Todos os artigos com a tag: Educação Sentimental

Amar hemburresce

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 09 de março de 2012

Como todos sabem, homens não são muito providos de inteligência natural. Apaixonados, então, tornam-se mais abobados ainda. Quando Alechandre viu Sessília pela primeira vez, seus olhos foram imediatamente fisgados. Nada como um belo par de pernas, cabelo chanel, mamilos querendo rasgar uma blusa justa e um sorriso sugestivo para ruir toda a racionalidade de um homem. Quando Alechandre encontrou Sessília pela primeira vez na pista de dança daquele barzinho, ele poderia jurar que todas as bocas se calaram, todas as estrelas se apagaram, o mundo todo caminhou na ponta dos pés e todas as rádios interromperam suas programações só para tocar The Killing Moon.

Mas enfim, amar é decretar uma chacina de neurônios. Continue Lendo

Dia dos Namorados ou Valentine’s Day?

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Por que o Dia dos Namorados é comemorado dia 12 de junho no Brasil, enquanto em países como os Estados Unidos e a maior parte da Europa (incluindo Portugal), o Valentine’s Day é celebrado em 14 de fevereiro?

Reza a lenda que 14 de fevereiro foi o dia da morte de São Valentim, bispo que, na época em que o Império Romano era comandado por Cláudio II, celebrava às escondidas casamentos de jovens apaixonados, em tempos nos quais o imperador havia proibido matrimônios por crer que homens solteiros eram melhores guerreiros. Ao ser descoberto, Valentim teria sido preso e condenado à morte. Essa história, que consta na Wikipedia em português, foi no entanto colocada em dúvida pela própria Igreja Católica, que em 1969 deixou de celebrar seu dia pela falta de provas da sua existência (o verbete em inglês da Wikipedia, bem mais completo, narra toda essa controvérsia).

No Brasil, a história é bem mais simples e objetiva. Continue Lendo

Dia Mundial do Beijo

Por Alexandre Inagakidomingo, 13 de abril de 2008

Não sei porque decidiram celebrar o Dia Mundial do Beijo no dia 13 de abril. Terá sido o dia em que Robert Doisneau tirou sua famosa fotografia do beijo de um casal numa rua de Paris? Foi esta a data na qual Rodin terminou sua clássica escultura? Ou o dia em que estreou nos cinemas “A Dama e o Vagabundo”, o desenho da Disney que mostra a cena na qual os cachorrinhos beijam-se acidentalmente ao compartilhar um prato de espaguete?

Bem, o caso é que a resposta não importa tanto. Afinal de contas, assim como um beijo roubado é mais instigante do que um previamente autorizado, os pretextos para que uma data tão interessante como esta seja celebrada pouco importam. E o fato é que falar sobre beijos, embora não seja tão gostoso quanto o ato em si, é ingressar em um universo de curiosidades capazes de fazer a gente perder uma tarde inteira navegando por aí. Por exemplo: vocês sabiam que, na Índia, beijar em público é considerado um ato obsceno que pode ser punido com até dois anos de prisão e 33 euros de multa? O ator Richard Gere, que cometeu a “indecência” de beijar uma atriz indiana durante um evento público em Nova Délhi no ano passado, aprendeu às duras penas que isso não se faz por lá. Continue Lendo

Poesia numa hora dessas?

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Quando comecei a navegar pela internet, em meados de 1997, a primeira coisa que fiz foi tentar encontrar pessoas que compartilhassem dos mesmos interesses que possuo. Inscrevi-me, por exemplo, em fóruns e listas de discussão que falavam de Arquivo X, cinema brasileiro e quadrinhos em geral. Na época, eu ainda não havia abandonado o curso de Letras da USP e nutria em silêncio o sonho de um dia me tornar um escritor reconhecido, daqueles que lançavam anualmente best-sellers e freqüentavam a lista dos mais vendidos da Veja quando ela ainda merecia respeito.

Data desses tempos a época em que participei de uma lista de discussões intitulada “Escritas”, reunindo poetas inéditos que trocavam entre si mensagens com críticas, observações e versos das mais variadas métricas, formas e gêneros, num ambiente no qual a internet era como sempre deveria ser: um ponto de encontro online no qual conhecimentos são generosamente compartilhados. Por meio de listas como a “Escritas”, li pela primeira vez autores como Orlando Tosetto Junior, Lau Siqueira, Fred Matos, Maria Frô, Daniel Francoy, José Félix, AL-Chaer, Tatiana “Sweethell” Leão, Sara Fazib e Alyuska Lins, que vocês talvez não conheçam porque infelizmente o mercado editorial brasileiro nem sempre contempla os melhores escritores, em especial aqueles que se dedicam a versos. Ainda mais em um país estranho como o nosso, no qual há mais “poetas” (com ênfase nas aspas) do que leitores de poesia, e são raras as pessoas que dominam a arte da metrificação, têm noção do ritmo compassado das redondilhas ou são capazes de distinguir sonetos ingleses de sonetos italianos.

Eu, que há tempos abandonei a ilusão de virar um grande autor, deixei arquivado um livro de poesias intitulado Aprendizado - Rascunhos Definitivos, que está devidamente guardado na adega da minha gaveta até que o vinho um dia revele sua condição de mero vinagre. De vez em quando sucumbo à tentação de publicar alguns versos só para constatar que poesia definitivamente não dá ibope, vide os escassos comentários a poemas meus como “Sete Faces”, “Língua” e “Futebol”. Menos mal que atualmente me dedico a atividades capazes de garantir o meu nome fora do SPC e do Serasa, destinando o ofício da poesia a escribas mais qualificados. Contudo, quando recebi e-mails de antigos colegas da lista “Escritas” relatando a criação do blog coletivo Poetas Lusófonos com o intuito de reunir novamente amigos virtuais que se conheceram há mais de uma década, não pude deixar de resgatar certas lembranças. Para não deixar este post sem um verso sequer, segue abaixo um poema que escrevi há mais de oito anos. Ocasionalmente sinto saudades daqueles tempos em quis me tornar um escritor.

* * * * *

O Código Secreto das Estrelas

Leio nas entrelinhas do teu sorriso
rumores, canções que falam em pássaros.
Teus passos soletram pelas calçadas
sussurros de sombras por entre pétalas secas.

Falo de sonhos como quem tange nuvens,
galáxias, sintaxes de sons de estradas,
enquanto o tempo risca no vidro da memória
confusas lembranças que sibilam ferozes.

Hoje sei que tudo passa, embora ainda durma
com olhos de vigília e perfumes apócrifos.
Recordo com gosto agridoce de espelhos
na boca tua pele, teu sexo, teus olhos.

O tempo é turvo. O tempo é turvo.
Mastiga utopias, cospe sementes de névoa,
esparge fagulhas de luz no passado
- brinquedo imberbe nas mãos do acaso.

Mas não quero mais ser racional.
Deitado dentro de mim, hoje evoco
o momento único em que te encontrei,
e já começava a te perder.

* * * * *

P.S. 1: Peguei emprestados o título e a ilustração deste post de um livro de Luis Fernando Veríssimo.

P.S. 2: Eis a minha lista de dez poemas que recomendo a qualquer um que se interesse por versos realmente bons: “Tabacaria” (Fernando Pessoa), “em algum lugar onde nunca estive” (e. e. cummings), “A Casada Infiel” (Federico Garcia Lorca), “A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock” (T. S. Eliot), “Áporo” (Carlos Drummond de Andrade), “A Sierguéi Iessiênin” (Vladimir Maiakóvski), “O Tygre” (William Blake), “Balada (em memória de um poeta suicida)” (Mário Faustino), “Janelas Altas” (Philip Larkin) e “Uma Faca Só Lâmina” (João Cabral de Melo Neto).

“Me empresta um beijo, amanhã eu te devolvo!”

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Flerte, papo-aranha, torpedo, xaveco. Devo confessar que sempre nutri uma admiração silenciosa pelos meus amigos que possuem a desfaçatez de abordar uma mulher do nada, na mais deslavada das caras-de-pau, a fim de proferir as mais infames cantadas. Pra mim, é uma forma de arte subestimada. Porque você precisa ter o timing da comédia e a síntese do hai-kai para, em poucas palavras, conseguir despertar a simpatia e um sorriso com uma frase certeira como uma flechada. Caso contrário, prepare-se para levar um belo e sonoro tapa na cara.

Jamais esqueço da história de um amigo meu que, em uma balada, encontrou uma japonesa dançando na pista e, com a coragem intrépida daqueles que não possuem absolutamente nada a perder, abordou-a usando a seguinte cantada: “Oi, você me dá um beijo sabor sushi?”. É o tipo de coisa que me daria overdose instantânea de vergonha alheia. E, no entanto, não é que funcionou e eles ainda ficaram juntos por quase um ano? É o tipo de causo que me faz pensar nas oportunidades que perdemos por excesso de superego. Será que Bandeira levantaria de seu túmulo se eu interpretasse seu verso “a vida inteira que podia ter sido e não foi” como uma reflexão sobre as pessoas que deixamos de conhecer porque não proferimos mais xavecos absolutamente escrachados como esse do beijo-sushi? Continue Lendo

Sete Faces

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 05 de junho de 2007

VII

Amar é jogar os dados na mesa.
Uns querem apenas amizade.
Outros, sexo.
Alguns entram para o mosteiro.
Amar emburrece. Não amar também.

Amar é sangrar uma torrente
de formigas vermelhas e raivosas.
Pois apaixonar-se
é construir uma imagem da pessoa amada
sem avisá-la antes. Continue Lendo

A Eterna Arapuca

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

Nunca me envolvi com uma mulher que conheci em uma balada. Mas o motivo não é preconceito, muito pelo contrário. Meu problema é outro: absoluta falta de cara de pau para fazer aquele approach clássico, de abordar uma garota do nada e proferir uma cantada qualquer. E, ainda que conseguisse envolver alguma incauta, como conseguir trocar um mínimo de idéias qualquer na balbúrdia de uma pista de dança ou no zunzunzum de um bar com música ao vivo? Particularmente, prefiro trocar palavras com mulheres que estejam razoavelmente lúcidas e minimamente interessadas em entabular uma conversa agradável.

Mas o fato é que, já ciente da minha absoluta falta de xaveco, limito-me a ficar em meu canto, bebericando alguma coisa, ensaiando alguns passos desajeitados de dança e, principalmente, olhando as pessoas. Porque uma das ocasiões mais propícias para se conhecer o comportamento humano é observar como homens e mulheres agem durante uma festa, front estratégico de embate entre os sexos.

Estávamos, eu e meu amigo Ricardo, descansando após horas de desabalada dança, às duas da madrugada da festa de aniversário de uma amiga nossa, quando começamos a contemplar as estratégias de sedução de nossos incautos colegas de sexo e, principalmente, os seguidos furos n’água cometidos por eles. Nosso primeiro alvo de risos foi uma dupla que insistia em assediar seguidamente todas as garotas do ambiente, com cantadas do tipo “você é um anjo que caiu do céu“. Começavam pelas mais bonitas, e iam descendo o nível de exigência estética a cada investida fracassada que faziam, sem perceber que carbonizavam cada vez mais seu filme entre as mulheres da festa. Como homens são burros, meu Deus. Continue Lendo

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.