Alexandre Inagaki é jornalista, consultor de projetos de comunicação digital, japaraguaio, cínico cênico, poeta bissexto, air drummer, fã de Cortázar, Cabral, Mizoguchi, Gaiman e Hitchcock, torcedor do Guarani Futebol Clube, leonino e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos, não necessariamente nesta ordem.
Navegando a esmo na web, eis que me deparei com a foto acima. E não foi difícil intuir que haveria uma história interessante a explicar porque dois túmulos, separados por um muro, estavam unidos pelo que aparenta ser um aperto de mãos. Mas é muito mais do que isso.
Os túmulos estão localizados no cemitério de Roermond, na Holanda. De um lado do muro, estão enterrados católicos; de outro, protestantes. Consequência de uma época na qual o país era regido pela pilarização (“verzuiling” em neerlandês), sistema de organização que dividia a sociedade em “pilares” determinados de acordo com a religião ou ideologia de cada cidadão. Era três os principais pilares: o católico, o protestante e o social-democrata. Os membros de cada grupo administravam suas próprias escolas, universidades, clubes esportivos, hospitais, sindicatos, meios de comunicação e partidos políticos. Do mesmo modo, cemitérios também seguiam essa segmentação. Por causa dessa estratificação, muitos holandeses acabavam por não ter relações com pessoas que pertencessem a outro pilar. Continue Lendo
Participei, na edição mais recente do youPIX Rio, de um debate sobre a influência que redes sociais, mídias alternativas e a chamada mídia tradicional tiveram na construção da opinião e na disseminação de informações sobre os protestos que tomam conta das ruas do Brasil desde junho. A conversa, moderada por David Butter, acabou se tornando um embate acalorado, protagonizado por Rafucko (videomaker e ativista que chegou a ser preso durante manifestação de rua em julho), Pedro Dória (editor executivo do jornal O Globo) e Filipe Peçanha (repórter da Mídia Ninja).
Assistir a um bom filme numa tela de cinema é um momento quase religioso. O ato de entrar em uma sala escura, desligando-se do mundo lá fora a fim de imergir em uma outra realidade, inebriando olhos, ouvidos e neurônios com uma história capaz de nos enredar, ainda é para mim uma experiência inigualável. E, quando um cineasta do talento de Alfonso Cuarón consegue usar as tecnologias mais avançadas em prol de uma boa narrativa, criando uma obra visualmente mesmerizante, mas que ao mesmo tempo é uma fábula envolvente sobre como pessoas podem estar preparadas para morrer, sem se conscientizarem de que o medo mais paralisante é o de viver, ver “Gravidade” torna-se uma experiência que precisa ser apreciada na melhor sala de cinema 3D que você puder ir.
Não acredite nos rumores de que não existe amor em SP. Quem aprende a se esgueirar pelos labirintos desta capital sabe que, apesar da força da grana que ergue e destrói coisas belas, a definição de Vinicius de Moraes de que esta seria uma cidade tão lírica e tão fria não faz jus a todas as facetas de uma cidade esquizofrenicamente bela. E é por isso que gosto tanto de iniciativas como o Pinagram, exposição de fotografias originalmente publicadas no Instagram. Em sua segunda edição, o tema foi “Qual é a sua São Paulo”. Cerca de 9 mil fotos foram instagramadas com a hashtag #pinagram2, 70 delas foram selecionadas para exposições na Pinacoteca e na Reserva Cultural, e algumas destas fotografias vieram parar aqui também, retratando um pouco das belezas inesperadas desta cidade com nome de santo.
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O reflexo de um casarão na Avenida Paulista em uma poça d’água, apenas uma das muitas fotos impressionantes de Becken Lima. Continue Lendo
Eu queria ser mais que um amigo/ Mas por que não me entende?/ Quando fica deprimida/ Choro com você…”
De todos os conceitos que surgiram nos últimos anos, esse da friendzone tornou-se um dos mais popularizados por aí. Basicamente, é um termo surrupiado do idioma inglês, que literalmente significa “zona de amizade”, e que define aquele singelo status no qual aquele pessoa por quem você nutre sentimentos amorosos e/ou luxuriosos te vê apenas como amigo. Esta situação chata e frustrante é muito bem descrita pelos versos da canção destacada aqui nesta semana, “Meu Universo é Você”. Siga a bolinha pulando, pois, e cante com o Roupa Nova:
E me conta as suas aventuras/ Os seus casos antigos/ Eu fico calado, finjo que não ligo/ Pra não te perder…”
Roupa Nova é uma das bandas mais subvalorizadas da MPB. Formada em 1980, desde então mantém até hoje a sua formação original, sendo composta pelos amigos Paulinho, Kiko, Nando, Serginho Herval, Cleberson Horsth e Ricardo Feghali. Ao longo de mais de três décadas de carreira, elencaram dezenas de sucessos, daqueles que tocam por acaso em algum lugar e você, mesmo sem nem perceber direito, começa a cantar junto, surpreendido ao descobrir que sabe de cor todos os versos: “Anjo”, “Sapato Velho”, “Linda Demais”, “Seguindo no Trem Azul”, “Dona”, “Volta pra Mim”, yada yada yada. De quebra, o Roupa Nova é responsável por duas gravações que você talvez nem saiba que tiveram a participação deles: o Tema da Vitória, que marcou a carreira de Ayrton Senna, e o hino do Rock in Rio, ambas composições do maestro Eduardo Souto Neto. Continue Lendo
1. Conde & Drácula. Simplesmente não há como passar desapercebido por uma dupla sertaneja que, além de ter este pitoresco nome, gravou uma moda de viola baseada no poema “O Corvo”, de Edgar Allan Poe. E a música, diga-se de passagem, até que é bacana: clique aqui para ouvi-la. Mais informações sobre esta dupla estão disponíveis no blog Mundo Estranho de PB.
2. Jacklane & Manda Brasa. Quando me deparei com a bela capa logo abaixo (que encontrei no blog Texto Líquido), logo senti que havia coisa boa a ser descoberta. Dito e feito: vale muito a pena ouvir esta dupla incendiária cantando ao vivo “Toco Cru Pegando Fogo”.
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.