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Theresa Marie Schiavo, nascida em 3 de dezembro de 1963, está para morrer pela segunda vez a qualquer momento. Sua primeira morte ocorreu em fevereiro de 1990, quando, aos 26 anos, sofreu uma parada cardíaca dentro de sua casa. Levada ao hospital pelo seu marido, Michael, Terri teve interrompido o fluxo de oxigênio ao seu cérebro durante o tratamento recebido (sua família recebeu cerca de US$ 2 milhões de indenização pelo erro médico). Desde então, Terri está em “estado vegetativo persistente”, e ela só se mantém viva graças à inserção de um tubo de alimentação em seu corpo.
Ao longo destes quinze anos, o marido e os pais de Terri se digladiaram em batalhas judiciais. Enquanto Michael ingressou na Justiça solicitando o desligamento do tubo, afirmando desejar que sua esposa tivesse uma morte digna, Bob e Mary Schindler, pais da americana, lutaram anos a fio para que o aparelho permanecesse ligado. Não os culpo: o “estado vegetativo persistente” é um dos males mais cruéis que pode afligir os parentes de uma vítima. Basicamente, quem mergulha neste estado está com o cérebro morto; no entanto, apesar da inexistência de qualquer função cerebral, o paciente parece reagir a estímulos externos, chorando, sorrindo e até mesmo balbuciando sons. Neste site mantido pela família de Schiavo, encontram-se arquivos de áudio e vídeo que parecem comprovar, quase que irrefutavelmente, que Terri mantém ainda algum vínculo com o mundo externo. No entanto, dezoito especialistas que a examinaram foram unânimes em concluir: ela já não possui qualquer sinal de consciência.
Sexta-feira, dia 18, por intermédio de uma ordem judicial, o tubo de alimentação de Terri foi desligado. Desde então o caso Schiavo saiu da esfera familiar para tornar-se uma imensa barafunda política e religiosa. Jeb Bush, governador da Flórida e irmão de George W. Bush, motivado principalmente pela pressão oriunda dos fortes lobbies “pró-vida” mantidos por grupos conservadores (os mesmos que têm se intrometido em outros assuntos como o direito ao aborto ou o ensino do darwinismo nas escolas públicas), interveio na esfera do Judiciário a fim de tentar aprovar uma lei visando o religamento de aparelhos em casos similares, por enquanto sem sucesso.
Em meio a tudo isso, o corpo de Theresa Marie Schiavo definha. A imagem de seus olhos ainda abertos e o desconforto de saber que ela morrerá de fome e de sede chocam a opinião pública, embora os médicos afirmem categoricamente que ela não padecerá de qualquer nível de sofrimento porque seu córtex cerebral está destruído. Ok, mas vá explicar isso aos pais de Terri. Em meio ao desespero vale tudo, inclusive tentar interpretar os sons desarticulados que saem da boca de Schiavo. Uma matéria do New York Times descreve a demagógica tentativa que Barbara Weller, advogada da família Schindler, fez de conversar com a paciente. Weller dirigiu-se diretamente a Terri e perguntou: você gostaria de viver? Segundo relatos dos presentes à cena, Schiavo teria dito “Ahhhhh” e “Waaaaaaa“, e é até natural que seus parentes tenham concluído que ela tentou responder “I want to live“.
Quis o destino, esse irônico filho da puta, que os capítulos finais dessa tragédia coincidissem com a Semana Santa, que relembra justamente o calvário de Cristo, sua morte e ressurreição. E, em meio a infindáveis discussões sobre o direito à eutanásia (assunto sobre o qual recomendo fortemente uma visita a esta excelente página), só posso lamentar o fato de que o destino de Terri Schiavo não possa ser decidido pela própria paciente. Não sei, sinceramente, o que faria se estivesse no lugar do marido ou dos pais desta mulher. Em um mundo ideal todos nós deveríamos explicitar, tal como podemos fazer com relação à doação de órgãos em nossos RGs, se aparelhos médicos devem ou não ser desligados em casos extremos.
Não posso deixar de recordar três citações. A primeira, “memento mori“, expressão em latim que ressalta o óbvio nem sempre relembrado: todos nós vamos morrer. A segunda, uma frase de Sêneca: “Morremos mil vezes do medo de morrer“. Por fim, a terceira: o epitáfio da lápide de Nancy Beth Cruzan, que faleceu em circunstâncias semelhantes ao caso de Terri: “Nasceu em 20 de julho de 1957/ Partiu em 11 de janeiro de 1983/ Em paz em 26 de dezembro de 1990“.
Requiescant in pace.
“De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo”.
Já perdi a conta de quantas vezes encontrei o parágrafo acima em blogs, listas de discussão e e-mails. Mais do que a velocidade com que a mensagem se propagou ou a espantosa quantidade de blogueiros que postaram essa mesma frase, o que me saltou aos olhos foi a relação desse caso com a intrigante teoria dos memes.
Resumindo grosseiramente, memes seriam vírus mentais que se reproduzem feito Gremlins molhados, e que se propagam mundo afora hospedando-se nos cérebros de incautos como eu e você. Segundo o biólogo Richard Dawkins, que cunhou o conceito em seu livro O Gene Egoísta, memes podem ser “músicas, idéias, slogans, modas de roupas, modos de fazer vasos ou de construir arcos”. Uma vez incutidos em nossos cérebros-hospedeiros, são passados adiante através da imitação (o termo é originário da palavra grega “mimeme”, “imitação” em grego).
E assim, nesse processo de “Maria vai com as outras”, febres passageiras (como bambolês e tamagotchis) ou não (contar piadas de elefante, cantar Parabéns Pra Você em festas de aniversário) difundem-se mundo afora, da mesma maneira que músicas infames (de Florentina de Jesus à Egüinha Pocotó), modismos de estação (dança da Macarena, calças semi-bag, piercing no umbigo), lendas urbanas e tudo o mais que possa ser transmitido culturalmente. Agiríamos, pois, como aquele torcedor de estádio de futebol, que vê a multidão se levantando em uma ola e repete o gesto mecanicamente. Ou como o participante de uma flash mob ocorrida na Avenida Paulista que, ao ser indagado sobre o porquê da sua participação, declarou: “foi boa a sensação de estar fazendo parte de alguma coisa, mesmo sem saber pra que ela servia“. Como afirmou Timothy Leary, “memes são conceitos-chave que podem ser perfeitamente manipulados a fim de programar mentes alheias” (alguém aí pensou no slogan da Nova Schin?).
Como não poderia deixar de ser, grande parte dos cientistas sequer reconhece a existência de memes. Pudera: a julgar pelo seu conceito, seres humanos podem ser vistos como autômatos programáveis dentro dos quais idéias, modas e teorias se reproduzem em um embate constante a fim de sobreviverem e serem propagados para as gerações seguintes. Idéias e ideologias, portanto, seriam transmitidos por “contágio”, e não por convicção ou livre arbítrio. Reportagem de Jerônimo Teixeira publicada na edição de setembro de 2003 da revista Superinteressante cita uma afirmação lapidar do filósofo americano Daniel Dannett sobre o tema: “um acadêmico é apenas o meio que uma biblioteca utiliza para produzir outra biblioteca“. Richard Dawkins chegou a afirmar, em seu livro Viruses of the Mind, que as religiões não passam de “complexos de memes co-adaptados” (e você que achava que Diogo Mainardi é polemista).
Esteja correta ou não, é estimulante saber mais a respeito da memética, a disciplina dedicada ao estudo teórico dos memes. Para tanto, vale a pena conhecer os textos de estudiosos como a psicóloga Susan Blackmore, ou simplesmente fazer uma busca no Google (há mais de 2 milhões de sites sobre o assunto). Afinal de contas, haveria terreno mais fértil para a propagação de teorias, fundamentadas ou não, que a Internet?
(texto publicado originalmente em 23.09.2003)
Deus é justo, aconteceu no meu programa!!!
(GILBERTO BARROS, apresentador do programa “Boa Noite, Brasil”, incapaz de disfarçar sua alegria quando uma mulher sofreu um ataque cardíaco na platéia justamente no dia em que seu programa explorava o caso da morte do jogador Serginho do São Caetano.)
Senti uma dor física quando vi a minha foto, uma dor misturada com frustração. Se eu quisesse mostrar, já teria feito a Playboy, estaria rica. E o pior, por incrível que pareça, é que eu consumo isso. Eu me lembrei do dia em que a minha amiga me ligou dizendo ‘você não sabe o que eu tenho aqui - uma revista com o Brad Pitt pelado’. Eu falei: ‘mentira’ - e fui para a casa dela ver. E quando isso aconteceu comigo, eu me lembrei desse momento. Eu pensei: ‘meu Deus do céu, onde vai ter um ponto final?’ Depois que inventaram isso, bem depois do Fellini, depois que isso virou alvo de consumo mesmo e que neguinho descobriu que isso é uma máquina de fazer dinheiro, isso só aumenta. A fábrica de celebridades está cada dia maior. É uma foda. É o cachorro correndo atrás do rabo.
(LUANA PIOVANI, comentando o episódio da foto em que apareceu sem calcinha na capa do jornal carioca “O Dia”, em reportagem de Walmor Pamplona para o site No Mínimo sobre paparazzi.)
Quando ficamos completamente nus, puxo-a para a cama, com cuidado para não ir com sede demais ao pote. Mas ela contraria meu prognóstico, movimentando-se com surpreendente desenvoltura. A acoplagem dos corpos processa-se suavemente. Seu sangramento é pequeno, nada que atrapalhe a perfeição deste momento ímpar que estamos tendo o privilégio de usufruir. Permanecemos assim, por um longo tempo abandonados nos braços um do outro, como se de repente o mundo todo se resumisse a nós dois.
(Trecho de “Amizade Sem Fim”, romance de estréia de RENATO ARAGÃO, a.k.a. Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgina Mufumo, no qual o ex-trapalhão descreve o momento em que o protagonista do livro desvirgina a enfermeira Sofia.)
As que ajeitam os cabelos são as piores. Há as que olham para o chão. Aquelas de peitões sob camisetas translúcidas olham para eles. Talvez para fazer uma rápida checagem ou então como se dissessem: são meus e você os quer, né? As de óculos escuros: há aquelas que olham por cima deles para você, e outras cujo olhar a gente perde completamente e fica apaixonado por elas. A não ser que ajeitem o cabelo. As de óculos de grau geralmente são as que olham para o chão. As mais raras são as que enfrentam o seu olhar, seguram-no, desaceleram o passo e aceleram o meu próprio passo e o meu coração. Destas você, o tímido, tem medo, mas também se apaixona por elas, a não ser que ajeitem os cabelos, claro. Apaixonar-se quer dizer levar o impacto da sua imagem gravado na retina durante um certo tempo.
(Excerto do texto “Como as Mulheres Reagem Quando Você as Encara na Rua: Pequeno Catálogo Desorganizado”, de MARCELO ROTA. Tem mais aqui.)
Há muito tempo não vou a uma festa junina. Para ser mais exato, desde meus tempos de primário, cursados no finado Colégio Raio de Sol, que ficava localizado na rua de singelo nome Monte Alegre (anos depois soube que a escola foi rebatizada como Logus, Exatus ou algo do tipo, antes de fechar as portas e mandar mais um pedaço de minha infância para o beleléu).
Poderia até dizer que uma das minhas frustrações infantis foi o fato de nunca ter recebido uma mensagem de correio elegante, mas estaria mentindo; aos dez anos de idade, ainda não me encasquetava com essas coisas. Minha lembrança mais nítida acerca de festas juninas, na verdade, é de uma pelada que joguei pouco antes da quadrilha. Eu e meus colegas da quarta série disputamos uma peleja e tanto, correndo atrás da bola sem ligar para os chapéus de palha enfiados em nossas cabeças, enquanto o suor desmanchava os bigodes que nossas mães haviam pintado com seus lápis de olho. Infelizmente aquela partida terminou sem vencedores; culpa da Tia Neide, diretora do colégio que, insensível aos nossos apelos, decretou o encerramento daquele jogo a fim de dar início à quadrilha da festa junina daquele inverno de 1983. Continue Lendo
Que a mentira nunca saiu de moda, isso é fato líquido e certo. Em todos os escopos do cotidiano encontramos casos de lorotas desbragadamente contadas, desde os clássicos “vamos esperar o bolo crescer para depois reparti-lo”, e “você merece alguém melhor do que eu” até os recentes “não vou desfilar no carnaval porque estou grávida”, “estamos absolutamente convictos de que a culpa é toda da ETA” e “aceitei fazer o comercial porque não agüentava mais tomar Brahma escondido”. Perguntar não ofende: dá pra tomar uma Kaiser antes?
Mas enfim, enquanto o mundo for mundo sempre haverá incautos dispostos a cair em historinhas para adormecer bovinos, com enredos mirabolantes que falam sobre armas de destruição em massa, espetáculos do crescimento, matérias assinadas por Jayson Blair e hospedagem de blogs para não-assinantes da Globlogger. Em meio a tantas fraudes, imposturas, contos da carochinha, falácias, cascatas, carapetas e sofismas, no quê acreditar? Continue Lendo
Só mesmo um fotógrafo como Cristiano Mascaro é capaz de extrair beleza de uma cidade tão embotada, vilipendiada e soturna como São Paulo. Eu, que moro nesta barafunda urbanisticamente desarticulada há mais de 20 anos, já estou mais do que saturado com esta metrópole de estressados que correm pra lá e pra cá feito coelhinhos movidos a inércia, pilhas Duracell e contas a vencer no bojo de seus cheques especiais.
Carlito Maia escreveu aquela que é a melhor definição de meus sentimentos com relação a esta cidade: “Amo São Paulo com todo o ódio”. Não foi difícil passar ao largo de todo esse clima artificial de oba-oba em torno dos 450 anos de Sumpaulo, cuja maior atração foi a inauguração de uma certa “fonte multimídia flutuante” instalada dentro do poluído lago do Parque do Ibirapuera, como se águas que dançam coloridas fossem capazes de amainar esta verdadeira fábrica de ansiosos, taquicardíacos e insones, cuja poluição constipa minhas narinas e faz com que as quatro estações do ano se manifestem num dia só (em um típico dia paulistano, chove, venta, faz sol, depois garoa, esquenta e esfria novamente: minha bronquite agradece embevecida).
Minha ranhetice com relação à efeméride só fez aumentar depois que li a matéria publicada pela Veja São Paulo, que elenca 450 supostos bons motivos para amar esta metrópole. Pudera: segundo a reportagem, a razão 25 é saber que “temos a prefeita mais chique do Brasil, com um interminável guarda-roupa atualizado com o que o mundo da moda oferece de melhor - sapatos Salvatore Ferragamo, tênis Chanel, vestidos Kenzo…”. Que bom: da próxima vez que eu for pagar as próximas prestações das taxas de lixo e IPTU generosamente reajustadas pela gestão de dona Marta Suplicy, certamente me refestelarei consolado em saber o quão elegante é a nossa prefeita… Em tempo: ainda segundo a Veja SP, o motivo 245 para amarmos Sampa City é o fato de que nossas filiais da Tiffany & Co. são as únicas no mundo que possibilitam a aquisição de um colar de 650 mil reais em até três vezes sem juros no cartão de crédito. Ô lôco, meu!
E como é difícil amar a São Paulo do Minhocão, do Largo 13 de Maio, das fiações expostas, dos outdoors onipresentes, da estátua do Borba Gato, dos muros pichados, das Marginais congestionadas, da Praça do Patriarca ou dos anúncios de fachadas que empesteiam minhas retinas diariamente sem dó nem KY, fomentando uma inveja danada daqueles que vislumbram o Corcovado em vez dos anúncios da Valentina Caran Imóveis (e eu espero que nenhum leitor utilize minhas considerações para tergiversar sobre a acéfala rivalidade entre paulistas e cariocas, assunto mais modorrento na face da Terra depois da vida sexual do papa).
Mas, por incrível que pareça, quem mora em São Paulo tem orgulho do lugar onde vive. Porque, a despeito de nossas 2.018 favelas e dois milhões de desempregados, esta é a cidade das esfihas do Jáber, da pizza do Castelões, da Fnac de Pinheiros, do chope do Pirajá, do espeto misto do Sujinho, dos barzinhos da Vila Madalena, do X-salada do Burdog, do yakissoba do chinês da Paulista, do filé com alho do Moraes, do Extra 24 horas do Itaim, do Masp, dos cinemas do Shopping Jardim Sul, do fim de noite em um Fran’s Café, das luzes amareladas do centro velho, das caminhadas pelo campus da USP, do churrasco no Fogo de Chão, da banca de cachorro-quente em frente ao Teatro Oficina, do pastel da feira em frente ao Pacaembu, dos papos em uma mesa no Café Piu-Piu, Rascal ou na prainha da Paulista, das prateleiras de discos na Galeria do Rock, das noites de solteiro que findavam no Love Story às nove da manhã, das horas pensativo em um banco na Rodoviária do Tietê, do filme visto no bar do Cinesesc, do pôr-de-sol no campus da Faap, da elegância indiscreta das nossas meninas, do jornal de domingo que chega às bancas na tarde de sábado, das pessoas que conheço e que amo e que vivem em meio a esta balbúrdia de prosódias e etnias que compõem a São Paulo que amodeio, odeioamo com todo o meu masoquismo, perplexidade e esperança.
Hoje é dia de Santa Edwiges, a santa dos endividados. Hoje, portanto, sua paróquia localizada no Sacomã, na Zona Sul de São Paulo, estará lotada de fiéis desempregados, com nome sujo no SPC e SERASA, sufocados com juros de dívidas ou carnês e crediários em atraso.
Santa Edwiges nasceu no ano de 1174 na região da Bavária, na Alemanha. Filha de nobres, casou-se aos 12 anos com o príncipe Henrique I da Silésia (região da Polônia), com quem teve seis filhos, e tornou-se duquesa. Ao lado do marido, custeou a construção de igrejas (por isso aparece, em muitos “santinhos”, segurando uma miniatura de igreja entre suas mãos). Também ajudava presidiários incapazes de quitar suas dívidas com os senhores feudais, saldando seus débitos e devolvendo-lhes a liberdade. Continue Lendo
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