União Brasileira de Vendedores de Yakult

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Na Convenção de Vendedores de Yakult - Regional Nordeste, centenas de pessoas que vendem yakult de porta em porta se reuniram durante três dias em Fortaleza, na semana passada, para falar sobre yakult. Além de conhecer pessoas que também vivem de yakult no seu bairro, na sua cidade, no seu estado e até em Belo Horizonte, os participantes também puderam ouvir de perto as histórias de vendedores de yakult que, para inovar no seu trabalho, fizeram um jingle, decoraram o carrinho de yakult com imagens diferentes, fizeram uma promoção entre seus clientes e teve até palestra com aquele vendedor que venceu na vida vendendo yakult, contra todas as adversidades, e com aquela vendedora de yakult que já está há décadas na profissão, que tem mil histórias pra contar e que até inspirou muita gente a decidir vender yakult.

Você pode trocar yakult pela Marcha Nacional de Prefeitos, pelo Encontro Anual de Corretores de Imóveis, pela Conferência Nacional de Agentes de Turismo ou por qualquer outro evento que reúne periodicamente pessoas de várias partes do Brasil que trabalham na mesma área e têm muito o que aprender e ensinar.

Isso é o Desencontro, com a pequena diferença que ninguém fora do ramo de venda de yakult no varejo acompanha o que o vendedor de yakult está fazendo. Já os participantes do Desencontro trabalham numa mídia, e, ainda por cima, na mídia mais recente, emergente, altamente interativa, sem regras e limites definidos entre o público e o privado e inacreditavelmente diversa.

O Desencontro colocou lado a lado pessoas que há alguns anos eram apenas um ilustrador estrábico em São Paulo, um anão tentando viver de teatro em Curitiba, uma adolescente gordinha e vítima de bullying no interior de Minas Gerais ou um garoto tirando xerox do jornalzinho da comunidade numa favela do Rio de Janeiro. Hoje todos eles vivem do que construíram para si mesmos, despretensiosamente e talvez sem querer, mas com persistência e bastante talento.

Essas mesmas pessoas ganharam programas de televisão, quebraram tabus na comédia, se emanciparam para virarem profissionais autônomas e foram indicados como finalistas no The BOBs de melhor blog do planeta. Tudo graças ao próprio esforço e à coragem de se exporem como realmente são, sem se conformar com o que se espera deles, com um empurrãozinho vital da Internet.

O Desencontro ganhou nome, traje e local pouco tradicionais porque a Internet é mais jovem que a gente, e portanto nós podemos criar novas tradições. Mas foi regado de troca de ideias, farpas e faíscas como todo evento que pretende gerar reflexão, a única atividade que faz a gente evoluir.

A internet já ganhou vários tipos de eventos. Em 2008 eram comuns os blogcamps e o revolucionário #NoB (nerds on beer), que sepultou de vez a ideia de que sempre é perigoso levar os amigos virtuais para a vida real (às vezes é, tem que ter cuidado!). A gigantesca Campus Party, que aos 5 anos já é uma anciã, para efeitos comparativos, virou referência na ebulição das tecnologias digitais. Mas o Desencontro está aí para mostrar que os formatos de aglomeração de blogueiros, publicitários, comediantes, jornalistas, políticos e empresários da área estão longe do esgotamento.

Como todo evento grande e diverso, foi impossível debater todos os assuntos com a profundidade que todos eles merecem (pra isso existiu o tempo livre e a troca de cartões de visita). Mas o Desencontro, assim como a Internet, são apenas ferramenta. Quem vende o yakult ainda somos nós.

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