Quando eu era criança…

Por Alexandre Inagakisábado, 24 de dezembro de 2005

Não é fácil ser adulto. Basta dar uma passada de olhos pelas manchetes dos jornais para que o ceticismo corroa nossa alma: violência, desemprego, recessão, terrorismo. Às vezes é até uma tarefa inglória alimentar sonhos, quando estamos tão ocupados procurando maneiras de como arranjar dinheiro para pagar as contas no final do mês. Como meu amigo Mário costuma dizer, “a vida é que nem rapadura, é doce mas é dura“.

É por essas e outras que admiro as pessoas que, mesmo batalhando pela sobrevivência no dia-a-dia, conseguem manter viva a criança dentro delas. Não é tão difícil identificar alguém assim em meio à multidão acinzentada: procure por alguém com sorriso fácil, capacidade de rir de si mesmo, mousepad com estampa do Snoopy ou que possua a mania de fazer origamis no meio do serviço ou encontrar nuvens com formato de Bart Simpson pairando no céu.

Imaginação, eis o diferencial. O aspecto que mais admiro na infância está na capacidade desconcertante que as crianças possuem em enxergar cada detalhe do dia-a-dia de maneira espontânea, talvez por ainda não terem sido bitoladas pela visão acachapante dos adultos. Porque uma criança possui a mente aberta, seja para acreditar em Papai Noel ou coelhinho da Páscoa, seja por recriar as coisas do mundo de acordo com o poder de sua imaginação.

Inspirado no site I Used to Believe, que descreve crenças e recordações infantis de internautas do mundo inteiro, faço a seguir um Top 10 de reminiscências e coisas nas quais acreditava quando era criança. Algumas lembranças podem soar tolas hoje, mas ao mesmo tempo me dão saudades de uma época na qual eu era menos cético e mais inocente.

* * * * *

1) Quando eu era criança, acreditava que as estrelas eram os olhos de Deus, que piscavam de vez em quando para a gente apenas para que soubéssemos que havia um cara lá em cima de olho nas traquinagens que aprontávamos.

2) Quando eu era criança, assistia aos desenhos do Ligeirinho e me encantava ao ver aqueles feijões mexicanos que pulavam sozinhos. Uma das maiores frustrações de minha infância foi essa: nunca comi feijões que pulam.

3) Quando eu era criança, meu pai dizia que eu devia cuspir longe as sementes de melancia, porque se engolisse uma delas por acidente nasceriam outras melancias dentro do meu estômago. Pensava comigo mesmo: “ué, será que é assim que as mães ficam grávidas?“.

4) Quando eu era criança, mantinha sempre os meus olhos atentos ao chão, porque acreditava piamente que um dia encontraria uma lâmpada mágica igual à do Aladim. O único problema é que o gênio provavelmente só saberia falar árabe, e eu ficava angustiado pensando em como conseguiria me fazer entender. Aliás, eu tinha na ponta da língua o primeiro pedido que faria ao gênio: “quero que o senhor me conceda mais cinqüenta desejos!“.

5) Quando eu era criança, assisti a uma reportagem sobre um tal “morto que riu”. A matéria relatava que durante um velório um dos presentes resolveu tirar uma foto do morto dentro do caixão. No entanto quando ele foi revelar os negativos levou o maior dos sustos, porque o morto aparecera sorrindo na fotografia. Até hoje sinto calafrios toda vez que lembro da cara do finado (sim, o “Fantástico” exibiu o retrato do mesmo no final da matéria). A propósito, eu também tinha medo de qualquer reportagem apresentada pelo Hélio Costa.

6) Quando eu era criança, acreditava que sempre chovia nos dias de Finados. E que essa chuva era na verdade as lágrimas derramadas pelos mortos que ficavam emocionados ao ver suas famílias visitando (ou não) seus túmulos.

7) Quando eu era criança, minha mãe dizia que se eu imitasse um gago por mais de cinco minutos, ficaria assim para sempre. Desde então, toda vez que eu imitava um ga-ga-gago, ficava de olho no cronômetro do meu relógio digital e esperava até que dessem exatamente quatro minutos e cinqüenta e nove segundos, para cessar a brincadeira bem em cima do deadline.

8) Quando eu era criança, me apaixonei irremediavelmente pela Daphne da Turma do Scubidu. Talvez seja essa a razão da minha atração por ruivas, sejam elas pintadas ou não.

9) Quando eu era criança, morria de medo de ficar engasgado com uma bala Soft. Certo dia, batata: realmente me engasguei com uma que ficou entalada na garganta. Fiquei tão desesperado que comecei a correr estabanado pelos corredores da casa da minha avó procurando por ajuda; no susto, acabei engolindo a maldita. Nunca mais pus uma Soft na boca.

10) Quando eu era criança, não conseguia entender como funciona o tal do Amor (aliás, o adulto aqui continua sem entender patavina nenhuma). Ficava imaginando: “pôxa, mas e se a minha alma gêmea morar na Finlândia ou na Nova Zelândia? Como a gente vai fazer pra se encontrar?“.

* * * * *

P.S. 1: Esta é uma versão remixada e remasterizada de antigo texto reeditado em formato de Top 10 especialmente para o site das Garotas Que Dizem Ni.

P.S. 2: Pena que a versão brasileira do I Used to Believe, intitulada Quando eu era criança eu acreditava…, foi abandonada.

P.S. 3: Feliz Desnatal e um Próspero Ano Todo a todos!

Pense Nisso!
Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.

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  • Almeida Filho

    A matéria me fez lembrar de muitas coisas quando era criança, como por exemplo, ficava imaginando como é que Papai Noel conseguia deixar presentes na casa de todos em todo o mundo em apenas uma noite.

  • mauricio

    quando eu era criança achava que os tinham uma cor específica

  • Carmenveronica25

    Caramba, eu também vi esse episódio do Incrível, fantástico, Extraordinário e fiquei aanooooos lembrando da foto do morto. Lembra, na dramatização a fotógrafa foi a Helóisa Mafalda…
    E eu também acreditava nas lágrimas dos mortos nos Dias de Finados; mas não somos os únicos, me lembro que em um MIB usaram o mesmo pensamento quando o Will Smith diz à princesa que a chuva na localidade é porque ela está triste. Aqui pra nós, bem no fundo, eu acredito nisso até hoje, rs.

    • http://www.pensarenlouquece.com/ Alexandre Inagaki

      Uau! Sensacional você lembrar que a Heloísa Mafalda atuou na dramatização dessa história, não lembraria nunca disso! E bacana a associação com Men in Black, mostrando que não estamos sós nessa crença. :)

  • http://www.facebook.com/profile.php?id=100002100996150 Rebeca Cabral

    Adorei!
    Fui lembrando de algumas maluquices de quando eu era criança:
    Eu MORRIA  de medo do “Jesus” do sbt, lembra? “… e eu gostaria muito de chamá-lo meu filho”
    Eu acreditava que os artistas se transformavam em miniaturas e entravam nos aparelhos de som durante a madrugada. Eu ficava espiando através de uns furinhos que tinha na lateral do aparelho, e sempre me decepcionava porque “eles se escondiam de mim”
    Minha mãe também me botou medo de sementes, mas era de uva, que eu comia demais! Ainda hoje não engulo caroço. Sei que não nascerá uma parreira na minha barriga, mas criei o hábito…
    Bjs, e feliz dia das crianças!

    • http://www.facebook.com/profile.php?id=655946500 Cíntia Citton

       Nossa, me identifiquei com a história da TV, eu também ficava espiando pelas frestinhas, principalmente quando apagava e a imagem “encolhia” no centro da tela, eu achava que era como se um aspirador tivesse puxado as pessoas da tela para dentro da tv… Uma amiga minha disse que amae dela incentivava esa crença, pois como ela ouvia sempre a mesa fita de um grupo tipo menudos, a mae a convenceu de que teria que desligar o rádio um pouco para que os artistas pudessem descansar…

  • Pingback: Quando eu era criança, eu acreditava em… | Pensar Enlouquece, Pense Nisso

  • luana

    numca acreditei que um dia ia perder uma pessoa que eu tanto amo quando eu crescer mais avida é asim ñ podemos mudar o que deus escolhe pra cada um mais sem esse amigo que eu tanto amo eu perdir como eu vou saber viver sem ele só pesso a deus um pouco de paz e amor por esse mundo de hoje

  • Paola

    Parabéns!!
    Eu amei ler isso tudo!
    Nossa senti tanta saudade do meu tempo de criança, me lembrei de um picolé da Frutilly chamado Splop, era um picolé que explodia na boca, e eu amavaaaa, até no inverno tava lá eu com o picolé.
    A recordação foi tão intensa que pude até sentir o sabor do picolé. *-*

  • http://artigosmesclados.blogspot.com rodrigo

    E uma lenbrança muito boa acho que ainda depois de maduros todos ainda tem uma criança em seu interior.

  • Maiara

    Minha mãe me conta q quando ela era criança, ela acreditava em uma historia q minha vó conta até hoje ; A historia do dedo duro é a historia de um homem q tinha o dedo duro e pra quem ele aponta-se morreria! Ñ sei mas acho q ela até hoje acredita!

  • http://www.guiada25.com.br 25 de março

    Quando eu era criança, eu almoçava, e ia correndo pra rua, eu não podia ir pro quarto nem pro banheiro de barriga cheia, pq se eu olhasse no espelho de barriga cheia, eu ia ficar com a cara torta… rsrsrs
    essas coisas que a mãe da gente conta, do homem do saco, uhahuhua… mto bom a infancia…
    acordei um belo dia, com uma bicicleta em cima da minha cama, na noite de natal, era o papai noel que tinha colocado lá (meu pai), mas, fiquei tao feliz com o papai noel. :-)

  • janete

    D hora isso tudo q disse! Me lembro bem qdo eu era crianca com 5 ou 6 anos q eu engolia sementes de laraja e de melancia e minha irma falava q ia nascer um arvore dentro da minha barriga.
    Ai meu deus como eu era uma engenua crianca acreditava na danada da arvore dentro de mim.rssssssssssssssss Muito bom lembrar de tudo isso neh!
    Parabens ficou genial!

  • Rets

    Me encontrei em 3 citações!
    Boas lembranças. Chorei agora!

  • felipi lacerda

    oi tudo bom gostaria de saber sobre a turma de scoobydooo

  • http://[email protected] camille

    presiso de dinheiro porfavor sou uma criança

  • Ana Paula Almeida

    Nossa, navegando por outros sites, encontrei o seu e achei muito legal essa seu depoimento de “quando era criança”, me fez relembrar meu passado que foi maravilhoso, meus tempos de infância, continue publicando textos assim tá ! Bjos e tenha um ótimo dia …

  • Barbara V. Poceiro

    n sei pq nem como0, mas sei q eu amo a turma do Scooby Doo!!!!!!!!!!O filme, é claro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Inclusive o Freddy, gatão!!!!!!!

  • http://www.roney.com.br/blog Roney Belhassof

    Olá!
    Seus posts estão fazendo falta, viu? :-)
    Passei aqui para ver se vc já tinha esbarrado no blogspammer brasileiro que copiou o Million Dollar Page.

  • http://www.nolimitedarazao.com/blog Cacau

    Ih!
    Deu soluço!
    :oP

  • http://www.nolimitedarazao.com/blog Cacau

    Eu tb tinha medo das reportagens do Hélio Costa. Aliás, só de lembrar, me arrepio.
    Outra coisa que eu lembro era dos programas do Jacques Costeau, que meu pai assistia. E eu não gostava porque sentia falta de ar. :oP
    Mesmo hoje, não consigo assistir nada que mostre o fundo do mar, sem me sentir mal.
    Feliz Natal de 2006.
    :oP
    beijins,
    Cacau

  • http://www.nolimitedarazao.com/blog Cacau

    Eu tb tinha medo das reportagens do Hélio Costa. Aliás, só de lembrar, me arrepio.
    Outra coisa que eu lembro era dos programas do Jacques Costeau, que meu pai assistia. E eu não gostava porque sentia falta de ar. :oP
    Mesmo hoje, não consigo assistir nada que mostre o fundo do mar, sem me sentir mal.
    Feliz Natal de 2006.
    :oP
    beijins,

  • http://aleateorias.zip.net Makoto®

    Já que o assunto é infância, o que você tem a me dizer sobre a proibição dos castigos? http://ultimainstancia.uol.com.br/noticias/ler_noticia.php?idNoticia=24177&canal=st

  • http://www.marioaragao.combr Mário Aragão

    Puxa Inagaki, algumas dessas coisas eu também acreditava piamente. Ótimo texto.
    Feliz 2006!

  • http://www.expressao-feminina.blogspot.com Andréa Cristina

    Olá, navegando pela net, encontrei o seu blog.
    E ADOREI O QUE AQUI ENCONTREI . . .
    É muito bom saber que pessoas especias, cultas, e sensíveis compartilhem conosco, relés mortais, o que sentem, é bom conhecermos um pouquinho mais da essência do SER.
    E sobre esse post, adorei me recordar de meu tempo de criança.
    Obrigado por isso.
    Se me permitir, voltarei sempre aqui e estará em um cantinho especial em meu blog.
    A seguir, minha expressão sobre o que aqui eu Li:
    “Linda é a vida!
    Únicos são os momentos!
    E nessa particularidade,
    Pude saborear alegrias,
    há muito já vividas,
    mas junto de mim mantidas. ..
    Alegrias de criança,
    ingenuidade, preocupados apenas com nossa próxima traquinagem . . .
    Leveza, pureza. . .
    Ah! Que saudades,
    daquela mágica e doce idade. . .”
    muito obrigado amigo!!!!

  • http://luckymanuelo.zip.net Lucky Manuelo

    Por favor, atualiza! Adoro seus posts!

  • http://marioav.blogspot.com Mario AV

    Eu tive uma fase hiperléxica aos 6 anos. Já tinha aprendido a ler fluentemente bem antes disso, e num belo dia encasquetei que as palavras deveriam ser pronunciadas RIGOROSAMENTE CONFORME ESCRITAS e que TODO MUNDO exceto eu estava errando a aplicação das regras ortográficas ao idioma falado. Daí que eu falava igual a um robô, mas ficava todo orgulhoso de ser o ÚNICO a conhecer a VERDADE sobre nosso idioma. A mania durou poucos dias, pois era muito cansativa.
    Acho que daria para fazer uma tira do Calvin com essa história. Em inglês, ficaria mais absurda ainda…

  • http://www.ideiasmutantes.com.br Muta

    Rapaz… E não é que eu faço origamis no trabalho?
    Valeu por confirmar que a minha alma de criança ainda está acordada… Se bem que acho que nunca tive dúvidas disso!
    T+
    Muta

  • http://palpiteira.blogger.com.br Palpiteira

    Ina, sou uma eterna criança. Recuso-me a crescer. :D
    Feliz 2006 pra vc.

  • http://pop-land.org/mine Ju!

    Quando eu era criança ficava me pergntando como que os atores saiam toda hora de casa pra fazer os comercias. E como ele trocavam d roupa tão rápido quando o ator do comercial era o mesmo da novela.

  • http://www.clariceinwonderland.blogspot.com clarice

    Quando eu era criança eu achava que a Disney era no céu, por isso a gente tinha que ir de avião, e que o Pólo norte era acima das nuvens. Eu queria estender um vidrinho pra fora da aeronave e catar um tiquinho de nuvens pra guardar de lembrança. Eu tmabém acreditava em Papai Noel, mas não em coelhinho da páscoa (embora tal colocação não faça sentido). E eu acreditava nas pessoas.
    Peraí. Nas pessoas eu ainda acredito. A duras penas. =)
    Feliz 2006!

  • http://osegundosoldado.xisclub.com.br Soldado Soares

    Quantas lembranças! Minha tia ainda me vem com umas que se vc deixar a camisa virada ao avesso, pode pega algum tipo e doença. Até hj não encontrei a ligação do meio de contaminação, com a camisa ao avesso… mas tudo bem. Muito bom seu blog! =D

  • http://aleateorias.zip.net Makoto®

    Já que é assim, acho que ainda sou bem criança. É bom saber que partilhamos de algumas saudades e da queda por ruivas (se bem que minha Anna não é nem um pouco ruiva, mas isso é outra história). Feliz ano novo!

  • http://www.sergiorequejo.blogspot.com Sérgio

    Cara, adorei o post.
    Vou pensar em algo também para relacionar no meu espaço.Me diverti muito !
    Aliás, agora entendo o porquê da minha atual predileção por ruivas :)
    Abraços e um ótimo 2006 !

  • http://netocury.com Neto Cury

    Sei que já passou, mas espero que você tenha tido um feliz natal e espero também que tenha um feliz e próspero ano novo.
    Abraços

  • http://www.crisemcrise.blogspot.com Cris

    Quando eu era criança, minha avó dizia que se eu colocasse uma panela de alumínio (e somente de alumínio)virada para baixo no quintal em dia de chuva, o outro dia seria de sol radiante. Todas as vezes que eu ia passear colocava a bendita da panela no quintal no dia anterior.
    Quando eu era criança, minha mãe dizia que não podia apontar com o dedo indicador para as estrelas porque nasceria uma verruga gigante!
    Adorei este post. Tem um montão de coisas que eu acreditava!

  • http://cinemacuspido.blogspot.com Marcelo V.

    O Marilyn Manson contou numa entrevista que se masturbou pela primeira vez pensando na Daphne, do Scooby-Doo. Por sinal, num dia desses vi, numa moto de um motoboy, um adesivo que trazia justamente a ruiva engajada em pleno ato sexual com Scooby himself.

  • http://www.sigaocoelhobranco.zip.net Chris

    Sabe, Alexandre, eu sempre passo por aqui, mas acho que nunca deixei um comentário… De qualquer maneira, é sempre bom ler seus posts, provas de que existe vida inteligente na Internet. Este sobre as crianças que fomos (ou ainda somos) foi um dos mais divertidos. O meu mousepad é da Pantera Cor de rosa, será que vale? Beijo

  • http://gardenal.org/inagaki Inagaki

    Mais comentários deixados aqui:
    26/12/05 23:00
    Qdo eu era criança, acreditava q engolir piaba viva aprendia a nadar. E várias escorregaram goela abaixo, e me encorajaram a ir até o toco de arvóre q tinha no meio do rio - limite para ser aceita na turma dos nadadores.
    Qdo eu era criança decorava o texto do dever de casa e qdo a profa pedia pra eu ler, eu o falava sem o livro.
    Qdo eu era criança eu n tinha medo de cachorro. Hj tenho pavor.
    Qdo eu era criança, morria de medo de livusia (coisa estranha, assombração).
    Qdo eu era criança adorava tomar banho de chuva, soltar barquinhos de papel na enxurrada, mesmo sabendo q tomaria uma surra qdo voltasse pra casa, toda molhada.
    Qdo eu era criança ia pra beira do rio à tardinha olhar, escondido, os meninos q gostavam de tomar banho nus.
    Qdo era era criança adorava jogar guerra (baleado), brincar de drama (teatro), pular corda, pular elástico (salto em altura, diferente do q se pula hj).
    Qdo eu era criança acreditava q passar por baixo de um pé de limão cortava a menstruação.
    Qdo eu era criança acreditava q misturar leite com manga fazia mal.
    Qdo eu era criança, dizem, eu era mto interessante. Falava pelos cotovelos, e me perguntavam se tomei água de chocalho. Acho q continuo criança …. ;)
    Minha infância guardada é mto feliz. Nela n teve televisão. Teve mtos livros, revistinhas, brincadeiras de rua.

  • Priscill

    Por um acaaaaaaaso… Você leu minha coluna de duas semanas atrás no Cracatoa? Falava exatamente sobre isso, da bala Soft e da semente na barriga… Se não leu, me avisa que eu te mando. Porque a vida é muito louca e eu fui sumariamente deletada do site :P
    Ms. Foggiato, este meu texto é vééééio… Originalmente, foi publicado em 25 de dezembro de 2003. Com a correria do final de ano, estou reciclando alguns artigos, sacumé. ;) Mas olhe, quero ler seu texto sim (mandei um e-mail procê). Beijabraço pra ti!

  • http://megalopolis.blogger.com.br Faby

    Um dia, engoli uma semente de melancia e meu pai falou que ia nascer um pé de melancia na minha barriga, e as ramas iriam sair pelos ouvidos. Fiquei toda feliz, porque (já tinha uma mente empreendedora na época) poderia vender as melancias, ou então aparecer naquele programa “Acredite se quiser”, e ganhar muito dinheiro…
    E acreditava piamente que eu era a única pessoa que tinha engolido uma semente de melancia, até o dia em que minha irmã engoliu. Mas o pé de melancia nunca cresceu…
    ——-
    PS: Nunca acreditei em Papai Noel.

  • http://velhodofarol.blogspot.com Marcus Pessoa

    Ei, eu também me lembro dessa reportagem sobre o morto que ri! Até hoje sinto calafrios quando lembro daquela fotografia…
    E foi uma coincidência você fazer esse post e eu escrever sobre isso também — sobre essa coisa de manter um tipo de vitalidade infantil mesmo na labuta do dia-a-dia adulto. Eu observo formas nas nuvens, nas manchas das paredes, fico sentindo as texturas das coisas (minha mãe me chama de “dedinhos de ouro”) e sonho acordado. Acho que me enquadro mais ou menos nisso que você descreveu.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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