Riley Maida, 4 anos, contestando a indústria de brinquedos

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 03 de janeiro de 2012

É um alento encontrar gente que ainda usa neurônios para pensar criticamente a realidade que nos cerca. Assim, quando vi o vídeo de uma garotinha de 4 anos questionando o fato de a indústria de brinquedos produzir princesinhas e “coisas cor-de-rosa” para as meninas, enquanto meninos têm super-heróis à sua disposição, minha fé no futuro da humanidade foi resgatada.

Algumas meninas gostam de super-heróis, outras meninas gostam de princesas. Alguns meninos gostam de super-heróis, outros meninos gostam de princesas… Então por que todas as meninas têm que comprar coisas cor-de-rosa e todos os meninos devem comprar as coisas de cores diferentes?

O nome desta garota que, do alto de seus 4 anos de idade, defende a diversidade de modo tão incisivo, enfático e bem articulado, é Riley Maida. O vídeo original foi publicado no YouTube pelo pai de Riley e já foi visualizado 4,4 milhões de vezes, mostrando que nem sempre os vídeos mais vistos no YouTube são peças de vergonha alheia ou versões 2.0 das pegadinhas do Faustão. Espero que ela inspire outras crianças com suas contestações, assim como indústrias de brinquedos a produzirem brinquedos menos fúteis e mais inspiradores para meninas. Por que não criar, por exemplo, uma princesa que também seja uma super-heroína? :)

* * *

P.S.: Sugestão de leitura do dia: “Pai deixa 28 lições de vida aos filhos antes de morrer”.

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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Comentários do Blog

  • Patrícia

    na faculdade, trabalhamos com uma cooperativa de materiais recicláveis. o otimismo deles era ainda maior, tanto que se apresentavam, além de “catadores de material reciclável”, como “agentes ambientais”, pq, acima de tudo, o que fazem é em prol do meio ambiente. :)

  • Maria Lúcia Dário

    Obrigada pelo seu trabalho. Gostei.

  • Tommy Beresford

    Esta já nasceu com esta função no mundo. Pelo menos entre os 3 e os 5 anos, depois o mundo pode devorá-la, infelizmente. Num dia onde leio sobre a agressão a um casal de gays que chegavam ao Aeroporto Internacional Tom Jobim e não consegui encontrar até agora um notícia decente para meu humilde Somente Boas Notícias, rever este vídeo me aquece um pouco (ainda mais que hoje o ar central aqui da empresa está deveras).

    Um abração
    Tommy
    http://somenteboasnoticias.wordpress.com

  • http://bioeconomia-elidamar.blogspot.com/ elidamar

    Haha, muito bom, é a nova geração..desapegada de alguns (pré) conceitos sobre comportamento humano..

  • Débora Faria

    Olá, gostei do post. Bem, ontem mesmo (ou melhor, hoje de madrugada) escrevi sobre o assunto no meu blog, caso interesse dar uma olhada o link da postagem está abaixo.
    http://melhormorrerdoqueperderavida.blogspot.com/2012/01/influencia-de-uma-sociedade-machista.html
    O visual do meu blog não é tão bom, mas espero que as postagens compensem, se puder comentar seria ótimo.
    Valeu, até a próxima

  • http://neoquiproquo.wordpress.com/2011/05/14/eleicoes-2011/ Neo Charles

    Pois é! Fico me perguntando o que se passou em sua cabeça ao fazer essa distinção. É incrível o raciocínio dela. Muitos adultos bem mais velhos jamais pensariam nisso!

  • http://www.espiritoreto.blogspot.com Luiz Lopes

    Minha filha de 5 adora rosa, é fresquinha por natureza. Vivo tentando inspirá-la a enxergar o lado negro da força, mas tá difícil. Praticamente de 2 em 2 meses sai um novo DVD da barbie, que dá origem a uma nova coleção de bonecas, suas amigas verdadeiras, suas amigas falsas, seus namorados metrosexuais, seus carros e clubes. Vê se sai a família da barbie, o bebê da barbie, o marido da barbie, o apartamento dela, as contas que ela tem que pagar… A barbie trabalha em quê?
    A linha pink é um desvalor às nossas crianças. Mais do mesmo que aliena desde que a cidadã aprende a falar.
    E eu aqui, um pai tentando sabotar o sistema. Eu tenho que ganhar essa guerra! rsrsr
    Tenho mesmo!

  • http://lbramos.stiforpbr.com/?SOURCE=BlogBR LR

    kakakaka, muito engraçado esse video, garota mandou legal :)

  • http://www.marolinha.net marolinha

    Mas Alexandre, você acha mesmo que isso é interessante pra industria? Essa é uma receita de bolo antiga que vem alimentando vários burgueses a anos.

    Time que está ganhando não se meche…

    R: Marolinha, taí um ditado popular surrado, que não faz mais sentido nos tempos atuais. Time que não se mexe fica defasado rapidamente e é deixado para trás, vendendo máquinas de escrever, disquetes 3/4, vinis e brinquedos que não dizem mais nada para as novas gerações.

  • http://www.facebook.com/fabiobracht Fabio Bracht

    Sobre a frase que fecha o texto, queria deixar essa música muito bacana que tem tudo a ver:

    R: Grande Fabio, valeu mesmo pelo vídeo desta jóia intitulada “The Princess Who Saved Herself”. Um complemento perfeito para o post.

  • Thaisa Carolina

    Demais, a Riley. Tem muito futuro!
    Inagaki, já assistiu ao filme “Minha vida sem mim”? Da Isabel Coixet? è da produtora do Almodovar e lembra muito essa história do pai que deixou 28 lições aos filhos. Pra chorar cada segundo de filme. Caso não conheça, recomendo.

    R: Oi Thaisa, esse filme está na minha lista de lacunas cinematográficas a serem preenchidas ainda, valeu pela lembrança! Essa história do pai, na real, havia me remetido a um outro filme: “Minha Vida”, com a Nicole Kidman e o Michael Keaton.

  • marcos

    “Por que não criar, por exemplo, uma princesa que também seja uma super-heroína?”

    Tipo a Mulher Maravilha? ;)

    R: HA HA! Bem lembrado, Marcos. Sua observação me obrigou a repensar um trecho do meu post: as indústrias devem criar e manter à disposição suas criações à venda. Depois que publiquei este texto fui dar uma olhada numa loja de brinquedos pra checar quais eram as opções disponíveis para meninas. Além de corroborar a observação arguta da Riley sobre coisas cor-de-rosa, não vi nenhuma boneca da Mulher Maravilha à venda. Em compensação, vi bonecos do Super-Homem, Batman, Homem de Ferro, Luke Skywalker, Indiana Jones…

  • http://twitter.com/lcquadros Leo Cabral

    Pois é, Alexandre.
    Vivemos num entorpecimento assustador. Lembro que há uns 25 anos as princesas tinham seus vestidos de baile em branco, azul, verde e outras cores; e eram originais e considerados belos até pelos meninos encardidos com a poeira do campinho de pelada (é claro que ninguém confirmaria em público para não ser chamado de maricas, ehehe). Hoje, assim como lojas de departamento têm sua “linha branca” as lojas de brinquedo têm sua “linha pink” e isso é preocupante. Uma solução minha mãe já dava na época que minhas irmãs eram pequenas: “façam as roupinhas das suas bonecas, minhas filhas”. E assim elas combatiam a maré da mesmice rosa com individualidade e pensamento construtivo.
    Um abraço e feliz 2012.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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