Artigos do mês de: abril 2006

O Orkut será pago

Por Alexandre Inagakiquinta-feira, 27 de abril de 2006

Por favor, reserve alguns minutos do seu precioso tempo e leia esta mensagem IMPORTANTÍSSIMA.

Seguinte: o Orkut vai passar a ser pago. Nós, cidadãos pertencentes a um país com alta capacidade de indignação diante de causas irrelevantes, precisamos fazer algo urgentemente! Por isso mande imediatamente um e-mail com esta mensagem para 25 pessoas de sua lista, e um Orkut plus atualizado (seja lá o que quer que isso signifique) aparecerá em sua tela! Depois, envie esta baboseira para mais 25 pessoas, porque o Google, interessado em aumentar sua base de cadastrados, presenteará você com um celular da Nokia pintado de ouro e uma viagem para a Disneylândia, e fará ainda uma doação de 100 mil dólares à Fundação das Macacas Bulímicas que Dançam Macarena Compulsivamente no Zoológico de Xiririca da Serra! Continue Lendo

Cenas dos capítulos anteriores

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 26 de abril de 2006

Enquanto me ausentei deste blog, saibam que:

a) escrevi resenhas dos livros Educação de um Bandido, de Edward Bunker, e Discurso Sobre o Capim, de Luiz Schwarcz, para a edição 2 da revista Paisà, à venda nas melhores bancas (assine já!).

b) falei mal de O Albergue e Instinto Selvagem 2 em minha mais recente coluna de cinema no site da Antena 1.

c) assisti ao mais tenebroso assassinato do Hino Nacional Brasileiro de todos os tempos, neste vídeo estrelado pelos candidatos do programa Ídolos, com direito a virunduns antológicos como “conseguimos conquistar UM BRAÇO FORTE” e “o céu da liberdade em raios FRÍGIDOS”. A não perder ainda: os membros da Embromation Society, o headbanger que assassinou os Paralamas, a figura que interpretou (?) o tema de Rei Leão e, tragicamente cômica (ou comicamente trágica), a gauchada mandando bronca na audição!

d) foi publicado mais um texto meu em Cracatoa Simplesmente Sumiu: Tartamudeio.

e) corri considerável risco ao jogar os números 4, 8, 15, 16, 23 e 42 na Mega Sena.

f) ainda não fiz minha declaração de imposto de renda e estou lascado.

g) repercutindo este meme, em que Fabio Seixas fala da falta de uma maior conversação e interação entre os blogueiros brasileiros, faço aqui a minha lista de cinco pessoas com quem eu gostaria de “blogonversar”. Se você quiser fazer parte, faça um post, linkando cinco blogs com quem você gostaria de trocar idéias, e indique ao final onde você tomou conhecimento deste meme.

Quero “blogonversar” com:

- Blog de Guerrilha;

- Alessandra Alves;

- Kiss Me Hard Last Time;

- Usabilidoido;

- Serendipidade;

Blogonversei com:

- Fabio Seixas, versão txt.

Natal antecipado e meu fio de Ariadne

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 26 de abril de 2006

A vida é, definitivamente, boa e cheia de possibilidades. Pois e não é que meu Natal foi antecipado, graças à generosidade de uma leitora deste blog?
Há algum tempo, quando o Orkut criou um espaço nos perfis pessoais para a publicação de listas de presentes, eu, que não tinha mesmo nada a perder, criei uma wishlist no Submarino. Na época, comentei a lista en passant neste blog sem fomentar maiores expectativas, e fui surpreendido com presentes de dois leitores especialíssimos, que me deram, respectivamente, uma camiseta e o livro O Caçador de Pipas. Fiquei, ao mesmo tempo, feliz pra burro (por constatar que haviam leitores que achavam que eu realmente merecia ganhar alguma coisa pelos textos deste blog) e desconcertado com tamanha generosidade. Mas nada poderia me preparar para a surpresa que me aguardava no dia de hoje.
Pois a Srta. M., que mora nos Estados Unidos, mandou-me o melhor pacote-surpresa que já recebi na vida: uma caixa contendo quatro CDs, dois DVDs, um mini-pôster de cinema, diversas fotos, uma lanterna king size e um carinhoso cartão me agradecendo pelos textos que venho publicando na Internet nestes anos. E aí eu me pergunto: como fazer jus a tamanha generosidade? Porque os presentes foram escolhidos a dedo, a saber:
a) Grace, o primoroso álbum que Jeff Buckley, a quem dediquei este artigo publicado no Burburinho, lançou em 1994. Mas não ganhei uma edição qualquer; fui agraciado com a edição especial de 10 anos do lançamento do CD, que inclui um CD extra com bonus tracks, out-takes e duas maravilhosas versões alternativas de “Dream Brother”, uma das melhores canções de Buckley. De quebra, esta “legacy edition” veio com um DVD que inclui cinco videoclipes, imagens das gravações de Grace e entrevistas com o produtor e os músicos da banda. Quem conhece a obra deste músico precocemente falecido aos 30 anos de idade certamente está babando de inveja com este presente, que inclui ainda um encarte com textos do jornalista Bill Flanagan, que faz uma precisa definição de Grace: um álbum inspirador e, mais do que isso, fomenta aspirações artísticas, uma vez que é o tipo de obra que faz com que músicos busquem superar seus limites, a fim de comporem canções tão poderosas quanto “Last Goodbye”, “Eternal Life” ou “Lover, You Should’ve Come Over”.
b) The Forgotten Arm, de Aimee Mann, considerado por mim o melhor álbum internacional de 2005. Como tudo que veio neste pacote, o CD que recebi veio em edição especial, incluindo livreto em formato americano reproduzindo o belíssimo encarte, no qual as letras são transcritas como se fossem capítulos deste verdadeiro filme sonoro que narra a história de amor protagonizada por John, um boxeador alcoólatra, e Caroline. Difícil não acompanhar esta trajetória musical esculpida com esmero por Mann sem se emocionar, principalmente diante dos capítulos 9 (“That’s How I Knew This Story Would Break My Heart”) e 12 (“Beautiful”).
c) E como se não bastasse, não é que fui presenteado também com Live at St. Ann’s Warehouse, box composto por um CD e um DVD que registram o show no qual Aimee Mann resgata as pérolas de sua carreira solo desde a saída do grupo Til Tuesday? Depois de sua audição, é fácil compreender porque o cineasta Paul Thomas Anderson buscou inspiração nas crônicas musicais de Mann a fim de criar os plots e personagens de sua obra-prima Magnólia.
d) diversas fotos da belíssima atriz italiana Monica Vitti (na foto ao lado, em A Noite, de Michelangelo Antonioni), que eu havia citado em um velho texto intitulado Questões de Timing, além de um mini-pôster de As Rainhas, comédia de 1966 em que Vitti simplesmente rouba a cena, e isso em um filme co-estrelado por outras musas como Claudia Cardinale e Raquel Welch .
e) uma lanterna king size, de cor azul, da marca Maglite, sobre a qual tergiversei em e-mail que mandei para a Srta. M. logo após ter aberto esta verdadeira caixinha de surpresas: “quando eu estiver imerso no abismo da noite e o rastro da minha lanterna traçar o fio em que eu, equilibrista bambo, caminhar na escuridão, pensarei na senhorita como se fosse Ariadne a me salvar do minotauro“.
Depois de receber um kit maravilhoso desses, o mínimo que poderia fazer é dedicar um post à Srta. M, a quem agradeço publicamente. E, enfim, voltar a atualizar este espaço após semanas de completo sumiço. Até porque preciso fazer jus a uma das melhores surpresas que já tive em toda a minha vida, e que me deixou mais bobo e desconcertado do que o habitual… :)

Pra viajar no cosmos não precisa gasolina

Por Alexandre Inagakiquarta-feira, 05 de abril de 2006

Marcos César Pontes, 46 anos, tornou-se o primeiro brasileiro a viajar literalmente para o espaço. Ao participar da tripulação que lançou a nave russa Soyuz TMA-8 ao espaço, fez do Brasil o 35º país a colocar um astronauta em órbita. Para que essa viagem ocorresse, o governo brasileiro pagou cerca de US$ 10 milhões aos russos, que gentilmente cederam um assento a Marcos na Soyuz por um precinho camarada (a título de comparação: o milionário Dennis Tito desembolsou US$ 20 milhões por sua viagem espacial, realizada em 2001), movidos por interesses comerciais que incluem a venda, ao Brasil, da tecnologia utilizada em motores de foguetes capazes de lançar satélites.

Não discuto a necessidade dessa aquisição tecnológica, uma vez que o programa espacial brasileiro é, literalmente, um desastre (vide o acidente na Base de Alcântara no Maranhão que causou 21 mortes em 2003). Defeito colateral, no mais, gestado por anos de descaso com pesquisas científicas e tecnológicas, que fizeram com que nações que começaram seus programas espaciais na mesma época que o Brasil, como a Índia e a China, sejam atualmente capazes de produzir e lançar seus próprios foguetes e satélites (e de enviar homens ao espaço por conta própria, no caso dos chineses), enquanto ainda somos obrigados a recorrer a tecnologias de terceiros e alugar um assento numa nave espacial russa a fim de disfarçar o fracasso acachapante de um delírio intitulado “programa espacial tripulado brasileiro”.

Em meio a toda essa barafunda, é até compreensível ver tanta gente ridicularizando Marcos Pontes por realizar no espaço experimentos como plantar sementes de feijão em algodão (atire o primeiro meteoro quem nunca fez isso na escola primária). No entanto, vale a pena lembrar que ele é um dos mais experientes pilotos da FAB e passou por treinamentos na NASA desde agosto de 1998. E se ficou tanto tempo assim em treinamento, impute-se a culpa ao governo brasileiro que, na condição de parceiro de realização da primeira Estação Espacial Internacional, assumiu (sem cumprir) o compromisso de construir diversas peças, sendo que em troca Pontes seria enviado ao espaço sem nenhum custo adicional. Como até agora o Brasil não desenvolveu o incremento tecnológico necessário para a construção dessas peças, Pontes ficou a ver as estrelas de periscópio até que nosso governo decidisse custear uma carona com os russos.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, observa: “a associação do envio do astronauta brasileiro com o vôo do 14 Bis vai colocar em evidência que o Brasil, em cem anos, sofreu um grande atraso. Naquela época, fomos os primeiros a controlar a dirigibilidade dos balões e a levantar vôo com um veículo mais pesado que o ar, graças à iniciativa de Santos Dumont. No presente, o governo gasta US$ 10 milhões para colocarmos um astronauta no espaço – sendo que mais de 30 países já o fizeram –, usando lançadores de outros países“.

Perguntar não ofende, respostas sim: vou me ufanar do quê?

* * * * *

P.S. 1: Peguei emprestado o título deste post de Nei Lisboa, um dos prediletos da casa.

P.S. 2: Nova firula. Agora você pode espiar, no frame direito desta página (logo abaixo dos “blogs da semana”), as músicas que ouço enquanto navego Web afora. Cortesia da Last.fm.

P.S. 3: Em minha coluna de cinema na Antena 1, escrevi sobre “O Plano Perfeito”, “A Máquina” e “Clube da Lua”. Assunto de meu próximo texto: “V de Vingança”.

P.S. 4: Mandaram-me um link sobre procrastinação. Semana que vem visitarei a página.

Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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A vida é boa e cheia de possibilidades.
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