Artigos da categoria: Política

Eleições bizarras - a apuração dos coadjuvantes

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 10 de outubro de 2008

Quase uma semana após as eleições municipais, você já deve ter lido muitas análises a respeito dos resultados das urnas. Na própria blogosfera, você encontrará preciosas fontes de informação e opinião, abrangendo as mais diversas visões ideológicas, nos blogs de Pedro Doria, Idelber Avelar, Jayme Serva, Ricardo Noblat, Pedro Alexandre Sanches e Soninha Francine. Cada qual expondo livremente o seu ponto de vista particular, permitindo ao freqüentador de blogs encontrar a pluralidade necessária para que, a partir dessas leituras, forme a sua própria opinião acerca dos fatos.

Já eu preferi dirigir meus olhos aos coadjuvantes destas eleições: os candidatos mais peculiares destas eleições 2008, que chamaram a atenção pela comicidade (nem sempre voluntária) de seus slogans e propostas. Em suma, os (ir)responsáveis por terem tornado o horário eleitoral gratuito um dos melhores programas humorísticos da TV brasileira. Ou não.

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Rápidas rasteiras

Por Alexandre Inagakisexta-feira, 14 de março de 2008

Semana de desabaladas correrias. Eu definitivamente preciso de uma tecla pause. Mas não agora.

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Segunda, dia 17, às 22:15, estréia na Band CQC - Custe o Que Custar, programa capitaneado pelo mestre Marcelo Tas cuja proposta é excelente: um resumo semanal de notícias realizado no formato de um programa de humor. A julgar pelos nomes envolvidos (além de Tas, integram a intrépida trupe do CQC jornalistas e humoristas revelados pela internet e shows de stand-ups como Rafinha Bastos, Marco Luque, Danilo Gentili, Oscar Filho, Felipe Andreoli e Rafael Cortez), a fórmula tem tudo para dar certo.

Custe o Que Custar é a versão brasileira de Caiga Quien Caiga, programa originalmente criado pela TV argentina. Foram nossos hermanos os realizadores da impagável matéria a seguir, na qual eles atazanam Bush Jr. e Condoleezza Rice.

Encontrei o vídeo do Caiga Quien Caiga no ótimo blog TV Política, mantido por Bruno Hoffmann.

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Não resisti à compulsão de entrar no Gerador de Cartão Corporativo e confeccionar o meu, inclusive por causa da simpática imagem da Graúna, personagem de Henfil. Mas é importante fazer a ressalva: falta uma versão para governos estaduais. Recomendo ainda a leitura do texto A imprensa e os cartões, publicado no Portal da Transparência.

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2008 é ano de eleições municipais. Em tempos nos quais a descrença generalizada na política tende a levar a população brasileira a desdenhar da instituição do voto, creio que é importantíssimo divulgar o vídeo a seguir, que recorda nomes como Vladimir Herzog, Betinho e Ulysses Guimarães.

E lembre-se: não seja imbecil, vote consciente!

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Nova promoção! Mande um e-mail para [email protected] respondendo à seguinte pergunta: “Felicidade combina com ignorância?”. A melhor resposta ganhará um exemplar de O Poder da Ignorância, livro que resenhei recentemente. Outras três respostas bacanas ganharão um kit Pensar Enlouquece contendo um exemplar da revista Pix, a edição 2 do jornal O Samba e alguns outros brindes relacionados ao meu blog. ;) Você tem até a próxima quinta-feira, dia 20 para enviar sua resposta; na sexta, dia 21, divulgarei os resultados aqui.

O assassinato de Benazir Bhutto

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 27 de dezembro de 2007

É triste constatar que faço parte de uma minoria neste país que efetivamente se interessa pelo caderno “Mundo” dos jornais. A não ser que a notícia seja sediada nos Estados Unidos, e de preferência tendo como protagonista algum astro hollywoodiano, a repercussão do que acontece em outros continentes é quase pífia. Meu recente post sobre o Soda Stereo, grupo argentino solenemente esquecido pela mídia tupinambá, é apenas um exemplo de nosso ilhamento na área cultural. Também me estarrece o nosso desconhecimento acerca do cenário político, econômico e social de outros países. O resultado: as opiniões recorrentes sobre políticos internacionais como Hugo Chávez, Nicolas Sarkozy, Mahmoud Ahmadinejad ou Vladimir Putin são quase invariavelmente baseadas em estereótipos descontextualizados que desconhecem nuances. E isso na hipótese otimista de que o interlocutor tenha idéia de quem sejam essas pessoas.

Em um cenário no qual nossa população de analfabetos funcionais ou internautas alienados deve crer que “Farc” é uma onomatopéia que reproduz o som de um peido e “Protocolo de Kyoto” possivelmente tenha algo a ver com alguma configuração de rede de computadores japoneses, imagino que a péssima notícia do assassinato de Benazir Bhutto não terá sequer um décimo do impacto de mais um vídeo mostrando Paris Hilton transando com desconhecidos. Benazir, que foi por duas vezes premiê do Paquistão, havia retornado há pouco tempo de oito anos de exílio voluntário do seu país, e estava engajada na campanha pelas eleições parlamentares que ocorreriam em janeiro de 2008. Continue Lendo

Brasil-il-il

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 13 de setembro de 2007

O primeiro avião foi a declaração dada por Renan Calheiros (PMDB-AL), em nota distribuída à imprensa, na qual ele afirmou, com serena hipocrisia, que o resultado da votação na sessão secreta (adjetivo aplicado incorretamente: a tal sessão esteve mais para “clandestina” do que para “secreta”) de ontem do Senado foi “uma vitória da democracia”. O segundo Boeing que acertou em cheio a moral cívica brasileira foi a frase vociferada pelo senador Almeida Lima (PMDB-SE), que disse: “a absolvição de Renan foi uma vitória do povo”. Com um dia de atraso tivemos, pois, o nosso catastrófico 11 de setembro. Apertem os cintos, porém: mais aviões metafóricos estão prontos para implodir o que resta de esperanças. Ainda hoje, dia 13, os líderes do governo na Câmara e Senado se reunirão para discutir a prorrogação da CPMF, o imposto provisório mais definitivo que a Civilização Ocidental jamais conheceu.

A pancadaria de ontem entre parlamentares e seguranças e a intimidação do discurso de defesa de Renan na tribuna do Senado são fatos que me remeteram ao aforismo cunhado por Henry Louis Mencken: “Sob a democracia, um partido devota suas principais energias à tentativa de provar que o outro partido é incompetente para governar - ambos conseguem e ambos estão certos”.

Mas o mais dolorido de tudo é constatar que, de certa maneira, a declaração serenamente hipócrita de Renan Calheiros tem lá sua razão: o senador alagoano foi eleito graças aos votos do povo, assim como todos os seus 40 colegas que votaram contra a sua destituição e mais os 6 que covardamente optaram pela abstenção. Aqueles que estão no Congresso são representantes democraticamente eleitos pela sociedade brasileira. Esta mesma sociedade repleta de cidadãos (sic) que desrespeitam sinais de trânsito, furam filas em todos os estabelecimentos possíveis, levam seus cachorros para dar uma cagadinha e deixam seus dejetos no meio da calçada pública, seguem religiosamente a Lei de Gérson sonegando impostos ou pagando propinas, dizem que estão “cansadinhos” mas anulam seus votos e lavam as mãos da tarefa de pesquisar o histórico dos candidatos e ajudar a eleger representantes mais qualificados.

É muito fácil jogar a culpa no governo e nos políticos, principalmente quando cada um esquece de fazer a sua parte. Nada mais humano, porém, do que se esquivar e responsabilizar os outros por toda a patifaria e falta de ética que grassa por aí.

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P.S. 1: Foi divulgada uma relação de como votaram os senadores na preparação da pizza de abobrinha com pepino de ontem. Mas, estranhamente, 40 parlamentares afirmaram ter votado pela condenação de Renan Calheiros, enquanto o placar do Senado mostra que foram apenas 35. Ou seja, faltou caráter até para que nossos nobilíssimos representantes assumissem publicamente suas posições. Um texto mais elucidativo sobre os bastidores da votação clandestina é este: A vitória de Renan, de Cristiana Lôbo.

P.S. 2: Posts relacionados: Não seja imbecil, vote consciente, “O culpado é o governo”, Festa da democracia?, Ema, ema, ema, A Cara do Brasil e O Dia da Pizza.

Maioridade penal, Eduardo Suplicy e o rap dos Racionais

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 03 de maio de 2007

O assunto é seríssimo: após mais de três horas de debates, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou na semana passada um parecer declarando legal e constitucional proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Agora, o projeto seguirá para a próxima fase: votação em dois turnos no plenário do Senado. Se aprovado, seguirá para análise na Comissão da Câmara, onde os deputados analisarão novamente a constitucionalidade da proposta. Só depois, se aprovada por esta CCJ, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) enfim seguirá para a votação definitiva no Congresso (vide esta matéria do Jornal da Globo).

Há muito o que se discutir sobre o efeito que esta emenda constitucional teria. Um argumento recorrente dos defensores da redução da maioridade penal é o de que menores cometem crimes hediondos por saberem que não serão punidos com o mesmo rigor de quem tem mais de 18 anos. Por causa disso, são incentivados por comparsas mais velhos a executarem tais delitos, uma vez que suas penas serão bem mais leves. No entanto, como bem aponta o Blog de Discussão Sobre Maioridade Penal, “apenas” 10% dos crimes cometidos no Brasil têm como responsáveis menores de 18 anos. Além disso, nosso sistema prisional está mais do que sobrecarregado. Onde enfiar mais presos, se as penitenciárias atuais já estão superlotadas? Continue Lendo

O direito de resposta de Brizola no Jornal Nacional

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Há pouco tempo, Charles Pilger escreveu nos comentários deste blog: “Há um grande momento da TV brasileira que procuro pelo menos uma vez por semana no YouTube, que é o direito de resposta dada pela Justiça Eleitoral ao Leonel Brizola em 15 de março de 1994. O detalhe mágico é que esse direito de resposta foi lido pelo Cid Moreira em pleno Jornal Nacional. Foi um momento mágico esse, onde o velho Cid desancava o Roberto Marinho“. Pois bem: graças a uma dica do meu camarada Jorge Rocha (que, por sua vez, encontrou a pepita graças a Raphael Perret), eis aqui o vídeo deste momento antológico.

Agora só falta provarem, via YouTube, que a famosa história de terem mandado o Bozo tomar no cu não é lenda urbana.

O que dizer?

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

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Os resultados apresentados pelas enquetes promovidas por sites como No Mínimo e O Globo não surpreendem. Não é possível ser racional diante de um assassinato escabroso como o do garoto de 6 anos de idade no Rio de Janeiro. Do mesmo modo, não surpreende ver que a Câmara dos Deputados deverá votar nesta semana 7 projetos na área da segurança pública. Essa mudança na pauta das votações já ocorreu em maio de 2006, quando o PCC promoveu diversos ataques na cidade de São Paulo, e no entanto nada de prático foi decidido, à semelhança do que (não) aconteceu quando outros crimes estarreceram o país, como nos casos da morte de Gabriela Prado Maia Ribeiro, da família de Bragança Paulista que morreu queimada ou do assassinato do casal Liana Friedenbach e Felipe Silva Caffé por um grupo liderado por um menor de idade. Na época em que este crime foi cometido, enquete feita pela Folha Online a respeito da redução da maioridade penal apresentou o seguinte resultado: 97% dos participantes defenderam que, sim, independentemente da idade, o acusados deveriam ser tratados como quaisquer outros presos.

As principais autoridades, sempre que inqueridas a respeito de casos como o do menino João Hélio, afirmam se opor à redução da maioridade penal. O presidente Lula afirmou que a solução para combater a violência está na consolidação da democracia e na oferta de educação e emprego a todos os jovens. A presidente do STF Ellen Gracie, o presidente do Senado Renan Calheiros e o presidente da CNBB Geraldo Majela, dentre outros, afirmam que a mudança da responsabilidade penal não fará com que a violência diminua. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, entende que não é no calor de um crime bárbaro que a sociedade deveria discutir questões como esta. Afirmou o ministro do STF Marco Aurélio de Mello: “Devemos, acima de tudo, combater as causas da delinqüência, não atuar apenas no campo da punição“.

Ok, todas estas são opiniões ponderadas e corretas; decididamente é imprescindível a implementação de uma política assistencial e educacional aos adolescentes a fim de combater as causas estruturais da criminalidade no Brasil. Mas… a anomia da sociedade e a incompetência do Estado servem como justificativas para relativizar estes atos bárbaros? Menores de idade que cometem tais atrocidades devem ser reintegrados ao convívio social após 3 anos internados em instituições inaptas para a recuperação de jovens? Pena de morte resolve? Promover passeatas, coletar assinaturas via Internet, publicar este post têm alguma serventia?

Charge de Haeckel Ferreira, do site Mente Insana.

Os dias passarão, e seguiremos com nossas vidas. Neste momento, nada mais posso desejar aos meus semelhantes que não seja muita saúde e sorte a todos nós. E prosseguir com minha torcida para que o Mundo aí fora não esmoreça ilusões, não esmague projetos e, principalmente, não atinja aqueles que amamos com uma bala perdida, um pedaço de ônibus espacial na cabeça, uma metástase não diagnosticada a tempo ou uma agressão gratuita numa esquina qualquer, poupando da Dor tantas pessoas boas que, sem qualquer motivo minimamente aceitável ou explicável, são vitimadas pelas artimanhas irônicas do destino, esse filho da puta brincalhão que gosta de jogar dados com o acaso.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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