Prometheus
Por Ulisses Mattos ≈ segunda-feira, 18 de junho de 2012
Você já deve ter lido algumas resenhas sobre “Prometheus”, algumas com o (in)evitável trocadilho dizendo que o novo longa de Ridley Scott não cumpre o que Prometeu. Outros textos preferem não deixar claro se o filme é bom ou ruim. A verdade é que os críticos – e mesmo o público – se dividiram sobre o filme. Em todo caso, se você quer uma opinião que o impulsione a ver esta tão badalada produção, aí vai a minha: vi o filme há mais de uma semana e quase todo dia me lembro de alguma cena. Eu gostei muito.
Há quem diga que o roteiro tem problemas, que alguns personagens são caricatos ou falhos e que o desfecho não resolve a história. Eu concordo com pouca coisa sobre isso tudo. Prefiro focar na questão de que é um filme grandioso, impressionante mesmo. As imagens são realmente belas, estimulam a contemplação. O ritmo não deve agradar aos fãs de ação, ou àqueles que passaram a achar que ficção científica é sinônimo de correria e explosões. “Prometheus” é um filme tenso, quase lento, como foi “Alien - O Oitavo Passageiro”, que tem o mesmo diretor e que se passa no mesmo universo ficcional. É um ritmo mais para os olhos do que para o coração. Mas há momentos em que esse último órgão vai pular desesperadamente, principalmente na cena da protagonista correndo para se livrar de um probleminha indesejável que descobre com a ajuda do androide da nave (estou tentando ao máximo não estragar surpresas).
Dizem que é um prequel da franquia Alien, mas eu acho que “Prometheus” é muito muito muito mais que isso. O filme aponta para outra direção, bem mais interessante. E, como bônus, explica como surgiu o bichão maldito que tem ácido nas veias e um fraco por Sigourney Weaver. Tanto faz, para mim. Não estou nem aí para essas criaturas. O que me pegou mesmo foi o tema deste filme de agora, que não é sobre monstros, mas sobre como surgiu a vida na Terra.
Se você analisar bem, ao fim do longa, verá que há sim uma resposta, ao contrário de que muita gente diz. Se há uma falta de satisfação nesse desfecho, não é exatamente por falta de solução para o questionamento original, mas porque a história trouxe uma pergunta ainda mais intrigante, que só pode ser respondida em uma história seguinte. Eu fiquei muito mais ansioso por uma continuação do que frustrado por não ter todas as respostas. Veja também o filme e descubra o que o final vai lhe trazer. É realmente uma experiência pessoal, cada um vai ter uma reação.
Independentemente dos méritos (ou problemas) do fim, “Prometheus” traz algumas unanimidades, como o tal robô vivido magistralmente pelo magnético (ho-ho-ho) Michael Fassbender. O personagem em si já traz reflexões sobre o relacionamento entre humanos e máquinas inteligentes, fazendo um reforço no tema principal do filme, que é a “criação”. O confronto entre religião e ciência também é legal. Muitos acusam a personagem principal, vivida por Noomi Rapace, de ser contraditória. Mas sempre houve, fora da ficção, cientistas ou defensores da Ciência que conseguem ter um olhar religioso sobre a vida. Então, não vejo nada de incoerente nesta personagem, ainda que tenha que admitir falhas em alguns dos tipinhos criados como coadjuvantes.
Também vi resenhistas dizendo que o efeito 3D não é lá tão necessário. Eu não sou grande fã de 3D, mas devo dizer que acho que neste filme ele faz alguma diferença, sim. E também não sou fanático por telas gigantes, mas tenho a impressão de que ter assistido em uma sala Imax me ajudou a ter todo esse entusiasmo visual pelo longa. Fica a dica para quem não se importa em pagar mais ou “viajar” até um cinema com essa tela.
Então, confira “Prometheus” e depois diga por aí o que achou. Este é definitivamente um filme que gera e sustenta debates. Manifeste-se em comentários de textos de blogs, em posts nas redes sociais ou papos de bar. Queria realmente saber se tem muito mais gente que aprovou “Prometheus”, pois me incomoda um pouco ver tanta gente boa não se rendendo a um filme que tanto me agradou. E também quero que fique claro para os produtores que há uma plateia grande o suficiente para justificar a filmagem de uma continuação dessa história. É importante que saibam que o futuro de uma nova franquia, partindo de “Prometheus”, é promissor, mesmo que acompanhado de trocadilhos fracos.
Ulisses Mattos
Ulisses Mattos é roteirista, jornalista e humorista. Escreve sitcoms e humorísticos para a TV fechada, faz parte da produtora de vídeos para a web Alta Cúpula, pilota o perfil coletivo de humor @na_Kombi e integra o grupo Estação Stand-up. Antes de viver de ser engraçadinho, foi resenhista de cinema para veículos como o Jornal do Brasil (onde editou o Caderno B) e a Veja.com. Seus principais trabalhos estão em www.tolisses.com.br.
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