Artigos do mês de: abril 2007

Como era gostoso o meu cinema brasileiro (I)

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 26 de abril de 2007

Seguindo o bom exemplo de meu colega Ricardo Sabbag, passarei a relembrar alguns momentos antológicos do cinema brasileiro. Destaco, inicialmente, uma singularidade das produções nacionais de dar inveja a qualquer Samuel L. Jackson da vida: a arte subestimada de encaixar o maior número possível de palavrões em seus diálogos. Com a palavra, meu nobilíssimo colega Gustavo de Almeida: “Mesmo em um filme pungente como ‘Central do Brasil’, uma obra-prima daquelas, é possível ver alguém meter a cara numa janela e gritar ‘filha da puuuuuuuuuuuuta’; não tem erro. O nosso cinema dá inveja nos italianos mais gesticuladores e desbocados, e com certeza nos franceses mais introspectivos, nos americanos mais violentos, nos ingleses mais corrosivos“.

O vídeo abaixo, uma antologia feita por Rogerio do blog A Mosca na Sopa, é uma amostra pra lá de representativa: os momentos mais, hmm, singelos de “Os Sete Gatinhos“, adaptação de uma peça de Nelson Rodrigues cometida por Neville D’Almeida. A lamentar (ou não), apenas o fato de que faltou a cena em que a personagem interpretada por Djenane Machado Sura Berditchevsky (valeu, Daniel!) aparece de camisola, depilando o sovaco com um Prestobarba. Em compensação, a antologia contempla uma das cenas mais conhecidas de toda a história do cinema brasileiro, o momento em que Lima Duarte olha diretamente para a câmera e vocifera, com entonação quase shakesperiana: “Eu quero saber: quem foi que desenhou caralhinhos voadores na parede do banheiro???“.

Motoristas de buzz

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 25 de abril de 2007

Marcelo Träsel, além de trabalhar na Blog Hunters e de escrever no Martelada, é o autor da singela expressão que dá título a este post, bastante apropriada para denominar pessoas que surfam nos noticiários a fim de criar campanhas oportunistas como esta.

Adquira a camiseta da campanha clicando aqui!

Inspirados por este post do Blogman, já circula na Internet outra campanha tão edificante quanto: “Assume, Júnior!“.

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A trupe do Ressaca Moral, constantemente de olho no lance, comemora o anúncio de que a banda Los Hermanos entrou em “recesso por tempo indeterminado“. Porém, pouco antes do anúncio de que a banda descrita pelos ressaqueiros morais como “loser-depressiva” está curtindo férias sabáticas, o blog publicou uma singela homenagem ao recém-falecido ex-presidente russo, descrito por Pedro Doria como “o presidente bêbado“. Ei-la:

William Waack foi mais crítico ainda em seu necrológio: “Yeltsin ajudou a empurrar a União Soviética para o abismo“. Ainda assim, o antecessor de Vladimir Putin conseguiu arrebatar alguns admiradores. Por exemplo, a banda indie Someone Still Loves You, Boris Yeltsin, cujo nome sintetiza os sentimentos de muitos companheiros de copo ainda desconsolados.

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Engajada na causa do aquecimento global, Sheryl Crow tem pensado demais em idéias sobre como podemos contribuir para salvar o planeta. Em um post publicado quinta passada, no blog The Huffington Post, a cantora declarou: “Tenho pensado muito em como salvar as árvores. Creio que somos um povo esforçado o suficiente para conseguir utilizar apenas um quadradinho de papel higiênico por visita ao banheiro – com exceção, é claro, daquelas situações delicadas que requerem o uso de dois ou três pedaços“. O irmão caçula de Sheryl deu sua valiosa parcela de contribuição propondo algo ainda mais ousado: “por que não lavar o quadrado utilizado?“.

Embora a cantora tenha ressaltado que suas idéias estavam em um estágio inicial de desenvolvimento, a repercussão (jocosa) foi tamanha que obrigou Crow a afirmar, em um texto no seu site oficial, que “tudo não passou de uma piada“. Deixando as brincadeiras de lado (ou não, como diria Caê), recomendo a leitura do blog coletivo Faça a Sua Parte e dos textos de Flávio Prada sobre o assunto. Porque às vezes é preciso falar sério nestes tempos de piadas prontas.

O dia em que William Shatner matou Lennon e McCartney

Por Alexandre Inagakisegunda-feira, 23 de abril de 2007

Desert Island Discs, programa veiculado na rádio BBC 4 há mais de 60 anos, apresenta semanalmente um convidado que responde quais seriam as oito gravações que levaria consigo a uma ilha deserta. Quando participou desse programa, uma das músicas indicadas por George Clooney foi a regravação que William Shatner cometeu de “Lucy in the Sky with Diamonds” dos Beatles. A resposta de Clooney para justificar tal escolha é perfeita: “Se você ouvir repetidamente essa gravação, será capaz de serrar sua própria perna e fazer uma canoa com ela, a fim de escapar o quanto antes da ilha“. Continue Lendo

Os piores cantores do mundo

Por Alexandre Inagakiterça-feira, 17 de abril de 2007

Poucas coisas me deixam tão indignado quanto entrevistas com filhos de artistas ou ex-participantes de programas de reality show que propagam aos ventos a indefectível declaração-clichê: “basta você acreditar em seu sonho que você chegará lá“. Pergunto: quantos males não foram propagados por conta dessa bravata digna dos maiores embustes da literatura (sic) de autoajuda? Basta assistir a programas como “American Idol” para ver tantas pessoas que se iludem em sonhos que não se sustentarão, acreditando piamente em talentos que não possuem e expondo-se ao escárnio público.

Exemplo perfeito do que digo é o vídeo a seguir, em que um participante do “American Idol” comete a pior interpretação de todos os tempos de “Like a Virgin”, com direito a uma coreografia do tipo “veja-me dançando e fure seus olhos depois”. Definitivamente ele não mentia quando se autodescreveu como alguém “very entertaining and unique“, embora não no sentido que ele provavelmente queria dar a essas palavras.

É óbvio que nós, filhos da mãe que somos, não resistimos a dar uma olhada em vídeos como estes e rir desbragadamente. Afinal de contas, estas pessoas, motivadas sabe-se lá por quais ilusões de fama, deram a cara para bater de um modo inimaginável para tímidos como eu. Por exemplo, o que pensar desta apresentação do Michael Jackson da Malásia? Continue Lendo

Palavras que deveriam existir

Por Alexandre Inagakisábado, 14 de abril de 2007

Reza a lenda que os colonizadores ingleses, ao chegarem à Austrália, ficaram espantados em encontrar um estranho animal com uma bolsa na barriga que se locomovia dando largos pulos. O Capitão Cook mandou chamar um nativo e perguntou-lhe, usando gestos, qual era o nome daquele bicho. O aborígene respondeu: - Khan ghu ru, khan gu ru! Anos mais tarde, outros exploradores teriam descoberto o verdadeiro significado daquelas palavras. O índio, ao ver os sinais que lhe faziam os ingleses, responderam: - Não estou entendendo (ou seja, “khan ghu ru” no dialeto local).

Não é por nada não, mas esta história é engraçada demais para ser verídica, e me soa a lenda urbana. De qualquer modo, serve para ilustrar um assunto que sempre me interessou: etimologia, a ciência que estuda a origem das palavras. Por que chamamos o hipopótamo de “hipopótamo”? De onde cargas d’água surgiram vernáculos como “capicua”, “ornitorrinco” e “vernáculo”?

Shakespeare, no ato 2 da peça Romeu & Julieta, tergiversa sobre o assunto: “O que há em um nome?/ Pois aquilo que chamamos de rosa/ Por qualquer outro nome/ Exalaria o mesmo doce perfume“. Quem já estudou lingüística sabe que palavras não passam de signos lingüísticos previamente convencionados por um sistema de sinais. Ou seja, partem de uma relação semelhante à dos sinais de trânsito, cuja lógica arbitrária faz com que vermelho signifique “pare”, e verde, “prossiga” (a não ser que você seja daltônico).

Contudo, cada palavra que utilizamos no dia-a-dia tem a sua história e reflete as evoluções culturais sofridas pela sociedade em que vivemos atualmente. Há quinze anos, quem imaginaria que palavras como “popozuda”, “mouse” e “escanear” existiriam? Do mesmo modo, fico pensando se daqui a quinze anos meus sobrinhos conhecerão o significado de substantivos como “vitrola” ou expressões como “futebol-arte”.

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Idiomas são organismos vivos, que refletem as mudanças do mundo ao seu redor. Necessitam, pois, incorporar diariamente novos jargões, neologismos e estrangeirismos ao seu repertório, a fim de que possam sobreviver. Caso contrário, murcham e morrem, feito o latim e milhares de outras línguas e dialetos soterrados nestes séculos de civilização. Faz muito bem, pois, a última flor do Lácio, ao adaptar com ginga os anglicismos que vão sendo incorporados por seus poucos e fiéis seguidores, nesta verdadeira bacanal lingüística: é assim que “whisky” virou uísque, e “Whoop! There It Is” (refrão de uma música do grupo americano Tag Team) metamorfoseou-se no hino de todas as torcidas “uh tererê!”.

Há um ótimo texto de Sérgio Augusto, publicado no Digestivo Cultural, que aborda este assunto. Em seu artigo “Para tudo existe uma palavra“, Sérgio cita algumas palavras que gostaria que fossem adotadas pela língua portuguesa. Por exemplo: Razbliuto, palavra russa que significa o sentimento carinhoso que nutrimos por uma pessoa que um dia amamos. Ou Mamihlapinatapei, vocábulo genial que pertence a um idioma indígena da Terra do Fogo. E que quer dizer, simplesmente, o “ato de olhar nos olhos do outro, na esperança de que o outro inicie o que ambos desejam mas nenhum tem coragem de começar“. Depois dessa, só posso dizer uma coisa: uau!

Se bem que nós, poucos mas fiéis usuários deste quase-dialeto que é a língua portuguesa, podemos nos ufanar da síntese contida dentro desta pequena e maravilhosa palavra: saudade.

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Palavras são misteriosas, palavras são esquivas. Principalmente aquelas que não existem, mas deveriam. Nunca sei o que dizer, por exemplo, a um amigo que sofreu a perda de uma pessoa querida: “sinto muito” me soa muito distante e vago. E o que dizer sobre aquele frio na barriga que surge na primeira vez em que vemos uma pessoa que entorpece nossa língua, tolda nossos sentidos, faz nossos ouvidos zumbirem e os olhos se boquiabrirem?

Há palavras e expressões que perderam o sentido de tanto serem repetidas. Um exemplo: existe frase mais banalizada do que “eu te amo”, balbuciada por paqueras de micaretas com a mesma facilidade com que Pedro Bial chamava os participantes de um reality show como o Big Brother Brasil de “heróis”? Sábios eram os gregos, que possuíam quatro verbos para falar em amar: erao, ligado estritamente ao amor erótico; filéo, o amor de amizade, de querer bem ao outro, de gostar; agapao, o amor ligado à satisfação de um desejo; e, finalmente, stergo, o amor cujo impulso básico é a proteção do outro. Um amor como a dos pais por seus filhos; galinha protegendo pintinhos sob suas asas.

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Recomendo fortemente a leitura de “O Desejo“, obra que compila diversas conferências sobre o assunto do título, organizada pelo filósofo Adauto Novaes e publicada pela Companhia das Letras. Todos os textos são fascinantes, mas há um em especial que me marcou desde a primeira leitura, e que gerou em mim o interesse pela etimologia. Trata-se de “Os Caminhos do Desejo“, escrito pelo filólogo Flavio Di Giorgi; um artigo delicioso e muitíssimo bem-humorado, no qual ele relata as origens etimológicas da palavra “desejo”. Que é proveniente do verbo latino desiderare, que por sua vez descende da palavra sidus, “estrela”. Segundo a explicação de Di Giorgi, desiderare vem da linguagem dos adivinhos que tentavam interpretar o futuro em Roma, observando os astros em busca de pistas sobre o que haveria de acontecer. O ato de contemplar os astros chamava-se considerare, palavra que deu origem ao português “considerar” (ou seja, observar as estrelas e a partir delas extrair uma conclusão sobre os eventos futuros).

No entanto, e pra quem está desesperado de tudo, feito eu depois que vejo meu extrato bancário? Aí os romanos recomendavam ao pobre coitado vislumbrar as estrelas em busca de algum alento. Mas o sujeito, desanimado da vida, dizia: “não adianta, estou perdido“. Isso era desiderare: “desistir dos astros”. Provém daí a significação do verbo “desejar”: ter a certeza da ausência. Não tenho o que quero ou preciso, e por isso desisto de especular sobre o futuro. Tenho a consciência de que não possuo o que quero, e passo a tomar a atitude que me resta: desejar, porque passo a ter a certeza da ausência daquilo que não tenho. Reconheço a ausência, desencano de ficar mirando os astros, e sonho com a busca daquilo que me falta. Orbito, portanto, sob a esfera do desejo.

Fala sério: depois de uma explicação tão bonita, dá ou não vontade de passar a vida inteira estudando etimologia em busca de respostas como essas?

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The Meaning of Liff, por Douglas Adams e John Lloyd.P.S. 1: Dois ótimos textos foram indicados nos comentários deste post. O primeiro, “Significado Das Coisas“, é uma relação de neologismos cunhados por Alexandre Nix, inspirada no livro “The Meaning of Liff“, da dupla Douglas Adams (sim, é ele mesmo!) e John Lloyd. Segundo a dupla Adams & Lloyd, tal livro surgiu devido ao fato de que existem centenas de experiências em comum, sentimentos e situações que todos nós somos capazes de reconhecer, mas para as quais não existem ainda palavras que as descrevam.

Pois bem, Nix inspirou-se em “The Meaning of Liff” e cunhou alguns termos novos para a língua portuguesa. Dois ótimos exemplos:

ANEDOMAR (verbo) - Lembrar que conhece a piada que está sendo contada, não interromper o orador e fingir achar ainda graça.

PRESENGO (substantivo) - Presente que você quer jogar fora, vender, dar ou trocar, mas não pode porque é presente de alguém especial, que se magoaria com o ato.

Nix aceita mais contribuições. Eu também.

P.S. 2: A outra indicação deixada nos comentários foi deixada pelo meu leitor Junior, que recomenda o post “Aprendendo com o silêncio de Bashô“, do meu camarada e professor de culinária Gustavo Weber. Nele, Weber faz uma citação do filósofo taoísta Chuang Tse, que afirmou: “A rede de peixe existe por causa do peixe; uma vez que pegar o peixe, esqueça a rede. A armadilha para coelhos existe para pegar o coelho; uma vez que o pegá-lo, esqueça a armadilha. As palavras existem pelo sentido; uma vez que conseguir o sentido, esqueça a palavra. Onde posso encontrar um homem que esqueceu as palavras, para que possa trocar uma palavra com ele?

P.S. 3: A respeito da origem etimológica da palavra “canguru”, a leitora Marcia M lembra que o dicionário Aurélio afirma que ela teria surgido a partir de uma expressão que efetivamente significaria “não sei”. Porém, segundo a Wikipedia, o vernáculo “canguru” é oriunda da palavra gangurru, falada em um dialeto aborígene australiano, Guugu Yimidhirr, utilizada para se referir a uma espécie cinza de canguru. Sobre o tema, recomendo ainda a leitura do artigo “Canguru - Falsas Etimologias“, de Cláudio Moreno.

P.S. 4: A convite da Luiza Voll, tive a honra de ser o primeiro convidado de uma seção nova do Favoritos falando de um de meus sites prediletos. Valeu, Luiza! ;)

Pensamentos aleatórios de uma tarde chuvosa de Páscoa

Por Alexandre Inagakidomingo, 08 de abril de 2007

O coelhinho de Páscoa em uma pose a la Klimt.

Quando eu era criança, nutria sonhos megalomaníacos: queria ser estrela de cinema, cientista maluco, astro do rock, líder revolucionário, presidente do Brasil ou tudo ao mesmo tempo, naquela típica onipotência que garotos mimadamente avoados costumam ter. A concretização desses “projetos” seria uma mera questão de tempo, e assim acalentava utopias debaixo do travesseiro enquanto esperava o sono chegar, fingindo, para meus pais, que já estava dormindo.

Crescer é um processo no qual pouco a pouco vamos nos desvencilhando dessas ilusões. Tornamo-nos “maduros”, “responsáveis”, e assim vamos nos desvencilhando de sonhos ao longo do caminho. O grande perigo é o de acabarmos nos concentrando em apenas um: como arranjar dinheiro para pagar as contas e manter o nome limpo no SPC e Serasa.

Hoje sou um homem mais cínico e cético do que gostaria, mas acredito que dentro da dosagem necessária para sobreviver a um mundo que não possui manuais de instrução ou botes salva-vidas. Sei um pouco a respeito das engrenagens sujas que movem o teatro das coisas, o bastante para acreditar que um pouco de ignorância é pressuposto fundamental para ser feliz no mundo em que vivemos. Mas, acima de tudo, tenho esperanças.

Sim, tenho esperanças. Não que eu seja um daqueles caras que acreditam que basta juntarmos nossas mãos e cantar “Imagine” para mudar o mundo: meu lado cínico não resiste a fazer piadas sobre hippies emaconhados ou pseudo-esquerdistas que guardam suas camisetas com a foto do Che Guevara penduradas ao lado de seus jeans Diesel e tênis Nike.

Minhas esperanças não estão atreladas a nenhum credo ou religião. Não tenho ídolos nem líderes a seguir, que pudessem me guiar em meio à alienação, ao tédio e ao torpor de um mundo devastado por guerras estúpidas, preconceitos acéfalos, desigualdade social e falta de amor. Não leio livros de auto-ajuda, não sigo paradas de sucesso, não faço doações à LBV, não sei qual é o sentido de nossa passagem por aqui e, por favor, não desejo receber nenhum attachment de Power Point com mensagens edificantes sobre a humanidade.

Em ocasiões como esta, nas quais meus neurônios, influenciados por dias melancolicamente nublados (e, provavelmente, pela overdose de chocolates que comi neste domingo pascoalino), começam a viajar na maionese, sou obrigado a recorrer a uma Bíblia particular para mim: “O Poder do Mito“, livro que transcreve as fantásticas conversas entre o jornalista Bill Moyers e seu entrevistado, o professor e escritor Joseph Campbell (1904-1987).

Ao falar sobre a teoria de Abelardo, segundo a qual a morte de Jesus na cruz teria sido um ato de expiação para a humanidade, afirma Campbell: “A idéia de Abelardo era que Cristo veio ser crucificado para evocar no coração do homem o sentimento de compaixão pelos sofrimentos da vida, e assim afastar a mente humana de seu cego interesse nas coisas deste mundo“. Mais adiante, complementa: “Desde que haja tempo, há sofrimento. Você não pode ter um futuro a não ser que tenha um passado, e ainda que esteja apaixonado pelo presente ele se tornará passado, seja como for. Perda, morte, nascimento, perda, morte – e assim por diante. Ao contemplar a cruz, você está contemplando um símbolo do mistério da vida“.

Em um de seus poemas, escreveu minha amiga Christiana Nóvoa: “A cada santo dia/ Eu renasço da dor/ Da paixão e da morte“. Viver é começar de novo, e de novo, e de novo. Que assim seja. Sempre.

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P.S. 1: A bela ilustração deste post, que cita “O Beijo” de Gustav Klimt, é de Cecília Esteves.

P.S. 2: Depois de “300″, o próximo projeto do diretor Zack Snyder é a adaptação de “Watchmen“, graphic novel da dupla Alan Moore e Dave Gibbons. Isso explica o porquê da inserção, no trailer R-Rated de “300″, do sensacional easter egg incluso em um frame no momento 1:51 do vídeo: a imagem de Rorschach, um dos personagens principais de “Watchmen”!

Easter egg no trailer de 300 - um frame com a imagem de Rorschach, de Watchmen!

Por falar em easter eggs, você já clicou no link oculto na animação dos dois elefantes deste blog?

P.S. 3: Este post, uma versão remixada e remasterizada de algumas reflexões que já havia feito em outras ocasiões, foi redigido ao som do magistral trabalho novo do Wilco, “Sky Blue Sky”. Fortíssimo candidato a melhor capa e melhor álbum de 2007.

Três takes

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 04 de abril de 2007

Quando a melhor qualidade de um filme é a sua fotografia, há algo de errado nele. É o caso de “300″, adaptação de Zack Snyder para a graphic novel de Frank Miller e Lynn Varley, que me pareceu ser uma espécie de “Gladiador” turbinado e estilizado. Como diversão, é um filme ok. Se bem que mais engraçado é este vídeo que usa uma trilha sonora alternativa (e bem mais adequada) para “300″.

Tomo emprestadas as precisas palavras de Kléber Mendonça Filho: “Rodrigo Santoro como o egolouco Xerxes é apresentado com a aparência de um gigantesco mestre sala adaptado para a grande parada gay que deve existir no inferno, todo ano. Com piercings“. Continue Lendo

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
A vida é boa e cheia de possibilidades.
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