Quando soube das enchentes que assolaram o estado de Santa Catarina, me lembrei de uma lembrança marcante da minha infância: em 1983, quando vi pela TV as imagens de uma cidade quase submersa, com pessoas em cima dos telhados de suas casas, acenando desesperadas para os helicópteros que sobrevoavam a região catarinense. Na minha cabeça de criança, ainda inocente a respeito dos fatos sobre aquecimento global e desastres ambientais, foi surreal testemunhar uma situação assim. E agora, ao ver que enchentes novamente transformaram cidades de Santa Catarina em um cenário diluviano com mais de 50 mil pessoas desabrigadas, a desagradável sensação de déjà vu me veio à cabeça. Chico Lima, leitor deste blog e morador da cidade de Blumenau, enviou-me ontem um relato da situação em seu estado, criticando ainda a cobertura midiática sobre as enchentes em SC. Leiam, a seguir, as suas palavras. “A situação aqui em Blumenau (SC) ainda está bem complicada. Anteontem (24/11) tivemos o estado de calamidade pública decretado pelo Prefeito. Houve muita chuva nos últimos dias, tornando o solo um ‘sorvete derretido’. Na última sexta, sábado e domingo as chuvas caíram com mais intensidade. Com isso, tivemos muitos deslizamentos, desbarrancamentos, muita gente desabrigada e pessoas mortas. O cenário era de caos mesmo (sem exagero). Parecia o ‘Ensaio sobre a Cegueira’!
Ontem - felizmente - está tudo melhor graças à chuva que parou, e também por conta da ação eficiente da Defesa e de um órgão fundamental para a cidade chamado Centro de Operações do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu (CEOPS). Enfim. Muito da cidade está sob lama. O fornecimento de energia elétrica voltou em alguns bairros, assim como o transporte público. Isso ajuda bastante o fluxo da cidade. Mas estamos sem água e sem coleta de lixo!!! A previsão otimista é de que ela volte na sexta. A universidade e as escolas continuam sem aula. O comércio está voltando aos poucos (bem aos poucos).
Felizmente tudo está bem comigo, minha namorada e amigos. Porém, ressalto que a população da região do Vale do Itajaí está precisando de muita coisa. Existem vários abrigos espalhados pela cidade com idosos, crianças e famílias desabrigadas. Mas, ao mesmo tempo que existe uma belíssima rede solidária, há também comerciantes que estão aumentando os preços e os sem-coração (e sem cérebro) que estão saqueando lojas e mercados (é vero!!!).
Nesse momento, um dos problemas mais preocupantes é saber que as estradas que dão acesso a SC estão bloqueadas. Sem esse acesso, poderemos ficar sem abastecimento de itens básicos como combustíveis, comida e medicamentos. Vemos movimentação do exército para a distribução de cestas básicas por helicópteros ou cargueiros.
Já em Itajaí o problema foi bem distinto (porém não menos grave). Lá a enchente foi devastadora. Três rios encheram. A cidade está funcionando com barcos. 90% de Itajaí está submersa. Também não rola água nas casas que não foram atingidas. Sobre a cobertura da TV (redes nacionais)
Alexandre, na boa, não entendo porque a Rede Globo não considera isso uma pauta tão importante como outros casos. Não sou jornalista (nem quero ser; sou só um mero redator publicitário - um faxineiro prostituto das palavras), mas só esclarecendo algumas coisas: a Globo, via RBS (sua repetidora aqui em SC), não está fazendo a cobertura decente do caso (há até um “email corrente” sendo difundido por aqui no qual uma pessoa expõe sua insatisfação). Só vi um flash-plantão interrompendo a programação normal.
Na parte “nacional” o pouco que ela está dando limita-se a Blumenau e Floripa (correspondentes da Globo - Ricardo Von Dorf e Kiria Meurer). Acredito que a Globo não publicou nada sobre Itajaí porque sua repetidora (RBS) não tem sucursal com efetivo suficiente por lá, por isso ela não tem material sobre essa região. Ou não teve condições de mandar seus super-repórteres catarinenses para lá.
Com a Record - via RIC, sua repetidora local - é o inverso. Ela tem sucursal regional em Itajaí, e nao em Blumenau. Portanto, você verá a Record (via Roberto Cabrini e equipe) falando sobre a situação em Itajaí, e não em Blu. Já a Band ficou fora do ar de sábado até ontem (25/11) de manhã. Entao não sei o que se passa. Nem sei se o Datena tá batendo na mesa, berrando e babando (rs)!
Sabendo desses tristes acontecimentos, e pensando na cobertura televisiva, deixo aqui uma pergunta sobre o que realmente vale para nós, humanos: salvar vidas, divulgar vida ou promover o show do horror da morte. O que dá mais audiência??”
Se a cobertura das TVs deixa a desejar, como bem ressaltou meu leitor Chico Lima, a quem agradeço pelas informações, devo ressaltar que os blogs têm feito a sua parte. Recomendo em especial uma visita ao coletivo Alles Blau, criado durante estes dias de enchentes, que tem feito uma cobertura fundamental de como está a situação em Blumenau, com intensa participação de internautas enviando notícias, fotos e vídeos destes dias difíceis na cidade.
Por último, mas não menos importante: caso você queira ajudar os desalojados e desabrigados em SC, faça um depósito nas contas que a Defesa Civil de Santa Catarina abriu especialmente para receber doações: no Banco do Brasil (conta 80.000-7, agência 3582-3) ou no Banco do Estado de Santa Catarina (conta 80.000-0, agência 068-0). Os depósitos podem ser feitos em qualquer quantia. E, no caso de doações de alimentos não-perecíveis e materiais de higiene, clique aqui para saber quais são as necessidades mais urgentes dos desabrigados catarinenses. Mais informações também estão disponíveis nos blogs Sétima Arte, Uhull, Diarinho na Chuva e Soco na Costela.
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P.S. 1: O instituto Voluntários em Ação procura por blogueiros voluntários interessados em auxiliar na divulgação de suas campanhas. Caso você queira tornar-se um “blogueiro divulgador”, clique aqui, aqui e aqui para buscar mais informações a respeito. P.S. 2: A respeito da especulada agonia da blogosfera, respondi ao Secco do Bitpapo a pergunta da vez: os blogs estão morrendo? P.S. 3: Ainda sobre o assunto, recomendo fortemente a leitura de um artigo do New York Times que cita um movimento com o qual me identifico totalmente: o “Slow Blogging”. Cito uma frase perfeita reproduzida na matéria: “Blog to reflect, Tweet to connect”. P.S. 4: Você já votou no meu mano Enloucrescendo no Desafio LG? P.S. 5: A leitora Larissa Tietjen, que encontra-se ilhada na cidade de Itajaí, divulgou a URL de mais um endereço útil: o Blog dos Desabrigados de Itajaí.
Já faz algum tempo que chegaram às livrarias e bancas de jornais as aventuras da Turma da Mônica jovem, que mostram os personagens clássicos de Maurício de Sousa em versões adolescentes e traços característicos de mangá. Eu, que quando pirralho devorava com prazer as histórias dos planos “infalíveis” do Cebolinha e do Cascão, confesso que não dei a menor pelota quando saíram os primeiros números dessa fase teen da Mônica. Mas ontem, quando caiu um aguaceiro em São Paulo e fui obrigado a ficar mais tempo do que o planejado na Fnac da Paulista, folheei pela primeira vez um desses exemplares da versão Malhação da turma da Mônica, e fiquei estarrecido ao descobrir, enfim, novidades que já haviam abalado outros blogueiros como a trupe do Melhores do Mundo.
Helio Gurovitz, diretor de redação da Época, explica em seu editorial que a matéria de capa desta semana começou a ser preparada em agosto. A repórter Renata Leal fez mais de 40 entrevistas pedindo indicações de blogs. Depois, com o auxílio da redação da revista, elaborou uma apurada lista de “80 blogs que você não pode perder” que, segundo Gurovitz, surge com a intenção de tornar-se um guia anual.
Listas, como todos devem saber, são polêmicas e incompletas. Do mesmo modo que cada brasileiro é um potencial Ministro da Economia e técnico da Seleção Brasileira e acha que escalaria um time muito melhor do que o Dunga ou solucionaria a crise de maneira muito mais eficaz do que o Guido Mantega ou o Henrique Meirelles, não demoraram a surgir reclamações sobre a lista de blogs feita pela Época (disponibilizada na íntegra pelo blog Arte e Vício). Eu, do meu lado, sou suspeito para falar; me atenho a agradecer à redação da Época por ter incluído o Pensar Enlouquece na lista (elencada em ordem alfabética, o que fez com que eu tivesse a sorte de ficar na posição 42, uma honra para este fã de Douglas Adams) e ainda ter reproduzido o logotipo criado pela minha designer Renata Maneschy na capa da revista.
Em tempo: como fui um dos 25 blogueiros consultados na elaboração da matéria, tomei a liberdade de sociabilizar aqui a relação dos sete blogs brasileiros e sete blogs internacionais que indiquei quando fui entrevistado, na primeira semana de setembro. Ei-los: Brasileiros 1. O Biscoito Fino e a Massa - Política, literatura, música e futebol são os principais assuntos abordados por Idelber Avelar, professor universitário que leciona atualmente na Universidade de Tulane, em New Orleans.
2. Ao Mirante, Nelson! - O melhor ficcionista da internet brasileira, com textos que satirizam os principais acontecimentos do noticiário e versos repletos de ironia e wit. Escrito pelo publicitário goiano Nelson Moraes.
3. Escreva Lola Escreva - Além de resenhas de filmes, a crítica de cinema Lola Aronovich compartilha suas impressões sobre política americana, feminismo, animais e outros assuntos que espoucam em sua cabeça.
4. Oficina de Estilo - As consultoras de imagem Fernanda Resende e Cristina Gabrielli compartilham dicas de moda e estilo em um dos blogs mais carismáticos e comentados da internet brasileira, com simpatia e bom humor.
5. Hedonismos - Em seu blog pessoal, o estudante de Psicologia Marcos Donizetti divaga sobre os dilemas da modernidade, mulheres de 30 anos, bandas suecas e adaptações cinematográficas de HQs, não necessariamente nesta ordem.
6. Ressaca Moral - O humor corrosivo de um blog coletivo cujos colaboradores assinam seus posts com alcunhas como Delegado Maria Bethânia, Wilson Cremonese, Dulce Skatistinha e Cruzmaltino Bandeco.
7. Rafael Galvão - Residente em Aracaju, SE, o publicitário Rafael Galvão usa seu blog para destilar seus conhecimentos, vastos ou não, sobre cinema, tecnologia, buscas bizarras no Google, sexo, blogs e rock’n'roll. Internacionais 1. El Hombre Que Comía Diccionarios - Criado pelo programador espanhol Javier Arce, é um compêndio multimídia que reúne, dentre diversos assuntos, textos de escritores do movimento Oulipo, ilustrações de elefantes prestes a devorar ecochatos e receitas para cozinhar ex-namorados.
2. Antville - Ninguém precisa de MTV se passar a visitar este blog, o melhor lugar na rede para se encontrar videoclipes, seja de diretores consagrados como Spike Jonze, Michel Gondry ou Anton Corbijn, seja de novos talentos ainda desconhecidos.
3. Post Secret - Um clássico instantâneo da blogosfera, projeto online no qual internautas de todo o mundo enviam anonimamente cartões postais que são publicados no blog. Criado pelo americano Frank Warren em janeiro de 2005.
4. ALT1040 - Blog coletivo capitaneado pelo mexicano Eduardo Arcos, atualizado diversas vezes ao dia, com posts que deixam seus visitantes a par de quase tudo de interessante que ocorre no universo da internet: tecnologia, música, sites curiosos, cultura geek em geral.
5. Stereogum - Além de ser uma das melhores fontes de informacão sobre música, o Stereogum ainda promove a gravação de álbuns-tributo com covers dos melhores discos de bandas como Radiohead e R.E.M.
6. Cool Hunting - Idéias surgidas a partir da mistureba entre artes, tecnologia, moda e novas tendências aparecem diariamente nos posts deste blog, no ar desde fevereiro de 2003.
7. Bitaites - Escrito pelo jornalista português Marco Santos, que o descreve com estas palavras: “o que eu gosto, o que detesto, as minhas áreas de interesse, as qualidades e defeitos, as convicções e contradições. O Bitaites é o meu espaço de absoluta liberdade e afirmação, um livro que se escreve todos os dias”.
Dia 15 de novembro é o dia da Proclamação da República. E tratou-se também do dia da blogagem coletiva contra a aprovação do projeto de cibercrimes cometido pelo senador Eduardo Azeredo. Por causa dos motivos sintetizados no cartaz que ilustra este post, criado por Mario Amaya. Porque, como bem sintetizou Marcelo Träsel, “os bancos estão tentando impor uma legislação estúpida para deixarem de assumir a responsabilidade por tornar seus sistemas de transação eletrônica mais seguros”. Porque, como explicou Luciana Monte, sua redação dúbia possivelmente inviabiliza redes wi-fi e criminaliza condutas usuais e de boa-fé, como o envio de emails para uma lista visível de contatos, abrindo brechas para “a ameaça de um futuro Big Brother”, como profetizado no livro distópico de George Orwell. Porque esse projeto representa uma séria ameaça aos direitos civis, capaz de criminalizar atos como o desbloqueio de um telefone celular ou a transferência de músicas de um CD para um iPod com uma pena de até 4 anos de reclusão.
Informe-se. Leia o projeto de lei do senador Azeredo a fim de inteirar-se sobre o assunto. Confira o relato de Daniel Pádua sobre a audiência pública sobre esse projeto, realizado na Câmara dos Deputados no dia 13 de novembro, mais notícias sobre o assunto no site do Ministério da Cultura e os outros posts da blogagem coletiva contra o vigilantismo. Participe da petição online pelo veto à “lei Azeredo”. Mas, sobretudo, não fique alheio a essa discussão, achando que ela não tem nada a ver com a sua vida. A pior atitude é a indiferença.
Um dos meus sonhos de consumo não realizados é um DVD reunindo os melhores (e alguns dos piores) clipes antológicos que foram produzidos especialmente para o Fantástico, aquela “revista eletrônica semanal” que, desde o dia 5 de agosto de 1973, quando o programa ainda possuía o subtítulo de “O Show da Vida”, embala um dos momentos mais melancólicos de toda a semana: o fim de noite de domingo, aquele momento em que você já começa a se preparar para voltar ao batente na segunda-feira. Eram videoclipes com uma estética singularmente própria. Muito gelo seco, closes freqüentes nos rostos nos cantores com travellings laterais e historinhas vagamente inspiradas nas letras das músicas eram as principais características desses clipes que, vistos hoje em dia, soam toscos feito saias balonê, penteados mullet e camisetas Pakalolo em cores como amarelo gema-ovo e verde fosforescente. Muito antes da MTV, os musicais do Fantástico trouxeram cantores e bandas novas à televisão, e houve época em que a exibição de um clipe no programa era fundamental para o lançamento bem-sucedido de uma nova gravação. Enquanto a Globo não compila os melhores videoclipes dessa era que soa quase jurássica nestes tempos de MySpace, torrents e Blip.FM, fiquem com oito musicais que encontrei no YouTube, disponibilizados graças a colecionadores que resgataram de fitas de VHS ou Betamax momentos antológicos da TV brasileira.
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Lulu Santos - “Tempos Modernos” - Outra característica marcante dos clipes do Fantástico eram as falas dos locutores apresentando cada musical. Feito a descrição antológica deste vídeo: “Alegria, ritmo e aventura, um rock a bordo de um balão”. Sucesso do LP de estréia de Lulu, lançado em 1982, “Tempos Modernos” foi composta em parceria com Nelson Motta. Não preciso chamar muita atenção para a publicidade deslavada da Sul América Seguros neste clipe, feita muito antes do surgimento de termos como branded entertainment…
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Blitz - “A Dois Passos do Paraíso” - O grande sucesso radiofônico do álbum Radioatividade (1983) ganhou jus a um clipe com roteiro (a cargo de Evandro Mesquita e Eid Walesko) e ares de curta-metragem, mostrando as desventuras da “Mariposa Apaixonada de Guadalupe” e aproveitando as origens teatrais da banda. Da época em que a Blitz era o maior grupo de pop/rock brasileiro e estrelava produtos como lancheiras escolares, álbum de figurinhas e revista em quadrinhos. A Blitz, apesar das mudanças na formação original, ainda permanece fazendo shows por aí, e possui inclusive blog oficial.
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Zizi Possi - “O Amor Vem Pra Cada Um” - O corpo de baile da Rede Globo dá o ar de sua graça nas coreografias antológicas deste vídeo dirigido por Herbert Richers Jr. Típico exemplar audiovisual dos anos 80, que embala uma regravação que a mãe de Luiza Possi fez de “Love Comes to Everyone”, composição do ex-Beatle George Harrison. Do álbum Pra Sempre e Mais um Dia, de 1983.
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Tokyo & Cauby Peixoto - “Romântica” - Um dos duetos mais inusitados de toda a história da MPB: a banda do filho do casal Marta & Eduardo Suplicy, ao lado de um nome em atividade desde os anos 40, na época em que cantores eram conhecidos como crooners. Música do álbum Humanos (1985), que emplacou nas FMs da época hits como “Garota de Berlim” e “Intenções”.
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Vinícius Cantuária - “Só Você” - E além de tudo, os clipes com historinha do Fantástico ainda obrigavam os cantores a darem uma de atores. É o caso deste vídeo, dirigido por um certo J. Marreco, que mostra Vinícius no papel de um stalker inspirado no livro O Colecionador, de John Fowles. Um exemplo antológico dos clipes que eram produzidos naqueles tempos, com defeitos especiais e singelas atuações. Uma música do álbum Sutis Diferenças (1984), regravada posteriormente por Fábio Junior.
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Tunai - “Frisson” - Após ter composto músicas para intérpretes como Milton Nascimento, Gal Costa e Simone, o mineiro Tunai decidiu gravar suas próprias composições, emplacando seu grande sucesso em 1984. O vídeo conta com a participação de uma atriz, Cláudia Lira, uma prática bastante comum naqueles tempos de vídeos com história.
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Marina Lima - “Não Sei Dançar” - Quase ia me esquecendo de outra característica marcante dos vídeos do Fantástico: os erros de legenda. Que fizeram com que o compositor desta bela balada fosse identificado como “Alvinelli” em vez de sua alcunha correta, Alvin L. Grande sucesso desta ex-affair de Gal Costa, gravado em 1991.
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Elis Regina - “O Bêbado e a Equilibrista” - Foi no ano de 1979 que a mãe de Maria Rita gravou o álbum Elis, Essa Mulher, que apresenta uma das mais belas músicas de toda a história da MPB, obra-prima da dupla João Bosco & Aldir Blanc. O hino da anistia cuja lei, decretada naquele mesmo ano, permitiu a volta ao Brasil de nomes que estavam exilados do Brasil por causa da ditadura; nomes como Fernando Gabeira, Leonel Brizola e Betinho, o irmão do Henfil citado nos versos antológicos de Blanc. Uma interpretação inesquecível, de tempos em que ainda se gravavam músicas que faziam diferença e não eram simplesmente para tocarem nas rádios ou distrairem ouvintes, da maior cantora que este país já teve.
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P.S. 1: Será realizado hoje, dia 14 de novembro, às 18:00, o primeiro flash mob pela liberdade na internet, contra o polêmicoprojetodelei apresentado pelo senador Eduardo Azeredo, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Confiram mais informações no post do Edney sobre o assunto. Ah, e aproveitem pra dar um pulo no blog do Mario AV, que criou cartazes em PDF para serem impressos e levados ao protesto!
Não há mais Guerra Fria. E, ao contrário de outros tempos, nos quais bastava-se identificar um personagem como “comunista” para que o espectador soubesse por quem deveria torcer, mesmo em superproduções de cinema não é mais tão simples e maniqueísta distinguir os amigos dos inimigos. James Bond precisou se adaptar a esta nova realidade trazida pelo século XXI. E se nos áureos tempos de Sean Connery e Roger Moore o agente 007 enfrentava hordas de inimigos sem sequer desalinhar seu terno ou seu impecável penteado, o James Bond interpretado por Daniel Craig sangra, tem o rosto marcado por cortes e hematomas, apanha mais que palmeirense no meio da torcida da Gaviões da Fiel e, feito Fox Mulder, não pode confiar em ninguém, uma vez que o grande inimigo da vez é uma organização internacional misteriosa e sem rosto, que se infiltra em todos os lugares e é capaz de derrubar governos com a facilidade descompromissada de quem chupa um Chicabon numa tarde ensolarada de verão.
Falando em bom português, Barack Hussein Obama, eleito o 44º presidente dos Estados Unidos da América, terá de encarar uma tremenda fria. Seu antecessor, um homem fraco e desastrado capaz de se engasgar com pretzels, deixa como legado a pior crise econômica desde o crash de 1929 e um país às voltas com os desafios impostos pela crise ambiental, tropas enredadas no Iraque, um sistema de saúde arruinado e a sombra do terrorismo que não se dissipa desde aquele dia 11 de setembro de 2001.
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.