O rock está morto? Errou? Acabou? Subiu no telhado?
Por Alexandre Inagaki ≈ terça-feira, 12 de julho de 2011
Às vésperas do Dia Mundial do Rock, celebrado no dia 13 de julho por causa do Live Aid, a pergunta que não quer calar volta à tona: o rock’n'roll, esse gênero musical tão castigado e banalizado, está batendo as botas? A questão pode soar retórica aos que só conseguem ouvir nas FMs bandas emo criadas à base de leite com pêra, e que lembram que na próxima edição do Rock In Rio teremos atrações do naipe de Rihanna, Claudia Leitte e Shakira. Estando certos, creio que os algozes do rock poderiam colocar como trilha sonora a cover que Miley Cyrus cometeu de “Smells Like Teen Spirit”.
Não há nenhuma novidade nessa história de que o bom e velho rock’n'roll teria batido as botas. Em 1969, durante as gravações do último disco dos Doors, Jim Morrison disse, para seus companheiros de banda: “Vocês são um bando de escravos… O rock está morto.” E, no começo deste ano, foi o jornal inglês The Guardian quem vaticinou, no artigo “Is rock’n'roll finally dead?”, a agonia roqueira, ao analisar o Top 100 dos singles mais vendidos no Reino Unido e constatar que apenas três hits dessa lista podem ser catalogados no gênero que consagrou Hendrix, Cobain e Lennon.
Sim, eu sei que toda vez que decretam a morte de alguma coisa é preciso manter um necessário ceticismo. No máximo, penso que o rock’n'roll teve o seu rosto desfigurado depois de algumas cirurgias plásticas desastradas, tal qual Mickey Rourke. Talvez tenha perdido a expressão juvenil de seu sorriso de antes, feito Nicole Kidman após algumas aplicações de botox. Mas o rock ainda resiste, pulsando teimosamente na forma de riffs e acordes de bandas como The XX, Arcade Fire, Zoé e Warpaint.
Longa vida, pois, ao rock’n'roll. Seja na forma clássica de um power trio, seja amalgamado com outros ritmos como jazz, blues, baião, gospel, hip hop, country, pop. Só espero, porém, que não inventem um subgênero universitário tal como andam fazendo com o pagode ou o sertanejo; se a moda prosseguir, um dia ainda haverão de inventar o tecnobrega pós-graduado e o axé com MBA…
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
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