Quem é o torcedor brasileiro mais triste de todos os tempos da última semana
Por Alexandre Inagaki ≈ quinta-feira, 10 de julho de 2014
Embora a concorrência pelo posto de torcedor mais frustrado com o massacre imposto pela Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo tenha sido acirrada, uma imagem durante a transmissão chamou a atenção de todos: um senhor de bigode, com os olhos lacrimejantemente desamparados, abraçado a uma réplica da taça da Copa como se pudesse impedir que ela partisse.
Sua imagem tornou-se um dos símbolos principais do desconsolo brasileiro, correndo mundo afora na forma de meme da internet. O contraste entre sua alegria antes do jogo e seu desconsolo após o 7 a 1 ressaltou o carisma desta figura quase quixotesca.
Porém, a imagem mais bonita deste senhor que ficou conhecido no exterior como “sad Brazilian fan” não foi exibida pelas câmeras de TV. Após sua cara tristonha ter sido mostrada no telão do estádio, ele foi cercado por torcedores brasileiros e alemães querendo ampará-lo.
Depois, em um belo gesto simbólico, ele entregou a taça a uma torcedora alemã. Afinal, a seleção mais simpática desta Copa havia feito por merecê-la durante o jogo.
Por fim, o carismático bigodudo acabou compartilhando sua réplica da taça com outros torcedores, mostrando que a Copa é de todo mundo e que tristezas têm fim sim.
Quem já acompanhou outras participações do Brasil em Copas possivelmente deve ter reconhecido aquele senhor. Pois bem: seu nome é Clóvis Acosta Fernandes, também conhecido como o “O Gaúcho da Copa”. Ele tem 59 anos de idade, mantém perfis no Twitter e Facebook e acompanha a Seleção Brasileira desde a Copa de 1990, na Itália. A semifinal entre Brasil e Alemanha foi o 154º jogo da Seleção visto por Clóvis, em um currículo que inclui sete Copas do Mundo, seis Copas América, quatro Copas das Confederações, uma Olimpíada e 66 países visitados.
Não é difícil entender por que Clóvis ganhou a alcunha de Gaúcho da Copa. Desde 1990, ele frequenta estádios usando os trajes típicos dos pampas: bombacha, lenço, chapéu e botas. Naquela época, ele era dono de uma pizzaria em Porto Alegre. Atualmente, trabalha como corretor de imóveis, mas também se tornou uma espécie de embaixador informal do Rio Grande do Sul e do turismo brasileiro no exterior. E acabou sendo reconhecido pela FIFA, que produziu um mini-documentário, “Meet Brazil’s 12th player”, sobre suas aventuras acompanhando a Seleção.
Não foi desta vez, mas torço para que o simpático Clóvis esteja na Rússia, daqui a quatro anos, testemunhando in loco o hexacampeonato brasileiro.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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