Sobre tricorders, gatos fosforescentes e impressão 3D de carne

Por Cíntia Cittonsexta-feira, 24 de abril de 2015

A velocidade com a qual a tecnologia tem evoluído nos últimos tempos permitiu descobertas incríveis, eliminou intermediários, concedeu acesso a ferramentas de criação a um número cada vez maior de pessoas, e nos mostrou que pequenas empresas podem usar a tecnologia para mudar a regra do jogo em mercados antes dominados por grandes corporações. Muito mais está por vir, e o concurso Call to Innovation é um convite para as mentes inquietas participarem ativamente nessa revolução.

O prêmio é uma iniciativa da FIAP em conjunto com a Singularity University, já teve seu modelo replicado em mais de 25 países e em sua sexta edição desafiou os participantes a usarem a tecnologia para desenvolverem soluções para a crise da água, com o objetivo de impactar positivamente 1 bilhão de pessoas. Para mais detalhes sobre os finalistas e o projeto vencedor, leia ESTE post.

Além das apresentações dos projetos finalistas, tivemos a oportunidade de ouvir diretamente de um dos embaixadores da Singularity University, Salim Ismail, exemplos interessantes de como a tecnologia tem se desenvolvido exponencialmente nos últimos anos. Além de ser um dos embaixadores da instituição, Salim também é o autor de um do livro “Organizações Exponenciais”, onde explica com mais detalhes a revolução tecnológica em que acabamos de entrar. A palestra de Salim nos inspirou a buscar mais material sobre os cases citados, e a segunda parte do post se trata disso, além de uma ajudinha para quem ainda não entende inglês.

Abaixo você pode conferir a versão que gravamos durante a transmissão que fizemos pelo Periscope do Pensar Enlouquece (@pensarenlouquec):


Como esta foi nossa primeira experiência com o Periscope, sabemos que a imagem ainda não é das melhores e não é possível acompanhar os slides, por isso trouxemos para este post os destaques da palestra e links para alguns dos vídeos sobre os cases mencionados por Salim:

Impressão 3D

Mink Make-up 3DPrinter

Impressão 3D de maquiagem: Inventada pela ex-aluna da Harvard Business School Grace Choi,a impressora 3D “Mink” permite ao usuário escolher qualquer cor na internet – ou no mundo real – e imprimir uma maquiagem exatamente nessa tonalidade. Pode ser um blush, uma sombra para olhos, um batom. Personalização, redução de custo e comodidade em uma nova tecnologia, além de muita disposição para mudar o modelo de negócio da indústria cosmética fazem parte da proposta desta finalista do desafio NY Disrupt 2014. Mais detalhes aqui e aqui.

 

Impressão 3D com condutores

Já é possível imprimir eletroeletrônicos com os condutores elétricos integrados: hoje em dia, os circuitos de que dispomos são normalmente finas placas inseridas em carcaças tridimensionais. A empresa Voxel8 criou uma impressora que desafia esse paradigma, permitindo que os condutores elétricos sejam desenhados e impressos junto com a carcaça. No exemplo deste vídeo você pode ver, entre outros produtos, um Drone impresso praticamente em uma peça.

 

A impressora 3D adaptada para trabalhar no espaço

Impressora 3D adaptada para ambientes de gravidade zero, já enviada para o espaço.  O objetivo desse teste é criar uma ‘loja de ferramentas’ dentro do espaço, já que boa parte do peso suportado pelas espaçonaves atualmente é composto por peças de reposição. Com a nova tecnologia, podem imprimir de acordo com a necessidade. De acordo com a Made In Space – empresa responsável pelo projeto –, a produção no espaço, irá acelerar e ampliar o desenvolvimento das pesquisas fora da Terra. Mais detalhes aqui e aqui.

Biotecnologia

Carne produzida por impressão 3D

Impressão 3D de couro e carne: os mesmos proprietários da empresa Organovo, que criou a bioimpressão, trabalham agora em um novo projeto: a impressão 3D de couro e carne. A empresa Modern Meadow aposta nessa tecnologia para evitar o sacrifício de animais, aumentar a eficiência e reduzir o impacto ambiental da produção de carne tradicional. Tudo isso permitindo que nossa alimentação inclua carne, e que a moda possa usar couro de verdade sem que isso represente a morte de animais. Saiba mais: aqui e aqui.

 

Hamburguer de Laboratório

Hambúrguer de laboratório: Produzir carne sem matar animais é um objetivo encontrado dos dois lados do Atlântico. Cientistas da Universidade de Maastricht, na Holanda, apresentaram o primeiro hambúrguer feito de células-tronco, sem a necessidade de abate do gado. “Estamos fazendo isso porque a criação de animais para abate não é boa para o meio ambiente, não vai suprir a demanda mundial por comida e também não é boa para os próprios animais”, ressaltou Mark Post, pesquisador. Saiba mais: aqui e aqui.

 

Gato Fosforescente

O Gato Fosforescente: Engenheiros genéticos da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, produziram gatos que emitem luminosidade esverdeada no escuro, e que podem ser muito úteis na luta contra a AIDS. Os pesquisadores alteraram o gato geneticamente inserindo no seu DNA uma proteína de macaco e o gene de uma medusa luminosa. Após a mudança, o gato ficou resistente ao FIV, a versão felina do vírus HIV. Mais detalhes aqui e aqui.

 

Injeção garante visão noturna

A injeção que permite visão noturna: criada por cirurgiões e biohackers, a injeção é capaz de fazer com que olhos comuns desenvolvam visão noturna, naturalmente. O efeito tem duração aproximada de 6 horas.  Mais detalhes aqui e aqui.

Saúde

O Tricorder usado na série Star Trek, exibida na TV nos anos 70, inspirou um concurso para o desenvolvimento de um aparelho capaz de escanear sinais vitais e superar o diagnóstico de 10 médicos certificados. Das 300 equipes inicialmente inscritas, já foram selecionadas as 10 finalistas, e a previsão é de que já se tenha um vencedor até o fim deste ano.O prêmio? 10 milhões de dólares.  Ao pesquisar sobre os candidatos e o desafio acabei encontrando outros projetos, mais antigos e modestos, mas igualmente interessantes, relacionados ao Tricorder. O assunto rende bastante, por isso acabei criando uma playlist só sobre tricorders, que você pode conferir neste link.

 Outras tecnologias

- Reconhecimento de voz: o aplicativo Moodie ajuda a descobrir em 20 segundos qual o estado de espírito e a atitude secundária de quem está falando com você (Será que chegamos perto do fim da mentira? Políticos, podem começar a tremer…)

- Comunicações via satélite: Emiliano Kargieman é o fundador da empresa Satellogic com o objetivo de fornecer imagens via satélite em tempo real. No segundo semestre de 2015 já lançará a segunda geração de satélites, e pretende conseguir mapear o mundo aumentando o número de seus mini-satélites para 300 unidades no futuro. Esta é uma inovação que abre espaço para a criação de novos serviços e aplicativos. Aqui você pode ver a palestra dele no TEDex.

Muito além de todas essas evoluções incríveis e talvez até assustadoras para alguns, a Singularity propõe um espaço para discussão do significado dessa evolução para a nossa sociedade. Em um mundo onde até mesmo uma criança de 8 anos pode saber o suficiente para alterar a vida no planeta, torna-se cada vez mais necessário mostrar a ela qual a responsabilidade por trás desse poder, e discutir quais serão as novas regras para propriedade intelectual, preservação do meio ambiente, estruturas democráticas e empresariais.

Como nos organizamos para esta nova realidade? Segundo o palestrante, a digitalização de todas as partes do ciclo do negócio permite o surgimento de novos modelos, onde a informação permite substituir a propriedade pelo acesso. Administrar uma empresa é principalmente administrar fornecimento e demanda constantes e, da mesma forma que a internet permitiu reduzir exponencialmente o custo de geração de demanda, as empresas mais disruptivas estão encontrando maneiras de reduzir o custo do fornecimento. Exemplo disso é a AirBnb, que substitui a necessidade de infraestrutura hoteleira por acesso a propriedades de locadores cadastrados no serviço. Essa a escalabilidade exponencial permite que pequenas empresas façam frente a grandes corporações estabelecidas, em alguns casos sendo até 10 vezes mais rápidas, melhores e/ou mais baratas do que os antigos modelos.

O modelo de liderança também deverá evoluir, e tende a substituir progressivamente as estruturas de comando linear por outras que se assemelham mais a uma colmeia,de acordo com as necessidades dos projetos desenvolvidos, sem descrições de cargo, chefias ou linhas de autoridade pré-definidas. Temos exemplos dessas estruturas em empresas como a Valve Software, em Seattle, ou a processadora de alimentos Morning Star.

Portanto, se você tem uma ideia inovadora, a dica é não se deixar limitar muito pela tecnologia que existe hoje. Como acabamos de ver, a distância entre o impossível e o possível é vencida cada vez com maior rapidez, e grande parte das informações que você vai precisar é disponibilizada para quem tiver suficiente dedicação para buscar na internet e realmente usar essa informação para criar soluções que nos ajudem a evoluir. Afinal, quando se está contagiado pela curiosidade, os obstáculos servem de estímulo para continuar perguntando e testando. ;-)

Em tempo: se você quiser uma tradução da palestra, a partir da próxima semana enviarei uma cópia para quem solicitar por aqui. Aproveite e conte sobre quais assuntos você gostaria de ler na área de Inovação e Empreendedorismo do Pensar Enlouquece.

Links extras:

- Webpage de Salim Ismail
- Páginas da FIAP e do prêmio Call to Innovation
- Página da Singularity University
- Test drive do carro do Google mostrado na palestra
- História de Daniel Barry, o astronauta persistente mencionado no final da palestra
- Playlist com vídeos sobre os exemplos mencionados na palestra
- Playlist só sobre tricorders
- Playlist sobre novidades tecnológicas

Pense Nisso!
Cíntia Citton

Cíntia Citton é consultora de Inovação e facilitadora de cursos de Design Thinking e Modelagem de Negócios. Já trabalhou em Gestão Estratégica, Comércio Internacional e Organização de Eventos no Brasil, França, Alemanha e Espanha. Foi moderadora em eventos como o Iguassu Social Media, palestrante no Curitiba Social Media 2014 e foi voluntária na organização e mentorias de eventos Startup Weekend. É colaboradora do Pensar Enlouquece nas áreas de Inovação e Empreendedorismo.

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Pense Nisso! Alexandre Inagaki

Alexandre Inagaki é jornalista e consultor de comunicação em mídias digitais. É japaraguaio, cínico cênico. torcedor do Guarani Futebol Clube e futuro fundador do Clube dos Procrastinadores Anônimos. Já plantou semente de feijão em algodão, criou um tamagotchi (que acabou morrendo de fome) e mantém este blog. Luta para ser considerado mais do que um rosto bonitinho e não leva a sério pessoas que falam de si mesmas na terceira pessoa.

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