui, num país distante de alguma fábula de terror. E agora você tá vendo os busões incendiados, as estações de metrô metralhadas, e você tá dentro do trem fantasma.”

Três anos se passaram. 63% dos assassinatos de civis ocorridos durante os dias 12 e 20 de maio de 2006 foram arquivados. Rodrigo Bertolotto, que fez uma excelente matéria resgatando os acontecimentos daqueles dias conturbados, entrevistou Domingos Pessoa, perueiro que trabalha na cidade de Guarulhos. Na época, Domingos havia montado uma lan house junto com Anderson, seu filho mais velho, que respondia em liberdade a uma acusação de roubo. No dia 17 um homem encapuzado invadiu a lan house procurando por Anderson. Após se identificar, o filho de Domingos levantou as mãos e pediu misercórdia. Foi ignorado; recebeu um tiro na queima-roupa e morreu, aos 24 anos de idade, deixando dois filhos. Seu algoz jamais foi identificado e provavelmente nunca será. Afirma Domingos: “A gente, que vive na periferia, exposto a tudo, tem garantia de quê? Só de Deus. Garantia de Deus.”

Sofremos uma miopia histórica e esquecemos rapidamente de acontecimentos que não poderiam cair no oblívio. Por causa disso, e movido por saber que em outubro estreará Salve Geral, o primeiro longa de ficção passado durante aqueles dias de maio de 2006, dirigido por Sérgio Rezende, comecei a escrever no Twitter uma série de posts com a hashtag #ha3anos. Muitos compartilharam lembranças sem sequer saber do contexto original, e por isso convidei alguns amigos blogueiros para escreverem, neste dia 15 de maio de 2009, textos resgatando o dia em que São Paulo parou, aproveitando também para discutir a segurança pública no país. Estes são os posts que já foram publicados sobre o assunto:

- Idelber Avelar - Três anos de uma matança e a falência de uma política de segurança

- Marcelo Soares - Três anos dos ataques do PCC: dois dias de caos, 170 mortes insolúveis e R$ 722 mil

- Danillo Ferreira - Ataques do PCC em São Paulo: 3 anos

- Orlando Tosetto Júnior - Eles não são uma espécie de solução

- Roger Franchini - 3 anos dos ataques do PCC

- Gabriela Franco - Toda forma de poder

- Luiz Biajoni - Há 3 anos, o terrível ataque do PCC e a mais terrível ainda postura do PFL

- Gabi Bianco - Há três anos…

- Rafael Pereira - “Há três anos”, o movimento pela memória de uma tragédia

- Flávia Penido - Há 3 anos tivemos toque de recolher

- André - O dia em que São Paulo parou

- Luma Rosa - Cobras e Lagartos

- Hugo Albuquerque - Reflexões sobre a Violência e a Criminalidade

- Mario AV - Três anos desde o terrorismo em SP

- Gabriela Silva - O terror continua à espreita

À medida em que novos textos sobre o tema #ha3anos forem sendo publicados, eles serão devidamente linkados neste post (deixe um comentário ou trackback para que eu publique seu link aqui). Participe! Afinal de contas, o assunto é importante demais para ser relegado ao esquecimento, voltando a ser debatido apenas quando algum ataque acontecer ao lado da sua casa.

Desabafo sobre a declaração do imposto de renda

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 30 de abril de 2009

“Neste momento, agora, empresários, lojistas, operários, trouxas, TROUXAS estão pagando o imposto de renda. Estão pagando imposto de renda para gente que não tem vergonha na cara mandar amigos sirigaitear em Miami, Paris, Roma, aonde quer que seja. E não vai lhes acontecer nada, porque este é um povo estúpido que não reage.”

Hoje é o último dia de entrega da declaração de imposto de renda. E eu, um brasileiro que não desiste nunca de deixar tudo para a última hora, cá estou correndo para finalizá-la e enviá-la para a Receita Federal aos 44 minutos do segundo tempo. A todos que estão passando pelo mesmo perrengue, recomendo fortemente que assistam ao vídeo abaixo, que encontrei no blog do Marcelo Tas. Trata-se do desabafo de Luiz Carlos Prates, comentarista do Jornal do Almoço, exibido na RBS de Santa Catarina, que fala sobre o recente escândalo no Congresso Nacional referente ao abuso no uso das cotas de passagens aéreas para os parlamentares.

Confesso que nunca havia ouvido falar no nome de Luiz Carlos Prates antes de assistir a esse vídeo. Mas, após ver o seu catártico comentário, quis saber mais a seu respeito. Prates mantém um blog no site do Diário Catarinense e tem dedicado a ele um verbete na Wikipedia que parece descrevê-lo com precisão: “É famoso por em alguns comentários dar fortes socos na mesa ou erguer o tom de voz. Segundo ele mesmo, já quebrou uma mesa durante um de seus ataques. Também mantém uma concorrida agenda de palestras motivacionais, principalmente para estudantes.”

Deixo aqui um agradecimento público a Prates, porque ele expressou, com contundência alborghettiana, o sentimento idiotizante de se trabalhar feito jegue o ano inteiro para depois dispender um tempo precioso preenchendo a modorrenta declaração do IR. Com gosto amargo na alma, por saber de antemão que todo esse trabalho é devido a impostos que jamais nos darão um justo e efetivo retorno.

Visto a carapuça: sim, eu sou um trouxa.

* * * * *

P.S.: No vídeo, Luiz Carlos Prates cita um deputado que usou a desculpa de que “a família é sagrada” para justificar o uso indiscriminado de sua cota de passagens aéreas. Importante saber: o nobre parlamentar que soltou essa tirada é ninguém menos que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Inocêncio Oliveira (PR-PE), que usou recursos públicos para financiar a viagem da esposa, das filhas e da neta para a Europa e Nova Iorque entre agosto e dezembro de 2007. Mais informações sobre esse escândalo das passagens aéreas estão disponíveis no excelente site Congresso em Foco.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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