A ideia de misturar o universo dos quadrinhos de Bill Watterson com fotos de paisagens foi de Michael Den Beste, formado no Instituro de Arte de Seattle, que publicou no tumblr Real Calvin and Hobbes suas montagens fantásticas. Se não fosse pelas questões de copyright, que impediram que Michael continuasse publicando suas artes, eu certamente encomendaria alguma dessas ilustrações para decorar meu apartamento. Confiram outras imagens na continuação deste post. Continue Lendo
Ao reler Os Dez Anos de Calvin e Haroldo, livro no qual Bill Watterson faz um balanço da sua maior criação, encontrei um trecho que eu creio que pode ser aplicado ao filme As Aventuras de Pi, dirigido por Ang Lee. Como eu já imaginava, não fui o único a associar a adaptação do livro de Yan Martel aos quadrinhos de Calvin e Haroldo, vide a bela ilustração a seguir, que encontrei no Reddit. A fim de evitar maiores spoilers para a galera que ainda não viu o filme nem leu o livro, postei a citação de Watterson após a imagem.
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De todas as histórias criadas por Bill Watterson entre 1985 a 1995 estreladas por Calvin, um garoto hiperativo de seis anos de idade, com imaginação fértil, e Hobbes, seu tigre de pelúcia com nome de filósofo inglês que foi rebatizado como Haroldo aqui no Brasil, a minha predileta é aquela que ficou conhecida como “The Raccoon Story” (a “história do quati”). Continue Lendo
Em 21 de março de 2005 postei em meu endereço antigo no Gardenal.org uma tira desenhada por um fã de Bill Watterson que retratava o hipotético momento em que Calvin deixava de ver Hobbes como seu amigo (imaginário ou não), e o tigre tornava-se um mero bicho de pelúcia.
Na época houve uma certa repercussão, mas nada comparado ao que aconteceu quando a tira foi descoberta pelas comunidades no Orkut dedicadas ao personagem. Em uma comunidade de fãs de Calvin & Haroldo, por exemplo, um mero tópico com um link simples para o meu blog recebeu 154 postagens, com direito a um bate-boca dos mais exaltados entre os participantes, que discutiram a validade de uma tira que não havia sido desenhada pelo criador original do personagem. Mais recentemente, o post também acabou indo parar em uma comunidade em inglês, gerando novas discussões acerca de suas possíveis leituras.
Como meus arquivos no Gardenal sumiram, desapareceram, escafederam-se, e junto com eles todos os posts que publiquei em 2005, aproveito a ocasião para republicar aqui o texto original. Em tempo: a tradução da tira que ilustra este post foi feita por Eduardo Couto e publicada em 12 de abril.
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Bill Watterson, provavelmente acometido pela Síndrome de Bartleby, teve publicada sua última tira de Calvin & Haroldo em 31 de dezembro de 1995, e nunca mais publicou um desenho sequer de sua maior criação. Desde então Watterson vive recluso com a esposa em Chagrin Falls, Ohio. Não vai a convenções de quadrinhos, não assina autógrafos, não concede entrevistas e ainda solicitou à Universal Press Syndicate, que distribui mundialmente as tiras de Calvin & Haroldo, para que ela não lhe encaminhasse mais correspondências de fãs.
É inevitável comparar suas atitudes com as tomadas por escritores como J. D. Salinger, Raduan Nassar ou Juan Rulfo, que espontaneamente abdicaram da literatura e foram cuidar de suas próprias vidas; que eles sejam felizes, porque merecem. Quanto à tira publicada ao lado, é preciso dizer que ela não foi desenhada por Bill Watterson. Encontrei-a em uma comunidade de fãs de Calvin, e infelizmente desconheço o seu autor. É, para mim, a mais triste, mas também uma das mais belas tiras que já vi na vida, por toda a riqueza de significados que ela apresenta. Poderia tergiversar horas sobre o universo de Calvin, amigos imaginários, conformismo social ou as asas que desaprendemos a usar. Mas, por ora, limito-me a citar as últimas palavras do último quadrinho desenhado por Watterson:
- “It’s a magical world. Hobbes, ol’ buddy… let’s go exploring!”
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P.S.: Eis um blog brasileiro exclusivamente dedicado à publicação de tiras do personagem: Depósito do Calvin.