Ainda me lembro. O país havia sido contagiado por uma insônia voluntária coletiva. Era madrugada no Brasil, mas era visível a luz azulada em muitas das janelas de casas e apartamentos visíveis da minha sacada. E foi assim que, na madrugada do dia 30 de outubro de 1988, eu vi Ayrton Senna da Silva conquistar pela primeira vez o título mundial de Fórmula 1 no Grande Prêmio do Japão, disputado no circuito de Suzuka, no Japão.
Senna foi o rei das vitórias fantásticas e quase impossíveis. Como no GP de Interlagos em 1991, quando correu as últimas sete voltas usando apenas a sexta marcha do seu carro. Ou na fantástica corrida em Donington Park, no GP da Europa de 1993, da inesquecível melhor primeira volta de todos os tempos (veja aqui o vídeo no YouTube), quando, sob chuva, Ayrton fez quatro ultrapassagens e chegou à liderança. Continue Lendo
Basta ver as reações em blogs, fóruns e mesas de boteco sobre a campanha eleitoral para entender porque o futebol é o esporte quase monopólico neste país. É triste constatar que um tema tão sério como a política vira bate-boca digno de Fla X Flu ou Corinthians x Palmeiras. Mesmo entre pessoas teoricamente mais “esclarecidas”, as discussões descambam para o maniqueísmo mais rasteiro. Se você é de esquerda, está do lado do bem; se você é de direita, que nojo; e assim por diante. E dá-lhe bombardeios de insultos de ambos os lados: petralhas, mensaleiros, tucanalhas, os chororôs e blá blá blás habituais. Nesta tal festa da democracia para a qual somos compulsoriamente chamados pela instituição do voto obrigatório, creio que falta incutir em seus convidados um mínimo de noções sobre respeito às opiniões alheias. Tomo emprestadas as palavras de meu camarada Marcos VP: “Quem vota conosco é nosso par. Quem vota contra, ou é ignorante ou está com más intenções, ou seja, é de mau caráter. Pobre mundo repleto de tantas certezas individuais, pequenos paradoxos que quanto mais espaço tentam ocupar, menores se mostram”.
Sobre a terrível semana passada, o melhor resumo foi feito por Tutty Vasques: “Teve gente que perdeu dinheiro, torcedor que perdeu a paciência, marqueteiro que perdeu as medidas, seqüestrador que perdeu o juízo, policiais que perderam o controle, enfim, muito se perdeu desde o último domingo para chegar neste sábado e ainda ter que perder uma hora de sono assim, num estalar de dedos. Nada contra o horário de verão, muito até pelo contrário, mas porque adiantar o relógio justo no fim de uma semana como esta?”.
Queria entender porque as cerimônias de premiação da MTV brasileira são tão chochas e apresentam shows tão pífios. Enquanto no mais recente VMB tivemos “shows” (sic) de Nove Mil Anjos (a banda com nome constrangedor do irmão da Sandy) e Bloc Party fazendo playback (in)digno de Cassino de Chacrinha, quem assistiu ao Premios MTV da América Latina conferiu ao vivo de Julieta Venegas, Zoé (melhor banda mexicana da atualidade ao lado de Café Tacuba), Metallica e uma impagável performance de Katy Perry cantando “I Kissed a Girl” com direito a um tombo muito melhor do que o protagonizado por Kele Okereke no Brasil.
No dia 7 de outubro o major Roberto Cavalcante Vianna tornou-se o primeiro brasileiro a ser preso pelo “crime” de ter deixado um comentário em um blog. Alexandre de Sousa e Gustavo de Almeida escreveram sobre o assunto em seus respectivos blogs, e este foi um dos temas que abordei em minha coluna mais recente para o Yahoo! Posts.
Fala-se muito dos blogs como meios de democratização da produção de conteúdo na Web, mas recordo que, no cenário brasileiro, esse papel tem sido mais exercido pelo tão enxovalhado Orkut. O aspecto involuntariamente cômico de certas fotos e perfis é devidamente ressaltado em blogs humorísticos como Pérolas do Orkut e Grandes Tolices do Orkut, mas o fato é que a internet simplesmente reflete o mundo off line, repleto de analfabetos funcionais, palpiteiros de ocasião e pessoas que vivem em um país cuja qualidade educacional é pífia.
E o caso é que graças ao Orkut vivemos tempos em que quase todo internauta brasileiro possui uma página pessoal: seu perfil na rede social do Google. Basta entrar em uma lan house ou ver os terminais de computador num McDonald’s da vida para constatar que há sempre um ou mais computadores cujos monitores exibem a tela do Orkut. Trata-se da verdadeira democratização da rede, para o bem e para o mal. Não à toa, a cada novo fato que chama a atenção da imprensa, o Orkut é utilizado como fonte para que fotos e informações sobre anônimos repentinamente catapultados para as manchetes dos jornais, como no caso do seqüestro em Santo André, sejam posteriormente utilizados mídia afora.
Dia 29 de outubro estarei em Salvador, participando da Primeira Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UNEB, a convite do grupo Blogs BA, ministrando uma palestra sobre o tema “Mídias Tradicionais e Independentes em Tempos de Web 2.0″. Caso você esteja em Salvador nesse dia, inscreva-se aqui para participar. Em tempo: pela 4ª vez consecutiva Pensar Enlouquece aparece nas pesquisas da Revista Bula sobre os blogs mais populares dentre os universitários. Valeu!
Diálogo de “Nostalgia”, peça encenada pela Sutil Companhia de Teatro em 2001: “Eu não quero saber de novidades. Eu odeio as novidades! E essas pessoas que a gente pensa que iam mudar o mundo na verdade são como todos nós, e não fazem nada. Nada!“.
Quase uma semana após as eleições municipais, você já deve ter lido muitas análises a respeito dos resultados das urnas. Na própria blogosfera, você encontrará preciosas fontes de informação e opinião, abrangendo as mais diversas visões ideológicas, nos blogs de Pedro Doria, Idelber Avelar, Jayme Serva, Ricardo Noblat, Pedro Alexandre Sanches e Soninha Francine. Cada qual expondo livremente o seu ponto de vista particular, permitindo ao freqüentador de blogs encontrar a pluralidade necessária para que, a partir dessas leituras, forme a sua própria opinião acerca dos fatos.
Já eu preferi dirigir meus olhos aos coadjuvantes destas eleições: os candidatos mais peculiares destas eleições 2008, que chamaram a atenção pela comicidade (nem sempre voluntária) de seus slogans e propostas. Em suma, os (ir)responsáveis por terem tornado o horário eleitoral gratuito um dos melhores programas humorísticos da TV brasileira. Ou não.
Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.