007 - Quantum of Solace

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 10 de novembro de 2008

Não há mais Guerra Fria. E, ao contrário de outros tempos, nos quais bastava-se identificar um personagem como “comunista” para que o espectador soubesse por quem deveria torcer, mesmo em superproduções de cinema não é mais tão simples e maniqueísta distinguir os amigos dos inimigos. James Bond precisou se adaptar a esta nova realidade trazida pelo século XXI. E se nos áureos tempos de Sean Connery e Roger Moore o agente 007 enfrentava hordas de inimigos sem sequer desalinhar seu terno ou seu impecável penteado, o James Bond interpretado por Daniel Craig sangra, tem o rosto marcado por cortes e hematomas, apanha mais que palmeirense no meio da torcida da Gaviões da Fiel e, feito Fox Mulder, não pode confiar em ninguém, uma vez que o grande inimigo da vez é uma organização internacional misteriosa e sem rosto, que se infiltra em todos os lugares e é capaz de derrubar governos com a facilidade descompromissada de quem chupa um Chicabon numa tarde ensolarada de verão.

Outro diferencial significativo no James Bond interpretado por Daniel Craig, que volta ao papel após sua excepcional personificação em “Cassino Royale”, é a exigência física do seu 007. Nunca vimos um Bond correr tanto, envolver-se em pancadarias, saltar de prédios, andaimes e carros em movimento, tornar-se praticamente um personagem de videogame em meio a seqüências frenéticas de ação. Se nos filmes da década de 60 a maior prova de exigência física do agente inglês era perambular de cama em cama, o 007 personificado por Craig bate e apanha muito mais do que trepa, embora, verdade seja dita, o nível estético das bond girls permaneça impecável. Mas o maior diferencial do James Bond do século XXI está na construção do personagem: trata-se de alguém mais realista, mais sofrido, um homem emocionalmente instável que, embora jamais perca de vista o objetivo de suas missões, possui motivações pessoais para cada ação que faz.

Após a reconstrução do personagem James Bond em “Cassino Royale”, fartamente elogiada por crítica e público que se renderam à atuação de Daniel Craig, o melhor ator da franquia desde o hors concours Sean Connery, como prosseguir no mesmo alto nível? A resposta procurou ser dada por “007 - Quantum of Solace”, cuja trama é uma espécie de continuidade do primeiro filme com Daniel, que havia terminado com a morte da única mulher pela qual James Bond se apaixonou de verdade: Vesper Lynd, maravilhosamente interpretada por Eva Green em “Cassino”. Uma mulher que, no entanto, traiu Bond e fez com que ele se tornasse ainda mais amargo, cínico e cético do que um assassino profissional já precisa ser. E as seqüências iniciais de “Quantum of Solace”, que mostram 007 chutando bundas em uma perseguição frenética de carros na Itália, já mostra o estado de nervos de Bond: um homem que não mede conseqüências nem hesita ao matar suas testemunhas ao invés de interrogá-las, na sanha por saber a verdade sobre os responsáveis pela morte de Vesper e, também, a fim de descobrir qual é a misteriosa organização capaz de fomentar golpes de estado em países como a Bolívia, e que se infiltra inclusive no serviço secreto britânico.

“Quantum of Solace” não consegue superar seu antecessor “Cassino Royale”, muito por conta das suas personagens femininas, que sequer chegam aos pés de Vesper Lynd. Camille (Olga Kurylenko) surge na trama apresentando as mesmas motivações de Bond para suas ações: traumas do passado que pedem por vingança em seu sangue. Porém, é uma personagem frouxamente construída pelos roteiristas do filme, que encanta na tela com sua faiscante presença física, mas perde de goleada na inevitável comparação feita com a Vesper que Eva Green interpretou em “Cassino”. Faz melhor papel a atriz Gemma Arterton, que honra a tradição de nomes esdrúxulos da franquia com sua personagem Strawberry Fields, uma funcionária administrativa do serviço britânico que sucumbe aos músculos torneados de Bond e vai para a cama com o agente. Strawberry também é protagonista de uma cena impactante que remete diretamente à mais famosa das cenas do clássico “007 Contra Goldfinger”.

Menos mal que “Quantum” possui atuações marcantes de coadjuvantes de luxo como Judi Dench (pela sétima vez consecutiva no papel de M, a chefe imediata de Bond), Giancarlo Giannini (no papel de Mathis, o agente experiente que protagoniza outra cena marcante do filme, que ilustra a frieza objetiva que tomou conta do Bond de Daniel Craig após a perda do amor de sua vida) e Mathieu Amalric, o excepcional ator francês de filmes como “Reis e Rainha” e “O Escafandro e a Borboleta”, e que faz o que pode no papel do vilão da vez, um empresário falsamente filantrópico. É uma pena que o roteiro de “Quantum” seja superficial, mas há aqui um nítido problema de comparação com o filme anterior, que humanizou James Bond de uma maneira inédita em todos as produções da série e o tornou um personagem muito mais complexo e verossímil.

No balanço geral, “007 - Quantum of Solace” é uma diversão de primeira qualidade, com seqüências de ação que não fazem feio frente a concorrentes mais contemporâneos como a trilogia de filmes estrelada pelo personagem Jason Bourne. E se não apresenta as mesmas nuances do roteiro de “Cassino Royale”, que tornou o filme anterior um dos melhores de toda a franquia, a atuação sólida de Daniel Craig prova que ele é um Bond que veio para ficar e fazer história. Esperemos pelo próximo longa-metragem da série: o novo 007 definitivamente conseguiu estabelecer seu lugar no século XXI, apesar do fim da Guerra Fria e do novo cenário globalizado.

* * * * *

P.S. 1: Barbara Broccoli, produtora dos filmes de James Bond, já especula ver um 007 negro no futuro. Nada mais natural, após Lewis Hamilton e Barack Obama terem dissipado diferenças raciais neste ano de 2008.

P.S. 2: O tema musical de “007 - Quantum of Solace” era para ter sido interpretado por Amy Winehouse. Os produtores do filme, porém, optaram por chamar a dupla Alicia Keys e Jack White no seu lugar, para a insatisfação da problemática cantora inglesa. Polêmicas à parte, “Another Way to Die”, da dupla Keys & White, não fez feio na pesquisa feita pelo site Gigwise para eleger os melhores temas musicais dos filmes de James Bond, ficando no décimo lugar entre 22 canções. O vencedor foi “A View to a Kill”, do Duran Duran, tema de “007 - Na Mira dos Assassinos”, de 1985.

P.S. 3: Oliver, o cão mais famoso da blogosfera, cuja saga foi narrada algumas vezes por seu dono Alex Castro no Liberal, Libertário, Libertino, virou personagem de um episódio do programa Pet.Doc da GNT. Fiquem de olho na programação!

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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  • Marco Antonio

    Roger Moore foi o melhor james bond que existiu.Tinha carisma e dom de agente secreto e sem contar os risos e alegria que tinham em seus 7 filmes e o melhor para mim foi: 007 somente para seus olhos de 1981.

  • Pk3

    Não gostei muito do Quantum of Solace, kd as super armas ? O super Carro BMW ? E sem falar que depois daquela cena de tortura do “Cassino” nunca mais era para o Bond pegar mulher em nenhuma sequencia do 007.

  • Eduardo Ludi

    Achei o roteiro de “Quantum of Solace” confuso, os diálogos pobres e que Jamens Bond virou um cyborg inumano, perdeu seu charme e seu humor.
    “Cassino Royale” é um bom filme da série, mas ainde prefiro 1.000 vezes Pierce Brosnan e 10.000 vezes Sean Connery no papel de bond.

  • http://www.suzzio.com.br Suzzio

    Espero poder assistir este film , me parece se muito legal !

  • http://www.fleex.com.br Miguel Angelo

    As mulheres aqui de casa bem disseram que esse é o James Bond mais feito de rosto, e com o corpo mais bem definido! Os heróis mudam de cara com o tempo, é assim mesmo!!! Nosso herói de hoje, não é mais um mero espião… que se infiltra e etc… ele é um soldado… e assim é com todos os heróis bem sucedidos de hoje em dia, tanto super-heróis (como o Batman e Homem-Aranha), como os nacionais como o “Capitão Nascimento”… todos têm características marcantes de soldados! É o nosso tempo, nós vemos na TV como são bem treinados os soldados de verdade, nas guerras (urbanas inclusive) atuais, e nos filmes de guerra… é tudo sobre guerra! Há também de se notar que os heróis estão se tornando mais humanos, enquanto que os sobre-humanos estão em queda… humanos tanto física como psicologicamente né! Espero ver filmes cada vez melhores e mais bem elaborados no futuro.

  • Fabio Moraes

    Nao gosto nessas producoes novas os desdobramentos temporais que fazem para manter o filme comercial.

    Por exemplo, se eh o inicio da carreira de Bond, como pode ele ser tao dependente de celular e etc? O mesmo fazem com a serie do SuperBoy.

    Adoro alta tecnologia e que sejam incorporada as series e filmes, mas podiam respeitar a cronologia dos personagens com a cronologia das tecnologias na vida real.

    Essa historia de mudarem o perfil de Bond, adaptarem episodios criados na decada de 50 (cassino) para os dias atuais ta mais com cara de uma nova serie de episodios completamente independente do que qualquer pensamento com as series antigas.

    Outra coisa interessante que falaram ai em cima eh essa questao de antigamente o filme ser aquele monte de baboseira e voce sair do cinema descontraido.

    Esses dois ultimos filmes foram completamente tensos, voce nao sai do cinema com aquela descontracao de ter visto um personagem epico proporcionar um monte de diversao como os filmes antigos. Agora vc sai do cinema tenso tentando tentar entender todas as brutalidades…

    Concordo que 007 tinha mais haver com aquele monte de aventuras que fazia vc sair descontraido do cinema, nao a essa nova ideologia da producao.

    Na minha opiniao nao parece que os filmes estejam fazendo transicao entre personagens, parece uma serie completamente independente, adaptada ao mercado de filmes, nao a realidade historica do 007.

    As vezes me faz pensar que 007 eh so o cargo, como se cada ator representasse um diferente 007, quando um morre, outro assume o cargo.

    Isso faz sentido para nao haver uma continuidade global ou consenso historico real e cronologico dos filmes 007? Existe uma proposta ideologica nesse sentido ou os filmes sao mais guiados pelo mercado?

  • Roberto Santos

    Para mim 007 tem que ser acao e descontracao. Bom mesmo era ver aquele monte de tiroteio sem sentido algum, Bond pegando as gostosas e no final tudo sempre acabava bem com o Bond se dando bem com a BondGirl.
    Mudaram completamente o perfil do filme, esse 007 ta com mais cara de pitbull que quebra tudo com violencia, descontrole e sem inteligencia, do que o Bond que o mundo aprendeu a amar: inteligente, surreal, pegador e elegante.

  • Daniel

    Por que exatamente a producao escolheu o titulo “quantum of solace”, o que significa de fato? Pelo jeito existe mais informacao atras disso do que o comentado aqui?

    R: Daniel, se você tivesse um pouquinho de iniciativa descobriria facilmente o significado da expressão. Literalmente, significa “quantidade de conforto” ou “grau de conforto”, e tem a ver com o mínimo de conforto e cumplicidade que deve haver entre duas pessoas para que elas tenham uma boa relação, e pode ser relacionado tanto com a relação entre James Bond e sua chefe, abalada no início do filme, como entre o relacionamento de Bond com a única mulher que ele amou na vida, assassinada no filme anterior da franquia. Além disso, Quantum é o nome da misteriosa organização criminosa enfrentada por 007.

  • http://www.amenidadesebobajadas.blogspot.com Daniel F. Silva

    Na minha visão, 007: Quantum of Solace é a continuação literal de 007: Cassino Royale por um motivo simples: é uma espécie de recomeço de James Bond. O filme anterior deixou isso bem claro. Portanto, é um Bond mais cru, mais imaturo, ainda se acostumando com o status de agente secreto a serviço do Reino Unido. A tendência é que isso seja atenuado com os filmes seguintes.

    R: Daniel, creio que Quantum of Solace é um filme de transição. Estou bastante curioso para ver como é que os filmes seguintes desenvolverão as novas linhas mestras do personagem.

  • Murilo Camargo

    Eu não consigo ver esse talento no Daniel Graig que todo mundo fala. Quer dizer, ele tem talento, mas do meu ponto de vista, não se compara a atuação dele com a do Roger Moore e Pierce Brosnan (nem comento o Mestre Sean Connery!!!). De fato, os dois filmes são muito bons e revolucionaram a franquia, mas mais pelo roteiro dos filmes e principalmente pela mudança psicologica feita no James Bond!!!
    Sei lá, talvez seja preconceito da minha parte por ser fã do “old style” da franquia, mas as caras e bocas do Craig tem hora que é exagerada demais!!! Sem contar que não é possível, mas o cara usa botox nos lábios!!! Lembro de me acabar de rir no cinema quando vi Cassino Royale numa cena que ele faz pose de galã e só dava pra ver os beições!!!

  • http://www.escrevalolaescreva.blogspot.com Lola

    Oi, Alexandre. Não tinha visto a sua resenha. Escrevi uma também, aqui, mais política:
    http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2008/11/da-fartura-dos-calzones-defesa-do-evo.html
    Pelo jeito eu fui a única pessoa a gostar bem mais de Quantum que de Cassino…

    R: Lola, só você mesmo pra conseguir enxergar entrelinhas inesperadas em um filme, como a sua visão acerca de Evo Morales. É por essas e outras que sou teu fã. :D

  • http://filmesdatv.com João Henrique

    Tô curioso mesmo é pra jogar a versão do filme pra nintendo DS =)

  • http://marcuspessoa.net Marcus

    Boa resenha, Inagaki. Queria só completar, falando sobre a saída da Amy Winehouse da trilha sonora.

    O Mark Ronson, produtor do Back to Black, informou à imprensa que ela estava sem condições físicas de gravar nada, o que me pareceu estranho, já que ela estava fazendo show, cambaleante mas estava. Depois veio à tona que houve uma briga enorme entre os dois, e ela o demitiu da função de produtor.

    Voltou para o produtor do primeiro disco, e esses dias foram apresentadas aos executivos da gravadora as demos do disco novo. Segundo quem ouviu, as músicas são lindas. Nós, fãs da Amy, já podemos então ficar ansiosos pela finalização do disco.

    R: Grande Marcus, espero que as suas informações se confirmem. Vi, por exemplo, alguns vídeos com flashes da apresentação desastrosa que a Amy fez no Rock In Rio Lisboa, e não consigo ficar lá muito otimista com as perspectivas futuras da Winehouse. Espero ser positivamente surpreendido com os shows que, em tese, ela fará no Brasil em março.

  • http://www.cocuruto.com leo seabra

    Sophie Marceu é a melhor :D~~~~~ vou casar com ela.

    Não vi e não gostei. hehehe

    R: Ok Leo, eu deixo você com a Sophie desde que eu fique com a Eva Green. :P

  • http://www.putsgrilo.com Marlio

    Opa Alexandre, beleza?
    sou o Márlio do PutsGrilo!com (http://www.putsgrilo.com/parceiros/) e venho propor parceria de link. Há interesse?
    Aguardo resposta.
    Abç,
    Márlio Esmeraldo
    PutsGrilo!com
    http://www.putsgrilo.com

    R: Olá Márlio, valeu pelo interesse. Sobre esse assunto, recomendo a leitura de um texto do Cardoso: “Link não é esmola” (outro texto muito bom dele: “O filme dos Smurfs e os miguxos implorando links”). De qualquer modo, desejo sorte ao seu blog. Um abraço.

  • http://joaogrando.wordpress.com joao~grando

    Fico feliz pela lembrança nos blogs da semana, mais pela qualidade de teu filtro crítico (o qual admiro desde que li a tua crítica meio jurássica de “A Vila”) que pelo volume de seu sucesso (que claro é conseqüente da tua qualidade como jornalista/ blogueiro/ escritor/ personalidade etc.).
    Isso não é de agradecer, mas, como já tinha feito e já estava “uploadada”, deixo o link desta caricatura que fiz (tua e da turma do Y!Posts).

    Você me custou apenas (+ ou -) 8, 10 riscos.

    Bom, como não vi o filme ainda, vim hoje aqui mesmo só para falar sobre isso. Mas ao menos lendo o texto já fiquei com vontade de assisti-lo, pois andava procurando justamente um “blockbuster superior à média”.

    Um GrandO abraço, Inagaki.

    R: Rá! Valeu pela caricatura, João. Aliás, bacana saber como foi que você começou a ler meus textos. Aquela crítica que escrevi sobre “A Vila” é uma das minhas prediletas. :) Valeu pelo feedback, aquelabraço!

  • Alessandra

    Sabe que a Julia tem razão? Eu tinha percebido que no geral Quantum of Solace é menos colorido que Cassino Royale, mas não tinha realmente parado para pensar no assunto. Ele realmente é um filme menos, bom… menos bonito. Visualmente mais xexelento. Mesmo um 007 realista precisa de glamour. E, claro, vilões épicos. :-)

  • http://www.etcedigital.blogspot.com/ Alysson Lisboa Neves

    Só a abertura do filme já é suficiente. Bond está excelente e nunca esteve tão realista. É um filme que prende o público na cadeira do cinema. Indiscutivelmente o melhor Bond da era moderna.

  • http://www.rafael.galvao.org Rafael

    Voltando ao assunto: O Cinematical botou AVTAK em quinto. :) E eu gostei de ver os sujeitos dizendo que a melhor, mesmo, é Live and Let Die, que extrapolou o universo bondiano:

    http://www.cinematical.com/2008/11/10/cinematical-double-o-seven-best-bond-theme-songs/

    R: Boa lista da Cinematical, hein? Mas, Rafa, vou te falar que gosto mais de “Nobody Does It Better”, “Live and Let Die” nunca foi das minhas prediletas do Macca. Você colocaria LALD na lista de Top 10 da carreira solo dele? Eu não. :P

  • http://inominado.wordpress.com Inominado Anônimo

    Ainda não vi o filme, mas a sua ótima resenha comparativa, baseada na sua ótima memória sobre o penúltimo filme, me fez ficar curioso sobre o filme, já que geralmente não crio expectativas sobre blockbusters.
    Abração

    R: Obrigado pelo feedback, Inonimado! Eu só aconselho você a não ficar comparando tanto um com o outro, porque “Quantum of Solace”, embora seja um ótimo entretenimento acima da média dos blockbusters atuais, não conseguiu superar o primeiro filme com o Daniel Craig. Um abraço!

  • BARROCO CIBERNETICO

    MARCELO - GUSTAVO - CIÇA - JORNALISMO - BBARROCO CIBERNETICO
    A literatura foi o canal de expressão do homem desde que ele aprendeu que escrevendo é possível sair das páginas e viver para sempre. O homem foi colonizador, barroco, árcade, romântico, e expressou o estado de sua alma de forma tal que, hoje, vemos perfeitamente as escolas literárias demarcadas por períodos e características.
    Mas, e agora? – sempre pensei. O que resta a nós, indivíduos fragmentados, superficiais? A cultura em que vivemos já não suporta uma unidade de pensamento. Já nem mais é digna de ser chamada “cultura”, isso é só um apelido a nossa fugacidade extrema. Sabemos um pouco sobre tudo. Muito pouco sobre tudo. Repassamos essas poucas informações em grande escala. E pronto. Continuamos na alienação de nosso saber e na fragmentação de nossas relações.
    Hoje, entretanto, comecei a pensar diferente. Entrei em uma livraria, percorri inúmeros títulos contemporâneos e não pude chegar à outra conclusão que não esta (o que, de certa forma, deixou-me feliz): o homem atual é barroco. Um “barroco cibernético”.
    Um barroco cibernético absurdamente incomodado com sua vida cheia de máquinas, trabalho e concreto. Ele contesta igualmente aos outros, aqueles a quem sempre admirei. É dividido igual.
    É dividido entre a frieza da cobrança incessante por sua funcionalidade, e o calor dos sentimentos, cada vez mais longe. É dividido entre o automóvel potente que ele mesmo criou e a paz da vida com a natureza, onde deseja passar as férias.
    É dividido entre a humanidade, seu bem, e a tecnologia, seu mal. E vai se trocando entre antíteses e rebuscamentos para encontrar seu equilíbrio.
    O homem de hoje carrega multidões atrás de seus “códigos”, que trazem a magia e o mistério que sua desilusão já não lhe permite ter. Leva outros milhões que seguem avidamente seus “queijos” e seus “segredos”, soluções para sua angústia interminável e promessas para que finalmente consigam a felicidade através do sucesso.
    Mas que sucesso, que felicidade? Não, o barroco cibernético já não o sabe. Está perdido entre a escuridão da modernidade e a claridade de um mundo distante que nem imagina como é.

  • http://www.analucianicolau.adv.br rosangela

    Eu sempre tive um certo preconseico quanto aos filmes do Bond… o cara todo arrumadinho .. pita arrogante … quando assisti o Cassino adorei .. primeiro que quando peguei o DVD nem imaginei que era 007 depois de assistir e amar o filme que me dei conta.. espero que esse novo filme seja tão bom quando o cassino ..

    Abç.

  • http://eumeuoutro.blogspot.com/ Fred Matos

    “…verdade seja dita, o nível estético das bond girls permaneça impecável…”

    Há controvérsias, querido, mas provavelmente porque, com a idade avançada, eu já não tenho o mesmo tesão dos “áureos tempos de Sean Connery” (hehehe).

    Abração,
    Fred

    R: Caro Fred, com todo respeito a Bond girls clássicas como Jane Seymour, Carole Bouquet ou Ursula Andress, as atrizes que fizeram esse papel no últimos 10 anos, como Sophie Marceau, Olga Kurylenko e Eva Green são tão maravilhosas quanto, rapaz! B)

  • Alessandra

    O filme é mesmo bom, mas de fato inferior a Cassino Royale - nenhum grande demérito, porque CR é um filmão. Mas eu admito que mesmo com mais realismo, gosto dos meus filmes de 007 com menos comentário político e vilões um tantinho mais memoráveis. Mathieu Amalric é muito bom ator, mas teve material meio fraco, né não? Em matéria de vilão, quanto mais pirado, exótico e megalomaníaco melhor.

    R: Alessandra, tive exatamente a mesma sensação que você a respeito do Mathieu Amalric: foi um desperdício escalar um ator tão talentoso para um papel tão pouco memorável. Você foi precisa em seu comentário: vilão bom é aquele com um pé no hospício, ansioso para conquistar o mundo inteiro e mais um pouco.

  • http://toassistindo.wordpress.com Davi Cruz

    Ótimo texto Alexandre! Pretendo assistir QUANTUM OF SOLACE ainda nesta semana!

    R: Vale a pena, Davi. Não deixe de compartilhar suas impressões por aqui depois!

  • alex castro

    valeu, ina irmao! vc é lindo… eu to louco pra ver esse filme, se tivesse no brasil, tinha ido nessas pre-estreais, raios!

    R: Valeu, Alex! Lembrando, aliás, que “Quantum of Solace” estreou no Brasil antes mesmo do que nos cinemas americanos…

  • http://www.rafael.galvao.org Rafael

    A View to a Kill, melhor canção de James Bond? O mundo está perdido. E não conhece Shirley Bassey cantando Goldfinger. ;)

    R: Rafa, te confesso que meus ouvidos pop preferem mais o Duran Duran mesmo, apesar de não desmerecer a Bassey, que ainda interpretou outro tema marcante de 007: “Diamonds Are Forever”.

  • Matheus Caselato

    Olá, tudo bom. Meu nome é Matheus Caselato e sou estudante de jornalismo. Estou fazendo um trabalho sobre blogs e o jornalismo. Gostaria de fazer algumas perguntas, como faço para entrar em contato? Grato.

    R: Olá Matheus, você pode escrever para [email protected], ok? Um abraço.

  • http://blogafora.blogspot.com/ Márcia W.

    Ina, eu não sou da tribo bondiana, mas esse filme já valeu para mim só por causa deste comentário do Ivan Lessa:
    “também no dia 31 entrou em circuito o novo filme de James Bond. Solécio de um Quântico, creio que seja seu nome, em tradução de masmorra. “

    R: Márcia, o Ivan Lessa sempre tem ótimas tiradas. :D E gostei da tradução dele, bem melhor do que “quantidade de conforto”. ;)

  • Diego Goes

    Seria um azarão se Quantum fosse melhor que Cassino Royale.
    Sou o único do mundo que acha Um Novo Dia Para Morrer um dos melhores filmes bondianos EVAR.

    Abraços!

    R: Diego, aquela cena em que o Bond surfa numa tsunami… Hmm. E aquela história do carro invisível… Hmm. Sei lá, viu. Absurdos por absurdos, me divertia mais com vilões surreais como o Jaws em “O Espião que me Amava”. E, dos filmes protagonizados por Pierce Brosnan, só gosto mesmo é de “Tomorrow Never Dies”.

  • http://www.modasemfrescura.com biti

    O 007 de Daniel Craig tem, na minha opinião, uma outra qualidade muito atual: ele personifica duplamente o espião E a bond girl. Explico: não tem nada a ver com homosexualismo, mas com a erotização do personagem. Aquela cena dele saindo da água, em Cassino R., sintetiza bem isso. A câmera passeia pelo corpo maravilhoso (baba no teclado) do ator, faz dele o novo objeto de desejo, no lugar da Bond Girl.
    Eu arriscaria dizer que isso tem tudo a ver com a aceitação do homoerotismo na sociedade. Hoje, todos podem cobiçar um belo homem sem culpa.

    Ah, achei a Strawberry fraquinha demais…

    R: Biti, você citou uma referência bastante significativa, a cena do Daniel Craig saindo da água como uma paráfrase atualizada daquela seqüência clássica de Ursula Andress de biquíni em “007 Contra o Satânico Dr. No”. A Strawberry pode até ser insossa (e é covardia falar dessas bondgirls novas em comparação com a Vesper Lynd de Eva Green ou mesmo a Halle Berry em “007 - Um Novo Dia Para Morrer”, o último filme com o Pierce Brosnan), mas me chamou a atenção justamente por aquela cena que cita “007 Contra Goldfinger”, é bacana ver as citações dos filmes clássicos da série nessa produções novas do James Bond.

  • http://kobernation.com Diego Kober

    Assisti ontem o filme, e concordo, é inferior a Cassino Royale, mas ainda assim superior a qualquer um do Pierce Brosnan.
    E eu preciso rever Cassino Royale, pois não me recordo da atuação da Eva Green.
    Mas o que o filme presente nos dá certeza, é de uma continuação direta da história, pois a organização secreta mencionada, continua um total mistério ao final do filme. Certamente estarão na mira do serviço britânico, e de seu melhor agente.

    R: Concordo, Diego: nenhum filme com o Pierce Brosnan é melhor do que “Quantum of Solace”. Uma produção que dá toda a pinta de ser um filme de transição, com as explicações mais detalhadas sobre as atividades da Quantum no próximo longa.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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