A notícia de que o rabino Henry Sobel foi detido em Palm Beach por ter furtado gravatas pegou todo mundo de surpresa. Parece seqüência de roteiro de Woody Allen. Quem imaginaria que uma autoridade religiosa do seu porte, notabilizado por seu engajamento na luta contra as atrocidades da ditadura militar no Brasil (em particular, no episódio da tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog) e pela sua participação em diversos eventos multirreligiosos, promovendo um melhor entendimento entre judeus, católicos e muçulmanos, se veria envolvido em um caso bizarro como este? Como escreveu Marcos Guterman, a biografia de Sobel merece respeito. Contudo, como o rabino português, que foi criado nos EUA e reside no Brasil há mais de 30 anos deve saber muito bem, brasileiros não perdoam fatos como este: as piadas já estão no gatilho.
A comunidade no Orkut Free Henry Sobel, sob o comando de Ian Black, inspirada no movimento Free Winona que assolou a Internet desde o episódio em que a atriz Winona Ryder foi flagrada roubando mais de US$ 5.000 em roupas em uma loja em Beverly Hills, já está à toda. Os modelos de gravata e camiseta que ilustram este post, idealizados pela dupla Renata Pimentel e Everson Klein, em breve estarão à venda. Carlos Cardoso publicou um post intitulado “Parem de judiar do Henry Sobel“, no qual ele diz que pegaram o rabino pra Cristo. E por aí vai. Como bem sabe Lasier Martins, a gente perde o amigo, mas não a piada!
Reza a lenda que minha sobremesa predileta, gastronomicamente falando, foi criada por acidente. Se a história for verdadeira, isso quer dizer que Deus tirou a sorte grande quando estava jogando dados: petit gâteau é, sem sombra de dúvidas, guloseima das mais divinas.
Quando o assunto é agradável a gente não carece de pretextos para falar dele. Compartilho com os leitores deste blog, pois, a receita de petit gâteau cunhada por meu camarada Gustavo Weber. E constatem no que é que dá dois homens ficarem falando de culinária no MSN…
Inagaki diz: De francês só falo champagne, garçon, renault, isabelle adjani e olhe lá.
Gustavo diz: E eu bidé, abajour, mousse, crepe, petit gateau. E la buzanfã! Que definitivamente é uma palavra em francês. Detalhe: na verdade, não falo francês não. Mas, como bom Zelig, me ponha numa roda de franceses, e me acabo de tanto falar oui.
Inagaki diz: Adoro petit gateau. Mas essa frase soa tão metrossexual…
Gustavo diz: É verdade. E eu adoro la buzanfã. Oui, j’aime la buzanfã, bien sure. Ei, eu tenho uma receita simples de petit gateau. Se estiver interessado…
Inagaki diz: Ôpa, manda aí! Ou publique no teu blog, compartilhe essas informações importantes com seus leitores!
Gustavo diz: Hummm. Pode ser. Acho que sei de cabeça. Quer mesmo?
Inagaki diz: Claro! Eu adoro petit gateau!
Gustavo diz: Ok. Ingredientes: 100 gramas de manteiga sem sal. Meia barra (100 gramas) de chocolate meio amargo. Uma xícara de açúcar. Dois ovos inteiros - se bem que vc pode tirar a casca - e duas claras. E duas colheres de chá de farinha. Só. Agora vamos brincar. Preparo: derreta o chocolate e a manteiga em banho maria - sabe, aquele negócio de colocar uma panela apoiada em outra cheia d’água, fervendo. Importante, derreta os ingredientes em banho maria, nunca em banho, Maria. A não ser que a Maria goste.
Inagaki diz: Anotado. Mas, em todo o caso, vou ver se conheço alguma Maria que tope.
Gustavo diz: Enquanto vc derrete o chocolate e a manteiga, coloque numa batedeira o açúcar, os dois ovos - não os seus, seria realmente doloroso, os de galinha mesmo, e sem a casca. E duas claras. Podem ser a nunes e a averbuck. Bata. Mas bata mesmo. Espanque. Bata com vontade!
Inagaki diz: Encher de porrada como se eu fosse um cafetão ensinando minhas bitches a se comportarem direitim… Ok, ok, anotado!
Gustavo diz: Isso. Ina, é sério. Essa receita tem dois segredos, o primeiro é esse. Vc tem que bater pacas, deixar essa mistura crescer. Ficar numa consistência bem cremosa. Mas beeeem cremosa. Eu deixo bater no mínimo por quinze minutos. Às vezes chego a ajudar, rodando a cumbuca na direção contrária - sei lá, sou meio louco mesmo. Depois de bater e fazer crescer, reserve - adoro isso, reserve! Pegue a calda de chocolate - nessa hora, o chocolate e a manteiga devem ter derretido. Se quiser, antes, enquanto derrete, dê uma misturada.
Inagaki diz: Reserve. Essa palavra fica linda numa receita.
Gustavo diz: Verdade. Não confio em nenhuma receita em que não seja imprescindível reservar algo. Senão não vale, perde todo o charme. Bom, espere a calda esfriar um pouco. Coloque a calda num outro recipiente pra bater. Bata. A razão de bater a calda é deixá-la homogênea. Tirar os pedacinhos de manteiga e chocolate que não tiverem dissolvido. Depois de bater e perceber que a calda tá homogenea - é rapidinho -, retire da batedeira e pegue o creme que tinha batido antes. O creme que você tinha reservado (vou escrever um livro sobre a importância de se reservar na culinária brasileira)!
Gustavo diz: Coloque de novo na batedeira. e, aos poucos, com a batederia ligada, vá entornando a calda de chocolate na mistura - a que estava no outro recipiente. Vc vai ficar imediatamente desapontado. Porque aquele creme que tinha crescido pacas, bem, vai murchar. Não se preocupe. é isso mesmo. Aí, novamente, sessão espancamento. Bata, mas bata até doer.
Inagaki diz: Ah, eu gosto de bater. Mas com carinho, e só quando elas me pedem.
Gustavo diz: Pau na cara. Chama de vagabunda. Chama de contínuo! (Nelson Rodrigues, lembra?) “Contínuo!!!” “Eu sou contínuo, e o senhor é um filho da puta!”
Gustavo diz: Bom, depois de uns cinco, dez minutos batendo - depende da sua vontade, da sua preferência, tem gente que é mais sádica, se satisfaz só nessa parte, depois acende um cigarro e vai dormir - coloque, enquanto bate, as duas colheres de chá de farinha. É pouco, não se espante. Importante: não fique triste se não encontrar colheres de farinha no mercado. eu procurei, mas a Tramontina só fabrica de aço mesmo. Nesse caso, jogue apenas o ingrediente que jaz placidamente sobre a colher, ou seja, a farinha – não jogue a colher junto, eles nunca explicam isso nas receitas. Mais uma dica, não é necessário sujar duas colheres diferentes. Aprendi um segredo com um chef romeno: basta usar uma vez uma colher, esvaziá-la no recipiente, e usá-la novamente! Incrível o que esse pessoal do leste europeu inventa.
Gustavo diz: E uma reparação importantissima: é MEIA xicara de açúcar. MEIA! Se vc tem um medidor, use o medidor. Bom, eu sempre botava um pouqinho mais que meia, mas a receita é meia.
Inagaki diz: Ok. Anotado. Meia de estudante.
Gustavo diz: Terminando de incluir a farinha na massaroca que vc criou - e não precisa bater muito a farinha, só o suficiente pra ela se misturar bem na massa - está pronto! Mas, espere, ainda não acabou. Vc tem forminhas para o petit gateau?
Inagaki diz: Pensei que vinha agora a parte do sorvete. Existe isso, fôrmas pra petit gateau? Catzo.
Gustavo diz: Sim. Não pra petit gateau. Aquela fôrma de louça branca, redonda, com risquinhos verticais em volta. Acho que pra souffle. procure uma fôrma redonda. Bom, comprei dois tamanhos dessa fôrma. Um pequeno, de sete centímetros de boca, outro de nove centímetros. Embora pareça pouca diferença, o de nove é bem maior. E costuma ser o que eu utilizo pro meu petit gateau. Anotado? Sete, ou, preferencialmente, nove centímetros de boca. Forminha de louça branca.
Inagaki diz: Anotado. Ou melhor, copyandpasteado para ser posteriormente impresso.
Gustavo diz: Antes de colocar a massaroca na fôrma, unte-a com manteiga sem sal. Mas unte sem recato, unte como se fosse o anão costumeiramente usado em orgias - aquele besuntado de óleo.
Inagaki diz: Ôpa! Besuntar é comigo mesmo!
Gustavo diz: Deixe beeem untada de manteiga. Por quê? Porque o petit gateau precisa sair fácil, depois de assar. Já perdi alguns, que grudaram e sairam quebrados, tortos. Então se esbalde em untar. Depois de untar, coloque a massa nas forminhas. Essa receita dá pra quatro formas grandes - de 9 cm - e ainda sobra um pouco pra uma ou duas de 7cm. Detalhe importante. Não coloque, em hipótese alguma, a massa até a borda da fôrma. Na verdade, encha a fôrma até a metade, ou dois terços. Nunca, NUNCA algo mais que isso. Pq? Pq a massa cresce! Que nem um bolo! Mesmo sem fermento. Por que não explicam isso nas aulas de química?
Inagaki diz: Caraca. Quanto tempo vou levar pra fazer tudo isso?
Gustavo diz: Eu faço em uma hora sem pressa. Já fiz em meia, correndo. tem que ter espírito esportivo, Ina. E, bom, faz uma melecada da porra. chocolate, ovo, manteiga. Já viu. Agora vem o segundo segredo de Brokeback Mountain.
Inagaki diz: Já sei: o Jack morre no meio do filme. Assassinado.
Gustavo diz: Não, esse é o terceiro segredo de Fátima. O meu é: o tempo de assar. A receita diz para deixar as fôrmas por cerca de oito a doze minutos no forno, numa temperatura de 200 a 220 graus - ligue antes o forno, para esquentar. Qual o problema? Quatro minutos de diferença para um petit gateau é muito. Pq? Nós temos que tirar a forminha antes de o centro da massaroca assar. O centro da massaroca tem que ficar cru. Essa é a calda interna do petit gateau, nada mais nada menos que a massa que não assou.
Gustavo diz: E o que o cru tem a ver com as calças? Bom, oito a doze minutos é uma janela muito grande, vc pode perder o momento de tirar o bichinho, e ele pode assar por completo, perdendo a “calda” interna. Nada contra, não fica ruim, mas perde a graça do pequeno gato - tradução impecável.
Inagaki diz: Infante felino!
Gustavo diz: Lindo. Isso mesmo.
Gustavo diz: Logo, a partir de oito minutos, vc tem que ficar esperto. Olhe para o bichano a todo momento, de minuto em minuto. Vai ter um momento em que a massa vai ter crescido perto da borda, e haverá uma depressão no meio. E, se vc prestar atenção, a massa vai parecer diferente tb. A parte que cresce lembrando mais um bolo mesmo, e a parte de dentro lembrando um mousse.
Inagaki diz: E é aí que o gato começa a miar?
Gustavo diz: Isso. Nesse momento - entre oito e doze minutos, dependendo do tipo do forno, da temperatura, da forminha, do chocolate que vc usou, do alinhamento de Júpiter e Netuno, da umidade do ar e da quantidade de raios gama na atmosfera - vc tira o petit gateau do forno. Cuidado. Não sei se vc sabe, mas, infelizmente, a forminha estará quente. Não pegue-a com a mão nua.
Inagaki diz: Anotado. Vou ver se acho na Tok & Stok uma luvinha do Garfield, que é pra manter esse clima felino.
Gustavo diz: Pois é, isso é um problema. Pq? Pois a parte interna está meio líquida, pode entornar. Mas as luvinhas de proteção são lisas, e a fôrma é de louça, pode escorregar. Já perdi pequenos gatos que entornaram dentro do forno, qdo eu tentei tirar.
Inagaki diz: Putz, uma verdadeira chacina de gatos. Que desperdício, por Tutatis!
Gustavo diz: Pois é. O bichinho pronto, vc doido pra comê-lo, e ele resolve se suicidar no forno.
Inagaki diz: Optaram por escolher a própria morte. Felinos com síndrome de lemingues.
Gustavo diz: Bom, tirando o bichano, pegue uma faca. passe a faca entre a massa e a borda da fôrma, para descolá-la-lha-la. Coloque, antes, embaixo da fôrma, um prato. Vai te ajudar. Pq? Pq depois de descolar a massa com a faca, vc põe um outro prato em cima da fôrma. Para quê? Para virar a forminha sem queimar os dedinhos! Vc segura o prato de baixo, o de cima, como se fosse um sanduíche-íche, e vira. Tcharan!! A forminha vai ficar com a boca virada para baixo. Eu criei esse procedimento totalmente original. Sou um gênio. Um gênio. Note bem, totalmente original. Se alguém faz isso por aí, me imitou.
Inagaki diz: Rapaz, eu tô te falando que vc precisa publicar essa receita no blog. Você já está fazendo um live posting aqui no MSN!
Gustavo diz: :-) Virada a fôrma, segure-a com delicadeza e a levante. Com cuidado. Teoricamente ela sairá, e o petit gateau restará lindo e belo no prato. O prato que vc colocar na boca da fôrma será o prato em que vc vai servir. Use um belo prato. Eu uso minha louça tailandesa, do dia a dia. :-)
Inagaki diz: Agora entra a parte do sorvete?
Gustavo diz: Sim. Sirva com sorvete. Pode ser de baunilha ou nata. Sugestão, se vc encontrar, use de tapioca. Fica muito bom. E, sim, para sua menininha se apaixonar: compre morangos. Bons morangos, realmente saborosos.
Inagaki diz: Morangos? Morangos. Ok!
Gustavo diz: E fatie-os-lhos. Beeemm fininhos. Delicadas fatias de morangos. Coloque-os no prato qual um leque.
Inagaki diz: Informação relevante: antes de se chamarem Kid Abelha & os Abóboras Selvagens, um dos nomes cogitados por Paula Toller e companhia para o grupo foi Morangotangos.
Gustavo diz: Putaquapareo. Abóboras selvagens é muito melhor. De um bom gosto incrivel. Bem, ok. Sirva. Lá estará seu petit gateau, servido com sorvete de tapioca e morangos fatiados. Por fim: sirva o bolinho quente, ou seja, leve logo à mesa.
Inagaki diz: DILIÇA!
Gustavo diz: Tenho uma receita de couli de laranja - ou de tangerina - que pode ser usada por cima de tudo, do sorvete, do bolo, fica foda. mas não te dou. :-) Couli é o nome gay pra calda.
Inagaki diz: Pô, mas eu queria tanto o seu couli… Uma coisa bem brokebackiana.
Gustavo diz: Meu couli é docim. Sirvo quente.
Inagaki diz: Ui!
Gustavo diz: Bom, é isso. A calda, sério, tenho receita não. Mas não precisa, com o sorvete e os morangos vc come quem vc quiser. Juro.
Inagaki diz: Ok. Não há nenhuma mulher que possa resistir ao meu charme japaraguaio e à sua receita de petit gateau!!!
gustavo diz: Sim, é verdade. Juntos, comeremos o mundo. Huahuahuahua - risada psicótica e tresloucada.
Inagaki diz: Boa é a risada do Pateta: iac, iac, iac!!!
Gustavo diz: Mas, se vc tiver realmente paciência, tente achar uma receita de couli de laranja na internet. Eu faço em casa, mas no olho. Não tenho coragem de te dizer como é. Sério. Tô te dizendo pq fica absurdamente bom. A combinação de calda de laranja, morango, sorvete de creme e petit gateau é o paraíso. Tô até emocionado, snif.
Gustavo diz: E, como diria o Gaguinho, é isso aí pe-pe-pessoal!
P.S. 1: Observações que Mr. Weber fez após nossa conversa pelo MSN: “Ina, esqueci de te dizer: antes de desenformar o pequeno gato, cubra as forminhas com filme e deixe-as descansar de meia hora a duas horas na geladeira. Depois disso, qdo for assar o gatinho, retire as fôrmas da geladeira uns quinze minutos antes – mais ou menos o tempo que vc deixar o forno pré-aquecendo. A massa pode ficar de três a quatro dias na geladeira sem estragar. Logo, se vc quiser, tenha a trabalheira toda uns dias antes do seu romântico jantar. Et bon ap!”
P.S. 2: Estive sábado no primeiro dia do BarCamp Sampa. Um evento muito bacana, pena que tive de sair às pressas de lá por causa de uma entrevista que fiz para uma matéria que será publicada em breve. Para quem perdeu a oportunidade de participar desta “desconferência”, fica aqui a dica: conferir a ótima cobertura que Tiago Dória fez do evento. Destaques especiais: as “frases inesquecíveis” e os “grandes momentos” do BarCamp. :>>
P.S. 3: Mr. Danzig, obrigado por ter indicado o Pensar Enlouquece como blog da semana no Tarja Preta!
P.S. 4: Recado deixado por Ernesto Diniz debaixo da minha porta: “Ina, nóis é pobre. Nóis iscrevi. Nóis é limpu e legalzin. http://naselva.com. ‘Cause publicity is never enough. Dá uma força? Abração!”
Uma das letras mais intrigantes de Herbert Vianna é a de “Dois Elefantes”, faixa 10 do álbum Bora Bora, de 1988. Nela, Herbert canta: “Não sei se hoje é ontem ou anteontem/ E do seu telefonema eu não vi nem a cor/ Existe uma coisa que me dói perder, existe/ Uma coisa que custei a ganhar/ Meu rosto e teu rosto, rindo/ Dois elefantes no fundo do mar“. Se alguém puder me dar uma explicação cabível para a metáfora dos paquidermes se afogando, quase tão enigmática quanto a dos segredos de liquidificador, por favor, não se acanhe: deixe sua leitura nos comentários deste post. Continue Lendo
O único videogame que tive na vida foi um Atari 2600. Ao lembrar que ele foi lançado no Brasil em 1983, eu subitamente senti uma pontada nas costas e cabelos brancos brotaram de minhas madeixas: por Tutatis, já se passaram mais de duas décadas desde então!
Mas o caso é que, apesar das óbvias limitações tecnológicas, o Atari tinha alguns jogos bem legais. E que se mantêm interessantes até hoje, diga-se de passagem. Baixei um desses emuladores de games que permitem que a gente reviva os, oh!, dourados tempos da infância, resgatando, tal qual numa arqueologia digital, clássicos do Atari como Decathlon (cartucho que me fez quebrar muitos joysticks), Keystone Kapers, River Raid e o melhor de todos: H.E.R.O. Continue Lendo
Em 1985 Cazuza gravou “Exagerado” seu primeiro álbum solo após a saída do grupo Barão Vermelho. Além da faixa-título, o grande destaque do disco foi “Codinome Beija-Flor“, música composta junto com Reinaldo Arias e Ezequiel Neves. Esta belíssima canção, além de surpreender os roqueiros da época com seu arranjo a la bossa nova, chamou a atenção por alguns versos que até hoje intrigam os ouvintes: “Que só eu que podia/ Dentro da tua orelha fria/ Dizer segredos de liquidificador“. O que cargas d’água Cazuza queria dizer com a expressão “segredos de liquidificador”?
Teses e teses a respeito do seu significado pululam pela Internet. Segundo Valdir Mengardo, é uma metáfora que pretende mostrar a “incompatibilidade entre a sociedade de consumo e a poesia“. Já Fernando Toledo considera que a expressão é o “equivalente urbano/industrializado para ‘segredo de polichinelo’“. E explica a sua viagem: “simplesmente não existem liquidificadores sutis. Os bichos fazem um barulho dos diabos quando acionados. Logo, seria um segredo que não seria um segredo“. Continue Lendo
Atire o primeiro mouse quem nunca se cadastrou em algum site de relacionamentos pessoais, do tipo Almas Gêmeas ou Par Perfeito. Não vou negar que já criei cadastros neles, até porque não tenho do que me queixar: encontrei muitas mulheres interessantes nessas páginas e inclusive namorei duas delas. E, embora soe a desfaçatez dizer que motivos antropológicos também me levavam a navegar por essas páginas, posso afirmar que havia, sim, um motivo adicional para visitá-las: compilar as melhores tiradas nonsense dentre as apresentações de cada usuário.
Como você bem sabe (confesse aí, vai), todo site de relacionamentos pede, durante o preenchimento de um perfil, que cada “candidato” escreva uma frase chamativa a fim de chamar a atenção dos outros flanêurs virtuais. Ou seja: você é desafiado a resumir, dentro de um limitado número de caracteres, por que fulana deveria visitar o seu perfil em vez dos outros 893.577 internautas cadastrados. E dá-lhe lábia, wit, poder de síntese e uma certa simbiose entre Don Juan e Washington Olivetto, para que cada incauto consiga se destacar em meio à multidão.
Na maioria das vezes pessoas usam como frase de apresentação variantes de clichês como “clique aqui, você não vai se arrepender“, ou “sou bonito, inteligente e modesto, hihihi“. Mas sempre há quem consiga esquivar-se das mesmices habituais. Estes são alguns dos slogans mais espirituosos, canalhas, bregas e/ou chamativos que encontrei em minhas pregressas navegações:
- Não tenho chulé nem frieiras. Escreva pra mim.
- Minha foto está ruim. PREPARE-SE PARA SURPREENDER-SE!
- Sendo modéstia o meu forte, você nem imagina o que te espera de melhor!
- Oportunidade única: conheça um homem que odeia futebol.
- Você quer ir às Casas Bahia comigo?
- A primeira impressão é que fica, e eu sei que você vai ter boa impressão.
- Tenho uma vantagem em relação aos outros: sou tão feio que vocês não precisam ter ciúmes.
- Sucesso é legal, mas felicidade é muito melhor.
- Quer ser mordida? Fale comigo.
E você? Que frase você escreveria (ou já escreveu) para se auto-promover numa dessas páginas?