Todos os artigos com a tag: amor
Como todos sabem, homens não são muito providos de inteligência natural. Apaixonados, então, tornam-se mais abobados ainda. Quando Alechandre viu Sessília pela primeira vez, seus olhos foram imediatamente fisgados. Nada como um belo par de pernas, cabelo chanel, mamilos querendo rasgar uma blusa justa e um sorriso sugestivo para ruir toda a racionalidade de um homem. Quando Alechandre encontrou Sessília pela primeira vez na pista de dança daquele barzinho, ele poderia jurar que todas as bocas se calaram, todas as estrelas se apagaram, o mundo todo caminhou na ponta dos pés e todas as rádios interromperam suas programações só para tocar The Killing Moon.
Mas enfim, amar é decretar uma chacina de neurônios. Continue Lendo
Aproveito que hoje é Dia das Crianças para dedicar um post à mais importante de todas para mim: o meu sobrinho Nicolas, que recém-completou 6 meses de vida. :)
Seu batizado foi no sábado passado, em uma bela e antiga igreja em Zaragoza, na Espanha. A roupa usada pelo Nicolas foi uma daquelas relíquias familiares que são passadas de geração para geração há décadas. Foi a mesma usada pelo seu pai, o Chucky, quando passou pela mesma cerimônia. Continue Lendo
Encontrei nesta semana um texto que me chamou a atenção: “Robô programado para amar tem ‘ataque obsessivo’”. Segundo a matéria, o robô Kenji, programado para simular emoções humanas e criado pela empresa japonesa Robotic Akimu, teria perdido o controle após passar um dia no laboratório ao lado de uma pesquisadora. Quando ela estava saindo do recinto, Kenji recusou-se a deixá-la ir embora, bloqueando a porta de passagem e exigindo abraços, em um súbito ataque de carência emocional. A história, que repercutiu em blogs como Gizmodo e acabou por ser reproduzida em dezenas de sites brasileiros, seria sensacional; pena que é falsa. A lorota do robô que amava demais foi criada pelo blog MuckFlash, cujo lema, sugestivamente, é uma citação de Mark Twain: “Consiga os fatos primeiro; depois, distorça-os como quiser”.
Não pretendo, porém, escrever mais um texto sobre como blogueiros e jornalistas são facilmente ludibriados pelo que encontram na internet, até porque já fiz isso no post “Sobre vídeos engraçados, risadas fora de hora e um ceticismo necessário”. A leitura deste hoax acabou, na verdade, tornando-se o mote para que eu recordasse de um singelo livro escrito por David Levy, especialista em inteligência artificial, que, em sua obra Amor + Sexo com Robôs - A Evolução das Relações entre Humanos e Robôs, vaticinou a seguinte previsão: humanos começarão a fazer sexo com autômatos daqui a 5 anos, e os primeiros casamentos, hmm, interespécies serão realizados em meados de 2050. Continue Lendo
Na concepção do genial Laerte Coutinho, Deus é uma divindade simpática e humana, que tem o olho aberto para as surpresas da vida. Muito distante, pois, daquela imagem carrancuda passada por muitos padres, de que Deus seria uma espécie de Big Brother avant la lettre que a tudo vê, e que condena quase tudo que fazemos ou deixamos de fazer. No prefácio de Frei Betto ao primeiro livro compilando as tiras de Deus Segundo Laerte, ele escreve: “Deus é amor, mais íntimo a nós do que nós a nós mesmos, como dizia Santo Agostinho. Portanto, se brincamos com tudo o que nos é íntimo, por que excluir Deus de nosso bom humor e carinho?“.
Laerte, que concedeu a Marco Aurélio Canônico da Folha de S. Paulo uma excelente entrevista, afirma: “Eu gostava das tirinhas de Deus, mas elas eram atéias. Não fiz as tiras para discutir religião, acho um tema empolgante, mas gosto de tratá-lo fora da fé“. Laerte, na real, concebe Deus da maneira que eu também gostaria que Ele fosse. Um dia espero merecer a graça de ir parar nesse lugar: um céu alternativo com vaga para pessoas legais. Sei que encontrarei muita gente bacana por lá.
VII
Amar é jogar os dados na mesa.
Uns querem apenas amizade.
Outros, sexo.
Alguns entram para o mosteiro.
Amar emburrece. Não amar também.
Amar é sangrar uma torrente
de formigas vermelhas e raivosas.
Pois apaixonar-se
é construir uma imagem da pessoa amada
sem avisá-la antes. Continue Lendo
Escrevi o texto a seguir como introdução para um livro excepcional: Vestido de Flor, romance de Carlos Eduardo Lima que será lançado dia 19 de março, na Livraria da Travessa em Ipanema. Nele, tergiverso a respeito de um de meus assuntos prediletos: amor.
* * * * *
Pertencemos a uma geração de cínicos cênicos. De gente que, em público, enche a boca para criticar o sexo oposto e falar jocosamente de casais que andam de mãos dadas (e com os braços balançando), emocionam-se ao assistir a comédias hollywoodianas e tratam um ao outro por apelidos babões como “fofucho”, “gatesouro” e “pudinzim”. São pessoas que vislumbram apenas conotações negativas em adjetivos como “sentimental” e “romântico”, e meneiam a cabeça em claro sinal de concordância ao ouvirem a definição cunhada por um dos personagens de Charlie Kaufman: “o amor nada mais é do que um agrupamento bagunçado de carência, desespero, medo da morte, insegurança sobre o tamanho do pênis e a necessidade egoísta de colecionar o coração de outras pessoas“. No entanto, quem perscrutar os sentimentos ocultos sob as fachadas de ironia saberá que estes mesmos céticos alimentam em segredo toda uma plêiade de esperanças românticas em seus peitos. Continue Lendo
Hoje não quero mais pensar, e imagino como seria bom estar na pele daqueles hare krishnas que passam o dia inteiro entoando aqueles mantras hipnóticos, hare hare hare hare, esvaziando a cabeça de qualquer manifestação supérflua dos neurônios, esses bichos amaldiçoados que jogam squash na quadra do meu crânio. Ah, que inveja dos cachorros que sorriem como naquela canção do Roberto, arfando com a língua de fora, despreocupados feito velhos hippies emaconhados, pedindo migalhas de brownie em troca de carinho ilimitado, sem aquelas cobranças exasperantes, “você me ama?”, “você me ama?”, maldito mantra dos amantes inseguros. Elos de ligação, chuvas molhadas, monopólios exclusivos, amantes inseguros, minha mente enfileira uma série de redundâncias pleonasticamente repetitivas, e eu sei que tudo não passa de subterfúgio barato para driblar essa saudade que me come por dentro feito um Alien recém-nascido. Mas eu só sei que nada sei, baby.
O café já esfriou, a piada perdeu a graça e as batatas fritas murcharam. A noite está tão quieta que chego a ouvir o ponteiro dos segundos se arrastando no relógio. Ligo a tevê para abafar o barulho do silêncio, recordando com saudade dos tempos em que assistia a comerciais de facas Ginsu e meias Vivarina, nada poderia ser mais eficaz para desligar as tomadas da minha cabeça, bastava sentar na poltrona, relaxar e acionar o screen saver do meu cérebro. Mas agora está passando um filme do Truffaut, e o que menos quero é pensar no delírio consciente da paixão. Continue Lendo
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