Artigos do mês de: julho 2008

O Dia do Amigo

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 18 de julho de 2008

Há coisas nesta vida que a gente só descobre por intermédio da internet. Graças a ela, aprendi por exemplo que em 20 de julho é celebrado o Dia do Amigo. Soube dessa curiosidade através de um camarada que jamais vi, li ou ouvi na vida, mas que por possuir meu e-mail em sua lista, ao lado de mais uns 70 incautos destinatários que receberam a mesmíssima mensagem padronizada, enviou-nos um desedificante anexo de Power Point com mais de 1.000 KB, contendo fotos bucólicas de crianças brincando com um pôr-do-sol ao fundo, ilustradas por versos da indefectível canção do Milton Nascimento que diz que “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”.

Uma rápida pesquisa esclareceu que o Dia do Amigo surgiu graças à iniciativa de Enrique Ernesto Febbraro, um professor argentino que viu o homem chegando à Lua no dia 20 de julho de 1969, por intermédio da missão tripulada Apollo XI, constatando que, naquele singelo momento histórico, toda a humanidade quedou-se em frente às televisões que exibiram aquele instante ao vivo, como se todas as fronteiras e diferenças ideológicas tivessem sido momentaneamente dissipadas.

De boas intenções, todos nós estamos cansados de saber que o inferno faz jus ao slogan que aquela marca de desodorante costumava propagar: “sempre cabe mais um com Rexona”. Mas o fato é que, apesar da aparente ingenuidade de se propagar mais uma efeméride feito essa, que soa a invencionice para incrementar vendas de comércio e lotar nossas caixas postais com cartões virtuais piegas, fiquei pensando no conceito por vezes abstrato da Amizade.

Amigo, para mim, é aquela pessoa que tem a liberdade de pensar em voz alta na sua frente, dispensando floreios e dizendo o que realmente acha de suas atitudes. Porém, levando em consideração as sábias palavras de Leonardo da Vinci: “Repreende o amigo em segredo e elogia-o em público”. ;) É aquela pessoa a quem você empresta dinheiro, mas que faz questão de pagar a dívida antes mesmo que você pense em cobrá-la. Ou, viceversamente falando, é o cara com quem você pode contar nos dias em que é necessário vender o almoço para pagar o jantar.

É o ombro no qual você chora suas pitangas, nem que seja às duas da madrugada (por exemplo, quando você é surpreendido com desculpas infames como “não quero estragar a nossa amizade”), e que não pestaneja em lhe dar aqueles esporros necessários ou os afagos que seu ego combalido por vezes requer.

É bóbvio dizer que um verdadeiro amigo é muito mais do que um e-mail na lista de contatos do Gmail ou figurinha em seu álbum do Orkut, mas por vezes as maiores obviedades precisam ser reiteradas.

Quanto a mim, posso dizer que tenho a sorte de ter amigos de rara estirpe vida afora, daqueles que se reúnem em torno de uma mesa de bar e passam horas conversando, esquecidos dos ponteiros do relógio e das vicissitudes do dia-a-dia, inclusive tendo a sorte e o privilégio de ter me tornado colega de trabalho de vários deles.

Amigos compartilham nossos sonhos, neuras, paixões, decepções, alegrias. Riem das abobrinhas que a gente fala, têm à mão um lenço de papel nas horas que a gente necessita. E, principalmente no meu caso particular, compreendem quando eu demoro semanas para responder a um e-mail ou dar um telefonema; meus amigos necessitam ter paciência oriental.

Amigo é aquela pessoa que você não vê há meses, mas quando encontra faz aquela algazarra juvenil:

- Fala veado, cadê a sua mãe?

- Tá lá na zona, aprendendo tudo com a sua!

Amigos falam palavrões com o mais inesperado dos carinhos. Respondem aos nossos rasgos de pieguice com um abraço. São o nosso amparo ao desconcerto com que este mundo é regido. E acreditam de olhos fechados na nossa versão da história.
Enfim, para resumir a história, desejo que todos os meus amigos encontrem a felicidade que eu sei que eles fazem por merecer. E ponto final!

10 clipes do rock brasileiro dos anos 90

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 11 de julho de 2008

A onda nostálgica em torno dos anos 90 chegou com tudo. Você já deve ter recebido anexos de Power Point ou o link de algum Tumblr recordando com saudade dos “bons” tempos em que o É o Tchan ainda era chamado de Gera Samba, todo mundo queria morar em Beverly Hills e ser amigo da Kelly, do Brandon e do Steve, o pessoal ia pras baladas dançar poperô ao som de Ace of Base, Jon Secada, Londonbeat, Corona ou Erasure, ápice da tecnologia era ter conta em BBS, depois teclar no mIRC e ficar “invisible” no ICQ, ainda havia Mappin, Mesbla, fichas telefônicas e TV Manchete, objetos de desejo eram Kinder Ovos, tamagotchis e Mega Drives, duplas sertanejas e grupos de pagode invadiram as FMs, as manhãs de domingo eram embaladas pelas vitórias do Ayrton Senna, Astrid, Cuca, Thunderbird e Gastão eram os principais VJs da MTV Brasil e os maiores escândalos da década foram Lilian Ramos sem calcinha ao lado de Itamar Franco, Sharon Stone cruzando as pernas em Instinto Selvagem e Monica Lewinski quase derrubando um presidente dos EUA por causa de um fellatio.

A década da ovelha Dolly, das propagandas de facas Ginsu e meias Vivarina, do movimento grunge, da conversão dos cruzeiros reais em URVs, dos caras pintadas protestando contra Fernando Collor e do ET de Varginha já está sendo recordada em festas temáticas, posts do Fred Fagundes e livros sobre a década. Dentro dessa pegada, segue abaixo uma compilação de 10 músicas que marcaram o Brock tupinambá dos anos 90. Como diria Cissa Guimarães, aquela tal “garota que quebra o coco, mas não arrebenta a sapucaia” (e que saiu na capa da Playboy em agosto de 1994), estes clipes vieram direto do túnel do tempo…

* * * * *

Chico Science & Nação Zumbi - “Manguetown” - Francisco de Assis França fez história na MPB ao idealizar e liderar, ao lado de outros nomes da cena musical pernambucana como Fred Zero Quatro do grupo Mundo Livre S/A, o movimento manguebeat. Em 1994, Chico Science & Nação Zumbi gravou seu primeiro álbum pela multinacional Sony: Da Lama ao Caos. O disco projetou a banda nacionalmente, revitalizando a cena musical tupinambá com a fusão da guitarra sincopada de Lúcio Maia à percussão que juntou o ritmo do maracatu com o rock. O segundo álbum, Afrociberdelia, saiu em 1996, com uma pegada mais pop e influências da música eletrônica. Seu primeiro single, “Manguetown”, recebeu um videoclipe duca dirigido pelo cenógrafo Gringo Cardia, e a boa recepção de crítica e público indicava que Chico Science & Nação Zumbi teriam uma longa e brilhante carreira ainda a percorrer. Mas, lamentavelmente, em fevereiro de 1997 Chico Science morreu em um acidente de trânsito, devido ao rompimento do cinto de segurança que ele usava no momento da batida. Continue Lendo

Cozinheiros de aluguel

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 09 de julho de 2008

Pra vocês verem como são as coisas. Minha receita de miojo cru repercutiu bastante, a ponto de ter chamado a atenção de uma agência de publicidade que me chamou para ser cozinheiro de aluguel. Portanto, o que vocês lerão a seguir (ou não) é um post devidamente patrocinado.

* * * * *

Como os leitores deste blog já devem saber, culinária é uma arte que eu não domino. Até me pediram que eu compartilhasse alguma receita que eu fosse capaz de fazer; e eu pensei em várias, afinal de contas sou um cozinheiro versátil: sei fazer ovo frito, cozido, estrelado, mexido e, pasmem, até mesmo omelete. Minha receita de lata de sardinha à moda da casa também é prática, saborosa (especialmente para pessoas sem paladares muito apurados) e ainda tem a vantagem extra de permitir reciclagem das latas, de modo que eles posteriormente possam ser transformadas em pedal de distorção para guitarras.

Resolvi, porém, compartilhar uma receita clássica da minha infância: arroz com natô.

Para quem não sabe, natô é soja fermentada. Vendida em pequenos potinhos, a aparência não é das mais atrativas. Isso se dá porque os grãos de soja, após passarem pelo processo de fermentação, ficam um tanto quanto gosmentos e embranquiçados. O cheiro é um tanto quanto peculiar, e o natô fica mais babado que quiabo, como vocês podem checar conferindo a foto ao lado. Ainda assim, creiam-me, natô é gostoso sim!

Eis o meu método de preparo: com um garfo, pego de duas a três porções de natô e coloco-as em cima do prato. Depois, tempero a soja fermentada com um pouco de shoyu e uma a duas pitadas de aji-no-moto. Misturo tudo, coloco algumas colheres de arroz quente em cima do natô e, nhamy!, está pronta uma deliciosa refeição, considerada nutricional e terapêutica. Ou não.

* * * * *

Como minhas chances de faturar um concurso de culinária são tão grandes quanto as possibilidades de encontrar algum pingo de bom senso naquele projeto do senador Eduardo Azeredo, menos mal que na promoção Receita Milionária são os comentaristas deste post que poderão ser recompensados. A pegada é a seguinte: todos aqueles deixarem comentários aqui (informando cidade e estado onde mora) descrevendo uma receita original de sua própria autoria que sirva de 4 a 6 pessoas, que use ao menos um produto Knorr, e narrando a história por trás da criação dela, participarão de uma promoção específica para blogs.

Doze leitores de doze blogs (Culinária Masculina, Prato Fundo, Homem na Cozinha, Guloseima, Rainhas do Lar, De Cara Pra Lua, Eu Capricho, Papo de Homem, Substantivolátil, Quem Matou a Tangerina e Manual do Cafajeste também participam) que tiverem suas receitas selecionadas pelo staff da Knorr receberão visitas especiais em casa: uma equipe de TV que filmará você fazendo sua receita, que depois será exibida em um programa cujos vídeos aparecerão no site da promoção da Knorr. Quem se habilitará a mostrar seus dotes culinários?

* * * * *

P.S.: Além da promoção exclusiva para comentaristas de blogs, não se esqueçam que há uma outra valendo R$ 1 milhão para quem enviar sua receita por meio deste link!

Projeto Descolagem no NAVE

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 04 de julho de 2008

Não importa o que digam. A despeito de todas as mazelas, de resto comuns a quaisquer metrópoles, o fato é que o Rio de Janeiro continua merecendo com sobras o título de Cidade Maravilhosa, e qualquer ocasião é pretexto para voltar a visitá-la. Pena que o paulistano aqui anda atolado de trabalho, mal consegue atualizar este blog e tampouco poderá estar presente a um evento imperdível para quem tiver a sorte de estar no Rio amanhã, dia 5 de julho, a partir das 14h: a Descolagem.

Mas o que é uma Descolagem? Digamos que possa ser uma apresentação, mas também um workshop, uma performance, uma palestra, uma desconferência ou tudo isso ao mesmo tempo agora. Qualquer pessoa poderá participar da Descolagem, seja in loco ou, como não poderia deixar de ser nestes tempos atuais, assistindo à transmissão ao vivo pela internet no site do Núcleo Avançado em Educação, o NAVE, interagindo e enviando perguntas aos participantes do evento por e-mail, SMS ou Twitter (usando a tag #descolagem).

A Descolagem inicial terá a curadoria de mestre Beto Largman, jornalista e blogueiro. O tema será “Cultura Digital e o Impacto da Tecnologia no Mundo Moderno”, e contará com a participação de um timaço de respeito para desenvolver as conversações, incluindo nomes como Silvio Meira, Cris Dias, Fabio Seixas, Ronaldo Lemos e Marco Gomes. O evento será realizado na Usina de Expressão do NAVE, uma escola pública de alta tecnologia (vide a foto acima) criada com a ajuda do Instituto Oi Futuro, localizada na Rua Uruguai, 204, na Tijuca. Para participar do evento, envie um e-mail para [email protected] ou cadastre-se no site do Nave (o número de vagas, ao menos no evento físico, é limitado). A propósito, você poderá ir à Descolagem de metrô: uma van fará o trajeto entre a estação Saens Peña e o NAVE gratuitamente. De quebra, o wi-fi estará liberado no local. B)

Em tempo: as Descolagens serão eventos quinzenais. Para que você saiba antecipadamente o que rolá nas próximas desconferências arquitetadas por Beto Largman, fique atento ao site do NAVE.

* * * * *

Cauã Taborda e Rafael Sbarai, dupla de jovens jornalistas, escrevem no De Repente, um dos melhores blogs da atualidade; além de tratar de assuntos como cultura pop e mundo digital, também levanta discussões sobre assuntos como política e ambientalismo. Não à toa, Cauã e Sbarai estiveram presentes ao almoço de lançamento do blog Formigas com Megafones, e foi por intermédio deles que soube que a área de proteção ambiental da Estrada Parque Itu, que abriga uma das mais belas reservas da Mata Atlântica, está sob ameaça de um projeto do governo paulista que intenciona instalar duas barragens na região, que simplesmente inundariam 120 hectares de mata e ainda acabaria com as corredeiras do rio Tietê.

Ajude a barrar esse projeto e fazer com que as autoridades vetem o licenciamento de barragens em áreas de proteção ambiental: assine a petição contra as barragens no rio Tietê e informe-se melhor sobre o assunto no site da S.O.S. Mata Atlântica, difundindo informações e divulgando-as junto aos seus amigos.

* * * * *

P.S.: Com a palavra, os signatários do manifesto “Eu não sou blogueiro de aluguel”: “Blogueiro de verdade fala a verdade, doa a quem doer. Blogueiro de aluguel é quem não conhece a dinâmica do meio e tenta enganar. (…) Quem censura a livre expressão dos blogueiros não deveria nem participar da discussão. Antes de ser mídia ou veículo, blog é opinião registrada de quem tem voz ativa e diz o que pensa”.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

Parceiros

Mantra

A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.