Campus Party #2: Querido Diário

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Venho em paz e trago boas notícias. A Campus Party agora, além de álcool-free, agora também é apagão-free. Da próxima vez que um caminhão derrubar um poste, um temporal atingir a rede da Eletropaulo ou um ovni emitir radiação que desestabilize os circuitos elétricos do Centro de Eventos Imigrantes, nada menos que 10 geradores prometem restaurar a ordem (brindes, games e atividades paralelas por todos os lados) e os bons costumes (pirataria 24/7) em até 15 minutos.

Até agora não tivemos a oportunidade de provar o plano ninja para evitar a ira de um nerd offline e espero que isso não acontecerá porque é muito azar pra um evento sESQUECE TODO ESSE PARÁGRAFO!!!

Nesse exato instante, 12h22, começa mais uma revolução: caiu a Internet. Achava que era com um cabo específico da minha bancada. Mas os gritos logo se espalharam pela Arena e nesse momento um enxame de geeks cercou os servidores centrais onde quatro funcionários da Telefonica se encontram reféns e pedem ajuda desesperadamente por walkie-talkie.

Acompanho o evento de longe. Muitos laptops e câmeras no ar para garantir que esse blog possa mostrar fotos e vídeos na quinta-feira. Não há gerador capaz de resolver esse problema. Os homens do aquário estão sozinhos contra a manada de programadores, hackers, gamers profissionais e publicitários amadores:

Foto: @garotasgeeks

As bancadas, porém, continuam cheias de gente gastando a vista nos monitores. Alguns ainda têm Internet e gritam um “Eu tô online!” meio aliviado meio atônito, mais ou menos quando minha avó faz uma quina no bingo e não acredita na própria sorte. E o resto dos vidrados? Assistem algum DVD? Jogam offline? O grupo que passou o dia jogando Rock Band continua impassível e acaba de tocar uma antigona da Alanis Morissette. Eu tento não abrir o Firefox de um em um minuto para fingir que me sinto plenamente satisfeita usando apenas o OpenOffice.

12h40: A situação continua a mesma. Quer dizer, a cada minuto aumenta o número de búfalos zangados ao redor do aquário da Telefonica. Ao meu lado direito, @jonnyken aproveita as restrições para adiantar um post. À minha esquerda, @pablo_peixoto cansou de assistir a introdução do Super Mario World (o descanso de tela de um monitor cercano) e agora lê o exemplar da revista Mad distribuído pela Ariane Freitas. É o mais offline dos seres humanos despertos por aqui.

Estou em dúvida:

12h48: Tudo permanece igual. “Pablo, tá lendo revista, que coisa mais 1.0!”, brinca Jonny. “Estou lendo a Mad, que é 0.5″, retruca o autor de Cala Boca Galvão. @dayvidbraga lidera o grupo que está reunindo embalagens vazias de vitamina para construir uma pirâmide. Vislumbre a que ponto chega a criatividade humana quando o Vuze não está disponível:

Foto: @anita22

12h50: Minha Internet voltou e agora posso sentir o cheiro delicado da primavera, meus cabelos parecem mais sedosos, as rugas de preocupação desapareceram da minha face, a vida volta a ter sentido. Enquanto meu Gtalk estiver verdinho, tenho certeza de que tudo ficará bem.

Mario Teza, o diretor da #cpbr4, subiu no palco principal para dar explicações. Resumindo: a queda da rede deve ter sido provocada porque os switches de parte das bancadas pode ter sido danificado ontem durante os apagões. Os dois geradores presentes no plano original de queda de energia não seguraram o baque e, por isso, outros dez geradores foram trazidos hoje. Temos doze anjos da guarda para nos protegerem das próximas chuvas (inclusive a de hoje). Mas o temporal de ontem parece ter o poder de nos atormentar. A qualquer momento.

12h58: Teza foi dormir exausto, sem voz, mas com aparente bom humor. Perdeu a última manifestação nerd, o gigante pênis inflável em rápida visita ao aquário.

Foto: @_joaojorge

Mesmo assim, desejo ao diretor da 4a. Campus Party o sono dos inocentes, mais ou menos como o do pequeno Adriano, filho do @castrezana:

Foto: @jonnyken

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