Michael Jackson (1958-2009)
Por Alexandre Inagaki ≈ sexta-feira, 26 de junho de 2009
Meu camarada Pablo Miyazawa comentou, a respeito da notícia que parou a internet ontem: foi o “11 de setembro do pop”.
Em outro texto sobre Michael Jackson, escrevi o seguinte: “Sua morte monopolizou as discussões no Twitter e ofuscou os outros fatos do dia. Não é difícil de entender. Em um mundo cada vez mais multifacetado, sem consensos ideológicos ou utopias capazes de engajar multidões, restaram poucas unanimidades de interesses. Uma delas é a cultura pop: tudo que lemos, ouvimos, assistimos, consumimos. Michael Jackson foi um fenômeno cultural que atraiu interesses dos mais díspares cantos do mundo com suas músicas e coreografias. Nestes tempos de long tail, será muito, muito difícil surgir um outro artista capaz de vender tantos discos, fazer tamanho sucesso, atrair tanta atenção. Michael destacou-se em uma época na qual walkmans, fitas cassete, vinis, máquinas de escrever, aparelhos de fax e fichas telefônicas ainda não faziam parte do tal ‘museu de grandes novidades’ cantado por Cazuza”.
Vida pessoal à parte, o fato é que Michael Jackson foi um grande artista antes de desbotar. Quem nunca quis aprender a coreografia do clipe de “Thriller” ou fazer o moonwalking, que atire a primeira vitrola. A tremenda repercussão de sua inesperada morte em sites, TVs e conversas de bar, apesar dele não ter sido capaz de gravar uma nova música marcante nos últimos 15 anos, foi uma prova de que o Rei do Pop, apesar do declínio artístico e pessoal, ainda não havia perdido a majestade. E, neste momento em que piadas infames sobre sua morte pipocam aqui e acolá, prefiro recordar o diálogo entre um padre e um fiel no excelente filme argentino “O Filho da Noiva”:
- Deus não é velho, nem jovem. Nem branco, nem negro. Nem homem, nem mulher.
- Ora, padre, este não é Deus. É o Michael Jackson!
P.S. 1: Tergiversei mais sobre o irmão da Janet neste post: “Michael Jackson, a síndrome de Peter Pan e o museu de grandes novidades”.
P.S. 2: A revista Slate fez uma compilação de vídeos do YouTube com pessoas fazendo os “moonwalks” popularizados por Michael. Uma ótima ideia, cujo resultado ficou sensacional.
Alexandre Inagaki
Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
Pingback: Três anos sem Michael Jackson | Pensar Enlouquece, Pense Nisso