Não acredite nos rumores de que não existe amor em SP. Quem aprende a se esgueirar pelos labirintos desta capital sabe que, apesar da força da grana que ergue e destrói coisas belas, a definição de Vinicius de Moraes de que esta seria uma cidade tão lírica e tão fria não faz jus a todas as facetas de uma cidade esquizofrenicamente bela. E é por isso que gosto tanto de iniciativas como o Pinagram, exposição de fotografias originalmente publicadas no Instagram. Em sua segunda edição, o tema foi “Qual é a sua São Paulo”. Cerca de 9 mil fotos foram instagramadas com a hashtag #pinagram2, 70 delas foram selecionadas para exposições na Pinacoteca e na Reserva Cultural, e algumas destas fotografias vieram parar aqui também, retratando um pouco das belezas inesperadas desta cidade com nome de santo.
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O reflexo de um casarão na Avenida Paulista em uma poça d’água, apenas uma das muitas fotos impressionantes de Becken Lima. Continue Lendo
Eu queria ser mais que um amigo/ Mas por que não me entende?/ Quando fica deprimida/ Choro com você…”
De todos os conceitos que surgiram nos últimos anos, esse da friendzone tornou-se um dos mais popularizados por aí. Basicamente, é um termo surrupiado do idioma inglês, que literalmente significa “zona de amizade”, e que define aquele singelo status no qual aquele pessoa por quem você nutre sentimentos amorosos e/ou luxuriosos te vê apenas como amigo. Esta situação chata e frustrante é muito bem descrita pelos versos da canção destacada aqui nesta semana, “Meu Universo é Você”. Siga a bolinha pulando, pois, e cante com o Roupa Nova:
E me conta as suas aventuras/ Os seus casos antigos/ Eu fico calado, finjo que não ligo/ Pra não te perder…”
Roupa Nova é uma das bandas mais subvalorizadas da MPB. Formada em 1980, desde então mantém até hoje a sua formação original, sendo composta pelos amigos Paulinho, Kiko, Nando, Serginho Herval, Cleberson Horsth e Ricardo Feghali. Ao longo de mais de três décadas de carreira, elencaram dezenas de sucessos, daqueles que tocam por acaso em algum lugar e você, mesmo sem nem perceber direito, começa a cantar junto, surpreendido ao descobrir que sabe de cor todos os versos: “Anjo”, “Sapato Velho”, “Linda Demais”, “Seguindo no Trem Azul”, “Dona”, “Volta pra Mim”, yada yada yada. De quebra, o Roupa Nova é responsável por duas gravações que você talvez nem saiba que tiveram a participação deles: o Tema da Vitória, que marcou a carreira de Ayrton Senna, e o hino do Rock in Rio, ambas composições do maestro Eduardo Souto Neto. Continue Lendo
1. Conde & Drácula. Simplesmente não há como passar desapercebido por uma dupla sertaneja que, além de ter este pitoresco nome, gravou uma moda de viola baseada no poema “O Corvo”, de Edgar Allan Poe. E a música, diga-se de passagem, até que é bacana: clique aqui para ouvi-la. Mais informações sobre esta dupla estão disponíveis no blog Mundo Estranho de PB.
2. Jacklane & Manda Brasa. Quando me deparei com a bela capa logo abaixo (que encontrei no blog Texto Líquido), logo senti que havia coisa boa a ser descoberta. Dito e feito: vale muito a pena ouvir esta dupla incendiária cantando ao vivo “Toco Cru Pegando Fogo”.
Será que estamos nos tornando mais intolerantes, agressivos, irascíveis por causa da internet? Vendo as discussões travadas em replies de Twitter, comentários de blogs e de Facebook em torno de assuntos tão variados como embargos infringentes, a má fase do Corinthians, a final de um reality show ou uma polêmica pontual orbitando por temas díspares como decotes, bolacha ou biscoito ou médicos cubanos, cada vez mais me sinto cansado só de imaginar as discussões sem fim que serão catalisadas por causa de uma opinião sobre determinado tema.
Um exemplo recente: a recente história em torno do rato encontrado numa garrafa de Coca-Cola. Em casos do tipo Davi versus Golias, é natural que as pessoas torçam pelo lado mais frágil. O problema é quando sequer questionam todas as incongruências do causo narrado pela suposta vítima. Quantos, por exemplo, se deram ao trabalho de pesquisar o histórico do processo judicial, ou de ler o parecer técnico da Anvisa sobre o corante citado na matéria sensacionalista da Record? Em vez disso, compartilham a primeira história bombástica que assistem, sem sequer pensar que já existem diversosvídeos mostrando como é possível violar garrafas e colocar objetos dentro delas, mantendo-se o lacre intacto. Continue Lendo
Luiz Thunderbird, Cuca Lazarotto e Astrid Fontenelle, VJs que participaram do primeiro dia de transmissões da MTV Brasil, há 23 anos, foram os três últimos apresentadores da primeira reencarnação do canal, que encerrou atividades no dia 30 de setembro de 2013. E, se em 1990 as transmissões da MTV na fase Abril foram iniciadas com o vídeo de “Garota de Ipanema”, na regravação feita por Marina Lima, em 2013 Cuca teve a honra de apresentar o último clipe desta etapa: “Maracatu Atômico”, composição de Nelson Jacobina e Jorge Mautner, na cover gravada por Chico Science & Nação Zumbi. Se você não viu os derradeiros momentos desta primeira fase da MTV Brasil, confira o vídeo a seguir. Continue Lendo
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma/ Até quando o corpo pede um pouco mais de alma/ A vida não pára”
“Paciência” é uma música que soa cada vez mais atual, com versos que se encaixam feito luva nestes tempos destrambelhadamente vertiginosos em que, mesmo sem perceber, aceleramos nossos passos e comemos de modo apressadamente afobado, mastigando mal alimentos e pensamentos, enquanto as horas se dissolvem e a sensação geral é de que estamos continuamente atrasados em nossos compromissos. Em meio a esse cenário, a canção de Lenine e Dudu Falcão soa como um mantra, a versão mais sábia e serena do brado desesperado popularizado por Frank e George Constanza: “Serenity Now“!
Nesta semana o Tribunal Superior Eleitoral autorizou a criação de dois novos partidos: o PROS (Partido Republicano da Ordem Social) e o Solidariedade. Com esta decisão, o Brasil possui agora nada menos que 32 legendas. Uma bela sopa de letrinhas que está mais para gororoba, diante dessa multiplicação de partidos sem um projeto ideológico consistente. Afinal de contas, que leitor será capaz de distinguir o PV (Partido Verde) do PEN (Partido Ecológico Nacional), ou o Partido Humanista da Solidariedade (PHS) do Partido Pátria Livre (PPL)? Taí uma boa pergunta de jogo de trivia, aliás: quem será capaz de citar todas as trinta e duas legendas (sem contar o Rede da Marina Silva, que ainda não foi homologado pelo TSE) de cabeça?
Mas, afinal, neste ruído de informações trazido por essa confusão digna de controle remoto repleto de botões que a gente sequer sabe para que servem, esse fenômeno da multiplicação de partidos no Brasil tem alguma razão de ser? Uma matéria de Isabel Braga e Paulo Celso Pereira, do jornal O Globo, joga luz sobre uma grande motivação para o singelo pluripartidarismo tupiniquim: “PROS e Solidariedade receberão no mínimo R$ 600 mil antes de disputar qualquer eleição”. Continue Lendo
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.