Artigos do mês de: fevereiro 2008

Campus Party - Blogueiros x Jornalistas, o falso embate

Por Alexandre Inagakisábado, 16 de fevereiro de 2008

Blog é liberdade. Ninguém a não ser você tem o direito de interferir nas suas pautas, no tamanho dos seus textos, na freqüência de atualizações e principalmente nas suas opiniões. Seu blog é a sua TV Globo, a sua Folha de S. Paulo, a sua Reuters pessoal.

Minha profissão oficial é de jornalista. Escrevi textos para publicações da Editora Abril e jornais tradicionais como o Correio Braziliense, e atualmente faço free-lancers para veículos como a Rolling Stone Brasil e o Itaú Cultural. Na condição de profissional contratado, é mais do que natural que eu me submeta a determinadas regras, entregando meus textos dentro de prazos pré-definidos e respeitando a limitação de caracteres. Faço entrevistas, saio à rua para buscar informações, procuro apurar cada dado que é impresso na matéria. Continue Lendo

Campus Party dia 3 - sementes, networking, discussões

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O aspecto que mais me impressionou até agora na Campus Party BR foi a quantidade de gente bacana e interessante que tenho encontrado in loco por lá. A dinâmica das conversas que tive na Bienal hoje se assemelhou a uma engrenagem que não parava; foram muitas as vezes nas quais eu participava animadamente de uma roda de amigos até ser cumprimentado por um colega de outros carnavais, um camarada que até então só conhecia virtualmente ou um leitor do meu blog que parava pra dar um alô. E eu então me movia de um bate-papo para outro, feito a brasa de um cigarro aceso em outro, e muitas foram as vezes em que eu (mea culpa) simplesmente esquecia de me despedir de meu interlocutor anterior, porque imergia totalmente em uma conversa, e outra, e mais outra, na imensa rede de conversações da Cparty 2008 que está personificando em carne, osso e idéias a teia de hiperlinks que caracterizam a blogosfera como ela deveria ser.

No dia em que eu, Edney Souza e Ian Black lançamos oficialmente a Blog Content, nosso serviço de consultorias para blogs corporativos, e ainda concedi uma entrevista para o “blogumentário” apresentado por Cazé Peçanha, esses encontros e desencontros que tive com pessoas como Juliano Spyer, Thiago Borbs, Ceila Santos, Henrique Costa Pereira, Ricardo Cavallini, Neto, Bia Granja e Marcelo Tas, só pra citar alguns nomes, me deram a nítida sensação de que, por mais que se alardeie que a Campus Party é o maior evento de tecnologia do mundo e o escambau, um encontro desses vale mesmo é pelas conversas e contatos que a gente faz em uma festa que no fundo é um grande pretexto pra que a gente sociabilize com a galera. E olhem que eu mal conheci 5% de todas as pessoas interessantes que eu sei que andam circulando pelo evento… Continue Lendo

Campus Party - Dia 1

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Desonrei a categoria dos geeks. Não levei notebook nem smartphone, e passei minhas primeiras horas na maior lan house de toda a América Latina completamente desconectado. E nem liguei pra isso, sinceramente. Meus principais objetivos na Nerdstock são, não necessariamente nesta ordem, reencontrar meus camaradas e comparsas de bloglândia, fazer novos contatos, falar muita abobrinha e me divertir pacas. Por enquanto, meus objetivos foram cumpridos à risca. B)

Fila do credenciamento: the horror, the horrorCheguei no prédio da Bienal lá pelas 14 horas. A fila do credenciamento estava mais zoneada que um bando de girafas dançando rumba numa loja de cristais. Felizmente, ao contrário do meu incauto colega Manoel Netto, que passou mais de 3 horas na fila do credenciamento (segundo o Guilherme Felitti, teve participante que esperou até 6 horas até conseguir entrar) bastou eu dizer que era da Imprensa para escapar do décimo círculo do Inferno de Dante. É, amigos & inimigos da Rede Globo, é por essas e outras que compreendo facilmente o fato de blogueiros terem “hostilizado” a imprensa na Campus Party, conforme relatou Mr. Manson em seu São Paulo Fashion Geek. Menos mal que transito por ambos os lados. :P Continue Lendo

Surreality shows

Por Alexandre Inagakidomingo, 10 de fevereiro de 2008

Você é daqueles que se deleitam vendo mulheres mostrarem os peitos ou xingarem umas às outras de vaca, piranha e outros animais menos cotados no Big Brother Brasil? Pois saiba que na Alemanha diversão mesmo foi ver um participante de reality show ser preso em um caixão de vidro na companhia de… 30 mil baratas.
Daniel Küblböck é um cantor que, aos 18 anos de idade, foi revelado pela primeira edição alemã do Deutschland Sucht Den Superstar, versão local do American Idol exibida em 2003. No ano seguinte à sua participação no “Ídolos” alemão, no qual terminou na terceira colocação, Daniel achou que seria interessante para a sua carreira participar de outro reality show, e entrou na maior roubada da sua vida.
Ao lado de mais nove incautos, Küblböck integrou a primeira edição de um singelo programa intitulado Ich Bin Ein Star – Holt Mich Hier Raus!, que em bom português significa “Sou uma Celebridade - Tirem-me Daqui!”. As regras desse reality show eram tão simples quanto as do Clube da Luta: os dez desgraçados foram mandados para uma selva na Austrália, onde permaneceram por duas semanas. A cada dia, um deles era designado pela audiência para ser submetido a uma prova (eufemismo dos produtores do programa para “tortura com requintes de sadismo”). Daniel foi o desgraçado mais votado pelo público para participar da primeira prova, e eis que o malfadado cantor foi obrigado a ficar deitado em um caixão de vidro enquanto cerca de 30 mil baratas dançaram macarena sobre seu corpo por exatamente 1 minuto e 6 segundos. Quem assistiu ao quadro gostou tanto de ver Küblböck sofrer (a audiência do programa chegou a mais de 6 milhões de telespectadores) que o escolheu novamente, pela segunda vez em três dias, para participar de uma nova “prova”. Enquanto câmeras flagraram em generosos closes as lágrimas desesperadas de Daniel ao saber da enorme estima que os espectadores nutriam por ele, os produtores do programa enchiam um enorme cubo de vidro.
Munido de uma máscara de mergulho e um snorkel, o jovem cantor foi obrigado a mergulhar sua cabeça no aquário, sabendo apenas que iria se deparar com algumas singelas surpresas dentro da água. Primeiro, apareceram peixinhos dourados; tudo zen. Depois, enguias; nada que não desse para encarar. Porém, quando surgiram aranhas aquáticas, Daniel surtou, pôs a cabeça para fora do aquário, saiu correndo em altos prantos e desistiu de vez do programa. No dia seguinte Küblböck monopolizou as manchetes de todos os jornais alemães, destacando o quadro grotesco do programa, as cenas de Daniel aos prantos e questionando os limites éticos das programações de TV.
A versão mais recente de Ich Bin Ein Star – Holt Mich Hier Raus! foi exibido em janeiro deste ano, e contou com a participação de um ex-goleiro da seleção alemã de futebol, um rapper polonês e uma ex-atriz pornô. Diga-se de passagem, este sádico reality show, que Silvio Santos surpreendentemente ainda não pensou em trazer para o Brasil, é na realidade adaptação de um programa originalmente criado na Inglaterra, o I’m a Celebrity… Get Me Out of Here!, que segue o mesmo script de levar “astros” e “estrelas” para lugares inóspitos, a fim de deleitar seus telespectadores. Alguns das mais conhecidas “celebridades” que toparam pagar esse King Kong foram Uri Geller (o entortador de talheres), Jordan Price (modelo peituda conhecida como a “Pamela Anderson britânica”) Paul Burrell (ex-mordomo da Princesa Diana, que teve de comer um testículo de canguru em sua participação), Carol Thatcher (filha da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher e vencedora da edição de 2005), David Gest (ex-marido de Liza Minnelli) e até mesmo John Lydon, o ex-vocalista dos Sex Pistols. Definitivamente eu morro, reencarno várias vezes e ainda assim não vejo tudo.

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P.S. 1: Por falar em reality shows, não deixarei em branco a gentil citação que Gyselle, uma das participantes da edição atual do Big Brother Brasil, fez ao Pensar Enlouquece em seu blog. Quem diria, huh?

P.S. 2: Seja bem-vindo à intrépida trupe do InterNey Blogs, Cidadão Vet!
P.S. 3: A partir da segunda-feira acompanhem a cobertura que farei do Campus Party Brasil. :D

Se beber, não dirija. E nem dê entrevistas para o Amaury Jr.

Por Alexandre Inagakisábado, 09 de fevereiro de 2008

Confiram o melhor vídeo de campanha anti-alcoolismo de todos os tempos. E aproveitem para ver a já histórica entrevista que Narcisa Tamborindyadayada concedeu a Amaury Jr., provavelmente o melhor trabalho de jornalismo desde a matéria na qual Gay Talese não entrevistou Frank Sinatra. Em tempo: crianças, não façam isso em casa!

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Para não esquecer

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

Há exatamente um ano o menino João Hélio Fernandes Vieites, que na época tinha 6 anos de idade, morreu após ter sido arrastado, por longos e inacabáveis sete quilômetros, por criminosos que haviam roubado o carro de sua família. Eu e minha amiga Luciana escrevemos sobre a morte de João Hélio na época. Não deixemos que mais este caso caia no mero esquecimento.

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Meu camarada Raphael Perret comentou, muito apropriadamente, a capa da edição de hoje do jornal O Globo, que ao falar da vitória da Beija-Flor no carnaval carioca de 2008 ressaltou que Anísio Abraão David, bicheiro, contraventor e presidente de honra da escola de samba de Nilópolis, foi acusado de praticar os crimes de tráfico de influência, corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, e só está em liberdade graças a um habeas corpus.

Mesmo assim, Aniz é constantemente paparicado por políticos como o atual Ministro do Trabalho Carlos Lupi, e comemorou a conquista da Beija-Flor em cima de um carro de bombeiros, como se fosse um herói ou um medalhista olímpico. Coisas típicas deste país do ôba ôba. Enquanto isso, a Viradouro do polêmico e brilhante carnavalesco Paulo Barros foi relegada a um mero sétimo lugar. Tsc, tsc.

Outra capa de jornal que merece ser destacada é a do diário El Tiempo, da Colômbia, que conheci graças a um post da Daniela Bertocchi, e que por sua vez soube da ousadia gráfica do diário graças a um blog interessantíssimo, o Innovations in Newspapers. A primeira página do El Tiempo exibe fotos de pessoas dando costas e o texto invertido, como se estivesse sendo visto através de um espelho. À primeira vista, soa como se alguém da gráfica tivesse cometido uma tremenda presepada. Porém, na metade inferior da capa, uma caixa de texto revela o motivo da inovação gráfica. Ontem foi marcado um dia de protestos contra as guerrilhas FARC. No box, a mensagem clara e cristalina do jornal: “Virar as costas ao problema não fará ele desaparecer”. Idéia e concepção simplesmente brilhantes da equipe do El Tiempo, que me fizeram lembrar dos bons tempos em que o Correio Braziliense (na época em que Ricardo Noblat trabalhava lá) e o Caderno 2 do Estadão freqüentemente bancavam ousadias gráficas em suas capas.

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Enquanto nas hordas republicanas John McCain está praticamente sacramentado como o candidato à Presidência do partido de Bush Júnior, a disputa entre Barack Obama e Hillary Clinton pela vaga dos democratas está cada vez mais acirrada. Tenho acompanhado os desdobramentos da corrida presidencial norte-americana através de blogs. No Brasil, Idelber Avelar e Jefferson Guedes têm sido minhas fontes prediletas de informação.

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Não, não esqueci. Despacharei nesta sexta-feira os prêmios referentes à promoção Coração de Pedra. Ah, sim: após ter visto dezenas de vídeos referentes à promoção Heroes fazendo piadas com a Claire fazendo xixi na cama ou sacaneando meu santo nome em vão, tenho o prazer de anunciar que, após ter assistido a 166 vídeos enviados para a minha caixa postal, o nome do ganhador do box de DVDs é… Leandra Postay. Em tempo: Leandra, acabei de mandar um e-mail a você solicitando suas coordenadas geográficas. Obrigado a todos que participaram, e aguardem: novas promoções estão a caminho!

Todo carnaval tem seu fim

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 06 de fevereiro de 2008

Nunca a quarta-feira de Cinzas fez tanto jus à denominação, embora o dia hoje em Sampa City, macambúzio e melancolicamente nublado, tenha sido digno daquelas sebundas-feiras tão odiadas pelo Garfield. Sei que estou numa ressaca pós-carnavalesca braba, e olhem que eu nem enchi a cara. Em compensação, meu déficit de horas insones é claramente denunciado pelas olheiras que se acumulam em meu rosto, fazendo com que meus pensamentos mal consigam ser claramente balbuciados pela gelatina na qual meu cérebro se transformou (se for verdade a história de que dormir pouco mata neurônios, não queiram imaginar as chacinas diárias que cometo dentro da minha cachola). Não consigo evocar, pois, de trilha sonora mais adequada para o momento atual do que o grande sucesso do segundo álbum do Los Hermanos.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.
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